MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DO PROGRAMA NACIONAL DE BOLSA ESCOLA CONDITIONAL CASH TRANSFER PROGRAMS: O PERATIONAL EXPERIENCES WORLD BANK WORKSHOP O PROGRAMA NACIONAL DE B OLSA ESCOLA Contexto Após seis anos de profundas reformas do Estado Brasileiro com uma democracia política já consolidada e em constante processo de dinamização, poder público e sociedade convivem com os desafios inerentes à construção de uma democracia social, que seja realmente capaz de promover condições de igualdade entre os indivíduos. Neste contexto, o Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à Educação – “Bolsa Escola”, foi idealizado pelo Ministério da Educação para que, na condição de política pública universal, possa realmente sedimentar o direito mais essencial para a inclusão social - a educação. Inspirado em experiências similares exitosas que tiveram início em Campinas, Distrito Federal e Ribeirão Preto, o Programa só foi possível em um formato verdadeiramente nacional após a adoção de uma política educacional sólida. O Ministério da Educação investiu nos últimos sete anos em medidas efetivamente estruturais da educação – Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), que destina, obrigatoriamente, 60% dos seus recursos para qualificação e remuneração dos professores; Livro Didático, Merenda Escolar, Parâmetros Curriculares, TV Escola, Proinfo (Programa Nacional de Informática na Educação) e Dinheiro Direto na Escola. Os resultados diretos já são percebidos pela saciedade brasileira: 97% das crianças freqüentam a escola, contando com uma estrutura educacional preparada para dar respostas positivas e de qualidade e ainda receber os 3% que estão fora das salas de aula. A meta prevista do Programa Nacional de Bolsa Escola para o biênio 2001 – 2002 é atender 5,8 milhões de famílias, totalizando 11 milhões de crianças, de 6 a 15 anos. Logo, uma entre cada três crianças que, hoje, freqüentam o ensino fundamental no país será atendida. Já considerado como um dos maiores programa de distribuição de renda do Brasil, e um dos maiores do mundo, “o Programa Nacional de Bolsa Escola” está investindo no futuro de toda uma geração, que terá a permanência na escola garantida. Objetivos ??Assegurar a educação para crianças de baixa renda, promovendo assim o combate à pobreza estrutural e a inclusão social no futuro. ??Realizar transferências diretas de renda, amenizando a situação de pobreza absoluta de famílias e crianças em todo o Brasil. Universalização do acesso à escola Para concretizar uma política educacional baseada na promoção foi preciso reduzir ao máximo os critérios ou mecanismos que pudessem servir como “filtros” à garantia de que o Programa seria universal. Foram criados, portanto, apenas dois parâmetros – faixa etária e renda - visando a disponibilizar o benefício para todos os cidadãos - crianças que se enquadrem na linha de atendimento. Sendo assim, todas as crianças entre seis e 15 anos, freqüentando o ensino fundamental, cujas famílias tenham renda per capita de até R$90,00, podem receber o benefício do Bolsa Escola federal. Recursos Para garantir o pagamento mensal, o Programa utiliza os recursos do Fundo de Combate à Pobreza, disponibilizando-se de cerca de R$2 bilhões por ano, recursos suficientes para pagar os benefícios em nome das 5,8 milhões de mães, responsáveis por 11 milhões de crianças inscritas no Bolsa Escola federal. Os recursos do programa têm como fonte a CPMF (“o imposto do cheque”), ou seja, funciona, em essência, como um mecanismo de distribuição de renda direta para a população em situação de pobreza. 2 2. FUNCIONAMENTO A Bolsa Escola A bolsa escola varia de R$15,00 a R$45,00, para cada família,. A contrapartida exigida é uma freqüência escolar mínima de 85% das crianças beneficiadas pelo programa. O PNBE , além de atingir as regiões mais pobres do país, efetivo porque beneficiará a população que realmente necessita do recurso. Em várias localidades a bolsa proporciona um aumento de cerca de 20% da renda fam iliar. Papel dos municípios Após a grande multiplicação de programas municipais de renda mínima vinculada à educação (mais de 50, de acordo com o relatório do Banco Mundial: “An Assessment of the Bolsa Escola Programs”) o Ministério da Educação constatou que havia a necessidade de implantar um programa Nacional de Bolsa Escola. O antigo Programa de Garantia de Renda Mínima financiado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, criado em 1997, já demonstrava a intenção do Ministério da Educação de implantar um programa efetivamente nacional, com o objetivo de apoiar as populações mais carentes das localidades mais pobres. Os municípios que quiserem adotar o Programa Nacional de Bolsa Escola assinam o termo de adesão, instituem, por meio de lei municipal, um programa de renda mínima, desenvolvem ações socioeducativas, criam o Conselho de Controle Social do Programa e cadastram todas as famílias que tenham direito ao benefício. Importante salientar que o programa não exige contrapartida financeira dos municípios. Permanência da criança na escola A idéia-chave do PNBE é de que a educação é essencial para a promoção e o desenvolvimento humano e abre caminho para uma inclusão social contínua. De acordo com a Constituição Federal Brasileira, “é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à educação, ao lazer, à profissionalização...”. Esse princípio está estabelecido no art. 227 da Constituição Brasileira de 1988 e no art. 40 do Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990. 