Opinião
Boa prosa
Os governos, em todos os níveis,
ao que parece, não conseguem conter a sanha arrecadadora e, a cada dia
que passa, arrocham, mais, o trabalhador; a dona de casa; o estudante,
o empresário, todo mundo. Tempos
atrás se anunciou que, por conta da
falta de água nos reservatórios, a taxa
de energia tinha de ser reajustada,
pois seriam ligadas as usinas termelétricas. Pois bem... vieram as chuvas,
as represas se encheram e, nada de diminuir a conta da luz. Pelo contrário,
fez foi aumentar.
Em Goiás, o contribuinte vai entrar para 2016 sob o fogo cruzado de
vários reajustes tributários, muitos
deles considerados abusivos até. O
Governo precisa de dinheiro para pagar os servidores, como se o dinheiro
do povo fosse, somente, para pagar
funcionário público, que, em grande parte, não funciona coisa alguma.
Mas, para ficar bem com o funcionalismo, o Governo prefere arrancar dinheiro da bolsa popular.
Da mesma forma, contribuintes
anapolinos vão começar o ano novo
com novos tributos, dentre eles, o
IPTU, reajustados. Igualmente, a Prefeitura alega que é para custear a máquina. E, assim a vida vai seguindo.
Os governos, destemperadamente,
gastam o que não têm, pois sabem
que o bolso do cidadão é a fonte de
onde eles vão tirar recursos para taparem os buracos da incompetência.
Em muitos casos, da corrupção.
[email protected]
roubos e assaltos. Uma dessas
quadrilhas foi desbaratada recentemente. A orientação do
policial é para que as pessoas
passem a observar, com mais
atenção, o movimento em casas desocupadas e informarem
à autoridade policial quando
vislumbrarem qualquer atitude suspeita.
Aproveitamento
Por onde anda
Lembram-se do massagista
Leão que militou, por vários
anos, no futebol profissional de
Anápolis, principalmente na
Associação Atlética Anapolina
e foi servidor público municipal na área do esporte nos anos
80? Pois é... Ele é, hoje, o Pastor
Jovaci Leão e mora nos Estados
Unidos. Deixou os campos de
futebol pelo púlpito da igreja.
Criatividade
Um oficial da Polícia Militar disse que está em prática uma nova modalidade de
crime contra o patrimônio em
Anápolis. Quadrilhas procuram as imobiliárias e se dizem
interessadas em alugar residências,
preferencialmente
nos setores de classe média/
alta. Apanham as chaves sob
a alegação de conhecerem o
imóvel por dentro. Ato contínuo, mandam fazer cópias das
chaves e devolvem as originais
para a empresa sob a alegação
de que não se agradaram da tal
casa. Mas, à noite e nos finais
de semana, os marginais vão
para estas residências e, de lá,
monitoram a vizinhança, conhecendo hábitos e costumes,
para, em seguida, praticarem
Ainda sobre segurança
pública. Começou um movimento na Cidade com vistas
a conseguir um imóvel para a
instalação do 38º Batalhão de
Polícia Militar que, hoje, ocupa parte das dependências do
Quarto BPM, na Avenida Brasil. Um dos locais sugeridos é
a sede do antigo DNER (hoje
DNIT) às margens da BR 060,
saída para Brasília. O local é
tido como perfeito para sediar
o Batalhão, tendo em vista sua
posição geográfica que casa,
perfeitamente, com a logística
de policiamento daquele setor
da Cidade. Espera-se que autoridades, principalmente as da
esfera federal, ajudem na liberação do espaço. Jeito, tem.
Frustração
O cancelamento de vários
concursos públicos anunciados, principalmente no âmbito do Governo Federal, frustrou a milhares de brasileiros
em todo o País. Gente que se
preparava para a disputa, inclusive com altos investimentos em cursos preparatórios e
aquisição de livros caros, se
viu como se fosse traída com
tal iniciativa. Muitos, inclusive, já haviam feito as inscrições. E, vários desses concursos não têm, sequer, previsão
de quando serão aplicados. A
culpa está no “enxugamento
da máquina administrativa”.
