5 Locais Semana do dia 07/02/2015 a 14/02/2015 D Congelamento de óvulos é alternativa para mulheres que querem engravidar mais tarde epois de conquistar independência com a pílula anticoncepcional, que possibilitou escolher o momento de ser mãe, a presença da mulher no mercado de trabalho se tornou cada vez mais forte. Muitas passaram a priorizar a formação e a carreira profissional em detrimento de constituir família, deixando para pensar em casar e ter fi- lhos mais tarde. Esta inversão de prioridades trouxe para a mulher a preocupação de não conseguir ser mãe. Quando percebe, a idade já avançou e o fantasma do declínio da fertilidade começa a assombrar. A boa notícia é que a ciência está dando um jeito neste dilema que ronda a vida da mulher moderna. É o congelamento de óvulos – técnica que propicia maior segurança na hora de “Hoje as mulheres podem desfrutar deste benefício que a medicina reprodutiva disponibiliza”, comenta Dr. Benilson Eustáquio de Souza. A partir do momento que decide fazer o congelamento, a mulher é submetida a exames, principalmente para que o médico possa avaliar se há boa quantidade de óvulos. De dez a 12 dias, faz uso de medicação para estimular a hiperovulação, com acompanhamento por meio de ultrassom seriado. A paciente toma depois medicação para maturação final dos óvulos e, em seguida, é feita a captação. “No ciclo natural a mulher tem um óvulo. E no ciclo estimulado, dependendo da idade da paciente, pode-se ter até 14 folículos por es- T endo os óvulos congelados, quando decide engravidar a mulher é preparada com alguns medicamentos e o médico programa o descongelamento dos óvulos, de acordo com o ciclo dela. Com os óvulos descongelados, é feita a fertilização in vitro. Se a paciente tem o parceiro, usa-se o sêmen dele. Agora, se ela decidir pela reprodução independente, terá que recorrer a um banco de sê- tentar ter filhos com mais idade. “Hoje as mulheres podem desfrutar deste benefício que a medicina reprodutiva disponibiliza. Cada vez mais o congelamento de óvulos é divulgado através da mídia, dos médicos que trabalham na especialidade, o que tem contribuído para maior procura pelo procedimento”, comenta o médico ginecologista e obstetra Dr. Benilson Eustáquio de Souza, da PróCriar Medicina Reprodutiva em Pouso Alegre. Ele explica que a fertilidade feminina começa a diminuir depois dos 35 anos. A mulher já nasce com uma quantidade de óvulos e a cada ciclo, para cada óvulo que o ovário ovula, são desperdiçados em torno de 800 mil folículos (os folículos são bolsas de líquido que podem conter um óvulo, situadas dentro dos ovários). Então, com a idade, a população de folículos diminui, o que se acentua a partir dos 40 anos, interferindo na fertilidade. O médico explica que é aconselhável congelar os óvulos o quanto antes, preferencialmente abaixo dos 35 anos. A experiência dos médicos com relação à qualidade dos óvulos mostra que antes dos 35 ou 37 anos os óvulos tem melhor qualidade genética. Além do que, abaixo desta idade, a mulher tende a ter uma quantidade maior de óvulos disponíveis para congelar. “Orientamos a mulher que não tem intenção de ter filho com menos de 35 anos que faça o congelamento de óvulos se assim puder. Se encontrar um parceiro e decidir ter o filho mais cedo do que esperava, que tente engravidar naturalmente. Se não conseguir, terá seus óvulos guardados”. O médico lembra que há cerca de três anos surgiu nova técnica de congelamento, chamada vitrificação. Pelo congelamento rápido, há maior qualidade nos resultados. De 80% a 90% dos óvulos sobrevivem com qualidade quando desconge- lados. O congelamento é alternativa também para pessoas que por problemas de saúde podem perder a fertilidade, como por exemplo, pacientes oncológicos que precisam passar por quimioterapia ou radioterapia. “Tanto o óvulo como o sêmen podem ser congelados como forma de preservar a fertilidade”. Como funciona o congelamento tímulo. Pelo exame de ultrassom vemos o crescimento destes folículos. Quando o folículo tem determinado diâmetro, sabemos que ele tem um óvulo maduro que pode ser congelado”, informa Dr. Benilson. Segundo ele a captação é um procedimento simples, feito em centro cirúrgico. A paciente recebe analgesia e todos os folículos são aspirados. Em seguida os óvulos são avaliados, limpos e os que estiverem maduros são submetidos a processo químico e congelados com nitrogênio líquido a temperatura de -196°. Dr. Benilson diz que os medicamentos que a mulher utiliza para es- timular a produção de óvulos para o congelamento ocasionam poucos efeitos colaterais e todos são bem tolerados. Os sintomas mais frequentes são sensação de peso no abdômen, porque os ovários crescem; distensão abdominal, por causa do aumento da produção de gases; e retenção hídrica. CUSTOS Quando vai congelar os óvulos a paciente tem que arcar com os custos dos medicamentos, do laboratório e honorários médicos. Hoje o gasto para fazer o congelamento de óvulos fica em torno de R$ 10 mil. É preciso pagar também uma taxa de manutenção mensal de aproximadamente R$ 95,00. “O custo benefício é excelente, mas ainda é caro. Uma boa parte da população não tem acesso a essa técnica por conta dos custos. Acreditamos que num futuro próximo isso venha a melhorar. Nós que trabalhamos com reprodução convivemos com a angústia da mulher com uma idade maior que não teve a oportunidade de congelar os óvulos e que não está conseguindo engravidar”. Os óvulos são congelados com nitrogênio líquido a temperatura de -196°. A hora de utilizar os óvulos congelados men. Feita a fertilização e conseguido o embrião, o mesmo é transferido para o útero da mulher que é previamente preparado com hormônios. O médico esclarece que o congelamento de óvulos não é garantia de gravidez futura, pois isso envolve diversos outros fatores. “O congelamento oferece a chance de se ter óvulos viáveis. Agora, garantia de gravidez envolve outros fatores como a qualidade do sêmen do parceiro, outros proble- mas que a paciente pode ter inerentes ao útero, ao endométrio. Não é garantia de gravidez, mas uma oportunidade”, ressalta. Quanto à idade para utilizar os óvulos congelados, Dr. Benilson diz que não há idade limite. Mas se a mulher que congelou os óvulos desejar engravidar depois dos 50 anos, a lei exige que ela tenha autorização do Conselho Federal de Medicina e também judicial. “Uma vez tendo o óvulo congelado, em qualquer idade que desejar engravidar a mulher pode. A gravidez se comporta conforme a idade dos óvulos. Se congelou óvulos aos 30 anos e desejou engravidar aos 45 anos, os óvulos são de 30 anos, por isso o benefício. O congelamento é uma forma de conservar a idade do óvulo. É importante lembrar que a parte fetal se comporta como a idade do óvulo, mas é claro que a parte clínica da mulher é de acordo com a saúde e a idade dela. Por isso Com os óvulos descongelados, é feita a fertilização in vitro. deve-se fazer a fertilização o quanto antes”, diz Dr. Benilson. Os óvulos não utilizados podem ser descartados quando a mulher quiser. “Os óvulos são células e podem ser descartados a qualquer momento. Não são como o embrião que nunca pode ser descartado”, finaliza.