PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE MATEMÁTICA - DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA 4115T-04 Equações Diferenciais e Transformadas Integrais Trabalho 1 - Equações Diferenciais Exatas Estude em casa o conteúdo abaixo e resolva os exercícios propostos. No dia do trabalho 1, você deverá resolver, em aula e em grupo, problemas de equações diferenciais exatas. Introdução: Resolva a equação diferencial (2 x + y 2 ) dx + 2 xy dy = 0 . Note que essa equação não é homogênea nem separável, logo os métodos apropriados para esses tipos de equação não são aplicáveis. No entanto, observe que existe a função U( x, y) = x 2 + xy 2 com a propriedade ∂U ∂U = 2x + y 2 e = 2xy . Podemos escrever a equação diferencial como ∂x ∂y ∂ U ( x , y) ∂U( x, y) dx + dy = 0 , isto é d U( x, y) = 0 . Portanto sua solução é U( x, y) = C . ∂x ∂y Definição: Uma equação diferencial da forma M ( x, y) dx + N( x , y) dy = 0 é chamada exata se a expressão do lado esquerdo é uma diferencial exata. Ou seja, existe uma função U(x, y) tal que a diferencial total de U(x, y) é M ( x, y) dx + N( x, y) dy . Nesse caso, a solução da equação é U(x, y) = C. Exemplo 1: Mostre que a equação diferencial x 2 y 3 dx + x 3 y 2 dy = 0 é exata. Solução: Existe a função U( x, y) = EDO é exata e sua solução é ∂U ∂U x 3 y3 tal que = x 2 y3 e = x 3 y 2 , ou seja, esta ∂x ∂y 3 x 3y3 = C ou, melhor, x 3 y 3 = C . 3 Observação 1: A questão central aqui reside em como encontrar esta função U(x,y). Para ∂U ∂U tanto, basta resolver as duas equações diferenciais = M ( x , y) e = N( x, y) . Vejamos ∂x ∂y este processo para o nosso exemplo 1: ∂U x 3 y3 = x 2 y 3 ⇒ U( x , y) = ∫ x 2 y 3 dx = + K ( y) . ∂x 3 Observe que quando integramos na variável x, o y é considerado constante e, em conseqüência, a constante arbitrária K depende de y. Para encontrarmos K(y), substituímos a expressão obtida para U(x,y) na segunda EDO: ⎞ ∂U ∂ ⎛⎜ x 3 y 3 + K ( y) ⎟ = x 3 y 2 ⇒ x 3 y 2 + K ′( y) = x 3 y 2 ⇒ K ′( y) = 0 ⇒ K ( y) = K , = x3y2 ⇒ ⎟ ∂y ∂ y ⎜⎝ 3 ⎠ 3 3 x y ou seja, U( x , y) = + K , onde K pode ser considerado nulo. 3 Observação 2: Se a EDO não for exata, este processo não funcionará e teremos perdido tempo durante o mesmo. O teorema a seguir fornece um método sistemático de determinar se uma equação diferencial dada é exata, evitando perda de tempo. Teorema: Sejam M(x, y) e N(x, y) funções contínuas com derivadas parciais contínuas numa região retangular do plano xy. Então, uma condição necessária e suficiente para que ∂ M ( x , y) ∂ N ( x , y) M ( x, y) dx + N( x , y) dy = 0 seja uma equação diferencial exata é . = ∂y ∂x No exemplo 1: [ ] [ ] ∂ N ( x , y) ∂ x 3 y 2 ∂ M ( x , y) ∂ x 2 y 3 = = 3x 2 y 2 = = . ∂y ∂y ∂x ∂x Exemplo 2: Resolva a equação diferencial ( y cos x + 2xe y ) + (senx + x 2 e y − 1) y' = 0. Solução: Primeiramente, observe que esta EDO não é homogênea nem separável e ela pode ser rescrita como ( y cos x + 2 xe y ) dx + (senx + x 2 e y − 1) dy = 0. Assim: [ ] [ ] ∂ M ( x , y) ∂ y cos x + 2xe y ∂ N( x, y) ∂ senx + x 2 e y − 1 y = = cos x + 2xe = = , ou seja, a ∂y ∂y ∂x ∂x EDO é exata. Desta