Clipping Nacional de Educação Terça-feira, 29 de Setembro de 2015 Capitare Assessoria de Imprensa SHN Qd2Edifício Executive Office Tower Sala 1326 Telefones: (61) 3547-3060 (61) 3522-6090 www.capitare.com.br FOLHA DE SÃO PAULO 29/09/15 TENDÊNCIAS & DEBATES O novo modelo de escola HERMAN VOORWALD O governo Alckmin inicia um movimento histórico em suas unidades de ensino que visa construir um novo modelo e melhorar o aprendizado O Estado de São Paulo figura entre as três melhores posições do Brasil quando o assunto é educação básica. Com suas cerca de 5.000 unidades, muitas vezes com situações de vulnerabilidade, essa rede pode se orgulhar de algumas importantes bandeiras que adquiriu ao longo dos anos. Mas orgulho não é sinônimo de conformismo. Ao contrário. Novos desafios se impõem à medida que avançamos. Reduzir a educação a uma escala de proficiência é alijar do processo educacional toda uma geração em constante mudança e movimento. Nossa missão enquanto gestores públicos, portanto, é primeiramente admitir que, apesar da inclusão e de índices educacionais melhores, a busca pela equidade nos distanciou do anseio do aluno. Permanecemos entregando uma velha escola a um novo estudante. Não há ineditismo em tal constatação nem privilégio paulista em tal cenário. Tampouco brasileiro. O mundo discute a necessidade, inexorável, de um novo modelo de escola. O nosso cenário não poderia estar mais propício a mudanças. O Brasil vem sofrendo uma forte e constante redução na quantidade de matrículas na rede pública de ensino. Segundo dados do Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), nas escolas estaduais de São Paulo há 2 milhões a menos de estudantes em comparação a 1998. Além da diminuição da taxa de natalidade, a municipalização e a migração de alunos para a rede privada são os responsáveis pela inversão da pirâmide demográfica. A queda de matrículas aliada a uma expansão urbana desordenada nos submete a uma rede de escolas concebidas para atender uma população que se transformou e anseia por mudanças. As conquistas obtidas nos últimos anos pavimentaram a estrada que agora nos possibilitará inovar mais uma vez. O governo Geraldo Alckmin dá início a partir deste mês a um movimento histórico em suas unidades de ensino com foco na construção de um novo modelo de escola e na melhoria do aprendizado. Qualquer que seja a ação à luz da construção de uma escola mais próxima do jovem, ela passa necessariamente por uma reorganização da rede, concentrando na mesma unidade alunos da mesma faixa etária e concebendo um ambiente mais propício para a aprendizagem. Escolas que atendam alunos do mesmo segmento de ensino ou de segmentos próximos entre si terão condições estruturais e, sobretudo, pedagógicas para articular o espaço e o tempo a serviço do currículo. Indicadores da secretaria e do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) mostram que escolas de ciclo único têm resultado 10% superior às unidades de três segmentos. Onde for possível, vamos separar crianças de adolescentes para que todos recebam ambientes e ferramentas de acordo com suas necessidades. Estimativas prévias 29/09/15 apontam que é possível crescer em 30% o número de escolas com só um ciclo de ensino (do 1º ao 5º ano, do 6º ao 9º ano ou médio). Em outras, haverá uma organização para se ter os dois ciclos do fundamental. O esforço para a mudança é de todos. Não é tarefa simples. Mas os meses de planejamento e estudos nos dão segurança de que estamos no caminho certo. O mapeamento das vagas ociosas, realizado por georreferenciamento, confere aos responsáveis, estudantes e funcionários a garantia de um deslocamento máximo de 1,5 km, a fim de minimizar os contratempos e facilitar a vida das famílias. Meu compromisso não é com os prédios escolares, mas com o dever enquanto gestor público e, sobretudo, educador de oferecer um ambiente escolar de mais qualidade. É com uma escola voltada para a criança pequena, para o préadolescente ou para o adolescente que São Paulo dá mais um passo pela melhoria da qualidade de ensino. Limitar o aprendizado aos muros da escola é supor que ele se dá exclusivamente pela perspectiva dela. A prepotência de imaginar que detemos a fórmula de ensinar fez do aluno espectador de um processo que nasce a partir e somente por ele. Repensar a estrutura, portanto, é o primeiro passo para legitimar o seu lugar e modificar a cultura e a função social da escola pública. HERMAN VOORWALD, 60, professor, é secretário da Educação do Estado de São Paulo FOLHA DE SÃO PAULO 29/09/15 PODER FOCO Prefeita que ficou famosa com selfies entrega-se à PF após 39 dias foragida Lidiane Leite é suspeita de desviar verbas da Educação de Bom Jardim foragida desde a deflagração da Operação Éden, da Polícia Federal, no dia 20 de agosto. Agora, a política deve responder pelas práticas de peculato, fraude à licitação e associação criminosa Ela é suspeita de desviar recursos que podem chegar a R$ 15 milhões da área da educação da cidade, onde há escolas funcionando debaixo de árvores. JOÃO PEDRO PITOMBO DE SALVADOR Depois de 39 dias foragida, a prefeita