Dura ars, sed ars
Dura ars, sed ars
A arte é dura, mas é arte
A arte é dura, mas é arte
Panfleto em solidariedade a Caroline Pivetta da Mota, a ser amplamente divulgado, reenviado
eletronicamente, reproduzido, entregue pessoalmente a amig@s e conhecid@s
Panfleto em solidariedade a Caroline Pivetta da Mota, a ser amplamente divulgado, reenviado
eletronicamente, reproduzido, entregue pessoalmente a amig@s e conhecid@s
A ação de 40 jovens pichadores, no último 26 de outubro, na 28ª Bienal de São Paulo, ação que resultou na prisão de
Caroline Pivetta da Mota, deve receber a mais irrestrita solidariedade de todos aqueles que são, tão-simplesmente,
amigos da liberdade. Neste plano, tudo pode ser resumido nisso: trata-se da liberdade de intervenção artística, que
marca há quase um século a arte moderna e de vanguarda. Daí que podemos dizer sem medo: aqueles que hoje
aprisionam e processam Caroline e perseguem seus companheiros do Grupo Susto's são inimigos da arte moderna e da
liberdade artística. Os organizadores da Bienal, a Polícia e o Ministério público de São Paulo são esses inimigos e
devem ser denunciados por todo canto como um só "bloco histórico" da reação anti-artística do velho stableshment
cultural.
A ação de 40 jovens pichadores, no último 26 de outubro, na 28ª Bienal de São Paulo, ação que resultou na prisão de
Caroline Pivetta da Mota, deve receber a mais irrestrita solidariedade de todos aqueles que são, tão-simplesmente,
amigos da liberdade. Neste plano, tudo pode ser resumido nisso: trata-se da liberdade de intervenção artística, que
marca há quase um século a arte moderna e de vanguarda. Daí que podemos dizer sem medo: aqueles que hoje
aprisionam e processam Caroline e perseguem seus companheiros do Grupo Susto's são inimigos da arte moderna e da
liberdade artística. Os organizadores da Bienal, a Polícia e o Ministério público de São Paulo são esses inimigos e
devem ser denunciados por todo canto como um só "bloco histórico" da reação anti-artística do velho stableshment
cultural.
Mas algo mais fundamental se manifesta aí: a contestação à sociedade burguesa que atravessa e ultrapassa a expressão
artística. Já há duas décadas a juventude proletária, individualmente ou organizada em pequenos grupos temporários,
atacam o urbanismo, a destruição da cidade moderna pelo desenvolvimento capitalista, que a transforma em território
da solidão, da anticomunicação generalizada, do vazio e do medo. Prédios enormes e frios, que nada mais expressam
que a privatização da vida (a vida privada da própria vida), a separação dos indivíduos e o poder totalitário da
mercadoria e do Estado, bem como praças que-já-não-são-mais-praças e monumentos da história oficial, têm sido
objetos constantes de intervenção das pichações. Essas ações "buscam 'melar' a urbanização modernizadora do
capitalismo e romper com o anonimato e a desindividuação próprios da 'massificação'" (revista contra -a-corrente, nº
9, set./dez. 1999).
Mas algo mais fundamental se manifesta aí: a contestação à sociedade burguesa que atravessa e ultrapassa a expressão
artística. Já há duas décadas a juventude proletária, individualmente ou organizada em pequenos grupos temporários,
atacam o urbanismo, a destruição da cidade moderna pelo desenvolvimento capitalista, que a transforma em território
da solidão, da anticomunicação generalizada, do vazio e do medo. Prédios enormes e frios, que nada mais expressam
que a privatização da vida (a vida privada da própria vida), a separação dos indivíduos e o poder totalitário da
mercadoria e do Estado, bem como praças que-já-não-são-mais-praças e monumentos da história oficial, têm sido
objetos constantes de intervenção das pichações. Essas ações "buscam 'melar' a urbanização modernizadora do
capitalismo e romper com o anonimato e a desindividuação próprios da 'massificação'" (revista contra -a-corrente, nº
9, set./dez. 1999).
