Repercussões Fiscais do novo PIB Amir Khair O IBGE atualizou em março as bases de cálculo do PIB, que estavam ancoradas na estrutura econômica de 1985, trazendo-a para a de 2000. A economia mudou muito nesses quinze anos. Sob a ótica da produção, o setor de serviços cresceu 10,4 pontos percentuais na composição do PIB passando de 56,3% para 66,7%, a indústria caiu de 36,1% para 27,9% e a agropecuária de 7,7% para 5,6%. Com a nova metodologia, o PIB em 2006 ficou 11,7% maior colocando o Brasil na 8ª posição entre as maiores economias do mundo, em termos de paridade de poder de compra da moeda, que é a base usada nas comparações entre países pelos organismos internacionais. Para as finanças públicas, esta mudança tem fortes implicações. Todas as variáveis macroeconômicas que são referenciadas ao PIB se alteram, conforme o quadro abaixo. O resultado nominal melhorou 0,35 ponto percentual (pp) do PIB e ficaram menores em pp: a dívida líquida 5,43, a carga tributária 4,17 e a despesa primária 3,70. A previsão do PAC para a dívida no final de 2010, passaria de 39,7% do PIB para 32,8%, que seria um dos mais baixos que o país já teve. São várias as repercussões dessa mudança. A principal delas é que estamos crescendo nos últimos quatro anos 0,68 ponto percentual do PIB a cada ano a mais do que era divulgado. Os analistas que previam um crescimento de 3,5% para este ano, já começam a falar entre 4% e 5% para os próximos anos, repercutindo no ânimo dos empresários para investir, aumentando a oferta, mais empregos e contribuindo para reduzir a inflação futura. Antes, o consumo das famílias representava 60,9% do PIB e agora 63%. Como a política econômica do governo é de estímulo ao consumo, via expansão de políticas sociais, maior oferta de crédito e reajustes no salário mínimo, o mercado interno irá assumir importância maior nas taxas de crescimento do PIB na nova metodologia. A dívida interna que é o melhor termômetro das contas públicas pode evoluir para um nível considerado internacionalmente bom de 30% do PIB, em quatro anos, se o crescimento econômico for próximo de 5% ao ano. Esse fator poderá ter repercussões nas taxas de juros, pressionando o Banco Central a reduzi-las de forma mais acentuada, o que poderá abrir espaços no orçamento do governo federal, pela diminuição das despesas correspondentes. Outra conseqüência importante é que será possível reduzir o superávit primário, que é a economia que o governo faz para pagar os juros. Se antes era necessário 4,25% do PIB para reduzir a relação entre dívida e PIB para 35% até 2010, agora basta 2,8%. Essa economia equivale a R$ 33 bilhões por ano e permitirá ao governo investir e desenvolver mais seus programas prioritários, com forte repercussão social. Amir Khair – Mestre em Finanças Públicas pela FGV e consultor (página na Internet: www.amirkhair.com.br; endereço eletrônico: [email protected]).