19º Domingo Comum-B 12 de Agosto de 2012 1 Rs 19, 4-8; Sl 33; Ef 4, 30-5,2; Jo 6, 41-51 O SENHOR NOS OFERECE O PÃO QUE ALIMENTA E DÁ VIDA : JESUS CRISTO! Estamos diante da humanidade em busca de alimentos existenciais capazes de mantê-la viva e confiante nos caminhos do mundo. Jesus oferece sua vida como alimento. Quem crer, dele se alimentará e terá em si a vida plena. Continuamos com a cena que nos acompanha há dois Domingos: o povo busca o pão oferecido por Jesus, e ele continua se recusando a fazer a vontade do povo. Jesus não adere à mentalidade do “povo gosta’ (desculpa de alguns em deslizes celebrativos). Entre o gosto do povo e a vontade do Pai, Jesus se mantém fiel ao Pai e se nega ao capricho de quem vive buscando somente o pão material, como refletimos no Domingo anterior (18DTCB). A multiplicação dos pães (17DTCB), além do mais, ensina que podemos alimentar multidões com a dinâmica da gratuidade e da partilha. Uma proposta inteiramente pertinente nesse tempo de crise econômica e de crise de valores. Com isso, não se está negando a importância das necessidades materiais, como já refletido no contexto destas celebrações iluminadas no simbolismo do pão, mas evidenciando a importância de não parar no lado material de todas as fomes que atingem a vida humana. Tratase de um verdadeiro confronto com certa mentalidade de nossos dias, incapaz de perceber para além das aparências — “ele é o filho de José, nós conhecemos sua mãe”. A humanidade de Jesus, os questionamentos e dúvidas sobre o Jesus histórico, em nossos dias, impedem ver nele a presença viva e atuante de Deus. Assim, a sociedade se serve da mídia para permanecer na visão terrestre do positivismo, cavando provas sensacionalistas da vida de Jesus, levantando dúvidas e fechando-se ao transcendente, impedindo que homens e mulheres se alimentem do Evangelho. De outro lado, constatamos a triste realidade de milhares de homens e mulheres saciando fomes existenciais em mesas que, cada vez mais, envenenam vidas. Os sintomas do envenenamento: amargura, irritação, cólera, gritaria... maldade. Vivemos num mundo cada vez mais exigente de provas. O “ver para crer” está enraizado na mentalidade de nossos dias. Por isso, tentar convencer alguém a crer em Jesus e seguir seu Evangelho pode ser tarefa frustrante, digna de deixar tudo, fugir para o deserto e desaparecer para sempre. O salmista constata que é uma tentativa capaz de envergonhar e angustiar o coração. A proposta do Evangelho é diferente: só se conhece Jesus através do Pai. É o Pai que atrai para Jesus através da experiência mística e do crescimento na espiritualidade. Sem a experiência de Deus, corremos o risco de igrejas lotadas de cristãos que conhecem pouco Jesus e o Evangelho. O caminho proposto consiste em ouvir o Pai, isto é, fazer a vontade do Pai alimentando-se com o “pão vivo”, pois, “quem dele comer, nunca morrerá”. O grande ideal, anunciado por Jesus, é que “todos sejam discípulos de Deus”, que alimentem suas vidas com a vida divina. O símbolo desse banquete da vida divina é o pão, presente em todas as culturas do mundo. Esse pão vivo está presente, de modo eminente na Eucaristia, mas é também o Evangelho que alimenta a espiritualidade e a mística cristã, é o alento que recebemos de Deus para não parar na caminhada da vida, pois a estrada ainda se faz longa diante de nós, é a confiança de que o Senhor sempre nos atende em todos os momentos que dele precisamos, é a possibilidade de fazer de nossa existência uma oblação agradável ao Pai em favor de toda a humanidade. Homilia Pe. João Luiz