Cenas da Cidade
Domingo, final da tarde, depois
de uma forte chuva que caiu sobre
Anápolis, um carro preto desfila pelas ruas do centro e de alguns bairros, despretensiosamente. Ao volante,
ninguém nada mais, nada menos do
que o odontólogo Antônio Roberto
Gomide, ex-prefeito do Município.
Sozinho, ele percorria as vias públicas, quem sabe, para observar o que
realizou, o que não conseguiu realizar
e como estão suas realizações, passado um ano e meio desde que deixou
o comando político/administrativo
municipal. O sinal abriu e o carro foi
embora. Falam que Gomide pode ser
candidato a vereador no ano que vem.
Mas, ele mesmo, não confirma. Só
fala que vai participar do pleito, sem
definir de que forma.
Samuel Vieira
[email protected]
3
Anápolis abandonada?
Puxão de orelha
NILTON PEREIRA
Aná­po­lis, de 23 de dezembro de 2015 a 07 de janeiro de 2016
Se o Vice Governador José Éliton estiver, de fato, interessado em disputar a Governadoria do Estado em 2018, terá de acertar muita coisa com
Anápolis, principalmente com o empresariado, caso queira obter o apoio
dos anapolinos. É que, junto ao setor produtivo do Município chovem
queixas e reclamações sobre um eventual descaso para com o empreendedorismo local. De acordo com alguns líderes empresariais da Cidade,
desde que assumiu a poderosa Secretaria Estadual do Desenvolvimento
Econômico, José Éliton não teria feito qualquer aceno para uma composição junto ao setor. Muito pelo contrário, ele não é visto como um incentivador do processo empresarial, principalmente na indústria. Do jeito que
as coisas se encontram, dificilmente ele teria um apoio mais consistente.
Recentemente foi feito um movimento na Cidade com o objetivo de
sensibilizar o Governador Marconi Perillo, que faz frequentes juras de
amor a Anápolis e diz ter um profundo respeito aos empresários daqui,
para que o Governo, enquanto instituição, olhasse com melhores olhos as
causas pendentes no setor industrial. Marconi chegou, até, a receber uma
comitiva de empresários e lideranças comunitárias de Anápolis em Palácio, mas, do que se tem notícia, nenhuma providência mais concreta se
viu no decorrer de todo esse tempo. E, saber que, em suas quatro eleições
para Governador e uma para senador, ele sempre foi apoiado pela maioria
dos empresários de Anápolis.
De outra sorte, caberia aos representantes da Cidade com cargos influentes no Governo, defenderem os interesses dela. Salvo um lampejo
aqui e outro ali, ao que parece, tais autoridades não estariam olhando
para o Município com o devido zelo, ou seja, correspondente à posição
que ocupam na Administração Estadual, justamente por causa da força política do Município. O certo é que, desde que Anápolis perdeu a
titularidade da Secretaria de Indústria e Comércio, diluída na reforma
administrativa que o Governo Estadual promoveu no início do ano, o
Município perdeu seu poder de fogo, principalmente porque quem deveria “brigar” pela Cidade, fica sem forças, pelo simples motivo de compor
o quadro de assessores (empregados) do Governo. Pela lógica, empregado
não pode se indispor com o patrão.
Por conta de todos esses desacertos, sabe-se que há uma “inquietação
da tropa” junto ao empresariado anapolino, tendo em vista a situação de
abandono em que este se encontra. Há queixas repetidas, por exemplo,
pelas dificuldades, em se conseguirem certidões para o funcionamento
integral das empresas, como registos ambientais. Por incrível que pareça, com mais de 40 anos, o DAIA (Distrito Agro Industrial de Anápolis)
ainda não tem certificação ambiental definitiva. O Secretário de Estado
do Meio Ambiente (pasta que cuida do assunto), Vilmar Rocha, vem frequentemente a Anápolis, “mas para tratar de assuntos políticos ligados
ao partido que dirige, o PSD”, conforme definiu um empresário.
