UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO Centro de Ciências Exatas, Naturais e Tecnológicas Curso de Mestrado Profissionalizante em Tecnologia Ambiental DELINEAMENTO DAS CONDIÇÕES BIOLÓGICAS E FÍSICO-QUIMICAS PARA BIODIGESTÃO DE VINHAÇA WILLIAN PAULO GRACIANO Ribeirão Preto 2007 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO Centro de Ciências Exatas, Naturais e Tecnológicas Curso de Mestrado Profissionalizante em Tecnologia Ambiental DELINEAMENTO DAS CONDIÇÕES BIOLÓGICAS E FÍSICO-QUIMICAS PARA BIODIGESTÃO DE VINHAÇA Dissertação apresentada a Universidade de Ribeirão Preto ao centro de Ciências Exatas, Naturais e Tecnológicas, para obtenção do título de Mestre em Tecnologia Ambiental. Orientador (a): Profª. Drª. ELOISA APª. MOCHEUTE KRONKA Orientando: Willian Paulo Graciano Ribeirão Preto 2007 DEDICATÓRIA A minha mãe Elizabeth, pelos bons princípios que me ensinou, minha irmã Tatiana e minha sobrinha Ester (purguinha) por tolerarem minha ausência em momentos importantes devido a minha pesquisa. A minha namorada Cláudia por apoiar e incentivar em todos os momentos de minha pesquisa e acima de tudo ter a tolerância de estar junta nos momentos de mau humor e impaciência que não foram poucos. A Deus, o grande arquiteto do mundo. AGRADECIMENTO A professora Drª. Eloisa Mocheute Kronka, que sempre soube descer os degraus de saber, como bem sabe os grandes, e doou, além de sua sabedoria seu apoio respeitando sempre as diferenças e conduzindo com experiência meu trabalho. Ao professor Msc. Rodrigo Latenze que foi o pilar para construção desse trabalho, oferecendo sua indispensável colaboração em todos os momentos e hoje acima de tudo o considero um grande amigo. A Professora Drª. Leonice com muita serenidade deixava suas dicas que foram de extrema valia e acima de tudo sempre transmitiu-me confiança A Mscª. Fernanda e a futura Mscª. Flávia que sem elas não teria concluído minha pesquisa. Aos professores do mestrado, pelos ensinamentos. A banca examinadora, Profº Dr. Paulo Sérgio Pereira e Profª. Dr. Odila Rigolin de Sá, pelas importantes sugestões dadas para melhoria desta pesquisa. A secretária Cecília, pelo profissionalismo e atenção sempre presentes. Aos colegas de curso e os colegas de laboratório, Ronny e Takao, pelo incentivo, amizade e colaboração nas diversas fases de trabalho e em especial ao meu amigo de curso Rogério Queiroz, que foi meu companheiro de viagem e pessoa a qual sempre me deu forças não só com palavras, mas principalmente com gestos. SUMÁRIO Sumário i Lista de Figuras iv Lista de Tabelas vi Lista de Abreviaturas e Símbolos vii RESUMO viii ABSTRACT iv 1 INTRODUÇÃO 01 2 OBJETIVOS GERAIS 03 2.1 Objetivos Específicos 03 3 REVISÃO DA LITERATURA 04 3.1 Cana-de-açúcar 04 3.2 Composição química da cana-de-açúcar 05 3.3 Alguns dos principais elementos químicos encontrados na Vinhaça 06 3.3.1 Carbono 06 3.3.2 Nitrogênio 08 3.3.3 Fósforo 09 3.4 Resíduos como fonte energética no Brasil 10 3.5 Microbiologia do solo envolvida na biodegradação 13 3.5.1 Microrganismos relacionados ao processo de contaminação da 14 Fermentação Alcoólica 3.6 Evoluções da Legislação da disposição da vinhaça e águas residuarias 15 3.7 Tecnologias para tratamento e disposição da vinhaça 20 3.7.1 Aerobiose 20 3.7.2 A reciclagem na fermentação 21 3.7.3 Fertirrigação 21 3.7.4 Disposição da vinhaça ao solo 23 3.7.5 Incineração da vinhaça 23 3.7.6 Produção de levedura a partir da vinhaça 23 3.7.7 Utilização da vinhaça na construção civil 24 3.7.8 Fabricação de ração animal a partir da vinhaça 24 3.7.9 Digestão anaeróbia 25 3.7.10 Biodigestão anaeróbia da vinhaça 25 3.7.11 Disposição da vinhaça no solo 29 3.7.11.1 Efeitos Biológicos 29 3.7.11.2 Efeitos Químicos 29 3.8 Microbiologia 30 3.9 Fatores que influenciam no processo de biodigestão anaeróbia 33 3.10 Métodos para identificação de bactérias 37 