afastada de Bom Jardim (MA), Lidiane Leite (atualmente sem partido), 25, entregou-se nesta segunda-feira (28) na sede da Polícia Federal em São Luís. Suspeita de desviar recursos da merenda escolar, a prefeita ficou conhecida por postar "selfies" ostentando uma vida luxuosa nas redes sociais e por governar Bom Jardim pelo aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp a 275 km de distância, a partir de São Luís. Lidiane chegou à sede da PF por volta das 12h30, acompanhada de três advogados. A previsão era que ela prestasse depoimento à polícia ainda nesta segunda. A prefeita, que foi afastada do cargo pela Câmara Municipal no início deste mês, era considerada Deve responder pelas práticas criminosas de peculato, fraude à licitação e associação criminosa. PREFEITA POR ACASO Eleita prefeita aos 22 anos, Lidiane chegou ao cargo por acaso. A dias da eleição de 2012, assumiu a candidatura no lugar do namorado, o pecuarista Beto Rocha, barrado pela Lei da Ficha Limpa. Eleita prefeita, nomeou o namorado como seu secretário de Assuntos Políticos. Preso em agosto Polícia Federal, Beto é quem tocava o dia a dia da prefeitura, segundo políticos locais. Antes, Lidiane vendia leite na porta de casa e ajudava a mãe em uma loja de roupas. Deixou a vida de classe média após conhecer Beto, que tem patrimônio avaliado em quase R$ 14 milhões, segundo a Justiça Eleitoral. Com novo padrão de vida, passou a ostentar luxo nas redes sociais. Postava fotos em festas, com bebidas caras e afirmava a quem a criticava que comprava "o que quiser" e que seu dinheiro "graças a Deus estava sobrando". Enquanto tocava a administração da prefeitura, Lidiane passou a enfrentar acusações de corrupção. Foi afastada do cargo três vezes, mas voltou amparada por decisões judiciais provisórias. Lidiane responde a ações nas quais é suspeita de ter cortado os salários dos professores, não ter cumprido o calendário escolar e não ter regularizado o fornecimento de merenda aos alunos. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a renda média domiciliar per capita é de R$ 193,77 em Bom Jardim, o que faz da cidade um dos 30 municípios com os piores índices de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Estado do Maranhão. FOLHA DE SÃO PAULO 29/09/15 MERCADO Saiba como evitar 'extras' na matrícula da escola Colégio pode recusar alunos com débitos DO "AGORA" Em período de matrícula escolar e inadimplência em alta, os pais e responsáveis por alunos devem ficar atentos à demanda de "garantias extras" pela instituição. Contra preços abusivos e cobranças indevidas na renovação da matrícula, o Procon-SP orienta exigir da instituição de ensino a planilha de custos para checar se o valor pago na mensalidade está sendo usado corretamente. Segundo o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), a escola não pode, por exemplo, pedir fiador para a assinatura do contrato tampouco o pagamento antecipado de períodos superiores a 30 dias. Por sua vez, o colégio é autorizado a recusar a renovação da matrícula de alunos com débito –sem poder cancelá-la antes do fim do ano. Em caso de desistência, por lei, é garantido que a multa não seja superior a 10% do valor proporcional aos meses restantes até o final do período. Após o início do ano letivo, o consumidor não terá direito à devolução do valor pago pela matrícula. As escolas particulares de SP estimam reajuste maior que a inflação, acima de 10% para 2016. As instituições têm de fixar os índices até 45 dias antes do início das aulas. FOLHA DE SÃO PAULO DESENHO ANIMADO Lula e o ex-ministro Nelson Jobim, da Defesa, se reuniram há algumas semanas para discutir os desfechos possíveis para a crise política. Foram analisados cenários que vão da cassação à renúncia de Dilma Rousseff. LINHAS TORTAS Jobim disse a Lula acreditar que a chance de cassação da chapa Dilma/Michel Temer pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é remota. Ela exigiria a convocação de eleições em 90 dias, hipótese em que Aécio Neves (PSDB-MG) despontaria como favorito. O desfecho não interessaria ao governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que quer ser candidato tucano em 2018. LINHAS TORTAS 2 O impeachment ainda é improvável, tanto na opinião de Jobim, que acha não haver fundamento jurídico, hoje, para o 29/09/15 afastamento, quanto na de Lula. O ex-presidente acredita que, apesar dos pesares, o governo ainda tem força para garantir os 172 votos necessários para barrar o impedimento de Dilma. A LÁPIS Alckmin seria aliado oculto do governo para barrar o impeachment pois, neste caso, Temer assumiria a Presidência. Além de comandar o país, o peemedebista ameaçaria a liderança do governador em São Paulo, fazendo o PMDB abocanhar mais espaços em território que o PSDB considera sagrado. Borracha A renúncia seria uma saída – quase impossível, dado o perfil de Dilma. SEU TRAÇO Conclusão: a solução seria Dilma realizar uma reforma de envergadura em sua equipe. Jobim disse a Lula, segundo relatos, que MÔNICA BERGAMO ela deveria nomear um ministro da Casa Civil forte, que "sentasse na cadeira". Dilma deixaria o governo