Quando o assunto é África
Quando o assunto é África, as primeiras imagens que nos vem a mente
são: fome, negros, pobreza, animais, e selva. Bom, tudo isso existe, de fato,
mas a África não se resume a isso e a nossa visão sobre ela nada mais é do
que
um
desconhecimento
do
continente
africano.
Grandes equívocos foram cometidos a partir do século XV, e se
intensificaram na época do Imperialismo, sobre o que é o continente
africano e as pessoas que vivem lá. A visão que temos hoje ainda é a visão
imperial sobre aqueles povos. Esse olhar imperial não nos permite ver a
África na sua complexidade e dinâmicas culturais.
O termo africano ao invés de denominar todo aquele que nasce na África,
passou a ser sinônimo de etnia negra, e que convergem para uma imagem
de
inferioridade
e
primitivismo.
Um grande problema foi ver a África a partir da Europa. Ao aproximar o
continente europeu do africano, o resultado obtido foi de que a África não
tem povo, nação, Estado, e principalmente história. O Imperialismo
acredita na evolução dos povos, sendo a Europa o grau máximo desta
evolução. Desta forma, foi estabelecido um sistema classificatório do
homem:
1. Homem
selvagem:
quadrúpede,
mudo,
peludo.
2. Americano: cor de cobre, colérico, ereto. Cabelo negro, liso, espesso;
narinas largas; semblante rude; barba rala; obstinado, alegre, livre. Pinta-se
com
finas
linhas
vermelhas.
Guia-se
por
costumes.
3. Europeu: claro, sanguíneo, musculoso; cabelo louro, castanho, ondulado;
olhos azuis; delicado, perspicaz, inventivo. Coberto por vestes justas.
Governado
por
leis.
4. Asiático: escuro, melancólico, rígido; cabelos negros; olhos escuros,
severo, orgulhoso, cobiçoso. Coberto por vestimentas soltas. Governado
por
opiniões.
5. Africano: negro, fleumático, relaxado. Cabelos negros, crespos; pele
acetinada; nariz achatado, lábios túmidos; engenhoso, indolente,
negligente. Unta-se com gordura. Governado pelo capricho.
Esse sistema classificatório serviu como justificativa para o tráfico negreiro
de escravos até o genocídio na África do sul pelos bôeres.
Quando pensamos em África e na definição negativa que temos desta e de
seus povos, pensamos em África negra. Existe duas Áfricas: a branca, ao
norte do Saara, que se liga ao Velho Mundo pelo Mediterrâneo, e a negra
ou subsaariana,que é a África propriamente dita, que está isolada, e de
acordo com Hegel deve ser ignorada, pois lá os povos vivem na violência,
barbárie e mais alto grau de primitivismo. A África branca só teria história,
pois manteve contato constante com o Velho Mundo, já a negra por estar
isolada ficou “parada” no tempo e no espaço, pois a civilização não chegou
até
ela.
De acordo com o pensamento divulgado pelo imperialismo, ambas as
Áfricas estavam divididas pelo Saara, o que inviabilizou toda a
comunicação entre elas. A história da África só começaria então, com o
tráfico negreiro, pois o africano pode ser explorado já que esta marcado
divinamente para isso. A sua cor é símbolo de uma maldição divina, e se
encontram no estágio mais primitivo do desenvolvimento humano.
Somente a partir do momento que o tráfico de escravos começa é que se
inicia a história da África.
Paisagem e sua formação
O termo paisagem é polissêmico, ou seja, pode ser utilizado de diferentes
maneiras e por várias ciências.Essa categoria geográfica consiste em tudo
aquilo que é perceptível através de nossos sentidos (visão, olfato, tato e
audição), no entanto, a análise da paisagem é mais eficaz através da visão.
Nesse sentido, a Geografia moderna, que priorizava os estudos dos lugares
e das regiões, utilizou-se da fisionomia dos lugares para atingir êxito em
suas abordagens geográficas, observando as transformações no espaço
geográfico em decorrência das atividades humanas na natureza.A paisagem
é formada por diferentes elementos que podem ser de domínio natural,
humano, social, cultural ou econômico e que se articulam uns com os
outros. A paisagem está em constante processo de modificação, sendo
adaptada
conforme
as
atividades
humanas.
