Deverão ser elaborados os três textos a seguir. Sugerimos o limite de 24 linhas para cada.
Redação – Texto 1
Os trechos a seguir são de uma reportagem da revista Alfa. Imagine que você é um advogado
militante que luta pelo fim dos privilégios às classes altas no Judiciário e, frente à repercussão do
caso relatado, lança um abaixo assinado para que o Congresso tome medidas no sentido de
evitar que brechas na lei sejam usadas por advogados bem pagos para livrar seus clientes. Nessa
crítica, devem constar:
- considerações sobre a impunidade de criminosos que, como Pimenta Neves, cometeram crimes
bárbaros e não estão presos por serem de uma classe social mais alta;
- comentários sobre o descrédito que resulta para o Judiciário em casos como esse.
Lembre-se de que não deverá recorrer à mera colagem de trechos do texto lido.
“Sandra era uma boa moça”
Há dez anos, o jornalista Pimenta Neves matou a namorada, Sandra Gomide. Desde o ano passado,
Vicente Vilardaga, de ALFA, mantém um diálogo com o assassino e conta, aqui, seu encontro com ele.
“Caro Vicente, sei de sua urgência e sinto-me solidário, mas é uma agonia falar sobre essas coisas,
especialmente para publicação. Na verdade, torna-se mais difícil a cada dia. Um abraço, P.”
O e-mail em questão foi o capítulo mais recente de uma longa conversa que venho mantendo com
o jornalista Pimenta Neves, que assassinou há dez anos a ex-namorada Sandra Gomide. Os dois se
conheceram em 1996, quando o jornalista era diretor de redação do jornal econômico Gazeta
Mercantil, em que Sandra trabalhava como repórter. Depois, quando Pimenta assumiu a direção
de O Estado de S. Paulo, contratou a namorada e a promoveu a editora de economia. A diferença
de 30 anos de idade, a convivência no mesmo ambiente de trabalho, a insegurança e as crises de
ciúme do jornalista ajudaram a transformar num inferno a relação, que foi cheia de idas e vindas
ao longo de quase quatro anos. Quando Sandra rompeu o namoro, Pimenta a demitiu do jornal.
Cinco semanas depois, no dia 20 de agosto de 2000, ainda inconformado com o término do
romance, o jornalista perseguiu a ex-namorada em um haras em Ibiúna, no interior de São Paulo,
e lhe deu dois tiros, um nas costas e outro no ouvido, à queima-roupa. Réu confesso, julgado e
condenado a 19 anos de prisão, pena posteriormente reduzida a 15 anos, Pimenta continua livre
até hoje, graças a seus advogados e a incontáveis recursos na Justiça. (...)
O jornalista virou um homem sem ambições e dedicado a uma única grande causa: conseguir a
suspensão definitiva de sua pena, por conta da idade avançada, e ficar fora da cadeia no pouco
tempo que ainda lhe resta de condenação – na pior das hipóteses, pode amargar um ano e seis
meses atrás das grades e entrar logo no regime semiaberto. Quando não navega pela internet ou
troca mensagens com suas filhas, Pimenta usa sua inteligência e sua formação de bacharel em
direito para encontrar brechas no sistema jurídico. Seu objetivo é reverter sua condenação por
conta de falhas técnicas processuais. “Como você deve saber, meu processo se aproxima do fim e
tenho de assistir os meus advogados na pesquisa de jurisprudência e na preparação de algumas
notas”, disse-me, por e-mail, em setembro. O caso está nas mãos do Supremo Tribunal Federal e,
até o fechamento desta edição de ALFA, ainda não havia saído nenhuma decisão sobre o processo.
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Redação – Texto 2
Leia o artigo de opinião abaixo e ponha-se no papel de uma mulher com idade de 50 a 60 anos,
que, após tomar contato com as ideias de Mirian Goldenberg, decide relatar sua experiência de
vida em relação ao assunto num “blog” de internet dedicado a apresentar relatos de mulheres
brasileiras. Em seu texto, devem constar:
- um relato das dificuldades que você experimentou no seu envelhecimento, por conta da
valorização do marido e do padrão estético vigente no Brasil;
- as possibilidades que você encontrou de se revalorizar, com base no que diz a autora acerca dos
valores da sociedade alemã.
Lembre-se de que não deverá recorrer à mera colagem de trechos do texto lido.
O marido como capital
MIRIAN GOLDENBERG
No Brasil, as mulheres experimentam o envelhecimento como um período de perdas
ainda maiores
NO BRASIL, o corpo é um capital. Certo padrão estético é visto como uma riqueza,
desejada por pessoas de diferentes camadas sociais. Muitos percebem a aparência como veículo de
ascensão social e como capital no mercado de trabalho, de casamento e de sexo. Para aprofundar
essa discussão, estou fazendo um estudo comparativo com mulheres brasileiras e alemãs na faixa
de 50 a 60 anos.
Já nas primeiras entrevistas, constatei um abismo entre o poder objetivo que as brasileiras
conquistaram e a miséria subjetiva que aparece em seus discursos. Elas conquistaram realização
profissional, independência econômica, maior escolaridade e liberdade sexual. Mas se preocupam
com excesso de peso, têm vergonha do corpo, medo da solidão.
