4º COLOQUIO CAMINHOS PARA O ESPIRITISMO
NOVAS CONVERSAS COM AS VOZES NA
OBRA DE KARDEC
AGOSTINHO NA CODIFICAÇÃO
E NA SUA ENCARNAÇÃO NOS
SEC. IV-V
JOÃO CARLOS BARREIRO
–
08/12/2013
–
Quanto a mim, não me envergonharei de aprender
se me acho no erro...
Por isso, prossiga comigo quem comigo está certo;
Procure comigo quem comigo divide a minha
dúvida;
Volte a mim quem reconhece seu erro;
Advirta-me quem descobre o meu.
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(Agostinho - De trinitate - 399 até 420)
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– nascimento
– conversão
– Livro I De Libero Arbitrio
– 395 – Livro II e III De Libero Arbitrio
– Bispo de Hipona
– respostas a Simpliciano
– 401 – Confissões
- morte
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MANIFESTAÇÕES DE AGOSTINHO NA CODIFICAÇÃO
1. O Livro dos Espíritos: Prolegômenos; questão 495 (Anjo Guardião);
questão 919 (Conhecimento de si mesmo) e questão 1009 (Penas e
gozos futuros)
2. O Livro dos Médiuns: Cap. XXXI – Dissertações I (Acerca do
espiritismo) e XVI (Sobre as sociedades espíritas)
3. O Evangelho Segundo o Espiritismo: Cap. III – item 13 (mundos
de expiações e provas); 16 (mundos regeneradores) e 19 (progressão
dos mundos). Cap. V – item 19 (o mal e o remédio). Cap. XII – itens
12 e 15 (sobre o duelo). Cap. XIV – item 9 (ingratidão dos filhos e os
laços de família). Cap. XXVII – item 23 (felicidade que a prece
proporciona).
4. O Céu e o Inferno: comentário sobre a manifestação de um
espírito.
5. Revista Espírita:
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1859 – janeiro: os anjos da guarda
- maio: respondendo perguntas sobre mundos transitórios
1862 – fevereiro: o espiritismo é provado por milagres?
- março: a vinha do Senhor
- abril: sobre os mártires do espiritismo; sobre perseguição
- maio: aos membros da Sociedade que partem para a Rússia;
comentando comunicação de Voltaire
- julho: sobre o suicídio
- agosto: à Sociedade Espírita de Paris; sobre a prece
- setembro: sobre as férias da Sociedade
1863 - julho: sobre as comunicações espíritas
- agosto: sobre Jean Reynaud
- novembro: o verdadeiro espírito das tradições
1864 - novembro: sobre os espíritos que ainda se julgam vivos
- dezembro: sobre os mortos
1866 - junho: o trabalho
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11. Santo Agostinho é um dos maiores vulgarizadores do
Espiritismo. Manifesta-se quase por toda parte. A razão
disso, encontramo-la na vida desse grande filósofo cristão.
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Pertence ele à vigorosa falange do Pais da Igreja, aos quais
deve a cristandade seus mais sólidos esteios.
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Como vários outros, foi arrancado ao paganismo, ou melhor,
à impiedade mais profunda, pelo fulgor da verdade. Quando,
entregue aos maiores excessos, sentiu em sua alma aquela
singular vibração que o fez voltar a si e compreender que a
felicidade estava alhures, que não nos prazeres enervantes e
fugitivos; quando, afinal, no seu caminho de Damasco,
também lhe foi dado ouvir a santa voz a clamar-lhe: "Saulo,
Saulo, por que me persegues?" exclamou: "Meu Deus! Meu
Deus! perdoai-me, creio, sou cristão!" E desde então tornouse um dos mais fortes sustentáculos do Evangelho.
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Podem ler-se, nas notáveis confissões que esse eminente
espírito deixou, as características e, ao mesmo tempo,
proféticas palavras que proferiu, depois da morte de Santa
Mônica: Estou convencido de que minha mãe me virá visitar
e dar conselhos, revelando-me o que nos espera na vida
futura. Que ensinamento nessas palavras e que retumbante
previsão da doutrina porvindoura! Essa a razão por que hoje,
vendo chegada a hora de divulgar-se a verdade que ele
outrora pressentira, se constituiu seu ardoroso disseminador
e, por assim dizer, se multiplica para responder a todos os
que o chamam.
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Erasto, discípulo de S. Paulo. (Paris, 1863.)
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“O verdadeiro caminho, que é o Salvador, encantava-me, mas
ainda me repugnava enveredar por seus estreitos
desfiladeiros”.
“Inspiraste-me então a ideia – que, no meu conceito, julguei
boa – de ir falar com Simpliciano ...”
“Desagradava-me a vida que levava no mundo. Era para mim
de grande peso, agora que as paixões e a esperança de
honras e dinheiro já me não animavam, ... a sofrer tão
pesada servidão.”
“Sim, tudo isso já me não deleitava, em vista da vossa
doçura e da beleza da vossa casa, que amei. Mas ainda
estava tenazmente ligado à mulher.”