3 O programa assegura que “lugar de criança é na escola”, ao exigir a freqüência de 85% no trimestre como condição para o recebimento do benefício. Esta exigência tem por objetivo fazer com que as famílias beneficiárias, bem como seus filhos e/ou dependentes estudantes, assimilem o princípio da assiduidade como fator essencial para o rendimento escolar. 3. O PROGRAMA E A SOCIEDADE Participação social O Programa Nacional de Bolsa Escola funciona como indutor de redes sociais de solidariedade e segurança, já que o recurso é repassado, sem intermediários, por intermédio de um cartão eletrônico - tendo como agente operador a Caixa Econômica Federal - CEF diretamente às mães. Dessa forma, reconhecendo o papel crucial da mãe para o cotidiano educacional da criança e para os processos de socialização, o programa estará contribuindo para a equidade de gênero no Brasil. Todo o processo de acompanhamento e supervisão do Programa é feito, de forma sistemática, por intermédio de um Conselho Municipal de controle social, já estabelecido ou criado especificamente para esse fim. O Conselho deve ser integrado por, no mínimo, 50% de representantes da sociedade, não -vinculados à administração municipal. A importância das mães A Lei nº 10.219 – que cria o Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à Educação – “Bolsa-Escola”, destaca que “o pagamento da bolsa será feito à mãe das crianças que servirem de base para o cálculo do benefício, ou, na sua ausência ou impedimento, ao respectivo responsável legal”. O Relatório do Banco Mundial – “An Assessment of the Bolsa Escola Programs”, de maio de 2000, também pontuou algumas razões para as mães serem responsáveis pelo recebimento da bolsa: ?? “uma transferência para a mulher, ao invés de para o homem, resultará em uso mais apropriado dos fundos”. ??“assegurar a participação da mulher na educação e no desenvolvimento da criança resulta em um uso mais apropriado dos recursos”. ??!repassar os recursos para as mulheres, principalmente para a mãe, é uma forma de promover a equidade de gênero”. 4 Os argumentos apresentados pelo Banco Mundial reforçam uma idéia que já permeia o senso comum - as mães, tendo acesso à gerência dos recursos domésticos, podem influir decisivamente na educação dos filhos. Ademais deve-se destacar que: ??existem evidências empíricas de programas localizados (Jundiaí, Campinas e Ribeirão Preto) dessa natureza, onde a mãe, em 95% dos casos, é responsável pelo recebimento do benefício; ??o número de famílias chefiadas por mulheres no país, durante o período de 1987 a 1996, cresceu mais de 36%, ao passo que as famílias chefiadas por homens cresceu apenas cerca de 7%; ??a média de anos de estudo das mulheres, com idade acima de 10 anos, é maior que a dos homens em todas as regiões do país (conforme a tabela abaixo ilustra), o que nos permite inferir a importância, a dedicação e o reconhecimento das mulheres em relação ao valor da educação em suas vidas; Logo, com base nas evidências qualitativas e quantitativas da importância das mães para a educação das crianças, considerou-se que o marco legal do programa deveria materializar um ponto que já é consenso – o papel das mulheres na gerência de recursos para a educação e o desenvolvimento das crianças brasileiras fora da escola ou com dificuldade em nela permanecer – alvo do Programa Nacional de Bolsa Escola. Além do papel crucial da mãe e da própria comunidade local, as instituições de ensino e os profissionais de educação são essenciais para o sucesso do programa. A recepção e a conduta dos educadores, enquanto interlocutores e representantes do mundo da educação aos olhos das crianças, são decisivos para que as elas se interessem pelos estudos e pelo próprio ambiente escolar. É neste sentido, que os profissionais de educação são peça-chave para a implantação e sucesso do programa. 4. P ANORAMA ATUAL A Secretaria do Programa Nacional de Bolsa Escola está em 5469 municípios brasileiros, atendendo 4.776.704 famílias e, totalizando 8.154.550 crianças matriculadas no ensino fundamental. 5 Tabela 1 - Concessão de benefícios do Programa Bolsa Escola Federal 2001 - Dados acumulados Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro 1 . Famílias 15.751 338.311 1.234.744 2.201.915 3.099.071 4.082.377 4.794.405 4.794.405 Crianças 26.933 591.982 2.137.271 3.815.511 5.377.691 7.051.130 8.244.793 8.244.793 Fonte: Secretaria do Programa Nacional de Bolsa Escola (SPNBE), Ministério da Educação. Notas: (1) A habilitação de famílias e crianças, no exercício de 2001, foi encerrada em novembro. Gráfico 1 - Evolução da concessão de benefícios do Programa Bolsa Escola Federal 2001 Milhões 10 8 Famílias 6 Crianças 4 2 0 Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro1 . Tabela 2 - Concessão de benefícios do Programa Bolsa Escola Federal 2001 - Dados acumulados Maio Municípios Junho 43 558 Julho 1.973 Agosto Setembro Outubro 3.164 4.244 5.023 Novembro Dezembro1 . 5.470 5.470 Fonte: Secretaria do Programa Nacional de Bolsa Escola (SPNBE), Ministério da Educação. (1) A habilitação de municípios, no exercício de 2001, foi encerrada em novembro. Gráfico 2 - Evolução da habilitação de municípios no Bolsa Escola Federal 2001 6.000 5.000 4.000 Municípios 3.000 2.000 1.000 0 Maio Junho Julho Agosto SetembroOutubro Novembro Dezembro1 . 6 Mapa - Cobertura do Programa Nacional de Bolsa Escola em dezembro de 2001 Total Nacional: 98% World Bank User N:\Safety Nets\Mexico CCT Workshop \Brasil.doc March 12, 2003 11:38 AM 7