PARQUE DA CIDADE – DO PONTO DE VISTA DA
VEGETAÇÃO – BRASÍLIA – DF - BRASIL
Autores: Leila Bueno de Oliveira¹; Eliete de Pinho Araujo¹
Afiliações: 1 - UniCEUB - Centro Universitário de Brasília
1. INTRODUÇÃO
O Parque Sarah Kubitschek apresenta importância paisagística, cultural e social na
cidade de Brasília. Tem 420 hectares e desde a sua criação, 1978, sua utilização pela
população, valorização e preservação confirma como maior área verde na capital, um
ícone paisagístico da cidade. São várias as zonas do parque (Figura 1).
O objetivo do trabalho é mostrar o desenho inteligente elaborado por Roberto Burle
Marx. O parque oferece lazer e diversão, alimentação, parque infantil, kartódromo,
centro hípico, quadras de esportes, pista para caminhada, ciclovia, lago, praça das
fontes, quiosques, áreas para churrasco e piquenique e pista de aeromodelismo.
Figura 1: Zonas do Parque da Cidade.
Fonte: Arquivo pessoal.
1. HISTÓRICO
A paisagem urbana de Brasília caracteriza-se por uma elevada quantidade de espaços
livres, cujo tratamento paisagístico foi um dos fatores que contribuiu para a identidade
de uma cidade modernista, que foi idealizada como uma cidade-parque. Brasília foi
planejada a partir da proposta de paisagem organizada e funcional, que integra
moradias e local de trabalho, interligados por parques ajardinados com o sistema
viário. Muito do detalhamento dependeu de soluções rápidas que se desenvolveram
ao longo da própria execução das obras. O paisagismo da cidade acompanhou o
mesmo ritmo, muitas vezes consolidando imagens que não foram planejadas e se
adaptando ao frenético processo de construção da cidade. A construção de Brasília foi
influenciada pelo ideal desenvolvimentista, o qual ganhou força após a Segunda
Guerra Mundial, em que questões ambientais e sociais não eram uma tônica (Figura
2).
Figura 2: Plano Piloto de Brasília proposto por Lúcio Costa.
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=projeto+do+parque+da+cidade+bras.
Acesso em 06 de março de 2015
O século XX marcou a consolidação da arquitetura paisagística brasileira,
apresentando em quantidade e em qualidade, um número expressivo de profissionais
da área, denominada “linha modernista brasileira”. No paisagismo de Brasília a
vegetação nativa da região é sobrevalorizada em sua concepção, marca registrada,
tendo como seu grande representante Roberto Burle Marx. Em seus projetos em
Brasília, Burle Marx imprimiu esse caráter nacionalista, utilizando linguagem pictórica
bastante própria, com o uso do tradicional mosaico português nos pisos, verdadeiros
painéis; criação de planos verticais, com vegetação nativa e jardins floridos;
esculturas, quedas e espelhos d’água - representando a ruptura no modo de projetar,
contrapondo-se e transcendendo o Ecletismo, superado, desde então (Macedo, 1999).
Ao longo dos anos, Burle Marx aprimorou seu conhecimento a respeito das plantas
nativas existentes no Brasil. Para tal, empenhou-se em constantes viagens
exploratórias nas matas e florestas brasileiras. Quanto ao projeto paisagístico do
Parque Sarah Kubitschek, segundo ele (Marx, 1978, p.31), visou proporcionar à
cidade, carente nesse sentido, uma área de lazer de dimensões correspondentes à
sua grandeza e ao seu caráter.
O espaço, quando visto em conjunto, sugere um constante fluir entre as possibilidades
de uso coletivo e particular. A vegetação distribuída demarca as diversas áreas de
uso, conduzindo a vista a objetivos comuns, ou criando surpresas aos que a
percorrem lentamente, pela diversificação das perspectivas. (Marx, 1978, p. 31)
Segundo Tanure (2007), Burle Marx faz referência à concepção de ambientes
diferenciados e relaciona a forma da vegetação ao desenho dos espaços, sendo esta
tendência uma característica marcante no seu paisagismo, que no caso do projeto do
Parque da Cidade envolveu cerca de duzentas espécies. A seguir, árvores entre
exóticas e nativas, bem adaptadas ao Cerrado como Moquilea tomentosa, Benth (Oiti);
Chorizia speciosa (Paineira); Caesalpinia echinata, Pau-brasil; Bauhinia macrostachia,
Benth (Pata-de-vaca); As nativas: Copaifera langsdorffii (Copaíba);
Jacarandá mimsaefolia (Jacarandá mimoso); Astronium fraxinifolium, Schott (Aroeira);
Syagrus picrophylla, Rodrig. (palmeira do cerrado).
3. A VEGETAÇÃO / O DESENHO
Quanto à vegetação, são três diretrizes básicas do projeto:
a) A conservação e o adensamento da flora natural existente;
b) O plantio acelerado vegetais, árvores frondosas, com sombra, frutíferas,
ornamentais e que atraiam pássaros visando a devida ambientação (baseou-se
na disponibilidade do horto do Departamento de Parques e Jardins (DPJ) do
Distrito Federal);
c) A derrubada das árvores do bosque de pinheiros existente seria feita somente
onde tivessem os equipamentos, formando clareiras em meio à vegetação.
Segundo Tanure (2007), quanto ao desenho (Figura 3), observa-se que o critério dos
conjuntos homogêneos, não foi seguido, como no caso das palmeiras na beira do
lago. Este resgate é importante para o uso do espaço pela população, pois sem os
conjuntos há prejuízos para as qualidades topoceptivas do espaço (orientação de
pedestres), as qualidades estéticas (os valores plásticos foram sensivelmente
alterados), e as qualidades ambientais (o sombreamento é muito irregular e a grande
exposição dos espaços dificulta a permanência de pessoas por causa do sol intenso,
além do clima seco).
Acessibilidade e sustentabilidade são intervenções urbanas atuais, como buscar a
restauração do projeto de Burle Marx com o manejo da vegetação e propor árvores
para o parque, não propostas por Burle Marx, que requerem pouca água para sua
irrigação, é meta atual.
Figura 3: Desenho do lago no Parque da Cidade.
Fonte: Arquivo pessoal.
A variedade e a diversidade de vegetação do Cerrado é grande e as vantagens são
muitas: estética e ambientalmente, menos manutenção (irrigação e adubação) e
contribuem para a conservação do corredor ecológico da fauna e da flora. Pássaros e
pequenos outros são facilmente atraídos por espécies frutíferas do Cerrado. Burle
Marx é um precursor do paisagismo ecológico e reforçar seus preceitos nos dias de
hoje é caminhar para a sustentabilidade dos espaços livres.
O paisagismo idealizado por Burle Marx para compor a arquitetura de Oscar Niemeyer
e o projeto urbanístico de Lucio Costa resultou em obras de arte na capital do país,
cujo valor cultural foi reconhecido em 14 de julho de 2011 no Decreto nº 33.040/2011
do governo do Distrito Federal, que determinou o tombamento dos jardins de Burle
Marx na cidade.
4. CONCLUSÕES
Sabe-se que o Parque da Cidade tem importância para a preservação das qualidades
do Plano de Brasília, para o lazer da população e para a obra de Roberto Burle Marx.
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