“Já encontrara a “pérola preciosa” que devia comprar,
depois de vender tudo o que possuía. Mas duvidava ainda.”
“Dirigi-me, portanto, a Simpliciano ... Narrei-lhe os labirintos
do meu erro.”
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“Quando, porém, lhe disse que tinha lido uns livros platônicos
vertidos para o latim por Vitorino – outrora retórico em Roma e
de quem eu ouvira dizer ter morrido cristão -, Simpliciano deume os parabéns ... “
“Em seguida, para me exortar à humildade de Cristo, falou de
Vitorino, a quem conhecera intimamente, quando estava em
Roma. “
Contou que Vitorino lia a Sagrada Escritura e que na intimidade
dizia a Simpliciano: “Sabes que eu já sou cristão?” E Simpliciano
respondia: “Não acreditarei em ti nem te contarei entre os
cristãos, enquanto te não vir na Igreja de Cristo”. Vitorino sorria,
dizendo: “Portanto, são as paredes da igreja que nos fazem
cristãos?”
“Mas, Um dia Mario Vitorino diz a Simpliciano: “Vamos á igreja;
quero fazer-me cristão”. Sua conversão causou admiração em
Roma, principalmente porque não aceitou fazer a profissão de fé
num lugar isolado, preferindo expor-se para toda a comunidade
cristã.
“Pareceu-me que Vitorino era tão corajoso como feliz, ... Por
isso eu suspirava, atado, não pelas férreas cadeias duma
vontade alheia, mas pelas minhas, também de ferro. O inimigo
dominava o meu querer, e dele me forjava uma cadeia com que
me apertava.”
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“Ora, a luxúria provém da vontade perversa; enquanto se
serve à luxuria, contrai-se o hábito; e, se não se resiste ao
hábito origina-se uma necessidade.”
“A vontade nova que começava a existir em mim, a vontade
de Vos honrar ... ainda não se achava apta para superar a
outra vontade, fortificada pela concupiscência.”
“Assim, duas vontades ... uma carnal e outra espiritual,
trabalhavam mutuamente em mim. Discordando,
dilaceravam-me a alma”.
“A vontade é capaz de mover, por exemplo, o corpo e seus
membros com um simples querer, a alma manda que a mão,
a cabeça ou as pernas se movam e elas se movem;
entretanto, o querer não é suficiente para mover a própria
vontade, a alma não é suficiente para mover a própria alma:
“Donde este monstro? E por que isto?”.”
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Agostinho vai procurar na própria vontade a divergência
entre o querer e poder dentro da alma: a vontade humana
não é plena. Agostinho faz questão de ressaltar que era Eu
que queria e era Eu que não queria. As direções boas e más
da vontade se encerram na própria vontade.
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“E isto já não era eu que operava aquilo, mas por que
habitava em mim o pecado, por causa do castigo do pecado
aos filhos, porque era filho de Adão” (Rm 7,17). Em outras
palavras, para Agostinho o pecado original é a causa da
vontade cindida, e o pecador justamente por ter a vontade
cindida, não consegue mais unificar a vontade, perpetuando
o pecado. O homem não consegue voltar sua vontade para o
Bem Supremo, preferindo os bens inferiores.
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“A palavra de Iahweh me foi dirigida nestes termos: “Que
vem a ser este provérbio que vós usais na terra de Israel:
“Os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos
ficaram embotados”?
Por minha vida, oráculo do Senhor Iahweh, não repetireis
jamais este provérbio em Israel. Todas as vidas me
pertencem, tanto a vida do pai, como a do filho. Pois bem,
aquele que pecar, esse morrerá.” (Ezequiel, 18)
Paulo em Rm 7: “Sabemos que a Lei é espiritual; mas eu sou
carnal, vendido como escravo ao pecado. Realmente não
consigo entender o que faço; pois não pratico o que quero,
mas faço o que detesto. Ora, se faço o que não quero,
reconheço que a Lei é boa. Na realidade, não sou mais eu
que pratico a ação, mas o pecado que habita em mim. Eu sei
que o bem não mora em mim, isto é, na minha carne.”
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“Pois o querer o bem está ao meu alcance, não porém o praticá-lo. Com efeito, não
faço o bem que quero, mas pratico o mal que não quero. Ora, se faço o que não
quero, já não sou eu que ajo, e sim o pecado que habita em mim. Verifico, pois, esta
lei; quando quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta.”
“Comprazo-me na lei de Deus segundo o homem interior, mas percebo outra lei em
meus membros, que peleja contra a lei da minha razão e que me acorrenta à lei do
pecado que existe em meus membros. Infeliz de mim! Quem me libertará deste corpo
de morte?”
“Graças sejam dadas a Deus, por Jesus Cristo Senhor nosso. Assim, pois, sou eu
mesmo que pela razão sirvo à lei de Deus e pela carne à lei do pecado”. [Paulo –
Romanos]
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“Assim falava e chorava oprimido pela mais amarga dor do coração. Eis que, de súbito,
ouço uma voz vinda da casa próxima. Não sei se era de menino, se de menina.