forma, vamos aplicar o processo exposto na observação 1: ∂U = M ( x , y) = y cos x + 2xe y ⇒ U( x, y) = ∫ y cos x + 2xe y dx = ysenx + x 2 e y + K ( y) . ∂x Para encontrarmos K(y), substituímos a expressão obtida para U(x,y) na segunda EDO: ∂ ∂U = N( x, y) = senx + x 2 e y − 1⇒ ysenx + x 2 e y + K ( y) = senx + x 2 e y − 1 ∂y ∂y ( ) ( ) ⇒ senx + x 2 e y + K ′( y) = senx + x 2 e y − 1⇒ K ′( y) = −1 ⇒ K ( y) = − y + K, ou seja, U ( x , y) = ysenx + x 2 e y − y + K . Portanto, a solução do problema será U( x, y) = C , isto é, ysenx + x 2 e y − y = C . dy = 4x 3 + 4 xy . dx Solução: Esta EDO é rescrita como − 4 x 3 + 4 xy dx + (1 − 2 x 2 − 2 y) dy = 0 Assim: Exemplo 3: Resolva a equação diferencial (1 − 2 x 2 − 2 y) [( ( )] ) [ ] ∂ N ( x , y) ∂ 1 − 2 x 2 − 2 y ∂ M ( x , y) ∂ − 4x 3 + 4xy , ou seja, a EDO é exata. = = −4 x = = ∂x ∂x ∂y ∂y Desta forma, vamos aplicar o processo exposto na observação 1: ∂U = M ( x , y) = − 4 x 3 + 4 xy ⇒ U( x, y) = − ∫ 4x 3 + 4xy dx = − x 4 + 2x 2 y + K ( y) . ∂x Para encontrarmos K(y), substituímos a expressão obtida para U(x,y) na segunda EDO: ∂ ∂U − x 4 + 2 x 2 y + K ( y) = 1 − 2 x 2 − 2 y = N ( x , y) = 1 − 2 x 2 − 2 y ⇒ ∂y ∂y ( ) ( (( ) ) ( ) ⇒ −2x 2 + K ′( y) = 1 − 2 x 2 − 2 y ⇒ K ′( y) = 1 − 2 y ⇒ K ( y) = y − y 2 + K, ) ( U( x, y) = C , isto é, − (x ) y)+ y − y ou seja, U( x , y) = − x 4 + 2 x 2 y + y − y 2 + K . Portanto, a solução do problema será 4 + 2x 2 2 = C. Observação 3: Algumas vezes é possível transformar uma equação diferencial M ( x, y) dx + N( x , y) dy = 0 que não é exata em uma equação exata multiplicando-se a equação por um fator integrante apropriado µ ( x, y) . Este assunto não será tratado aqui, mas o leitor interessado poderá encontrá-lo na literatura indicada. Exemplo 4: Mostre que a equação diferencial x 2 y 3 + x (1 + y 2 ) mostre que µ ( x , y) = 1 xy 3 dy = 0 não é exata e, depois, dx é um fator integrante para esta EDO. Solução: Esta EDO é rescrita como x 2 y 3 dx + x (1 + y 2 ) dy = 0 e não é exata, pois: [ ] [ ] ∂ N( x , y) ∂ x (1 + y 2 ) ∂ M ( x , y) ∂ x 2 y 3 . = = 3x 2 y 2 ≠ (1 + y 2 ) = = ∂x ∂x ∂y ∂y 1 Porém, multiplicando-a pelo fator integrante µ ( x, y) = 3 , obtemos a EDO exata xy x dx + ( y −3 [ ] ∂ N( x , y) ∂ y −3 + y −1 ∂ M ( x , y) ∂ [x ] + y ) dy = 0 , pois . = =0= = ∂x ∂x ∂y ∂y −1 Exercícios: Nos Problemas seguintes, verifique se a equação dada é exata. Se for, resolva. 1 (2 x − 1) dx + (3y + 7) dy = 0 . 2 (5x + 4 y) dx + (4 x − 8 y 3 )dy = 0 . 3 (2 y 2 x − 3)dx + (2 yx 2 + 4)dy = 0 . ( x + y)( x − y)dx + x ( x − 2 y)dy = 0 . Resposta: x 2 − x + Resposta: 3 2 y + 7y = C . 2 5 2 x + 4 xy − 2 y 4 = C . 2 6 Resposta: x 2 y 2 − 3x + 4 y = C . Resposta: não é exata, mas é homogênea. ( y 3 − y 2 senx − x )dx + (3xy 2 + 2 y cos x )dy = 0 . Resposta: xy 3 + y 2 cos x − 1 x 2 = C . 2 − xy −1 Resposta: não é exata. ( y ln y − e )dx + ( y + x ln y)dy = 0 . 7 xy' = 2 xe x − y + 6 x 2 . Resposta: xy − 2 xe x + 2e x − 2 x 3 = C . 8 (1 − 3x −1 + y)dx + (1 − 3y −1 + x )dy = 0 . 1 (x 2 y 3 − )dx + x 3 y 2 dy = 0 . 2 1 + 9x Resposta: x + y + xy − 3 ln xy = C . 4 5 9 Resposta: x 3 y 3 − artg (3x ) = C .