O QUE É SER FAKE?
UMA ANÁLISE DA INTERAÇÃO SOCIAL, ENTRE FAKES, NUMA
COMUNIDADE VIRTUAL1
Siméia Rêgo de Oliveira 2
Resumo: O presente artigo é um recorte da minha dissertação de mestrado que estuda o fake e
o cotidiano pelo arcabouço da comunicação. Esse artigo, no entanto, aborda o fake como
efeito das novas formas de interação social. Esse perfil, interage escrevendo histórias e
compartilhando-as em tempo real. O embasamento teórico dá-se pelas vertentes
interdisciplinares da teoria do cotidiano e a socialidade para compreender essa interação
baseada no aqui e agora. Como metodologia apreende-se o interacionismo simbólico e o
procedimento metodológico consiste numa entrevista feita com um perfil fake autor de uma
das Webnovelas, chamada A Dívida, a qual é o corpus para análise desse artigo.
Palavras-chave: webnovela, interação em rede, fake.
Abstract: This article is an excerpt from my dissertation that studies the fake and the
framework of everyday communication. It nonetheless, discusses fake like effect of new
forms of social interaction. The profile's owner interacts writing stories and sharing them in
real time.The theoretical basis is given by the interdisciplinary dimensions of everyday life's
theory and sociality, to understand this interaction based on the here and now. The
methodology is apprehended symbolic interactionism and methodological procedure consists
of an interview with a fake profile of an author of Webnovelas called The Debt, which is the
corpus for analysis of this article.
Keywords: webnovela, networking interactions, fake.
INTRODUÇÃO
Em 2008, quando acessava a comunidade virtual Eu acredito em confio em Deus, do
Orkut, com mais de 5 milhões de membros, um perfil me chamou mais atenção do que os
demais porque nas ocasiões em que esse comentava, sempre em tom de ironia e sarcasmo, o
debate seguia acalorado. E esse perfil era um fake.
Sim, os demais membros sabiam ou deveriam saber que o tal perfil, que continha a
imagem de um monge sorridente, se tratava de um fake tão quanto o próprio ―dono‖ do perfil,
uma vez que esse ou essa se identificava como sendo um perfil falso. Inclusive no espaço do
about me ou fale sobre você da página do Orkut havia uma sinopse explicando e justificando
seu pseudônimo: tratava-se de um monge bêbado, que vivia enclausurado, em plena idade
média e criticava sarcástica e ironicamente o cristianismo em suas vertentes mais populares
1
Artigo submetido ao NT – práticas interacionais do SIMSOCIAL 2013.
2
Mestranda em comunicação e culturas cidiáticas vinculada ao PPGC/UFPB. E-mail: [email protected]
no Brasil: a do catolicismo e a dos evangélicos. Pois é, qualquer inspiração e semelhança com
a obra Elogio da Loucura, de Erasmo de Rotterdam3 não deve ter sido mera coincidência.
Entretanto, a vontade de estudar o fenômeno fake aflorava juntamente com algumas
questões: por que esse perfil interage como fake? Será que a sua popularidade se devia ao fato
de ser um fake? Se ele não fosse fake, teria essa popularidade entre os demais membros?
A partir dessa efervescência de questionamentos iniciou-se, então, uma maratona pela
busca de um fenômeno social associado a esse fake, uma vez que estudar esse perfil,
isoladamente, seria insuficiente, metodologicamente, ao que viria a ser proposto. Foi então
que se decidiu abordar a comunidade virtual Web novelas fake, do Orkut, composta apenas de
perfis fake, cuja interação se dava por meio de novelas criadas e compartilhadas entre eles.
Estava aí o fenômeno que se procurava.
Contudo o desafio apresentado ainda persiste uma vez que é preciso estudar esses
―fenômenos comunicacionais mediados pela mídia, nos quais elas mesmas são também
actantes‖ (PRIMO, 2013, p.10), pelo veio da comunicação. Nessa pesquisa aprouve, então,
observar o fake em interação, no contexto do cotidiano. Por isso, faz-se uma
interdisciplinaridade com essa teoria contributo importante nos estudos da comunicação.