4 MATERIAIS E MÉTODOS 38 4.1 Analises cromatográfica 38 4.1.1 Coleta do solo e preparo da amostra de solo 38 4.1.2 Experimento 1 - Analise cromatográfica dos solos coletados 38 4.1.3 Experimento 2 - Analise cromatográfica dos solos com 39 contaminação adicional de vinhaça 4.2 Ensaios Microbiológicos 39 4.2.1 Método de Coloração Gram. 39 4.2.2 Isolamento de Microrganismos em Cultura 40 4.3 Delineamento da digestão da vinhaça em diferentes condições por um 42 consórcio microbiano 4.3.1 Coleta do consórcio microbiano 42 4.3.2 Analise de DQO (demanda química de oxigênio) 43 4.3.3 Preparo do inoculo 43 4.3.4 Variação da temperatura 44 4.3.5 Variação do pH 44 4.3.6 Avaliação da melhor condição para biodigestão da vinhaça 45 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 46 5.1 Caracterização físico-química da vinhaça na região de Ribeirão Preto 46 5.2 Analise cromatográfica 47 5.3 Análise Microbiológica 49 5.4 Digestão da vinhaça em diferentes condições por um consórcio 51 microbiano 5.4 1 Escolha do meio de cultura ideal para crescimento do consorcio 51 microbiano 5.4. 2 Variação da temperatura 52 5.4 3 Variação de pH 54 5.4.4 Avaliação das condições de temperatura e pH na biodigestão da vinhaça 56 6 CONCLUSÕES 57 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS 58 A Figura 1 LISTA DE FIGURAS Produção de vinhaça durante a safra em relação a produção de 2 álcool Figura 2 Figura 3 Contaminação do meio sólido com método de estria composta Produção de metano no experimento 1 em solos com diferentes 42 48 tempos de irrigação com vinhaça Figura 4 Produção de metano no experimento 2 em solos com diferentes 49 tempos de irrigação com vinhaça Colônias de Bastonetes Gram + em solo irrigado com vinhaça a 1 ano. 50 Figura 5 A Magnitude de 40X. Figura 5 B Colônias de Bastonetes Gram + em solo nunca irrigado com 50 vinhaça, magnitude de 400 X Figura 5 C Colônias de Bastonetes Gram + em solo irrigado com vinhaça a 1 50 ano, magnitude de 1000 X Figura 5 D Colônias de Bastonetes Gram + em solo nunca irrigado com 50 vinhaça, magnitude de 400X Figura 5 E Figura 5 F Coccus Gram + na vinhaça, magnitude de 400X Coccus Gram + na vinhaça, magnitude de 1000X, utilizando óleo 51 51 de imersão Figura 6 Figura 6 Placas inoculadas com amostra do consórcio microbiano (lodo). 52 A: meio BDA, B: meio MA, C e D: meio Pcye Figura 7 A Comportamento do consorcio microbiano inoculado em volume de 150mL 53 de vinhaça, temperatura de 55°C Figura 7 B Comportamento do consorcio microbiano inoculado em volume de 150mL 53 de vinhaça, temperatura de 37°C Figura 8 A Degradação da vinhaça pelo consorcio microbiano inoculado em volume 53 de 150mL de vinhaça, temperatura de 55°C Figura 8 B Degradação da vinhaça pelo consorcio microbiano inoculado em volume 53 de 150mL de vinhaça, temperatura de 37°C Figura 9 A Comportamento do consorcio microbiano inoculado em volume de 150 mL de vinhaça pH 4 54 Figura 9 B Comportamento do consorcio microbiano inoculado em volume de 150 54 mL de vinhaça pH 4 Figura 10 A Comportamento do consorcio microbiano inoculado em volume de 150Ml 55 de vinhaça pH 7, temperatura de 37°C Figura 10 B Comportamento do consorcio microbiano inoculado em volume de 150mL 55 de vinhaça pH 8, temperatura de 37°C Figura 11 A Degradação da vinhaça pelo consorcio microbiano inoculado em volume 55 de 150mL de vinhaça pH 7,0, temperatura de 37°C Figura 11 B Degradação da vinhaça pelo consorcio microbiano inoculado em volume 55 de 150mL de vinhaça pH 8, temperatura de 37°C Figura 12 A A Comportamento do consorcio microbiano inoculado em volume de 56 150mL de vinhaça pH 7, temperatura de 55°C Figura 12 B Degradação da vinhaça pelo consorcio microbiano inoculado em volume de 150mL de vinhaça pH 7, temperatura de 55°C 56 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Quadro evolutivo das normas de leis de fiscalização da 