Não bastasse isso, há muita contrariedade e preocupação com respeito às
novas decisões do Governo em diminuir o percentual dos incentivos fiscais
para grupos que já desfrutam do benefício, o que, na visão de muitos, poderá
levar empresas à bancarrota, além do “arrocho fiscal com agentes cercando
contribuintes no meio da rua”, de acordo com outro empreendedor. Segundo
ele, o Governo, no afã de garantir recursos para não atrasar mais a folha de
pagamento dos servidores, decidiu “arrancar” esta diferença junto ao setor
empresarial. Com isso, deduz-se que a “lua de mel” que sempre existiu entre
o atual Governo e a classe empresarial de Anápolis está desgastada e pode
sofrer fortes abalos. Principalmente políticos. (Nilton Pereira).
Agradecimentos
Esta coluna agradece, penhoradamente, as seguida manifestações de
apoio de muitas pessoas que, ao longo do ano de 2015 demonstraram apreço e cordialidade, se declarando leitoras, algumas, até, assíduas, dos escritos semanais aqui registrados. Fica o compromisso de, sendo da vontade
de Deus, voltarmos em 2016 com novas propostas, novos desafios, novas
perspectivas. Feliz Natal, próspero Ano Novo a todos os queridos leitores.
Elias Hanna
[email protected]
Natal sem Cristo?
Se não tem tu,
que seja com tu mesmo
A manjedoura fala de um Deus que amou tanto os
homens que decidiu caminhar entre eles, participar de suas alegrias e dores, tocá-los. Naquele bebê
Deus chegaria ao extremo de seu amor
A oposição, agora sem rumo, ainda liderada pelo menino chorão que perdera o pirulito no dia do aniversario, e
sem se aproximar da massa jogava, agora, suas esperanças
nos meganhas comandados pelo nissei de óculos escuros
I
mpensável? Não sei!
Recentemente li sobre
uma nova onda mística que afirma ser possível
ter espiritualidade sem
Deus. Não sei como porque espiritualidade não
pressupõe estas coisas do
“espírito”? Não está relacionada à divindade? Se
estão conseguindo esta
façanha não acredito ser
difícil termos Natal sem
Cristo.
Ah! E não devemos esquecer também que já temos a Páscoa sem o Cordeiro. O coelho mágico
que bota ovos com tons,
cores, formatos e gostos
diferentes é o protagonista, o Cordeiro tem papel
secundário. Já faz muito
tempo que a Páscoa não
fala mais do Cordeiro de
Deus que tira o pecado do
mundo.
Então, não será nenhuma surpresa se o
Natal excluir a criança
nascida em Belém. O que
se celebra no Natal? Pergunte a qualquer criança.
A maioria vai relacionar
esta data com presentes
e com o papai noel, um
velhinho simpático de
barbas brancas que desce
na chaminé em dias de
neve trazendo os desejados presentes. Ainda que
não tenhamos neve nem
chaminé em casa...
Perder a centralidade
de Cristo no natal é tão
fácil quanto nos perdermos na agitação, correria
e stress de final de ano.
José e Maria perderam
seu filho no templo quando tinha 12 anos, nós o
perdemos no dia do seu
aniversário. Que celebração estranha! Todos recebem presentes menos o
menino que nasceu em
Belém. Não é bizarro?
Achar Jesus no meio
dos embrulhos e das festas, é essencial. Só assim
será possível restituir o
significado do menino-Deus, que deixou sua
glória e veio habitar entre nós e é desta forma
que se resgata a dimensão do Eterno entrando
no tempo, compreende-se a realidade de um
Deus participando da
história e habitando entre os homens.