Assim, numa relação da comunicação e o cotidiano o discurso seria entendido como
práxis, ou como um conjunto de rotinas. Essas rotinas seriam percebidas nas conversações
entre esses fakes pelas novas formas de interação homem-máquina e a relação desse perfil
com o seu self, pelo ecrã (TURKLE, 1997 apud JÚLIO, 2005). Portanto, estudar a mídia e o
cotidiano se traduz na possibilidade de observação das relações sociais digitalizadas como
efeito das novas formas de interação social. Dessa feita, a proposta desse artigo é a
comunicação e o cotidiano, aproximando-se do fake. Sobretudo porque esse trabalho pretende
estudá-lo como fenômeno comunicacional mediados pela mídia (PRIMO, 2013).
O presente estudo se realiza em quatro tópicos: o primeiro consiste no exame das
matrizes teóricas utilizadas na pesquisa; o segundo analisa o fake como efeito das novas
formas de interação social. O terceiro contempla o procedimento da análise de uma conversa
com um perfil fake Escritora! Lisa da autora da Webnovela A Dívida, encontrando palavraschaves que auxiliaram a construir um quadro teórico sobre esse perfil fake. E como quarto
tópico e último tópico, tecer as considerações finais sobre a pesquisa.
3
ROTTERDAM, Erasmo de. Elogio da Loucura. Atena Editora, s.d. 2002.
2
Assim, essa pesquisa contempla o perfil fake como efeito das novas formas de
interação social. Bem como, compreende esse perfil no sentido de fenômeno comunicacional
e visa demonstrá-lo pela interação social a partir do produto webnovela.
1. MATRIZES TEÓRICAS
Pierre Lévy (1999) conceitua a cibercultura em três termos: a internet, o ciberespaço e
a cibercultura, significando que a internet seria o espaço em si, o ciberespaço o meio de
comunicação composto pela junção da infraestrura, do universo de informações e do homem
que acessa essa rede, e a cibercultura o conjunto de técnicas materiais e intelectuais que se
desenvolvem junto ao ciberespaço; estes são alinhados em três princípios: a interconexão, as
comunidades virtuais e a inteligência coletiva.
Rudiger (2013), na perspectiva dos remanescentes de McLuhan a partir do conceito de
aldeia global4, propõe que a cibercultura surgiria ―em meio ao desenvolvimento científico e
tecnológico do final do século XX‖ (RUDIGUER, 2013, p.27). Assim, segundo o autor, a
cibercultura é definida ―como a formação histórica, ao mesmo tempo prática e simbólica, de
cunho cotidiano, que se expande com base no desenvolvimento das novas tecnologias
eletrônicas e de comunicação‖ (p.11).
Outro conceito importante que embasa esse artigo é o de André Lemos (2008), que
aponta que a cibercultura é a socialidade como prática da tecnologia uma vez que herdando a
contracultura5 e sua ideologia de oposição a cultura da modernidade, não recusa a tecnologia.
Portanto o desenvolvimento da cibercultura esteve aliado ao desenvolvimento das novas
tecnologias, a partir dos microcomputadores e a ―reunião de pessoas através comunicação
mediada‖, em interação e ampliada.
A socialidade perpassa o desenvolvimento tecnológico e segundo Maffesoli (1998, p.
110) ―pode caminhar lado a lado com [esse desenvolvimento] [...], ou mesmo ser apoiada por
ele‖. Assim, faz importante observar um dos seus micro-conceitos que podem explicar essa
interação, que é o da tribalização que Lemos (2008, p. 86) ao citar Maffesoli, se refere como
―a cultura do sentimento que se apóia sobre as multipersonalidades (as máscaras do teatro
4
A aldeia global surgiria ―interligada através da comunicação eletrônica, via computadores‖ (MCLUHAN, ano apud
RUDIGER, 2013, p.27)
5
Nos anos 70, a contracultura foi ―um movimento de oposição à cultura ―desligante‖ (déliante) da modernidade [...], [uma
vez que essa] encarnava o símbolo maior do totalitarismo da razão científica, causa principal da racionalização dos modos de
vida e da dominação da natureza através da urbanização e industrialização das cidades ocidentais‖ (BOLLE DE BAL, apud
LEMOS, 2008, p. 89)
3
cotidiano) [...] a partir de uma ética da estética, ―onde aquilo que é compartilhado com outros
será primordial [...]‖ (MAFFESOLI apud LEMOS, 2008)
As comunidades não são efeito da internet, por outro lado, segundo Howard
Rheinghold (1996) a tecnologia de Comunicação Mediada por Computador (CMC) se torna
acessível em qualquer lugar. Assim, reitera-se que o fake é percebido em vários ambientes da
sociedade e que faz-se necessário tornar a trazer à lume a pesquisa para o seu sentido inicial: a
observação do fake no contexto das comunidades virtuais.
