Para rezar o Evangelho do II Domingo da Páscoa - PARTE 1: "A PAZ ESTEJA COM VOCÊS!"
Coloque-se na presença de Deus. Recorde a história (Jo 20,19-23). Peça a graça: sentir intensa
e profunda alegria por tanta glória e gozo de Cristo Nosso Senhor. Veja as pessoas, ouça o que
dizem, olhe o que fazem... “Refletir sobre mim mesmo para tirar algum proveito”. Conclua com
um longo colóquio com o Ressuscitado e o Pai-Nosso.
Considerar: como a Divindade, que parecia esconder-se durante a Paixão, aparece e se mostra
tão miraculosamente agora em sua santíssima ressurreição, pelos seus verdadeiros e
santíssimos efeitos [EE 223]. Olhar o ofício de consolar, que Cristo Nosso Senhor exerce,
comparando como os amigos costumam consolar-se [EE 224].
A matéria da contemplação: Jo 20,19-23
Entre na cena pela imaginação orante, contemple-a, participe dela. Veja o lugar... Veja as
pessoas... O que fazem? O que dizem? Qual a expressão de seus olhares, de sua face? O que
se passa em seus corações? Coloque-se como participante deste acontecimento...
O Evangelho apresenta-nos a primeira comunidade pascal: os onze apóstolos reunidos oito dias
depois da Páscoa. As expressões que João utiliza para afirmar a presença do Ressuscitado na
comunidade são “Jesus vem” ou “Jesus veio” aos seus: Jesus vem, continuamente, na Igreja.
Os discípulos estão reunidos, cheios de temor – “estavam com as portas bem fechadas, por
medo dos judeus” -, certamente em oração, ajudando-se uns aos outros no consolo recíproco.
É aí que Jesus manifesta a sua presença, na comunidade: ele “chegou e pôs-se no meio
deles”.
As portas fechadas mostram como estavam os corações dos discípulos e discípulas. Estão
bloqueados pela experiência da morte. Mas Jesus é capaz de transpor todas as portas
trancadas. Não há dor, desânimo, decepção, desilusão, medo ou morte que possam resistir em
presença do Ressuscitado. Que paredes eu construí e que agora estão ruindo diante da força da
Ressurreição?
Estes homens e mulheres não conseguiam compreender o Mistério da Cruz, e sua fé
desmoronou diante da Paixão. Através das aparições, o Ressuscitado desperta-os para a fé
pascal. Como diz Santo Inácio de Loyola, experimentaram “os verdadeiros e santíssimos efeitos
de sua Ressurreição”.
Se a Paixão foi o sim do Crucificado ao Pai, a Ressurreição é o sim do Pai ao Crucificado: O
grão de trigo que cai na terra e morre produz muito fruto (cf. Jo 12,24). Na presença do
Ressuscitado, o Deus invisível torna-se visível e sensível e reconhecemos a ação do Senhor
Ressuscitado pelos efeitos da sua Ressurreição: a paz e a alegria.
O Ressuscitado diz: "A paz esteja convosco!" (Jo 20,19). A paz é dom Pascal, sinal da presença
de Deus. O Ressuscitado é a raiz da Paz entre todos os homens e mulheres: tira o medo,
restitui a alegria, unifica o ser, dá sentido à existência. É o Shalom do Pai que me faz configurar
a vida na perspectiva Pascal. Deixo que esta paz e alegria penetrem fundo em mim...
O Vivente está presente na paz e na alegria que se traduzem em missão: "Como o Pai me
enviou, assim também eu vos envio!" (Jo 20,21). É a única missão que o Pai deu a Jesus neste
mundo, e que agora se estende a todos os que estamos nele. É no Senhor que cada batizado e
batizada encontra confirmação e coragem para a missão.
Esta paz é dom de Cristo, mas é um dom que também se conquista. O mundo não a pode dar.
É preciso dar testemunho dela neste mundo atribulado. Trata-se de uma Paz inquieta, que não
pode se acomodar. O discípulo do Ressuscitado é um anunciador de alegria e de paz. Onde o
Senhor me chama a ser discípulo-missionário, discípula-missionária, que anuncia a Alegria do
Evangelho?
Jesus Cristo dá aos seus amigos e amigas o dom do Espírito Santo: "Recebei o Espírito Santo"
(Jo 20,22). O Espírito é dom do Ressuscitado, sem o qual não é possível realizar a missão
evangelizadora. É o Espírito quem dá força, coragem, dinamismo, entusiasmo, criatividade. Os
discípulos-missionários e as discípulas-missionárias enviados por Jesus são homens e mulheres
do Espírito.
Receber o Espírito significa receber a missão: "Aqueles a quem perdoardes os pecados, serlhes-ão perdoados." (Jo 20,23). O Ressuscitado dá a missão para os discípulos e discípulas, a
mesma missão que o Pai lhe dera: reconciliar o mundo com Deus, estabelecer a Comunhão
com o Pai e a fraternidade entre os homens e mulheres do mundo inteiro.
Todos somos chamados a continuar a missão de Jesus, todos somos reconciliadores e
reconciliadoras do mundo com Deus. Esta é a missão da Igreja. O Ressuscitado se faz presente
pelo seu Espírito, que estabelece um grupo de pessoas fracas e limitadas, mas que creem no
seu nome, para serem germes de unidade, de esperança, de salvação, de comunhão, de vida,
de caridade e de verdade.
Faço um longo colóquio com o Senhor. Peço-lhe a graça de experimentar “os efeitos da sua
Santíssima Ressurreição”, de senti-lo exercendo em mim seu ofício de Consolador e fazendo-me
crescer na fé pascal. Experimento como o Ressuscitado me traz um ânimo novo para a missão.
Sinto-o renovando em mim o dom do Espírito. Ofereço-me para ser discípulo-missionário,
discípula-missionária, que anuncia a Alegria do Evangelho.
FONTE: CEI-JESUÍTAS - Centro de Espiritualidade Inaciana
Rua Bambina, 115 - Botafogo – RJ – 22251-050
[email protected] / www.ceijesuitas.org.br
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