Jornal dos FuncionÁrios do bRADESCO • • São Paulo, agosto de 2013 do jeito que está não dá! Bancários não aguentam mais metas abusivas; #vem pra luta, vem! Dia 22 tem passeata A pressão excessiva pelo cumprimento de metas já é uma velha e inconveniente conhecida dos bancários. Mesmo assim os bancos estão conseguindo torná-las ainda mais abusivas. Se antes eram mensais, agora são diárias, com cobranças a cada começo e fim de dia. Na consulta realizada pelo Sindicato para saber dos bancários as prioridades para a Campanha Nacional Unificada 2013, 85% acreditam que o combate às metas abusivas deve vir em primeiro lugar. O levantamento apontou também como a atual política dos bancos compromete a saúde dos empregados: 17,9% responderam que usam medicamento controlado e outros 13,8% precisaram se afastar do trabalho por motivo de doença. Em 2012, 21.144 bancários se afastaram do trabalho devido a enfermidades relacionadas ao trabalho. Desses, 25,7% desenvolveram doenças como estresse, depressão, síndrome do pânico e transtornos mentais relacionados ao trabalho. Outros 27% por doenças do sistema osteomuscular como as LER/Dort. As estatísticas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) apontam que 2013 está seguindo o mesmo rumo. Até março já haviam 4.387 bancários afastados. Desses, 25,8% por doenças psíquicas e 25,4% por LER/Dort. Mobilização e pressão • A diretora executiva do Sindicato Neiva Ribeiro acredita que os números falam por si e escancaram a dura realidade a que os bancários estão submetidos. “Por isso é fundamental, agora em que a Campanha Nacional está começando, a mobilização e a pressão para mudar essa realidade dentro dos bancos”, afirma. Passeata • A diretora ressalta a passeata que vai ocorrer no dia 22 para pressionar os bancos a reverem sua política de cobrança por metas em nome de lucros cada vez maiores. “O momento de lutar por mudanças é este. Agora é fundamental a participação de toda a categoria para fazermos ouvir nosso descontentamento. Vem pra luta!”, diz Neiva. A passeata sairá às 18h30 da sede do Sindicato (Rua São Bento, 413, Centro). Avanços no programa de reabilitação Banco aceitou excluir afastado pelo INSS e prometeu estudar gestão compartilhada Alvo de muitas críticas o programa de reabilitação dos afastados por doença ocupacional do Bradesco pode finalmente mudar. Os debates no grupo de trabalho tiveram novo avanço com a definição dos critérios para estabelecer a quem se aplica o programa (ver box). "Com essas definições, o movimento sindical seguirá para os debates em torno do acompanhamento do programa, ou gestão compartilhada", diz o dirigente Marcelo Peixoto. Se este ponto se concretizar, no futuro os bancários não precisarão passar pelo que a escriturária Maria (nome fictício) vivenciou quando foi afastada por causa de uma tendinite. Ela conta que durante a reabilitação os funcionários que participaram junto com ela do programa tinham medo de se expor para a equipe multidisciplinar formada por médicos, psicólogos e enfermeiros designada pelo banco. “Nós contávamos nossos problemas de saúde e os profissionais sempre defendiam o banco, diziam que nós não cumpríamos as pausas corretamente, que não tínhamos boa postura laboral, ou seja, tentavam colocar a culpa da doença em nós”, diz a bancária. Esse não foi o único problema que Maria teve que passar durante a reabilitação. “Quando eu voltei a trabalhar no banco, me disseram que designariam médico e enfermeira do trabalho para me orientarem e acompanharem no setor, mas isso nunca aconteceu. Me colocaram em uma mesa para não fazer nada. Eu que tive de ir atrás de serviço”, conta. Maria foi obrigada a se afastar quatro vezes por causa de doenças ligadas ao trabalho, e credita sua estagnação profissional dentro do banco a essas licenças. “A partir do momento que a gente se afasta, eles não dão mais promoção, então como eu já me afastei várias vezes, já são 27 anos de banco no mesmo cargo”, afirma. As negociações serão retomadas após a Campanha 2013. O programa será direcionado: • Aos afastados por auxílios doença ou doença acidentário que tiveram interrompido o benefício do INSS; • Bancários com a aposentadoria por invalidez suspensa pelo INSS, mas que no exame de retorno ao trabalho são considerados inaptos para a função que exerciam antes do afastamento; • Empregados encaminhados pelo órgão à reabilitação ; • Funcionários que recorrem do apto indicado em exame pelo médico assistente e desejam agendar nova perícia. Página 2 • RAIOS • julho de 2013 Desvio de função > NÃO AGUENTAMOS MAIS! Assédio moral Audioconferências tiram do sério Aumento de salário? Pesadelo nos bancos Para quê, se na visão do banco é possível promover apenas as responsabilidades? Denuncie a prática no canal de combate ao assédio moral do Sindicato Ascenção na carreira significa aumento de salário? Não no Bradesco, onde muitas vezes promoção consiste apenas em mais trabalho. Sob a desculpa de que está treinando funcionários para futuras promoções, o banco delega, por exemplo, responsabilidades de gerentes a caixas, mas continua pagando a eles salários condizentes Em 2010 os bancos reconheceram que o assédio moral existe dentro das suas estruturas organizacionais ao assinarem a cláusula da Convenção Coletiva de Trabalho que trata do tema. No mesmo ano se comprometerem a implantar instrumentos de combate