Faz-se necessário voltar ainda um pouco na história a fim de apreender o conceito de
comunidade virtual em suas origens. Segundo Marcos Palácios (informação verbal) 6 ―as
comunidades são fenômenos da idade média e se rearticulam no século XIX, com a
modernidade‖. Tonnies (1947 apud RECUERO, 2009) estuda esse conceito, no sec. XIX,
pelas relações comunitárias (Gemeinscht) que englobam toda vida social de conjunto, íntima,
interior e exclusiva, características da comunidade, em oposição a sociedade (Gesellschaft)
invenção da modernidade, uma espécie de parte normativa do grupo. A comunidade, portanto,
seria o estado ideal dos grupos humanos.
Segundo Recuro (2009, p. 146) o conceito referente às comunidades virtuais ―é uma
tentativa de explicar os agrupamentos sociais surgidos no ciberespaço. Trata-se de uma forma
de entender a mudança da sociabilidade, caracterizada pela existência de um grupo social que
interage, através da comunicação mediada pelo computador‖. Esses grupos são percebidos nas
redes sociais online, na ―mudança de sentido de lugar que é, assim, amplificada pela internet‖
(p. 135). Portanto, nesse contexto de mudança de sociabilidade há uma concordância uma vez
que, essa pesquisa observa a socialidade (MAFFESOLI, 1998; 2009) como nova forma de
interação social, efeito da pós-modernidade. A discussão sobre a Socialidade se dará um
pouco mais adiante.
Lemos (2008) ainda traz a discussão de que essas comunidades surgidas em meados
do século XX eram o sonho de Licklider e Taylor, precursores da microinformática que surgia
com a cibercultura. Portanto, o desenvolvimento da informática e o desafio de reunir pessoas
através da comunicação mediada se tornaria uma grande realização tecnológico-social.
Em pesquisas mais recentes, entretanto, o conceito das comunidades virtuais em copresença física em Giddens (2009, p. 433), vem superando os conceitos anteriores de
comunidade offline e online, quer dizer, compreender-se-ia a comunidade virtual pelo veio da
relação em co-presença física e co-presença digital, respectivamente. Sobretudo porque essa
6
Mesa redonda com Marcos Palácios, Tânia Zagury e Adrana Amaral, ocorrida no Simsocial.2012, UFBA, em 10 e 11 de
outubro de 2012, (Arquivo pessoal).
4
discussão ocorrida em congressos da área de cibercultura aponta que um interagante que está
offline não teria seu perfil desconectado em um site de redes sociais (SRS) (RECUERO,
2009), por exemplo. O conceito de comunidade offline e online, portanto, nessa pesquisa será
entendido pelo veio da comunidade em co-presença física e co-presença digital,
respectivamente.
Dessa feita, esses são efeitos das relações sociais na pós-modernidade, entendendo os
grandes agrupamentos via sites de redes sociais no contexto do ambiente digital. E o estarjunto (MAFFESOLI, 2009, p.47), é a proposta para analisar essa forma de interação social,
uma vez que o ―sentimento do efêmero [...] [dá-se] como uma maneira da sociedade se
expressar‖.
2 FAKE E AS NOVAS FORMAS DE INTERAÇÃO SOCIAL
O fake no contexto das comunidades virtuais pode ser entendido como identidade
contemporânea (COUTO; ROCHA, 2010, p.16), sobretudo porque os ―eus‖, quer dizer, os
perfis digitais, emergem em tempos de pós-modernidade. Poder-se-ia assim, explicar esse
trecho pela fala do perfil fake Escritora! Lisa numa entrevista (Arquivo pessoal):
No meu último ano como Bonnie [um dos seus perfis fake], namorei um rapaz,
também fake que morava no estado de São Paulo. Até então eu morava no Rio de
Janeiro e ficamos ‗juntos‘ por cerca de 7 meses. Nunca vi quem ele realmente era,
nem ao menos sei como aparentava, porém o tempo gastado (sic) em frente à um
computador, na ilusão de que vivia um relacionamento saudável me fizera
amadurecer absurdamente como mulher, dar valor à minha realidade e finalmente
compreender que podemos transformar nossa realidade em um sonho, basta
querermos.
