Era uma vez três formiguinhas que foram abandonadas pelos seus pais. Elas estavam cheias de medo, naquele lugar onde as tinham deixado, porque ouviram falar de uma lenda que dizia que era aí que vivia o senhor Papa-Formigas. A formiga mais velha, o Titozinho, teve uma gigante e boa ideia. Lembrou-se de construírem casas para se protegerem. A formiga do meio, a Anita, decidiu fazer uma casa de ouro, na certeza de que o Papa-Formigas, ao ver uma casa tão bonita e reluzente, não a quisesse destruir. O mais novo, o Quico, resolveu fazê-la em prata, simplesmente por ser a sua cor preferida. Finalmente, o Titozinho resolveu-se por uma de ferro, porque seria mais resistente. Não tardou e o Papa-Formigas deixou de ser apenas uma lenda. Apareceu, esfomeado, e morto por um bouquet de formigas apetitosas. Sempre de ar traiçoeiro, derrubou as duas primeiras casas, com uma perna às costas, não mostrando sensibilidade a coisas belas e, principalmente, feitas de materiais tão delicados. As formiguinhas tiveram mesmo que fugir à pressa, pelos labirintos das galerias subterrâneas, antes que ficassem coladas naquela língua comprida do Senhor Papa-Formigas. O desafio estava ser facílimo, mas ele continuava com fome, ainda que convencido que ninguém lhe escapava. Entretanto, o Quico e a Anita já se tinham escondido na casa do Titozinho que parecia um forte! O Papa-formigas não se sentiu ameaçado. Tinha ainda a possibilidade de apanhar não uma, mas três formiguinhas de uma vez só, que lhe iam fazer de banquete. Porém, nem tudo correu como imaginou, pois não havia maneira de derrubar aquela construção. Furioso, não desistiu e preparou-se para tentar a janela deixada aberta de propósito pelos três irmãos. Quando o Papa-Formigas aproximou o seu longo focinho, para lançar com todo o apetite a sua língua, ficou colado, com uma pasta de açúcar e mel, mesmo muito pegajosa! Ele puxava, puxava, mas cada vez ficava mais colado. As formiguinhas prometeram soltá-lo em troca de ele não mais voltar. O Papa-Formigas assim fez, mas depois de solto gritava, em tom ameaçador, que a história não acabava assim.