por conta dele e se dedicaria, por exemplo, à política internacional. MEU TRAÇO A reforma que Dilma está promovendo, no entanto, aponta para a direção oposta. Ela quer, por exemplo, manter Aloizio Mercadante na Casa Civil. O PT defende que ele volte para a Educação ou até que vá para o Ministério da Defesa. ASSINATURA Advogados de Dilma Rousseff contrataram pareceres de grandes juristas para rebater os que defendem o impeachment. Dalmo Dallari, Fábio Konder Comparato, Celso Antonio Bandeira de Mello e Pedro Estevam Serrano defendem a tese de que ela não pode ser responsabilizada por atos cometidos antes de assumir o mandato. CORREIO BRAZILIENSE 29/09/15 OPINIÃO Sinfonia fúnebre CARLOS ALEXANDRE [email protected] O caderno Diversão & Arte revisita hoje um tema abordado em outras edições do Correio: o abandono da Escola de Música de Brasília (EMB). A penúria submetida a professores e alunos foi motivo de passeatas e manifestos, mas a situação só se deteriora. É uma calamidade administrar uma instituição que já abrigou talentos como Hamilton de Holanda e a família Ernest Dias com apenas R$ 15 mil no orçamento. Com o governo em dificuldade até para pagar os salários dos servidores, as perspectivas da EMB são desanimadoras. Uma sinfonia fúnebre pode ser ouvida nos corredores da unidade de ensino. Professsores relatam graves divergências com a direção da Escola de Música. Eles cobram mais participação nas decisões comunitárias e reclamam de métodos adotados por Ayrton Pisco, como exigência de assinatura de ponto e suposto desrespeito à lei da gestão democrática. As rusgas entre a direção e o corpo docente chegaram às raias da Justiça, em abril, quando Pisco obteve uma liminar anulando a sessão do Conselho Escolar que pediria a exoneração do gestor. Em meio a tanta desarmonia, fica ainda mais distante um consenso para retirar a curva decadente do ensino público de música no Distrito Federal. Para além da queda de braço interna, a precariedade da Escola de Música merece atenção maior dos poderes públicos. Os serviços prestados por mais de 40 anos à cidade e a qualidade reconhecida do corpo docente credenciam a instituição a ser tratada com distinção. No momento em que Executivo e Legislativo se debruçam sobre as medidas para reequilibrar as finanças do Governo do Distrito Federal, é oportuno debater saídas para o impasse musical. Algumas possibilidades seriam flexibilizar parcerias a fim de atrair recursos privados; estimular doações em favor da instituição, com desconto no Nota Legal; intensificar convênios e intercâmbios com outras instituições públicas de ensino, no Brasil e no exterior. Sabe-se que a música brasileira é um dos mais valorosos patrimônios da cultura nacional. A diversidade de ritmos, a versatilidade, a interpretação e o improviso são algumas das qualidades reconhecidas no músico brasileiro, independentemente do estilo. Salvar a Escola de Música significa preservar um patrimônio brasiliense e credenciar a capital da República como referência cultural no Brasil e no mundo. É uma oportunidade única, que aguarda ser escrita em partitura. CORREIO BRAZILIENSE 29/09/15 CIDADES CRISE NO GDF » Acordo para assegurar folha salarial indispensável para o pagamento dos salários até o fim do ano”, explica o secretário de Gestão Administrativa e Desburocratização, Alexandre Lopes. Rodrigo Rollemberg aposta no Iprev para quitar a folha salarial Deputados distritais vão autorizar o uso do Fundo de Previdência de servidores locais para pagamento de salários na sessão desta terça-feira. Novas regras para a incidência do ICMS também receberão o sim dos parlamentares » HELENA MADER » GUILHERME PERA » MATHEUS TEIXEIRA Os distritais já fecharam acordo para votar e aprovar o projeto que autoriza o GDF a utilizar recursos do Instituto de Previdência dos Servidores do DF — medida indispensável ao pagamento em dia dos salários de setembro. Além dele, devem passar hoje as propostas que aumentam o ICMS de bebidas alcoólicas e fumo, o que pode aumentar em R$ 280 milhões a arrecadação. Apesar da resistência de sindicatos e de servidores, que temem o comprometimento da aposentadoria no futuro, o governo negociou com o funcionalismo a aprovação do texto. “A gente sabe que falar em aposentadoria deixa as pessoas preocupadas. Mas temos repassado todas as informações para tranquilizar os servidores e mostrar que não há nenhum risco à aposentadoria. Além disso, a medida é O projeto do governo prevê o uso de parte dos recursos do fundo do Iprev para o pagamento de aposentados do regime tradicional. O instituto tem R$ 3,3 bilhões em caixa e, segundo o GDF, há um superavit de R$ 1,7 bilhão. O objetivo é usar 75% desse montante para pagar os inativos, que custam mensalmente R$ 240 milhões aos cofres públicos. Assim, esses recursos ficam livres e podem ser destinados ao pagamento de salários. De acordo com a presidente do Sindicato dos Empregados da Saúde do DF (SindSaúde), Marli Rodrigues, a proposta do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) de angariar fundos a partir de um empréstimo do Iprev pode ser aprovada, desde que o