15 disposição da vinhaça e águas residuárias Tabela 2 Caracterização da vinhaça em um universo de 30 análises realizadas entre 2005-2006 46 LISTA DE ABREVIAÇÕES DQO Demanda Química de Oxigênio DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio pH Potencial Hidrogeniônico IPT Instituto de Pesquisa e Tecnológicas Cetesb CTC Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental Capacidade de troca catiônica CONAMA CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente AIA Avaliação de Impacto Ambiental RIMA Relatório de Impactos Ambiental IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis RESUMO Com o desenvolvimento da indústria sucro alcooleira, no Brasil, tem-se o aumento dos impactos ambientais causados pelos seus resíduos. Um dos maiores problemas é o grande volume de vinhaça que é um resíduo líquido, proveniente da produção do álcool, com elevada carga orgânica, grande quantidades de sais e pH ácido, que é lançada na lavoura de cana de açúcar. Este trabalho tem como principal objetivo avaliar parâmetros para a biodigestão da vinhaça em áreas irrigadas, visando fornecer dados para um planejamento e gerenciamento adequado na disposição da vinhaça em lavouras de cana de açúcar. Foram identificados os parâmetros relevantes dentro deste processo, tais como pH, temperatura e DQO com o intuito de monitorá-los e através destes identificar quais as melhores condições da biodigestão da vinhaça. Foi realizado um estudo, por cromatografia em fase gasosa, para identificação da existência de metano antes e após o processo de fertirrigação no solo. Através de um estudo microbiológico do solo, foi observado que o processo de fertirrigação com a vinhaça não promove nenhuma alteração nos microrganismos já presentes, porém, favorece a incidência de bactérias gram positivas, que são prejudiciais ao processo da fermentação alcoólica. Abstract Due to the development of the sugar alcohol industry, there is an increase on the environmental impacts caused by its residues. One of the largest problems is the big volume of vinasse, which is a liquid residue that comes from the production of alcohol with a high presence of organic material, big quantities of salt and acid pH, which is thrown in the sugar cane crop. This paper has as a principal objective the evaluation of parameters to the vinasse digestion in irrigated areas, with the aim at providing data to an adequate planning and managing to apply the vinasse in sugar cane crops. The relevant parameters inside this process were identified, such as the pH, temperature, and COD with the intention of monitoring them and through those identify which the best conditions of the vinasse digestion are. A study by chromatography in gas phase was carried out, to identify the existence of methane before and after the process of irrigation of the soil. Through a micro biologic study of the soil, it was noticed that the process of irrigation with the vinasse does not promote any alteration in micro organisms already present, but it benefits the incidence of gram positive bacteria, which are harmful to the alcoholic fermentation process. 1 INTRODUÇÃO A vinhaça, conhecido líquido poluente e corrosivo, sempre foi um problema nas destilarias de álcool, contudo, dado a sua riqueza em potássio, matéria orgânica e teor de água, passou a ser aplicada na lavoura, com grande sucesso econômico. Para tanto, normalmente, as empresas utilizam canais sem revestimento para conduzir esse líquido aos pontos convenientes dos canaviais, por meio do método de aspersão do tipo montagem direta. Em geral, as destilarias dispõem de canal principal ou mestre, de onde o líquido é distribuído a outros canais secundários, a partir dos quais é aplicado por aspersão. A vinhaça é produzida e utilizada durante toda a safra canavieira que, em geral, vai de maio a dezembro. Durante esse período