As alemãs se revelam muito mais seguras tanto objetiva quanto subjetivamente. Mais
confortáveis com o envelhecimento, enfatizam a riqueza dessa fase em termos de realizações
profissionais, intelectuais e afetivas.
A discrepância entre a realidade e a miséria discursiva das brasileiras mostra que aqui a
velhice é um problema muito maior, o que explica o sacrifício que muitas fazem para parecer mais
jovens. A decadência do corpo, a falta de homem e a invisibilidade marcam o discurso das
brasileiras. De diferentes maneiras, elas dizem: "Aqueles olhares e cantadas tão comuns sumiram.
Ninguém mais me chama de gostosa. Sou uma mulher invisível".
Curiosamente, as brasileiras que se mostram mais satisfeitas não são as mais magras ou
bonitas. São aquelas que estão casadas há anos. Elas têm "capital marital". Em um mercado em
que os homens disponíveis são escassos, principalmente na faixa etária pesquisada, as casadas se
sentem poderosas por terem um "produto" raro e valorizado. Aqui, ter marido também é um
capital. No Brasil, onde corpo e marido são considerados capitais, o envelhecimento é
experimentado como uma fase de perdas ainda maiores.
Já na cultura alemã, em que diferentes capitais têm mais valor, a velhice pode ser uma fase
de realizações e de extrema liberdade. Como ressaltou Simone de Beauvoir, "a última idade" pode
ser uma liberação para as mulheres, que, "submetidas durante toda a vida ao marido e dedicadas
aos filhos, podem, enfim preocupar-se consigo mesmas".
MIRIAN GOLDENBERG, antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autora de
"Coroas: Corpo, Envelhecimento, Casamento e Infidelidade" (ed. Record) www.miriangoldenberg.com.br
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Redação – Texto 3
Leia os textos abaixo – uma notícia e um acórdão (decisão de um tribunal) e imagine que você é o
ombudsman* do jornal em que foi publicada a notícia. Você decide que o assunto de sua coluna
será a postura do meio de comunicação no caso. Nesse texto, deverão constar:
- uma crítica fundamentada à confiabilidade do consultor que serviu de fonte aos repórteres;
- um comentário sobre como deve ser a postura da imprensa em relação a fatos como esse em
época de eleição.
Lembre-se de que não deverá recorrer à mera colagem de trechos do texto lido.
* jornalista, contratado de fora ou pertencente ao quadro de funcionários da empresa, que, de maneira independente,
critica o material publicado e responde às queixas dos leitores
Texto 1 - Consultor diz ter alertado Casa Civil sobre extorsão
RUBENS VALENTE, FERNANDA ODILLA, ANDREZA MATAIS - DE BRASÍLIA
O consultor Rubnei Quícoli diz ter alertado a Casa Civil sobre a existência do esquema de lobby
que era operado dentro do órgão pelo filho da então secretária-executiva, Erenice Guerra.
A Folha obteve cópias de dois e-mails, que ele alega ter enviado em 1º de fevereiro, endereçados a
assessores e secretárias de Erenice. Na época, a ministra da Casa Civil era Dilma Rousseff (PT).
Nos textos, o consultor reclamava da cobrança de dinheiro para que a empresa de energia EDRB
recebesse um empréstimo no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e
pedia que Erenice e Dilma fossem avisadas.
O projeto pleiteado pela EDRB previa a captação de recursos junto ao banco para a construção de
torres geradoras de energia solar no Nordeste. Quícoli foi contratado pelos donos da EDRB para,
segundo eles, "fazer virar o negócio".(...)
Ontem a Folha revelou que a Capital Consultoria, firma do filho de Erenice, encaminhou à EDRB
uma minuta de contrato, cobrando R$ 240 mil e 5% de "comissão de sucesso" sobre o empréstimo,
caso fosse aprovado.
As suspeitas de tráfico de influência resultaram na demissão de Erenice, que havia substituído
Dilma no comando da Casa Civil em abril.
Texto 2 - Acórdão
Imputação. Rubnei Quicoli foi denunciado pela prática do delito do art. 289, § 1º, do Código
Penal, por guardar consigo 7 (sete) cédulas de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e pela prática do delito
do art. 180 do Código Penal por conduzir, em proveito próprio, o veículo BMW, de placas
BMW1313, fruto de roubo ocorrido em 06.04.00, na cidade de Americana (SP):
O denunciado guardava 07 (sete) notas de R$ 50,00 (cinqüenta reais) falsas, totalizando a
importância de R$ 350,00 (trezentos e cinqüenta reais) e conduzia, em proveito próprio, coisa
que sabia ser produto de crime. (...)
Prescrição. Moeda Falsa. O réu Rubnei Quicoli foi condenado à pena de 4 (quatro) anos de
reclusão, pela prática do crime do art. 289, § 1º, do Código Penal. Sem apelo da acusação, essa é a
pena a ser considerada para fins de prescrição, cujo prazo é de 8 (oito) anos, a teor do inciso IV do
art. 109 do Código Penal.
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