Para Couto e Rocha (2010) o fake são representações que ―experimentam outras
identidades para demonstrar sentimentos, percepções, desejos, gostos que poderiam ser
ridicularizados e promotores de constrangimentos na vida offline, mas que são celebrados e
festejados na dinâmica efêmera e plural da internet‖ (p. 29). Essas identidades nessa pesquisa
são estudadas no sentido do fingido (COTRIM, 2009) e seriam experimentações de ―eus‖ no
Orkut e seus efeitos de ―invenção e exibição de subjetividades‖ (COUTO; ROCHA, 2010).
Portanto a interação do perfil fake remete a uma outra sensação, subjetiva, cuja mediação
seria uma substituição do que entende-se por tato, mas, que não se chega a suprir nem a si,
nem a ao outro, completamente.
5
A percepção desse fake como persona, está embasado na análise da pesquisadora
Judy Tavares (2010) que faz uma definição a partir da etimologia da palavra. Assim, persona
era a máscara que os atores utilizavam ao encenar nos teatros gregos. Servia ainda para
identificar o personagem interpretado, e constituía-se uma peça essencial para o desempenho
do artista em cena. Doravante, a ―máscara‖ virtual nessa pesquisa será compreendida a partir
dos estudos de Goffman (1985) sobre a representação que analisam a sociedade a partir da
teatralidade, ambiente no qual todos interagem simbolicamente seja na relação de co-presença
física ou digital. Quer dizer, quem está em frente ao computador que media uma conversa
entre interagentes (PRIMO, 2003) separados a milhares de quilômetros de distância, mas, com
as relações em condições de co-presença digital “projeta nos ecrãs as ficções pessoais‖ (p. 37,
online) 7, uma vez que o computador seria um espelho do nosso self (TURKLE, 1997 apud
JULIO, 2005).
Portanto, nessa pesquisa a interação entre os fakes se dá pela webnovela. Essa
narrativa literária do folhetim apropriada pelo ambiente digital é a junção dos termos web e
novela designando a apropriação no digital, dessa narrativa ficcional escrita e compartilhada
em tempo real. Assim, a Web novelas fake é uma comunidade para escritores iniciantes
mostrarem seu trabalho. Nessa, os perfis interagem postando histórias e os demais membros
as lêem. A webnovela é produto dessa interação.
Essa webnovela se constitui em um hipertexto8 organizado por nós e também por
links9 (LEVY, 1999). É um texto móvel, veloz onde o usuário pode navegar, acrescentar ou
modificar os nós que proporcionem a escrita coletiva, numa retroação entre o narrador e o
leitor10, (REIS; LOPES, 1988). Portanto, vê-se como pertinente referir-se pelo gênero literário
folhetim11 ao invés de novela, que para o senso comum seria a telenovela.
No Orkut12, a webnovela acontece devido a sua estrutura favorável para as
comunidades virtuais. Recuero (2011) aponta que essa ferramenta é um “fenômeno, em
termos de sites de rede social (SRS)‖, pois chegou num momento onde os brasileiros tinham
quase nenhuma experiência com sites de rede social, criando, assim, um contexto único, de
7
Disponível em: <http://sisifo.fpce.ul.pt/pdfs/sisifo03PTr.pdf >. Acesso 09 jul 2013.
Termo foi cunhado pelo cientista Ted Nelson, em 1965. O conceito de hipertexto surgiu antes disso, mais precisamente, 20
anos antes, imaginado pelo físico e matemático Vannevar Bush. Disponível em: <http://migre.me/dhs4P>. Acesso em: 18
jan. 2013.
9
Os nós (o texto verbal e não verbal) e os links (os botões) que indicam passagem de um site para o outro. (LEVY, 1999).
10
Narrador ou ―autor textual, [é] a entidade fictícia a quem, no cenário da ficção, cabe a tarefa de narrar o discurso‖. O leitor
é a ―entidade projetada‖, para quem o texto é escrito (REIS; LOPES, 1988). Levy (1999, p.30) sugere que a internet seja um
―processo de retroação positiva‖
11
Literatura publicada no rodapé dos jornais impressos da França no século XIX, que apresentava elementos de curiosidade e
entretenimento, prazer e diversão (CAVALCANTE, 2005).
12
Orkut é um site de rede social funciona através de perfis e comunidades (RECUERO, 2009).