e por conta dos vários anos de aplicação, há infiltração da vinhaça pode atingir o lençol freático e causar problemas de contaminação. Conforme a Figura 1, para cada litro de álcool produzido tem-se uma geração de aproximadamente 13 L de vinhaça. Para diminuição de gastos no transporte da vinhaça às lavouras, algumas usinas vêm adotando o sistema de concentração da vinhaça para diminuir seu volume. Tal procedimento representa, em alguns casos, a redução em até 80% do volume total de vinhaça a ser fertirrigada. No entanto, esta atividade promove, ao mesmo tempo, uma maior dificuldade de digestão do resíduo, e um aumento do seu potencial poluidor. De acordo com a Resolução CONAMA nº. 2 de 05/06/ 84 (Tabela 1), que determina a realização de projetos para controle da poluição causada pelos efluentes provenientes de destilarias de álcool e pela lavagem de cana, faz-se necessária a realização de estudos, visando monitorar utilização vinhaça pode a biodegradabilidade da vinhaça no solo. Desta forma, a indiscriminada trazer conseqüências graves como a salinização e alterações dos microrganismos do solo e a contaminação de águas subterrâneas. Diante da proporção de vinhaça produzida e sua disposição no solo, esta pesquisa tem como finalidade o estudo da decomposição da vinhaça, propondo meios para que se possa minimizar seu potencial poluidor. O gráfico logo abaixo, representa o aumento da vinhaça durante a safra em relação a produção de álcool. Depois de três meses da atividade é atingido os maiores valores da produção do álcool e conseqüentemente da vinhaça. Isso se dá pelo fato do processo da produção de álcool ser realizado por atividade de microrganismos e até esse período eles ainda estão em fase de desenvolvimento. álcool vinhaça Milhões de litros 2500 2000 1500 1000 500 90 70 50 30 10 8 6 4 2 0 0 Tempo (dias) Figura 1 Produção de vinhaça durante a safra em relação a produção de álcool Fonte: Hassuda (1989). 2 OBJETIVO GERAL Avaliar parâmetros para a biodigestão da vinhaça, visando fornecer dados para um planejamento e gerenciamento adequado na disposição da vinhaça em lavouras de cana-de-açúcar. 2.1 Objetivos Específicos • Identificar se a produção de metano em solo fertirrigado com vinhaça é relevante; • Analisar se a disposição da vinhaça pode alterar a população microbiana do solo; • Identificar se os microrganismos presentes no solo são Gram positivos ou Gram negativos ; • Identificar o pH ideal para o processo de decomposição da vinhaça; • Verificar qual a melhor temperatura de decomposição; • Avaliar qual a eficiência de redução da DQO, no processo de biodigestão da vinhaça. 3 REVISÃO DA LITERATURA 3.1 Saccharum officinarum (Cana-de-açúcar) A cana-de-açúcar é considerada uma planta semi-perene, com ciclo médio de quatro anos, desde o plantio até a renovação das áreas plantadas. A planta pertence ao Gênero Saccharum, Família Poaceae, da classe das Monocotiledôneas, sendo a única representante da Ordem Graminales. A espécie Saccharum officinarum L. (cana nobre) é constituída de plantas eretas, perenes, rizomatosas, com inflorescência formada por racemos arranjados em grandes panículas, formando touceiras, e caule do tipo colmo. A maioria das plantas atualmente cultivadas é híbrida de S. officinarum L. com outras espécies de características mais rústicas (ARANHA & YAHN, 1987). Dentre outras características, a cana-de-açúcar apresenta alta eficiência fotossintética e ponto de saturação luminoso elevado (tipo C4). A temperatura do ar exerce grande influência no crescimento dos colmos, sendo que a faixa ótima varia entre 20oC e 35oC. O crescimento é lento abaixo de 25oC e nulo em temperaturas inferiores a 19oC (CASAGRANDE, 1991; ALFONSI et al., 1987). O cultivo da cana-de-açúcar estabeleceu-se sobre os mais diferentes tipos de solos no território nacional, desde os solos de textura arenosa (a) àqueles muito argilosos, bem como em solos com altos teores de matéria orgânica. Ela é tolerante à acidez e à alcalinidade, desenvolvendo-se em solos com pH desde 4,0 até 8,3, sendo o valor ótimo de pH 6,5. Segundo Lamonica (2006), vinhaça é uma denominação empregada indistintamente para o resíduo de destilação de uma solução alcoólica chamada vinho, produzida pelo processo de fermentação alcoólica. O vinho é o produto ou subproduto da fermentação alcoólica a partir de uma solução açucarada chamada mosto que pode ser produzido pela fermentação de várias culturas como a uva, a beterraba, a cana-de-açúcar ou até mesmo, do próprio açúcar, mel e melaço. No Brasil a vinhaça produzida é oriunda da fermentação do caldo de cana, mel e melaço, subprodutos da fabricação de açúcar. A classificação padrão da vinhaça é feita segundo os componentes do mosto, ou seja, melaço, misto ou caldo. Portanto, uma usina pode, em uma mesma safra, apresentar vinhaça dos 3 tipos: com o melaço, com o caldo, ou com uma mistura dos dois anteriores (caldo + melaço), denominada mista. 3.2 Composição Química da Cana-de-açúcar Os carboidratos representam de 50% a 80% de matéria seca dos vegetais enquanto os microrganismos apresentam em sua composição, cerca de 60% de carbono orgânico. A idade e as espécies envolvidas são parâmetros que podem promover variações nestes valores. Os vegetais apresentam a celulose como polímero mais abundante presente no processo de estruturação do protoplasma. Dentro de um único vegetal observam-se variações significativas das concentrações de celulose. Por exemplo, no lenho maduro observamos de 40% a 60% de celulose, nas folhas em torno de 10%, no caule de 30% a 40%. Já nas células animais, observa-se uma quantidade de carboidratos menor do que em vegetais e microrganismos. O principal constituinte dos animais são as glicoproteínas e em microrganismos a quitina é um composto estrutural que só é superado pela celulose nos microrganismos. Segundo Tauk (1990), grande parte destes elementos, quando biodegradados, são transformados em CO2, e a quantidade de húmus, o pH e a cobertura vegetal exercem pouca influência sobre o teor total de carbono orgânico estabilizado. O tipo de solo também exerce influência direta na decomposição e fixação do carbono. Solos com características argilosas apresentam melhores condições de fixarem carbono em sua estrutura, já outros tipos de solos podem apresentar deficiências para essa fixação. Desta forma, o composto é facilmente volatilizado ou até mesmo incorporado dentro do protoplasma. 3.3 Alguns dos principais compostos químicos encontrados na vinhaça 3.3.1 Carbono O ciclo do carbono é um dos principais ciclos em relação à vida humana, pode ser encontrado na condição de CH4, CO2, CO. O dióxido de carbono (CO2) no pool (reservatório) atmosférico é muito pequeno, comparado com o de carbono dos oceanos e dos combustíveis fósseis e de outros depósitos da crosta terrestre. Até o início da idade industrial, os fluxos entre atmosfera, continentes e oceanos estavam equilibrados. Porém, durante o último século, o conteúdo de CO2 tem-se elevado por causa de novas entradas antropogênicas. A queima de combustíveis fósseis é, ao que parece, a principal fonte das novas entradas, mas a agricultura e o desmatamento também contribuem. A perda líquida de CO2 pode parecer surpreendente, isso ocorre porque o CO2 fixado pelas culturas não compensa CO2 liberado do solo, principalmente aquele que resulta de lavoura freqüente. O desmatamento poderá liberar o carbono armazenado na madeira, principalmente se a madeira for queimada imediatamente; e a isso se segue a oxidação do húmus, se a terra for usada para a agricultura ou para desenvolvimento urbano. Para Odum (1998), existem poucos estudos sobre a relativa contribuição das várias atividades humanas para o enriquecimento atmosférico com CO2. Segundo Woodwell et al. (1978) acredita-se que a destruição dos pools (reservatórios) bióticos é tão importante quanto à queima de combustíveis fósseis. Já Broecker et al.