Cantava e repetia frequentes vezes: “Toma e lê, toma e lê”.
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“Abalado, voltei onde Alípio estava sentado, ... agarrei o livro das Epístolas do
Apostolo, abri-o e li em silêncio o primeiro capítulo em que pus os olhos: “Não
caminheis em glutonarias e embriagues, nem em desonestidades e dissoluções, nem
em contendas e rixas; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não procureis a
satisfação da carne com seus apetites”(R, 13,13)”.
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“Não devais nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o outro
cumpriu a Lei. De fato, os preceitos: Não cometerás adultério, não matarás, não
furtarás, não cobiçarás, e todos os outros se resumem nesta sentença: Amarás o
teu próximo como a ti mesmo,. A caridade não pratica o mal contra o próximo.
Portanto, a caridade é a plenitude da Lei. Tanto mais que sabemos em que tempo
vivemos: já chegou a hora de acordar, pois nossa salvação está mais próxima
agora do que quando abraçamos a fé. A noite avançou e o dia se aproxima.
Portanto, deixemos as obras das trevas e vistamos a armadura da luz.”
• “Como de dia, andemos decentemente: não em orgias e bebedeiras,
nem em devassidão e libertinagem, nem em rixas e ciúmes. Mas vestivos do Senhor Jesus Cristo e não procureis satisfazer os desejos da
carne.” (Paulo, Rm: 13)
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POSIÇÕES ASSUMIDAS POR AGOSTINHO EM SUAS OBRAS
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Deus existe.
Deus é o criador de todas as coisas.
A vontade é criada por Deus.
A vontade, faculdade diferente da razão e do desejo, é criada com o livre arbítrio
e livre.
O livre arbítrio da vontade é possibilidade de escolha.
A liberdade da vontade é poder efetivar a boa escolha.
Há o evento do pecado original.
A vontade, após o pecado original, continua a existir.
O livre arbítrio, após o pecado original, permanece como possibilidade de escolha.
A vontade, após o pecado original, não consegue ser mais livre de maneira autônoma.
A vontade, após o pecado original, também faz aquilo que não quer, pois, permanece
presa ao hábito, que se transforma em necessidade
A vontade, após o pecado orginal, necessita de uma ajuda externa para retornar ao seu
modo de ser original
A ajuda concedida pelo Criador à vontade se chama graça.
Com a graça a vontade volta a ser livre, e é capaz de retornar ao seu fim (Deus)
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TEMA
Adão
Pecado de Adão
Lei de Deus
Récem-nascidos
Crianças
Cristo
Graça
Mérito
Livre-Arbitrio
Salvação
Liberdade
PELAGIANOS
AGOSTINHO
Foi criado mortal e estava
destinado a morrer.
Prejudicou somente o
próprio Adão.
Passaria à vida eterna. Por sua causa
a morte entrou no mundo.
A humanidade estava em Adão.
Todos foram afetados pelo pecado
original.
É um incentivo ao homem para agir
ilicitamente (contrariamente à lei)
Basta para orientar a vida
humana. Com ela se age
bem.
Nascem como Adão, sem
pecado algum.
Como não tem pecado, se
morrerem ganham a vida
eterna.
É um exemplo a ser seguido
pelos cristãos.
É o livre arbítrio, a Lei de
Deus e a Doutrina cristã.
É anterior à graça.
Tem a capacidade de
escolher bem e mal.
Ocorre pela vontade
particular de cada
indivíduo.
Sinônimo de livre arbítrio.
Nascem sem pecado particular, mas
com o pecado original.
Precisam ser batizadas para
remissão do pecado original.
A humanidade depende de sua
vinda para que seja salva.
Infunda a Vontade humana para
agir bem.
É posterior à graça
Tem a capacidade de escolher bem e
mal.
Depende da graça divina.
Perdida após o pecado original,
depende da graça para se realizar.
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“Agostinho forneceu à Igreja Católica aquilo de que, em
séculos futuros, ela tanto necessitaria: um oásis de absoluta
certeza num mundo conturbado; ali estava a biblioteca de
um homem cuja vida podia ser vista como uma progressão
contínua para “a norma eclesiástica” da ortodoxia católica.”
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(Brown, P. pg.538)
•
“...Procure comigo quem comigo divide a minha dúvida; ...”
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REFERÊNCIAS
•
Brown, P. Santo Agostinho: uma biografia. Rio de Janeiro:
Ed. Recordo, 2008.
•
Nova Cultural. Coleção: Os Pensadores – Santo Agostinho.
São Paulo: Ed. Nova Cultural, 1987.
•
Allan Kardec. Evangelho Segundo o Espiritismo. São Paulo:
Livraria Allan Kardec Ed., 2000.
•
Reis, E. V. Boas. A Faculdade da Vontade na Polêmica
Antipelagiana em Santo Agostinho. Porto Alegre: PUCRS,
(Doutorado em Filosofia), 2010.
•
Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
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Agostinho na Codificação e nos sec IV e V