à prática. Três anos depois, no entanto, o assédio continua assombrando os bancários. Na consulta popular com esse cargo. A dirigente Erica Simões explica que o desvio de função ocorre tanto em agências como em departamentos do Bradesco “É um mal que assola os trabalhadores há muito tempo e vamos cobrar do banco para que reveja essa prática absurda e desrespeitosa”, afirma a dirigente. REEMBOLSO do Sindicato, 83,2% consideram que o combate à prática dever ser prioridade na Campanha Nacional 2013. O Sindicato possui em seu site (www.spbancarios.com.br) um canal próprio de combate ao assédio moral no qual o anonimato da vítima é garantido. Denuncie a quem existe para defender os trabalhadores. Campanha Relâmpago Rankings humilham Centavos por km Metas e mais metas! Banco reembolsa uma miséria para gerente visitar cliente com carro próprio Bradesco inventa moda para vender mais produtos e atrapalha planejamento Muitos gerentes precisam usar o veículo próprio para realizar visitas aos clientes, mas o banco reembolsa apenas R$ 0,65 por quilômetro rodado. Os bancários consideram esse valor irrisório, pois ele mal paga o combustível, quanto mais o desgaste das peças causado pela locomoção. O Bradesco alega que dispo- Como se não bastassem as abusivas metas mensais a serem batidas, o Bradesco ainda impõe aos funcionarios a “Campanha Relâmpago”, que consiste em uma estratégia para vender um produto pré-determinado. Essa prática, no entanto, acaba atrapalhando o POBJ (Programa de Objetivos do Bradesco) – planejamento anual realizado pelos gerentes. nibiliza táxi para quem optar, mas de acordo com os funcionarios, o reembolso demora muito. “Se tivermos que pagar táxi do próprio bolso todas as vezes que precisarmos visitar os clientes, vamos acabar sem salário. Para evitar dores de cabeça, o banco deveria disponibilizar veículo com combustível”, diz um bancário. As audioconferências estão enlouquecendo muitos gerentes, que precisam participar de uma no começo do dia, para a estipulação das metas e outra ao final do expediente, para a cobrança das mesmas. Essas reuniões ocorrem com a “presença” das equipes de outras agências, o que causa exposição e constrangimento para os bancários que não atingiram as metas. "As audioconferências são um instrumento de pressão que causa o adoecimento de muitos bancários”, diz a dirigente Neiva Ribeiro. “Com a Campanha Relâmpago, os gerentes não conseguem se programar, porque chega uma ordem de cima que atravessa o planejamento previamente estipulado e determina que hoje a equipe deverá vender um produto em vez de outro que já estava planejado. Esse tema está na pauta de reivindicações da Campanha 2013”, diz a dirigente Erica Simões. O Bradesco havia se comprometido a acabar com os rankings individuais, mas continua com os rankings de comparação - outra forma de expor e humilhar os trabalhadores nas posições mais inferiores da lista. Metas diárias estressam Outra moda no Bradesco é a meta diária. De manhã determinam o tipo e a quantidade do produto a ser vendido. Ao final do dia vem a cobrança para saber quanto foi vendido, o que gera ainda mais estresse do que as já desumanas metas mensais PRINCIPAIS reivindicações da campanha 2013 Reajuste salarial 11,93% (5% de aumento real, além da inflação) PLR Três salários mais R$ 5.553,15 Piso R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese) Abono-assiduidade Cinco ausências abonadas, relativas aos cinco dias 31 do ano que não são pagos Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá R$ 678 ao mês para cada (salário mínimo nacional) Melhores condições de trabalho Com o fim das metas individuais e abusivas, da meta do dia e do assédio moral que adoece os bancários Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários Emprego Fim das demissões em massa, mais contratações, combate ao PL 4330 que regulariza a terceirização fraudulenta, pela ratificação da Convenção 158 da OIT (que inibe dispensa imotivada) Segurança Mais proteção nas agências e proibição do porte das chaves de cofres e agências por bancários Auxílio-educação Pagamento para graduação e pós Igualdade de oportunidades para bancários e bancárias, trabalhadores com deficiência e contratação de pelo menos 20% de afro-descendentes Editado pelo Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região. Presidenta: Juvandia Moreira. Diretor de Imprensa: Ernesto Shuji Izumi. Diretores responsáveis: Adozinda Praça de Almei da, Alexandre de Almeida Bertazzo, Antônio Joaquim da Rocha, Bruno Scola, Cássio Roberto Alves, Edson Carneiro da Silva, Erica de Oliveira Batista Simões, Givaldo Lucas, João Paulo da Silva, Jozivaldo da Costa Ximenes, Juvandia Moreira, Luiz Carlos Costa, Marcelo Peixoto de Araújo, Marcos Antônio do Amaral, Neiva Maria Ribeiros dos Santos, Rubens Blanes Filho, Rubens Luiz Neves, Sandra Regina Vieira da Silva, Vagner Freitas, Vanderlei Pereira Alves, Walcir Previtale Bruno. Contraf-CUT: Elaine Cutis Gonçalves, Luis Augusto Monteiro Fernandes. Fetec-SP/CUT: Maria de Lourdes Alves da Silva, Ricar do Corrêa, Rodolfo Conde, Anatiana Alves do Nascimento, Haroldo Luiz da Rocha Vieira, Carmem Luzia Domingues, Francisvaldo Mendes de Souza, Rubens Bastos Nascimento, Tânia Maria de Souza, Osvaldo Caetano, Crislaine Bertazzi, Valdecir Texeira e Luzenilton Creton Souza. 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