8
6
participação relevante para o país. Assim, o Orkut parece ser único SRS capaz de comportar a
estrutura de uma comunidade virtual com as características de rede aberta 13: seria uma grande
comunidade virtual (GOMES, 2007).
3 A ANÁLISE
A corrente metodológica do interacionismo simbólico é contemplada nessa pesquisa,
pois, se torna apropriada para entender os processos das interações digitais e do cotidiano
―como uma nova cultura reivindicando tudo o que se passa agora, tudo o que se passa aqui,
tudo o que se passa em ti‖ (PAIS, 2003, p. 94).
Como procedimento metodológico aplicou-se entrevista com um perfil fake, autor da
webnovela ―A Dívida‖, corpus para análise, nessa pesquisa. Essa, contém 10 perguntas
abertas envolvendo a compreensão do que seja um fake. O perfil nomeado como Escritora!
Lisa respondeu todas as perguntas além de ter sido bastante solícito. Essa entrevista foi
aplicada via comunicação mediada, pela troca de e-mail`s.
A partir das suas respostas, consideram-se as palavras ou ideias mais salientes e
expressivos as quais estão classificadas em ideias-chaves, nesse artigo. Após, parte-se para os
procedimentos de printar14 a página do corpus visando apresentar a interface dessa
comunidade virtual pelo método da Arquitetura da informação (AI)15 objetivando uma
observação do ambiente.
3.1 METODOLOGIA
3.1.1 Tratamento dos dados
Numa breve recapitulação essa pesquisa se embasa pelo veio das teorias do cotidiano
para observar o fake nas relações sociais digitalizadas como efeito das novas formas de
interação social. O método adotado é do interacionismo simbólico, por ser apropriado para
observar essa ―nova cultura feita de vibrações, contatos face-to-face” no agora (PAIS, 2003,
13
Ximenes, diretor de comunicações e assuntos públicos do Google, em entrevista, falou sobre o crescimento do Facebook:
há ―uma percepção clara sobre os direcionamentos dessas duas redes sociais: Orkut, aberta; Facebook, fechada‖. Disponível
em: <http://migre.me/a6ujq>. Acesso em: 30 abr. 2012.
14
Gravar a imagem da página no computador.
15
A AI é abordade em quatro categorias: 1) sistemas de etiquetagem, 2) organização de sistemas, 3) sistemas de navegação e
4) sistemas de busca. O campo de trabalho desse arquiteto da informação são os web sites (MORVILLE;ROSENFELD ,
2006).
7
p.94). Assim, o conceito de socialidade também é adotado no artigo pois é apropriado para
entender o processo de interação social, na comunidade virtual.
Após, enfoca-se a abordagem qualitativa para observação dos dados. Para tanto, foram
elencadas palavras-chaves ou, no contexto desse artigo, ideias-chaves que organizarão um
panorama sobre o perfil fake numa comunidade específica do Orkut, a Web novelas fake.
Convenciona-se ainda, tomar emprestado da Arquitetura da informaçao (AI), o método topdown (MORVILLE; ROSENFELD, 2006), visando apresentar a interface dessa comunidade e
lançar um olhar sobre a estrutura, organização e disponibilidade das informações na interface
da comunidade analisada.
3.1.2 A análise do fake e da comunidade virtual Web novelas fake
Para a coleta, cria-se uma pasta para arquivar os dados relativos à entrevista feita com
esse perfil. Na figura 1 - Panorama sobre o perfil Escritora!Lisa (FIG. 1), as informações
colhidas foram arquivadas, separadamente, nas seguintes categorias: Universo fake; Pontos
extremos, Usos na comunidade e conclusão deu-se a partir do questionamento: Por que ser
um perfil fake.
Essas variáveis classificam as idéias-chaves colhidas pela leitura da entrevista.
Partindo da análise chegou-se a essas idéias as quais são observadas como subdivisões de um
tema geral, que seria: Por que ser um fake? Mais adiante, segue um panorama com essa
análise. Essas informações respondem à existência de novas práticas interacionais pela
socialidade.
A comunidade virtual Web novelas fake, do Orkut16., funciona pelo compartilhamento
de histórias de escritores amadores entre os membros do grupo, via fóruns e perfis. Cada
fórum equivale a uma história e a continuidade das postagens dá-se pela audiência. Essa
audiência, geralmente, é mediada pelo número de respostas dadas aos posts. Essas acontecem
por meio de comentários.