O sistema tem buscado assimilar e recuperar essas formas de contestação, principalmente com a sua transformação
em formas nobres de "arte". Bancos, instituições judiciárias de recuperação social de jovens, Secretarias Municipais e
Estaduais de Educação, Projetos Sociais dos mais diversos governos e Galerias de Arte financiam o uso moderado de
pinturas de murais por pichações "artísticas". A pichação se torna aí uma técnica "neutra", em campanhas de
cidadania e integração cultural e moral repressiva e policial de jovens proletários às instituições do sistema. A
conseqüência inevitável desse recuperador processo de "segurança social" é já o surgimento de Galerias de Arte, que
trazem para o espaço colonizado dos ambientes "artísticos" comerciais a chamada "arte de rua". É justamente este o
caso da Galeria "Choque Cultural", em Pinheiros, São Paulo, também atacada por pichadores em setembro deste ano.
O sistema tem buscado assimilar e recuperar essas formas de contestação, principalmente com a sua transformação
em formas nobres de "arte". Bancos, instituições judiciárias de recuperação social de jovens, Secretarias Municipais e
Estaduais de Educação, Projetos Sociais dos mais diversos governos e Galerias de Arte financiam o uso moderado de
pinturas de murais por pichações "artísticas". A pichação se torna aí uma técnica "neutra", em campanhas de
cidadania e integração cultural e moral repressiva e policial de jovens proletários às instituições do sistema. A
conseqüência inevitável desse recuperador processo de "segurança social" é já o surgimento de Galerias de Arte, que
trazem para o espaço colonizado dos ambientes "artísticos" comerciais a chamada "arte de rua". É justamente este o
caso da Galeria "Choque Cultural", em Pinheiros, São Paulo, também atacada por pichadores em setembro deste ano.
O que torna insuportáveis as ações de Carol e de seus companheiros é justamente a recusa a essa integração, recusa
particular que expressa - num intolerável mau exemplo - a recusa de milhares de outros jovens nos bairros proletários,
que nas periferias brasileiras, não menos do que nas quentes banlieues francesas, dizem conscientemente não! à
docilidade policial das instituições que buscam integrá-los à obediência. Insuportáveis ainda mais porque tais ações
levam a recusa aos territórios aos quais a própria política recuperadora do sistema sentiu-se bem à vontade para, sob a
forma morta de "arte", levar a negação proletária: as Galerias e Bienais. O escândalo se torna aí mais terrível, pois
desautoriza publicamente ex museum, no próprio terreno em que se ensaia a recuperação, a ousadia do aparato
cultural do sistema em apropriar-se seja das formas estéticas de contestação, seja da arte moderna, cujo
desenvolvimento, há quase cem anos, é inseparável da contestação a esse mesmo aparato.
O que torna insuportáveis as ações de Carol e de seus companheiros é justamente a recusa a essa integração, recusa
particular que expressa - num intolerável mau exemplo - a recusa de milhares de outros jovens nos bairros proletários,
que nas periferias brasileiras, não menos do que nas quentes banlieues francesas, dizem conscientemente não! à
docilidade policial das instituições que buscam integrá-los à obediência. Insuportáveis ainda mais porque tais ações
levam a recusa aos territórios aos quais a própria política recuperadora do sistema sentiu-se bem à vontade para, sob a
forma morta de "arte", levar a negação proletária: as Galerias e Bienais. O escândalo se torna aí mais terrível, pois
desautoriza publicamente ex museum, no próprio terreno em que se ensaia a recuperação, a ousadia do aparato
cultural do sistema em apropriar-se seja das formas estéticas de contestação, seja da arte moderna, cujo
desenvolvimento, há quase cem anos, é inseparável da contestação a esse mesmo aparato.
O aparato cultural do sistema não continua a arte moderna, mas a amordaça, recuperando-a. Já Carol e seus amigos,
que não reivindicam fazer arte, mas contestá-la, justamente desse modo são herdeiros da grande arte moderna e de
vanguarda do século 20... herdeiros legítimos, e precisamente porque recusam apropriar-se dela.
O aparato cultural do sistema não continua a arte moderna, mas a amordaça, recuperando-a. Já Carol e seus amigos,
que não reivindicam fazer arte, mas contestá-la, justamente desse modo são herdeiros da grande arte moderna e de
vanguarda do século 20... herdeiros legítimos, e precisamente porque recusam apropriar-se dela.
Liberdade para Carol!
Liberdade para Carol!
Fim das Bienais e Galerias!
Fim das Bienais e Galerias!
Pela liquidação do aparato cultural do sistema!
Pela liquidação do aparato cultural do sistema!
Dezembro de 2008
Dezembro de 2008
Amig@s da próxima insurreição
Amig@s da próxima insurreição
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