Buriti garanta o reajuste garantido por lei desde 2013 aos servidores. “Nós esperamos por isso há 14 anos. Não vamos impedir o governo de fazer empréstimo, o problema será se ele pegar o dinheiro e não pagar nosso reajuste.” O líder do PT na Casa, Chico Vigilante (PT), afirma que a bancada petista se recusa a votar 29/09/15 o projeto do Iprev enquanto o governo não apresentar um calendário para o pagamento dos reajustes dos servidores públicos. “Queremos uma sinalização de quando serão honrados os aumentos para votar qualquer matéria. Sem isso, não tem acordo”, garante. O distrital Cláudio Abrantes, que era do PT e anunciou a filiação à Rede ontem, admite discutir o PL do Iprev, mas rechaça o aumento de impostos, como o da Taxa de Limpeza Pública. “Estamos falando de um serviço ruim que tem contratos milionários com o governo. Tenho muita dificuldade em ser favorável a esse projeto”, ressalta. Projetos que aumentam IPTU, TLP e CIP não devem entrar na pauta de hoje: trabalho para o Executivo Outras propostas Os distritais devem aprovar ainda um projeto de lei que fixa novas regras para a incidência do ICMS nas vendas de produtos pela internet ou por telefone. Isso abre a possibilidade de entrada de R$ 375 milhões. Outra proposta do Executivo que tem apoio dos deputados é a que facilita a abertura e a legalização de empresas. Essa era uma demanda do setor produtivo, que articulou a aprovação com os parlamentares. A presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PDT), conta que esses projetos vão passar pelas comissões hoje de manhã e serão apreciados em plenário à tarde. Mas há proposições do Palácio do Buriti, como as que reajustam o IPTU, a TLP e a Contribuição de Iluminação Pública (CIP), que terão dificuldades para passar pelos deputados. Os projetos poderiam render até R$ 300 milhões aos cofres públicos. “Não adianta, ninguém quer votar aumento de impostos”, reconhece Celina. No caso do projeto que altera a Taxa de Limpeza Urbana (TLP), a ideia é propor um substitutivo. “Se o governo quiser, pode reajustar a taxa para os grandes produtores de lixo, em vez de onerar toda a população”, justifica a presidente da Câmara. Celinaq também quer colocar em discussão um projeto do governo para alterar a destinação de uso de um terreno no Guará próximo ao Park Shopping. “A venda dessa área poderia render R$ 400 milhões ao GDF, sem a necessidade de aumentar os impostos para todo mundo”, explica a parlamentar. O secretário de Relações Institucionais do GDF, Marcos Dantas, defende as medidas que reajustam tributos. “Ninguém gostaria de majorar impostos, mas estamos em uma situação em que quase não conseguimos pagar salários e precisamos ter o mínimo necessário”, explica. “Caso não sejam aprovados da forma proposta, vamos readequar. A ordem é continuar a negociar até o momento da votação.” R$ 375 milhões Quantia que deve entrar nos cofres do GDF com as alterações na cobrança do ICMS 29/09/15 CORREIO BRAZILIENSE 29/09/15 Professores contra uso da Previdência Professores da rede pública ameaçam cruzar os braços, hoje, em repúdio à decisão do governo de retirar recursos financeiros do Instituto de Previdência dos Servidores do DF (Iprev) a fim de pagar as contas do Estado. Eles vão se reunir em frente à Câmara Legislativa do Distrito Federal, às 14h. Segundo o Sindicato dos Professores (Sinpro-DF), “o dinheiro foi capitalizado para a aposentadoria dos servidores”. Por isso, “o governo não pode lançar mão dele. São as economias do trabalhador”, afirmou Fernando Reis, representante da categoria. Para o “empréstimo” ocorrer de forma legal, foi necessário aprovar um Projeto de Lei Complementar (PLC) autorizando o GDF a modificar o Regime Próprio de Previdência dos Servidores Públicos do DF. CIDADES CORREIO BRAZILIENSE 29/09/15 CIDADES Comissionados em análise O governo terá 10 dias para reduzir em 20% os gastos com o pagamento de comissionados. Ontem, a Secretaria de Gestão Administrativa e Desburocratização recebeu as propostas de todas as secretarias e administrações regionais com detalhamentos para os cortes. A redução está prevista na Constituição Federal e deve ser seguida por todas as unidades da Federação que superarem o limite de gastos com pessoal imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O secretário Alexandre Lopes explica que algumas pastas já têm a estrutura enxuta e terão dificuldades para se adequar à determinação. “A Secretaria de Agricultura, por exemplo, só tem 100 comissionados. Mas, como haverá a fusão de secretarias, será possível atingir a meta de 20%”, justifica Lopes. Relatório da Secretaria de Fazenda mostrou que o gasto com remuneração de servidores no primeiro quadrimestre do ano atingiu 50,8% da receita corrente líquida — o máximo permitido pela LRF é de 49%. Exemplos As áreas de saúde e educação, por exemplo, têm um percentual alto de servidores concursados, como professores, médicos e técnicos de saúde. “Nesses casos, os cortes terão que atingir as áreas administrativas”, explica o secretário. Hoje, os gastos do governo com o pagamento de comissionados são de R$ 39 milhões por mês. Com