No entanto, aprouve para esse artigo, selecionar uma webnovela como corpus dessa
pesquisa. Assim, escolheu-se a webnovela A Dívida, por considerar dois aspectos: 1) pela sua
popularidade no último ano de 201217, 2) por abordar via entrevista, o perfil do autor dessa
história e 3) por te coletado, a partir da entrevista, informações para elaboração desse artigo.
16
www.orkut.com
Essa webnovela obteve duas temporadas a pedido da audiência. Disponível em: <www.orkut.com>. Acesso em: 22 jul.
2013.
17
8
A Escritora! Lisa na entrevista indicou que teve coragem de escrever e postar sua
história, nessa comunidade, justamente, por ser um perfil fake. Assim, compreende-se que
esse perfil se apropria do anonimato para interagir na comunidade virtual. Portanto, lança-se
um olhar sobre essa possibilidade de outra prática de interação social, efeito das mídias
digitais.
A interface da comunidade Web novelas fake é analisada pelo método ―top-down”,
emprestado da Arquitetura da informação (MORVILLE; ROSENFELD, 2006). A arquitetura
da informação tem a grade função de facilitar para qualquer usuário da internet, a navegação
no site, chegando ao que se busca com facilidade; é ―transformar o caos em ordem‖, afirmam
Morville e Rosenfeld (2006, p.4). Contudo, o enfoque dessa análise é considerar como as
informações estão disponibilizadas na interface do Orkut, com enfoque no da comunidade
virtual Web novelas fake.
Abaixo se encontram as perguntas–chaves:
1.Onde eu estou?
1.1. O que estou procurando?
2. Eu sei o que estou procurando, como posso procurá-lo?
3. Como faço para navegar nesse site?
4. O que é importante como informação sobre esta comunidade?
5. O que está acessível nessa comunidade?
6. Como posso interagir na comunidade?
7. Como posso interagir com outros sites fora do Orkut?
9
PONTOS EXTREMOS
UNIVERSO
FAKE
USOS NA
COMUNIDADE
Negativos
Positivos
O perfil no Orkut
Vida a parte
Envolvimento com o
mundo abstrato
Comunicação com
pessoas de várias
regiões do país
Perfil como cartão de
visitas
Realidade
inventada
Libertação do
mundo real
Ter coragem para
expor o que sente
Precisa corresponder ao
perfil verdadeiro ou
falso
Realidade
ilusória
Válvula de escape
Ser criativo
Busca de diversão sem
retorno financeiro
Forma de
diversão
Várias identidades
virtuais
Pelo grau de
envolvimento,
amadureceu e
passou a falar de
coisas da realidade,
não mais ilusórias
Amizades refratadas em
relações em copresença física
Vida a parte
Doa vida, voz e
sentimentos ao perfil
Exposição dos reais
sentimentos
CONCLUSÕES:
Por que ser um perfil fake?
Primeiro é um membro do Orkut
Possui perfil real no Orkut
Poder ser quem você quer
Forma de viver sem contratempos
Transcrever os pensamentos para o papel
Expor imaginação
Dar vida a vários personagens
Figura 1 - Panorama sobre o perfil Escritora!Lisa
Fonte: Arquivo pessoal
10
Figura 2 - A Dívida – a interface
Fonte: Web novelas fake (2013)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cibercultura, com um olhar específico para os sites de redes sociais modificaram o
cotidiano e a interação humano-máquina, humano-humano, mas que acata outros vetores,
inclusive os estéticos e afetivos, que perpassam o enfoque desta pesquisa.
Os procedimentos de observação e descrição, bem como levantamento de dados,
auxiliaram no mapeamento da análise do ponto em que se quereria chegar: a interação virtual.
Assim, chegou-se às comunidades como sendo, possivelmente, resultado de criatividade entre
os membros e o afeto como amálgama.
O fake entendido como persona é efeito das mídias digitais e essa possibilidade do
interagente expressar da maneira que quer ser, na atualidade é possível, pelas vias das novas
práticas de interação social. No séc XIX, era pela via da escrita que autores como as irmãs
Bronte18 se libertavam por meio de pseudônimos escritores.
A socialidade explica esse momento em que estamos inseridos: é pelo presenteísmo do
aqui e agora, que caminha a humanidade. Tomara Deus que aportemos em bom lugar.
18
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11
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O QUE É SER FAKE? UMA ANÁLISE DA INTERAÇÃO