Para Oliver Dolfuss, geógrafo francês, as paisagens são fruto da ação
humana no espaço e as classifica em três grandes famílias, em função das
modalidades da intervenção humana:- Paisagem natural: não foi submetida
à ação do homem.- Paisagem modificada: é fruto da ação das coletividades
de caçadores e de coletores que, mesmo não exercendo atividades pastoris
ou agrícolas, em seus constantes deslocamentos, pode modificar a
paisagem de modo irreversível, através do fogo, derrubadas de árvores etc.Paisagens organizadas: são aquelas que representam o resultado de uma
ação consciente, combinada e contínua sobre o meio natural, como, por
exemplo, as cidades, praças etc. A paisagem é um dos objetos de análise da
Geografia, sendo constituída através das relações do homem com o espaço
natural
Deserto do Saara
O deserto do Saara é o maior deserto quente do mundo (haja vista que
a Antártica é a maior área deserta do planeta). Sua superfície é de
9.065.000 km². Está localizado no norte do continente africano, separandoo em duas regiões: a África mediterrânea, situada ao norte e
a África subsaariana, localizada ao sul. Ao este faz fronteira com o Mar
Vermelho, ao oeste com o Oceano Atlântico e ao norte com as montanhas
Atlas e o mar mediterrâneo. O deserto tem mais de 2,5 milhões de anos.
Este deserto se estende pelo território dos seguintes países: Túnis, Argélia,
Marrocos, Saara Ocidental, Mauritânia, Mali, Níger, Líbia, Chade, Egito e
Sudão. O deserto do Saara se expande e contrai em ciclos regulares, de tal
maneira que suas fronteiras com tais países são pouco constantes.
Localização do Deserto do Saara. Ilustração: AridOcean / Shutterstock.com
[adaptado]
Este deserto faz fronteira com quase todos os países do norte da África,
onde predomina a cultura árabe. As dunas começam perto do Alto Atlas e
se estendem até zonas mais tropicais mais ao sul. No Alto Atlas, só existe
vegetação (de verde intenso que contrasta com a areia em volta) próxima
aos cursos dos pobres rios da região. Nos oásis abundam as palmeiras
de tâmaras e a água destes é, em certas ocasiões, canalizada para garantir a
irrigação das plantações. Muitas vezes a água consumida nesta localidade
vem de aquíferos aos quais se tem acesso através de poços. Ao contrário do
que se pensa, três quartos do deserto são constituídos de cascalho, só o
restante é feito de areia e dunas.
Pôr-do-sol no Deserto do Saara, na Tunísia. Foto: Photoman29 /
Shutterstock.com
Neste deserto há várias ecorregiões que, devido a suas diferenças de
temperatura, precipitações, altitude e geologia, abrigam plantas e animais
diferentes. São elas:
•
•
•
•
Deserto costeiro atlântico - ocupa uma estreita faixa ao longo da
costa do oceano atlântico e onde cresce líquen e plantas suculentas;
Estepe do Saara setentrional - ocupa a faixa setentrional do deserto.
É uma zona de transição entre as regiões de clima mediterrâneo (ao
norte) e o deserto árido ao sul; Deserto do Saara – é a parte central
do deserto é extremamente seco e chove pouquíssimo e
esporadicamente.
Estepe e savana arborizada do Saara meridional – é a zona de
transição entre o deserto árido e a savana de acácias de Sahel;
Monte xerófilo do Saara ocidental – compreende várias planícies
vulcânicas em direção ao oeste do deserto, com um clima mais
úmido e fresco;
•
•
Monte xerófilo do maciço de Tibesti e monte Uweinat – zonas de
altitude no este do Saara;
Depressões salinas do Saara e Deserto costeiro do Mar Vermelho –
Faixa costeira do mar vermelho, Egito e Sudão.
Dentre os poucos animais que habitam a região podemos citar escorpiões,
lagartos, cobras, dromedários, antílopes (adaptados às condições desérticas)
e cabras.
Download

(8 serie) Africa (1)