o cumprimento da Lei de Responsabilidade, será preciso cortar R$ 7,8 milhões. “Perto de uma folha mensal de cerca de R$ 1 bilhão, essa redução não fará nem cócegas. Mas temos que cumprir o que estabelece a Constituição”, completou Alexandre Lopes. CORREIO BRAZILIENSE 29/09/15 CIDADES JUSTIÇA » Decisão inédita pela família Professora recorre contra lei distrital e obtém na Justiça o direito a 180 dias de licençamaternidade ao adotar menina de 4 anos "Espero que outras (mães) também possam ter essa realização" Miriam Amaro de Sousa, mãe de Manuela Giovana Pela primeira vez no Distrito Federal, uma servidora pública conquistou o direito de tirar licença-maternidade de 180 dias, tendo adotado uma menina de 4 anos. A decisão judicial que concedeu esse direito à professora Miriam Amaro de Sousa, 49 anos, é de 25 de setembro e do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) e despertou a esperança de futuras mudanças na legislação. Segundo o artigo 26 da Lei Complementar nº 769 do Distrito Federal, por exemplo, em situações nas quais a criança tenha entre 4 e 8 anos, o período de ausência do trabalho deve ser de 30 dias. Os seis meses estariam restritos para casos em que a mãe adotar bebês de até 1 ano. a menina ser mais velha. Mãe adotiva de Miguel, 5, Miriam decidiu acolher a pequena Manuela Giovana, 6, quando a garota tinha 4 anos. Sempre quis ser mãe e sabia que poderia dar uma vida melhor para crianças abrigadas. Quando a educadora conheceu Giovana, a menina vivia no abrigo Nosso Lar, no Núcleo Bandeirante. Com o apoio de Miguel, a moradora do Recanto das Emas enfrentou o processo de adoção e cuidou de cada detalhe para receber a menina. Desde os primeiros contatos até a arrumação do quarto onde a pequena dormiria, ela viveu a expectativa de criar uma filha com idade superior a 2 anos (leia Para saber mais). O advogado responsável pelo caso, Vinícius Nóbrega Costa, explica que, por considerar que a lei é discriminatória, a pedido da mãe, o Sindicato dos Professores do DF ajuizou uma ação no Juizado Especial. “Com base no artigo 227, parágrafo 6º da Constituição Federal, não pode haver qualquer discriminação entre filhos biológicos e adotivos, ainda mais quando a licença não é só direito da mãe, mas também do filho”, pontua. Segundo ele, em razão do que prevê a Constituição, a norma distrital se torna inconstitucional; por isso, não pode ser aplicada. “O governo do DF alega que a distinção ocorre por que a criança mais velha não necessita de tantos cuidados, mas isso é discriminatório”, reforça. Depois da espera, em dezembro de 2013, a pequena chegou à casa de Miriam. A partir daí, a professora começou a lutar pelo direito de passar mais tempo com a recém-chegada. “A lei dizia que só podem usufruir da licença de seis meses quem adotar crianças até 1 ano. Entrei na Justiça e, por meio de uma liminar, consegui o direito de ficar os 180 dias com ela”, comemora. Para a brasiliense, o período em que se dedicou a Giovana foi indispensável para conhecer a criança e atravessar uma nova fase. Sem esse tempo, ela não conseguiria uma adaptação tranquila, justamente pelo fato de Em 1º grau, a ação foi julgada improcedente. Entretanto, após recorrer, o recurso passou, em 2ª instância, pela 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais. A decisão saiu depois de um ano de espera e ansiedade. Enquanto o processo corria na Justiça, a mãe conseguiu uma liminar que concedeu o direito de tirar os seis meses de licença — sob a condição de devolver em dinheiro dos dias não trabalhados caso a decisão final não fosse favorável. “Quando uma lei distrital impõe esse tipo de discriminação, vai na contramão 29/09/15 do direito que todos têm de receber a assistência dos pais e a proteção familiar”, argumenta o advogado. Sonho Miriam conta que, quando recebeu a notícia da decisão, a alegria foi tão grande que a anestesiou. “Senti-me muito feliz, pois eu sei que esse tempo é mais do que necessário para mãe e filha”, diz. A mãe, que cria os filhos sozinha, nunca escondeu dos dois o fato de serem adotados. “Eles levam isso com a maior naturalidade do mundo”, acredita. Agora, a professora vai esperar Miguel e Giovana crescerem para adotar outra criança. Para ela, muitas mães não conseguem se dedicar integralmente aos filhos do coração e o seu caso pode abrir caminho para novas conquistas. “Espero que outras também possam ter essa realização”, emociona-se. Enquanto a lei não é alterada, a desinibida Giovana diz sonhar em ser médica. Perguntada sobre a importância de ter sido adotada por Miriam, ela conta que ter uma família tem um gosto muito especial. Apesar de sentir falta dos amigos do abrigo, a pequena está adaptada ao novo lar. “A mamãe é fofinha, e o meu irmão conta piadas para me fazer sorrir. Eu prefiro a minha casa”, conta. CORREIO BRAZILIENSE 29/09/15 PARA SABER MAIS » Perfis e preferência O número médio de adoções intermediadas pela Vara da Infância e Juventude do DF envolvendo famílias previamente habilitadas e crianças cadastradas é de 65 a cada ano. Isso ocorre porque nem todas as adoções são via cadastro, em razão