[email protected] - Cidades O Estado do Maranhão - São Luís, 1º de novembro de 2012 - quinta-feira 3 Prefeito de Imperatriz terá de explicar demissão de professora Câmara Municipal aprovou Indicação em que solicitam explicações a Sebastião Madeira e ao secretário de Educação sobre a rescisão contratual da professora de História Uiliene Santa Rosa após denunciar estado precário de sala de aula de escola pública I MPERATRIZ -Os vereadores de Imperatriz aprovaram terça-feira (30) uma Indicação em que solicitam explicações ao secretário Municipal de Educação, Zeziel Ribeiro, e ao prefeito, Sebastião Madeira, sobre a rescisão contratual da professora de História Uiliene Araújo Santa Rosa. A docente teve contrato rescindido pela Prefeitura após postar em uma rede social fotos de alunos fazendo prova em sala de aula protegidos por guarda-chuvas, já que a sala estava com telhado danificado. A sala estava alagada. O caso ganhou repercussão na internet e na imprensa nacional. Com a aprovação da matéria pela maioria dos vereadores em plenário, o secretário e o prefeito terão o prazo de 30 dias para apresentar resposta ao Poder Executivo. A Indicação partiu do vereador Edmilson Sanches (PC do B), com base no artigo nº 161 da Lei Orgânica do Município. Ainda está sendo solicitada, na mesma Indicação, que sejam prestadas as informações sobre as condições físicas do prédio onde funciona a escola municipalizada Guilherme Dourado, localizada no Parque São José, onde a professora lecionava. A Indicação foi aprovada durante a primeira sessão ordinária. A professora Uiliene Santa Rosa estava nas galerias da Casa, que estava lotada, em sua maioria, de professores e estudantes do curso de Letras da Universidade Estadual do Maranhão (Uema). Rescisão - A rescisão do contrato da professora foi o assunto “ João Rodrigues Todas as pessoas que se indignarem podem denunciar ao Ministério Público também” “ O problema que nos aflige não é a goteira, mas a demissão da professora Uiliene Santa Rosa” Uiliene Santa Rosa, professora Joel Costa Vereador Uiliene Santa Rosa e seu pai na galeria da Câmara Municipal mais abordado na tribuna da Câmara Municipal, onde poucos vereadores se manifestaram. Apenas Edmilson Sanches, Raimundo Roma (PSL), Rildo Amaral (PV) e Joel Costa (PMN) trataram do assunto na tribuna. Sanches disse que aquela a rescisão de contrato da professora e as condições da escola teriam de ser esclarecidas pelo Município com base no que prevê a Lei Orgânica do Município, principalmente após a repercussão do caso. O vereador Raimundo Roma elogiou a iniciativa da professora, mas criticou apenas a demora nessa sua manifestação sobre o caso. “Professora quero dizer que a senhora é uma guerreira, fez a coisa certa, só teve um erro que foi não ter divulgado imediatamente o caso assim que aconteceu”, opinou o parlamentar, que considerou a rescisão de contrato da professora um erro do Município. Raimundo Roma elogiou a mobilização feita pela professora nas redes sociais. O parlamentar pediu o retorno dela à escola. Polêmica -O discurso mais aguardado e mais polêmico partiu do líder do governo na Câmara, Joel Gomes Costa. O parlamentar começou admitindo que ocorreu um erro, mas sem citar nomes. Joel Costa entende que a democracia possibilita ao cidadão a ter acesso à informação. “Havia buraco no telhado da escola, esse foi um detalhe, pois problema na nossa educação todos que são atores nessa área conhecem, mas quem tinha que conhecer com toda profundidade éramos nós (vereadores), pois culpar o prefeito é fácil”, ressaltou. O parlamentar disse que, quando aconteceu o episódio, o prefeito Sebastião Madeira estava em Brasília em busca de pôr recursos para investimentos em obras em Imperatriz. “O que ocorreu contra a senhora foi um ato falho, mas não vou dizer aqui quem falhou”, disse o vereador, que também conclamou à população a unir forças em prol da educação. Mesmo assim, não escapou das vaias da galeria ao tentar defender o governo municipal. “Quero dizer que as vaias me alegram tanto quanto as palmas”, declarou Joel Costa, no momento em que as vaias se reduziram. O presidente Hamilton Miranda teve de interromper o discurso de Joel Costa e pedir ordem, sob ameaça de colocar algumas pessoas para fora da galeria. Educadora diz que está confiante A professora de História Uiliene Santa Rosa acompanhou a sessão da Câmara Municipal na galeria de onde teve de sair várias vezes para conceder entrevistas. Numa delas, a O Estado, ela revelou que ficou surpresa e assustada com a grande repercussão do caso na internet e por emissoras e portais de notícias nacionais. “De certa forma serviu para as pessoas se inflamarem e fazer surgir novamente esse debate sobre a educação que não pode morrer”, disse a educadora. Ela acrescentou que gasta quase R$ 100,00 de transporte por ser obrigada a utilizar dois ônibus. “Eu não esperava essa dimensão que as redes sociais deram, mas agradeço a todos que compartilharam as fotos e peço às pessoas que encontrarem irregularidades em escolas públicas que denunciem ao Ministério Público”, recomendou. A educadora também se mostrou otimista quanto à denúncia feita por ela ao Ministério Público do Estado do Maranhão (MP) na segunda-feira (29), quando levou as fotografias postadas na internet. “Eu fui procurar o promotor Jadilson Cirqueira e ele disse que poderia fazer a denúncia, que ele investigaria”, ressaltou a professora, destacando que foi rechaçada. Um advogado de São Luís entrou em contato com a professora e se dispôs a ingressar com uma ação trabalhista e outra por danos morais na Justiça.