AUDIT COMMITTEE INSTITUTE
Qual deve ser o foco dos
membros de Comitês de
Auditoria?
Como o Comitê de
Auditoria pode
ajudar
a evitar desastres
corporativos?
André Coutinho é sócio da
KPMG no Brasil na área de
Risk Advisory Services
*Por André Coutinho
e Angela Donaggio
Fala-se muito da responsabilidade dos
conselheiros e membros de Comitês
de Auditoria, mas, na prática, embora
crescente, ainda há pouca divulgação
sobre qual deve ser o foco desses
profissionais, uma vez que exercem
uma função essencial e de alta
responsabilidade dentro da organização.
Por essa razão, qual deve ser o foco do
membro do Comitê de Auditoria? Por
meio de suas funções, esse órgão é
capaz de evitar desastres corporativos?
Com a finalidade de responder à
primeira questão, o nosso International
Audit Committee Institute (ACI) divulgou,
no inicio deste ano, quais poderiam ser,
em linhas gerais, os mandamentos dos
Comitês de Auditoria. Foram listadas
dez responsabilidades consideradas
primordiais para a realização das
funções do Comitê de Auditoria e, por
sua vez, de seus membros.
Angela Donaggio é
consultora e coordenadora
do ACI no Brasil
A primeira função do Comitê de
Auditoria listada pelo ACI Internacional
é a atuação do órgão como catalisador
para a melhoria da supervisão e do
gerenciamento de riscos. Isto é, a
sua função é indispensável para a
identificação de falhas importantes
nos processos de gerenciamento de
riscos da empresa, o que significa
dizer que a empresa já deve ter um
processo estruturado de gestão de
riscos corporativos, ou Enterprise Risk
Management (ERM), como é conhecido.
O Comitê ainda deve assegurar a
coordenação das atividades dos
comitês permanentes pelo Conselho de
Administração.
O monitoramento das divulgações
da empresa é a segunda função do
Comitê de Auditoria, sendo seu objetivo
precípuo, visto que o órgão deve se
certificar tanto em relação à segurança
dos processos de divulgação de
informações da organização quanto à
adequação das comunicações e dos
relatórios. Para atingir essa finalidade,
o Comitê de Auditoria deve ter contato
direto com os líderes do processo de
divulgação de informações.
A terceira função do Comitê é se
manter atualizado em relação ao
desenvolvimento de normas e políticas
contábeis, convergências de USGAAP e IFRS, por exemplo; além
de compreender as implicações de
questões que afetam a empresa no
que tange ao seu relatório financeiro.
Cabe também ao Comitê de Auditoria
questionar o auditor externo sobre
a forma utilizada para auditar as
demonstrações financeiras.
O apoio do Comitê de Auditoria ao
diretor financeiro, também chamado
Chief Financial Officer (CFO), é
essencial e aparece como quarta função
ACI 39
O Comitê de Auditoria tem o poder que, associado à
capacidade e à vontade de seus membros, pode ir além
de monitorar os relatórios financeiros, contribuindo
efetivamente para a perenidade da organização
do órgão no documento elaborado pelo
ACI Internacional. Seu apoio ocorre na
medida em que fornece o seu parecer
em relação aos planos de sucessão
do CFO e na avaliação da adequação
da equipe financeira, do processo
orçamentário e dos recursos da Diretoria
Financeira. Igualmente auxilia a equipe a
manter o enfoque sobre o desempenho
financeiro no longo prazo, primando pela
objetividade das divulgações financeiras
por meio de questionamentos
específicos a respeito de transações não
rotineiras, estimativas contábeis e os
propósitos das operações financeiras.
Assegurar a existência de uma visão
compartilhada para a auditoria interna
é mais uma função citada. Ou seja,
garantir que os membros do Comitê
de Auditoria estejam atentos à
adequação dos controles internos e
das auditorias financeiras, além de
aumentar o envolvimento da auditoria
interna nas auditorias operacionais e no
gerenciamento de risco. Outra questão
importante para análise do Comitê é
a verificação dos recursos da auditoria
interna, tanto físicos quanto intelectuais,
para desenvolver seu trabalho com
qualidade.
A comunicação informal freqüente com
o responsável pela auditoria deve ser
incentivada pelo Comitê de Auditoria,
já que é seu papel buscar informações
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relevantes e atualizadas. A comunicação
é uma ferramenta essencial para
solucionar potenciais problemas antes
que eles se concretizem e estreitar
o relacionamento profissional com o
auditor, podendo elaborar comunicados
formais mais eficazes em reuniões do
Conselho, do Comitê e da Diretoria.
Como sétima função consta a
capacidade de gerenciar uma crise,
ou seja, é do Comitê de Auditoria a
função de conhecer ou elaborar um
plano formal adequado ex ante. Esse
plano, pré-existente à crise, deve incluir
a capacidade de implantação rápida de
uma investigação independente e de
credibilidade.