de alguns casos excepcionais previstos em lei. Entre eles estão os casos de recolhimento dentro da família, as unilaterais (quando o padrasto ou a madrasta requer a adoção do enteado) e as que decorrem de guardas concedidas pelo Judiciário. As famílias habilitadas demonstram uma tendência de querer crianças com menos de 2 anos, sem irmãos, saudáveis e de cor branca ou morena clara. Em relação ao sexo, há preferência por meninas. O tempo de espera para a adoção está relacionado ao perfil da criança desejada: quem se habilita para abrigar uma criança com menos de 2 anos, saudável, sem irmãos, branca ou morena clara, possivelmente, aguardará 4 ou 5 anos. Se a preferência for por dois irmãos, entre 6 e 10 anos, independentemente de sexo e cor, o aguardo pode ser de apenas uma semana. Se o interesse for por um adolescente entre 12 e 17 anos, independentemente de cor e sexo, o início do processo de adoção é imediato, sem espera. CIDADES CORREIO BRAZILIENSE 29/09/15 CIDADES INFÂNCIA E JUVENTUDE » Eleição para conselhos tutelares está mantida O processo de escolha de conselheiros tutelares do DF está confirmado para a próxima semana, em 4 de outubro. As eleições para o órgão foram mantidas após o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) cassar, em parte, a liminar que suspendia o concurso, a pedido do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). Entre as justificativas apresentadas pelo juiz para a cassação da decisão anterior, está o fato de o juízo fazendário — que concedeu a decisão para a suspensão temporária do pleito — não ter competência para julgar o mandado de segurança impetrado por um dos candidatos. Mesmo assim, os demais efeitos da liminar, concedida em 1ª instância, permanecem válidos, como o direito do concorrente que impetrou a ação contra a Secretaria Executiva do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do DF de ter os documentos analisados, bem como o dever da pasta de publicar a lista atualizada dos candidatos para representantes dos 40 conselhos da capital federal. A eleição dos novos conselheiros tutelares havia sido suspensa pelo juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal, Álvaro Ciarlini. O magistrado alegou irregularidades no edital do processo de escolha. Na ocasião, o concorrente teve a candidatura indeferida por falta de apresentação de dois documentos: Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e certidão criminal. De acordo com Álvaro, o Edital nº 8/ 2015 possibilitava a entrega de papéis complementares em sede de recurso. Eles foram enviados, mas, segundo o candidato, houve nova negativa. 40 Total de conselhos tutelares no Distrito Federal CORREIO BRAZILIENSE 29/09/15 DIVERSÃO & ARTE S.O.S Escola de Música simbolicamente, a que já foi considerada a melhor instituição de formação em música da América Latina. Alunos e professores participam de manifestação em frente ao Palácio do Buriti Com orçamento pífio, uma das melhores instituições de formação musical do Brasil sobrevive no improviso e tem sede ameaçada pela especulação imobiliária » Leonardo Fernandes especial para o Correio Se procede a máxima de Nietzsche de que “sem a música, a vida seria um erro”, o ensino dessa arte deveria merecer um outro tratamento. Não é o que vemos na Escola de Música Brasília (EMB) hoje em dia. Por ela, em suas cinco décadas de história, já passaram grandes nomes da música brasileira, tais como os cantores Ney Matogrosso, Cássia Eller e Zélia Duncan, o bandolinista Hamilton de Holanda, o guitarrista Lula Galvão, o contrabaixista Jorge Helder, a flautista Beth Ernest Dias e o violonista Jaime Ernest Dias. Mas é a formação da nova geração de alunos (e das próximas) que está sob risco. Atualmente, a escola padece de falta de investimentos em infraestrutura, pessoal e manutenção de instrumentos. Professores alegam não haver bom diálogo com a direção nem o debate necessário para as mudanças que a Secretaria de Educação do Governo do Distrito Federal (GDF) tenta implementar. Para completar, rumores sobre investidas do setor imobiliário, de olho nos 41 mil m² que a escola ocupa, geram insegurança. Todo esse quadro abala, literal e A declarada crise do GDF se reflete no orçamento do centro de ensino. O diretor da EMB, Ayrton Pisco, conta que, no primeiro semestre deste ano, recebeu da Secretaria de Educação apenas R$ 15.455 para custear o funcionamento da escola. “E vai piorar”, afirma, referindo-se aos R$ 10.818 previstos para o segundo semestre. O aperto no caixa leva funcionários e alunos da escola a caírem no improviso para levar adiante as atividades. Professores doam amplificadores, encordoamentos e até ventiladores para as salas de aula. Paredes viram lousas. A escola está sem o guichê de cópias e sem sua orquestra, que atuou durante 40 anos. Por outro lado, o diretor Ayrton Pisco afirma que o último Curso de Verão deixou, pela primeira vez, um saldo material positivo para a escola, que ganhou vários instrumentos. O teatro da escola, Levino Alcântara ganhou 80 cadeiras novas e teve as 480 poltronas trocadas. Notícia boa, mas que se dilui diante da necessidade 