newsletter nº 3
Editorial
Fernando do Carmo
Gabinete da RBE
A newsletter é publicada na véspera do Dia da Biblioteca Escolar, integrado no “Mês Internacional da
Biblioteca Escolar”, dedicado ao tema: “Literacia e Aprendizagem na Biblioteca Escolar”. Podemos dizer que
esta publicação se insere plenamente nas comemorações deste dia/mês, através dos conteúdos que a
atravessam, tanto na secção temática como no dossier.
É, hoje em dia, um lugar comum convocar a Sociedade da Informação para justificar todas os projectos,
medidas, metodologias, investimentos, acções.. que nos propomos realizar com o objectivo, provavelmente
utópico, de alcançarmos a Sociedade do Conhecimento.
As bibliotecas em geral e as escolares em particular não escapam a este desígnio, pela simples razão de
ocuparem (ainda?) um papel determinante no acesso à informação e, desde a década de 90, na mediação
e formação dos seus utilizadores nas novas competências que asseguram a carta de alforria dos tempos
actuais.
Numa sociedade em permanente mudança, a escola por um lado e as bibliotecas escolares acabadas de
instalar, por outro, situadas no intervalo que separa/une dois paradigmas diferentes que ora se
complementam ora se anulam, gerando ambiguidade no presente e incerteza quanto ao futuro, torna-se
indispensável reflectirmos sobre a melhor forma de agir relativamente ao que dispomos neste momento, de
modo a não comprometer o futuro.
Quando ainda nos sentimos, a maioria de nós, emigrantes no mundo das tecnologias que geraram a agora
chamada Web 1.0, eis que no tumulto da Web 2.0 se anuncia a Web 3.0, dita semântica. Quando ainda não
conseguimos gerir e disponibilizar a informação intramuros recorrendo às novas/velhas tecnologias de
comunicação, eis que um novo mundo se abre e a realidade está cada vez mais para fora dos limites que
construímos e no qual nos movemos com alguma agilidade.
NEWSLETTER RBE N.º 3
newsletter nº 3
Diz quem sabe que as tecnologias que usaremos daqui a 10 anos, ainda não foram inventadas o que torna
o futuro ainda mais incerto e movediço.
Face a esta realidade o que importa é avaliar o que existe, estar atento ao que se avizinha, analisar a
experiência dos que estão à nossa frente, acompanhar o trabalho de quem reflecte sobre estas questões e
agir com prudência, que as mudanças em educação para serem eficazes obedecem a tempos e ritmos
próprios.
Foi com os sentidos despertos para a realidade tecnológica e informacional do mundo de hoje que os
autores dos artigos colaboraram na newsletter, assim:
Lourens Das, Directora da IASL para a Europa, “foca o papel das bibliotecas no contexto educativo,
procurando contribuir para a reflexão sobre um dos seus mais importantes papéis - o impacto no sucesso
educativo do aluno. Depois de caracterizar o ambiente tecnológico social e educativo actual e as suas
repercussões no comportamento dos alunos, questiona o papel da biblioteca na escola de hoje.
Respondendo pela afirmativa defende a aplicação de uma metodologia inovadora - “guided inquiry” introduzida por Ross Todd e Karol Kuhlthau que preconiza o trabalho articulado entre professores e
professores bibliotecários. Na sua opinião, a biblioteca escolar desempenha um papel fundamental na
aprendizagem: a biblioteca escolar não será “a biblioteca na escola, mas toda a escola é uma biblioteca”.
Defende, também, a articulação entre as escolares e as públicas, com a criação de verdadeiras parcerias,
salientando a necessidade de uma planificação rigorosa destas “joint use”.
Num momento em que se fala, no âmbito do Plano Tecnológico para a Educação, da produção de
conteúdos a disponibilizar num portal escolar, com recurso a sistemas transparentes de pesquisa e de
importação, onde os produtores terão um papel importante na própria indexação, apresentamos a
comunicação de Ana Bela Martins, Eloy Rodrigues e Manuela Barreto Nunes, feita na Conferência da IASL,
em Taiwan, sobre o papel dos repositórios (colecções de informação digital) na aprendizagem dos alunos.
Reclamam a atenção para o papel das bibliotecas escolares na produção e tratamento desses conteúdos
que exigirão, na opinião dos autores, uma estreita colaboração com diversos parceiros. O artigo apresenta,
ainda, os princípios em que assenta a construção destes repositórios.
Destacamos dois trechos da comunicação:
“...As bibliotecas, particularmente as escolares, são o lugar natural para desenvolver repositórios úteis e
bem sucedidos. Ser o espaço e o serviço onde os recursos da informação são coligidos, organizados e
disponibilizados à comunidade, constituindo um ponto de encontro e de partilha, jogando um papel
importante enquanto lugar da comunidade na escola, com equipa especializada, cultura e ambiente de
qualidade e de serviço, as bibliotecas escolares podem responder eficientemente a este desafio...”
“...Neste novo ambiente de informação, para a biblioteca permanecer o sistema de informação essencial e a
plataforma para o mundo, necessita responder, não somente às mudanças nas práticas de aprendizagem e
ensino, no actual cenário dos ambientes informacionais mas, ainda, antecipar proactivamente aquelas
mudanças...”
Ainda na mesma área conceptual Manuela Barreto Nunes começa por nos chamar a atenção para a o facto
de na “... sociedade contemporânea todas as bibliotecas são híbridas, isto é, constituídas por espaços,
colecções e serviços simultaneamente reais e virtuais.” Foca a sua atenção no caos “googleano” que
preside às pesquisas de informação dos alunos, reforçando a necessidade do tratamento adequado da
informação disponível na Internet, adaptado às suas características e às dos seus utilizadores.
Se a autora anterior fez uma abordagem teórica e sintética da questão relacionada com a ética da
informação, já Lurdes Correia apresentou uma análise reflectida na sua prática diária, propondo
metodologias de trabalho e apresentando instrumentos de apoio à pesquisa e tratamento da informação,
pelos alunos.
Odília Baleiro realça a importância da formação dos professores e analisa o investimento feito pela
RBE/DGIDC na utilização do e-learning na formação dos professores das equipas das Bes, em áreas
diversas das quais destaca a introdução ao uso das ferramentas da Web 2.0 e a preparação de eformadores.
Por último a Arquitecta Teresa Heitor, da Parque Escolar, dá-nos conta do que se pretende com o Plano de
Modernização das Escolas do Ensino Secundário, considerando de forma particular as bibliotecas
escolares. O espaço físico procura acompanhar as inovações tecnológicas e metodológicas que os novos
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paradigmas sociais e educacionais exigem.
O trabalho em rede, colaborativo e em parceria é uma constante da maioria dos autores que colaboram
nesta newsletter, as tecnologias vieram facilitar essa tarefa, não só através de dispositivos que facilitam a
comunicação biunívoca, mas também pela existência de ferramentas que colocam os seus utilizadores na
qualidade de consumidores e produtores em simultâneo e, por outro lado, permitem a constituição de
comunidades de prática rentabilizando o trabalho da comunidade.
No dossier que pela primeira vez publicamos, procura-se salientar uma experiência muito significativa no
âmbito do trabalho em rede: a Rede de Bibliotecas do Concelho de S. Brás de Alportel.
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