O Comitê de Auditoria deve também
estabelecer uma comunicação efetiva e
freqüente com toda a Diretoria, uma vez
que essa atitude possibilitará uma melhor
supervisão do relatório financeiro, das
divulgações, dos controles internos, do
gerenciamento de risco e da adequação
às normas que a organização deve
seguir. A comunicação proporcionará a
identificação de questões emergentes
pelo Comitê de Auditoria.
A penúltima responsabilidade do Comitê
é promover e garantir uma cultura de
compliance e comprometimento com
a integridade do relatório financeiro
que permeie toda a organização,
considerando a adequação dos processos
e das ferramentas existentes. No mesmo
sentido, o órgão deve assegurar que
as atividades da alta administração
transmitam aos funcionários transparência
e consistência dos processos e
informações.
Por último, o Comitê de Auditoria deve
observar o seu próprio desempenho, isto
é, investir no sentido de se comprometer
com auto-avaliações efetivas. A adesão
de todos os membros é essencial para a
consistência e comprometimento com o
processo.
Feita uma breve análise sobre as
responsabilidades do Comitê de Auditoria
listadas acima, desde que sejam
cumpridas integralmente, fica fácil inferir
a resposta à segunda questão colocada
inicialmente: se o Comitê de Auditoria seria
capaz de evitar fracassos corporativos. A
resposta, sem dúvida, é afirmativa, pois
o Comitê tem o poder que, associado à
capacidade e à vontade de seus membros,
pode ir além de monitorar os relatórios
financeiros, contribuindo efetivamente para
a perenidade da organização.
*André Coutinho é sócio da KPMG
no Brasil na área de Risk Advisory
Services e Angela Donaggio é
consultora e coordenadora do ACI
no Brasil
Funções do Comitê de Auditoria
Atividades dos membros do Comitê
de Auditoria
Ser um catalisador para a melhoria da
supervisão e do gerenciamento de
risco da organização
Entender e supervisionar o
processo de gerenciamento de
riscos (ERM)
Confirmar a adequação e oportunidades
de melhoria nos processos de
gerenciamento de risco
Monitorar as divulgações da
organização
Conhecer o processo de divulgação
de informações e a área de relação
com investidores
Possibilitar segurança em relação aos
processos de divulgação da organização
e quanto à adequação das comunicações
e dos relatórios.
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Manter-se atualizado acerca de
normas e políticas contábeis,
compreendendo as implicações em
seu relatório financeiro.
Participar ou promover cursos
e palestras para atualização dos
membros do Comitê de Auditoria
Ter o conhecimento prévio de como
ou se as normas e políticas contábeis
irão impactar a organização
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Certificar-se de que o Diretor
Financeiro (CFO) e sua equipe têm
boa estrutura para desenvolver um
bom trabalho
Indagar freqüentemente a respeito
da realidade da equipe financeira
Fornecer avaliação sobre a atuação
do CFO, a qualidade da equipe e da
estrutura, incluindo orçamento
5
Assegurar que a auditoria interna
tenha uma visão compartilhada
da companhia, que envolva
conhecimento dos riscos e também
de auditoria operacional.
Conhecer o plano anual,
relatórios e follow-up para
assegurar a sua independência
Definir o enfoque da auditoria interna
que, além de controles internos e
auditorias financeiras, pode se envolver
com gerenciamento de riscos e
auditorias operacionais
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Questionar ao auditor a forma como
as demonstrações financeiras são
auditadas
Desenvolver relacionamento com
Auditor Externo
Identificar questões emergentes
assegurando uma supervisão efetiva
de: relatório financeiro, divulgações,
controles internos, gerenciamento de
risco e compliance
Estar preparado para uma crise
Entender o processo de
gerenciamento de crises
Conhecer o plano que deve incluir
a capacidade de implementação de
uma investigação independente e de
credibilidade em tempo hábil
Certificar-se da ciência da Diretoria
sobre as necessidades e atividades
do Comitê de Auditoria
Informação à Diretoria Executiva e
validação do seu Regimento pelo
Conselho de Administração
Confirmar os benefícios da atuação
do Comitê de Auditoria na governança
corporativa da empresa
Assegurar que as atividades da
alta administração determinem um
tom transparente, não ambíguo e
consistente quanto ao compliance
Buscar informação e estar atento
para verificar as atividades
da administração quanto ao
compliance
Manter uma cultura de compliance
e de comprometimento de todos os
funcionários
Observar o desempenho do próprio
Comitê de Auditoria, empenhando
os recursos necessários e habilidade
para desenvolver um processo de
auto-avaliação
Promover o diálogo entre os
membros do Comitê de Auditoria,
do Conselho de Administração, da
Diretoria e da equipe financeira
Desempenhar uma avaliação efetiva do
Comitê de Auditoria
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Finalidade e
Conseqüências para
a organização
ACI 41
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