Natal anuncia o fim
da inacessibilidade de
um Deus que se humanizou, e levou às últimas
consequências o significado de Emanuel: Deus
conosco! A manjedoura fala de um Deus que
amou tanto os homens
que decidiu caminhar
entre eles, participar de
suas alegrias e dores,
tocá-los. Naquele bebê
Deus chegaria ao extremo de seu amor. No ventre daquela jovem judia
que chega à Belém, estava aquele que é Deus
acima de todos, e tem
todas as coisas debaixo de seu domínio, que
veio para solucionar o
pecado, o mal central da
humanidade com suas
variantes: Ganância, luxúria, orgulho, depravação, ódio, vaidade, inveja e corrupção moral.
A eternidade invadiu
o tempo, a divindade penetrou a humanidade, o
céu adentrou a terra na
forma de um bebê. Os
seus primeiros choros
foram ouvidos por uma
moça simples e um carpinteiro sonolento. Não
dá para pensar um Natal
sem Cristo!
A
história passa-se
em Brasília, no
longínquo e, vá lá,
inesquecível ano de 2015.
Pouco após a tormenta
da tarde quente daquele dezembro, à mesa do
Palácio, vários fidalgos
sentados, com exceção
do Vice-Rei que, alguns
dias antes, quedara-se
em desgraça. Passado o
tremendo susto imposto
pelo facínora que comandava a Casa de Leis e,
afastado, não se sabe se
momentaneamente, o risco do impeachment e já
sem o controlador das finanças, um dos fidalgos,
por demais alegres com
a farta bebida, arriscou-se a dissertar - “Viva a
nobre Rainha, que, saiu
do calor do inferno, do
degredo da impopularidade, venceu o aristocrata chorão e, agora poderá
governar”. Os aliados, em
júbilo, passaram a gritar
vivas à Rainha que viveu
os últimos doze meses
enclausurada no inferno
sem deixar, sequer em
testamento, esperanças
de dias melhores.
Do lado de fora do Pa-
lácio, a massa apreensiva
com a desvalorização da
moeda, com o fantasma
do desemprego e dividida
entre bandeiras de apoio
e faixas de protestos,
também, se entreolhava
uns aos outros e questionava quando, enfim, a
Toda Poderosa Rainha começaria a governar.
Também, do lado de
fora, mas, como sempre,
com um pé dentro do
Palácio, a aristocracia dividida entre a ortodoxia
e a heterodoxia do rito
econômico ansiava pelo
inicio do Reinado. Com
celulares á mão mandava mensagens que alteravam a cotação da moeda
e a cotação das ações da
Bolsa.
A oposição, agora sem
rumo, ainda liderada
pelo menino chorão que
perdera o pirulito no dia
do aniversario, e sem se
aproximar da massa jogava, agora, suas esperanças nos meganhas comandados pelo nissei de
óculos escuros.
A rainha, então, pôs se
a consultar com o Conselheiro-mor do Reina-
do. - E agora, o que faço?
Baixo os juros? Libero a
grana? Valorizo a moeda?
Construo casas? Importo
médicos? Olhando, por
detrás da cortina, na fresta da janela o Conselheiro toca-lhe as mãos sobre
os ombros e desdenha
do pedido - “Não ouves
a ninguém, tu és a conselheira de seus próprios
desejos”. A rainha, assustada, então, dirige-lhe a
palavra e promete, enfim
governar.
Ao fundo, bem ao fundo do Palácio, as luzes da
torre lembravam aqueles
dias tristes de Natal, mas
também a esperança de
dias melhores. 2015 se
preparava para morrer e
o Ano Novo numa súbita
iluminação trazia junto
as esperanças de um ano
menos sofrido, menos
triste, mais alegre.
A rainha, se um mínimo de sensibilidade lhe
restara e, antes de chorar,
ouviu a multidão gritar: Governe, governe...
Elias Hanna, livremente inspirado em ‘O
indesejado’ de Jorge de
Sena
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Se não tem tu, que seja com tu mesmo Natal sem