29/09/15 orçamentária da escola, principalmente quando se fala em manutenção e compra de instrumentos. “Uma harpa custa R$ 150 mil. Cada jogo de cordas, R$ 10 mil. Precisaríamos de um orçamento dez vezes maior”, afirma o diretor. Pisco usa um tom mais ameno: “Problemas é fácil encontrar, mas prefiro ver o lado bom: apesar das dificuldades, continuamos atendendo a comunidade. Temos até um aluno que já teve paralisia cerebral!” O descontentamento com a Secretaria não é só pelo decadente investimento na instituição, mas pelas mudanças que vem promovendo no funcionamento da escola, sem levar em conta as peculiaridades do ensino musical. Um dos pontos mais polêmicos entre a Secretaria e o corpo docente tem sido a questão da “enturmação”. Em termos práticos, significa definir uma quantidade de alunos por professor, como já é feito nas escolas de ensino convencional. A regulamentação desse parâmetro na EMB tem sido a preocupação de professores e alunos. Enquanto a direção da escola vê nisso a oportunidade de otimizar o custo de cada aluno transformando as aulas individuais de canto ou instrumento, por exemplo, em aulas coletivas - os professores defendem que isso não só derruba a qualidade do ensino como não leva em conta a formação dos mestres. Uma professora de violino explica que, “para se ministrar aulas coletivas de um instrumento, há necessidade de formação específica, o que não tem sido previsto pela Secretaria de Educação”. “Na verdade, não somos contra mudanças. Apenas queremos discuti-las, sermos consultados sobre elas”, explica o professor de bateria Patrício Lavener. Ele conta que esta e outras medidas, como a mudança de nome da escola, têm sido impostas, o que o leva a acreditar que a Lei de Gestão Democrática (4751/12) está sendo ferida. Alunos e professores participam de manifestação em frente ao Palácio do Buriti CORREIO BRAZILIENSE 29/09/15 DIVERSÃO & ARTE Divergências e sucateamento A própria realização da última edição do Curso de Verão esteve ameaçada por divergências entre o corpo docente e a direção da escola quanto ao seu planejamento e organização. Mas a direção a realizou à revelia. O professor de contrabaixo elétrico Oswaldo Amorin conta que cerca de 200 dos 240 professores têm subscritado os abaixoassinados em que expõem seus posicionamentos à direção da escola ou à Secretaria de Educação. “A direção não está do nosso lado. A Secretaria lavou as mãos. O Secretário não tem nos ouvido e disse não ter lido nada do que enviamos pra ele”, indigna-se o professor, que se orgulha de ter se tornado músico profissional por meio da própria EMB. A assessoria de imprensa do Secretário de Educação, Júlio Gregório, informou que é o diretor Pisco que fala sobre a escola em nome da Secretaria. O sucateamento da EMB tem despertado inseguranças quanto a sua própria sobrevivência. Outro professor, que também não quis se identificar, afirma em tom de alerta: “Já ouvi depoimentos, de dentro e de fora do GDF, sobre a existência de projetos prontos para o terreno da escola, caso ele venha a ser disponibilizado”. www.correiobraziliense.com.br Leia mais sobre a Escola de Música CORREIO BRAZILIENSE 29/09/15 DIVERSÃO & ARTE Tombamento pode ser solução Esta preocupação tem chegado a agentes políticos de Brasília, que vêm reconhecendo a importância da escola e se sensibilizado com sua atual situação. Um exemplo disso é o projeto de lei 342/2015, de autoria da deputada distrital Luzia de Paula (PEN), que tramita na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Ele se destina a declarar a Escola de Música de Brasília como Patrimônio Cultural material do DF. Outra parlamentar que tem assumido a causa é a deputada federal Érika Kokay (PT-DF). Ela acaba de convocar representantes das secretarias de Educação e de Cultura, professores e pais de alunos da EMB para uma audiência pública na Câmara dos Deputados, no dia 26 de outubro, com o objetivo de discutir os rumos da escola e maneiras de fortalecê-la. Érika também tem discutido com a secretária adjunta Nanan Lessa Catalão a possibilidade de tombamento da EMB como patrimônio material do DF pela própria Secretaria de Cultura. “Temos mais de um caminho para o mesmo objetivo. O importante é lutarmos para afastar definitivamente os riscos da especulação imobiliária sobre a escola que faz parte da história, do imaginário e do orgulho da cidade”, comenta a deputada, que quer apresentar a experiência do centro de ensino para todo o país. JORNAL DE BRASÍLIA 29/09/15 PONTO DO SERVIDOR Milena Lopes 29/09/15 JORNAL DE BRASÍLIA 29/09/15 OPINIÃO JORNAL DE BRASÍLIA 29/09/15 CIDADES ENSINO PARTICULAR Reajuste de escolas deve chegar a 21% JORNAL DE BRASÍLIA 29/09/15 CIDADES JORNAL DE BRASÍLIA 29/09/15 CIDADES JORNAL ALÔ BRASÍLIA-DF 29/09/15 BRASÍLIA METR O - BRASÍLIA METRO 29/09/15 BRASÍLIA Distritais votam projeto que autoriza uso de verba do Iprev 29/09/15 Valor Econômico 29/09/15 OPINIÃO Educação posta em duro xeque Por José Eli da Veiga "Garantir até 2030 que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável". Esse é um dos compromissos de maior alcance histórico da agenda "Transformando Nosso Mundo", assinada há quatro dias pelos 193 membros das Nações Unidas, já disponível em português: http://nacoesunidas.org/ pos2015/agenda2030/. Gigantesco desafio aos sistemas educacionais, pois raro é o professor à vontade para explicar o desenvolvimento. E raríssimo o já capacitado para esclarecer por que tal noção passou a ser adjetivada de sustentável. Há proliferação de usos ingênuos, distorcidos e até suspeitos do lema desenvolvimento sustentável Pior: proliferaram usos ingênuos, distorcidos e até suspeitos do lema desenvolvimento sustentável, desde sua emergência na virada para a década de 1990. Por isso, é frequente que alguém se veja em maus lençóis ao procurar fazer o inverso: empregá-la com conhecimento de causa e rigor. Ao mesmo tempo, não há respostas prontas, claras e precisas para todas as dúvidas que o problema tende a suscitar. O máximo que se pode propor é uma abordagem que vacine os alunos contra as muitas escamoteações, distorções e ingenuidades que estão em voga, capaz de simultaneamente lhes apontar um terreno firme para avançar na busca. Começar com um sobrevoo das origens históricas da expressão até controvérsias atuais sobre seu significado já será suficiente para explicitar que se trata de um dos mais generosos ideais da humanidade. Oficialmente, desenvolvimento sustentável é a ambição de que os humanos venham a atender às suas atuais necessidades sem comprometer a possibilidade de que futuras gerações também tenham chance de fazê-lo. Essa é a definição mais legítima, mais conhecida e mais aceita, além de ter sua origem devidamente certificada. Não foi outra a narrativa assumida pela ONU em 11 de dezembro de 1987 para que se tornasse o princípio orientador central de governos e instituições privadas, organizações e empresas. Contudo, nos quase trinta anos posteriores a esse marco histórico, pulularam outras formulações. Algumas talvez até sejam mais precisas, mas nenhuma pode ser correta se deixar de contemplar o âmago: a novíssima ideia de que as futuras gerações merecem tanta atenção quanto as atuais. Assim como não existe feijoada sem feijão, o desenvolvimento sustentável não pode dispensar toda a ênfase para o que, em jargão culto, é a "equidade intergeracional". Ao analisar tão nobre ambição, também é bom começar por separar as duas noções que ela sintetiza: o desenvolvimento e a sustentabilidade. Mostrar que desenvolvimento já era a mais política das questões socioeconômicas bem antes de a ciência passar a ser mais enfática e persuasiva - e principalmente mais ouvida - sobre as incertezas que se multiplicam no âmbito das relações da humanidade com a biosfera da Terra. Foi assim que se tornou incontornável a necessidade de que o progresso inerente ao desenvolvimento seja condicionado a uma boa dose de prudência, exatamente o que exprimia, desde suas remotas origens, o adjetivo sustentável. Há, contudo, um sério problema na definição oficial: ela enfatiza demais o vocábulo "necessidades", sugerindo que desenvolvimento poderia significar apenas atendimento das necessidades humanas. 29/09/15 Ora, não resta dúvida de que nas mais graves situações - como a dos 48 países classificados pela ONU como os "menos desenvolvidos" (ou de outros que não entram nessa lista por estarem no máximo remediados) -- é até aceitável que a ideia de desenvolvimento seja reduzida ao propósito de atender as necessidades de suas populações. Mas também é óbvio que, ao se libertarem de tamanho subdesenvolvimento, essas mesmas populações com certeza buscarão cada vez mais direitos e oportunidades que irão muito além do que se entende por necessidades. Explorar o espaço sideral ou a exosfera, conservar ecossistemas e bens que são parte do patrimônio cultural das sociedades, proteger espécies ameaçadas de extinção, ou incentivar poesia e música erudita, são atitudes que não costumam ser identificadas a necessidades. Mas são alguns dos componentes fundamentais do desenvolvimento dos últimos milênios, processo de incessantes descobertas, novas oportunidades e conquistas de direitos. Processo de persistente e tenaz expansão das liberdades humanas, por mais interrompido que seja por atrozes retrocessos à barbárie, como fascismo ou nazismo, Daesh ou Boko Haram, para só citar exemplos bem próximos. sustentabilidade desenvolvimento. Mais: os docentes também serão chamados a dar grande destaque à imprescindível descarbonização das economias exigida pelo combate ao aquecimento global, pois é principalmente dela que dependerá, neste século, a José Eli da Veiga é professor sênior do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/USP) e autor de "A Desgovernança Mundial da Sustentabilidade" (Editora 34, 2013). Página web: www.zeeli.pro.br do Desnecessário ir mais longe, então, para que se note que é areia demais para o caminhãozinho de qualquer equipe pedagógica. Ainda mais para algum abnegado esforço autônomo de professores mais conscientes do desafio. Ambos terão necessidade de constante apoio, propósito essencial da plataforma online www.sustentaculos.pro.br com lançamento previsto para o mês de outubro.