(1979), concluíram que estas fontes são muito pequenas em relação à oxidação de combustíveis fósseis. Já Bolin et al. (1977) tomam uma posição intermediária. Na atmosfera existe ainda o carbono na forma de Monóxido de carbono (CO) a um teor de aproximadamente 0,1 ppm, e o metano (CH4) cerca de 1,6 ppm. Como estas substâncias são gasosas, assim como o CO2, elas apresentam um tempo de residência curto, cerca de 0,1 ano para o CO, 3,6 anos para o CH4 e 4 anos para o CO2. Tanto o CO quanto do CH4, originamse da decomposição incompleta ou anaeróbia da matéria orgânica; na atmosfera, os dois se oxidam dando CO2. Uma quantidade de CO igual à que se origina da decomposição natural está hoje sendo injetada no ar pela queima incompleta de combustíveis fósseis, principalmente nas descargas de automóveis. O monóxido de carbono, veneno fatal para os seres humanos, não é uma ameaça global, mas torna-se um poluente que preocupa em áreas urbanas, quando o ar está estagnado. Concentrações de até 100 ppm são bastante comuns em áreas de trânsito intenso de automóveis. Quem fuma um maço de cigarros por dia recebe até 400 ppm, o que reduz em 3 % a sua oxiemoglobina, um estresse que pode levar à anemia, bem como a outras doenças circulatórias relacionadas com o oxigênio. (ODUM, 1998). Acredita-se que o metano tem uma função benéfica na manutenção da estabilidade da camada ozônio da atmosfera superior, na qual age como barreira contra a radiação ultravioleta letal de origem solar. Uma função importante das terras inundáveis e das marés costeiras é a produção de metano (ODUM, 1998). 3.3.2 Nitrogênio Segundo Odum (1998), o nitrogênio é um elemento químico que possui um processo de ciclagem complexo, precisando de uma série de bactérias. Cada colônia de bactéria é responsável por realizar uma parte do processo. Parte desse nitrogênio se transforma em amônia e nitrato, as formas mais facilmente utilizadas pelas plantas verdes. A atmosfera, que contém 78% de nitrogênio, é o maior reservatório e a válvula de escape do sistema. O nitrogênio entra continuamente na atmosfera pela ação das bactérias desnitrificantes e continuamente retorna ao ciclo pela ação das bactérias ou algas fixadoras de nitrogênio (biofixação), por meio da radiação e por outras formas de fixação física. A atividade antropogênica promove o aumento de dois fluxos: a emissão na atmosfera e a fixação industrial. Este último tipo de fluxo destina-se às terras agrícolas, sob a forma de fertilizantes à base de nitrogênio. A fixação atmosférica natural é menor que a biofixação, que se eleva pela cultura de leguminosas. Como a quantidade de N2 atmosférico não tem mudado em tempos recentes, acredita-se que as entradas e saídas (nitrificação e desnitrificação) continuam equilibradas. Bactérias com Nitrosomonas (que convertem amônia em nitrito) e Nitrobacter (que convertem nitrito em nitrato), obtêm energia da decomposição química, enquanto as bactérias desnitrificantes e fixadoras de nitrogênio precisam de energia de outras fontes para realizarem as suas transformações. (ODUM, 1998). 3.3.3 Fósforo Para Odum (1998), o fósforo é um componente importante e necessário para o protoplasma, e tende circular quando os compostos orgânicos desintegram-se, finalmente, em fosfatos, que estão novamente disponíveis às plantas. Porém, o grande reservatório de fósforo não é o ar, mas são as rochas e outros depósitos que sofrem gradualmente erosão e liberam fosfatos para o ecossistema. Entretanto, grande quantidade de fosfato escapa para o mar, onde uma parte se perde nos sedimentos profundos. Os mecanismos de devolução do fósforo ao ciclo podem ser insuficientes para compensar a perda. Em algumas partes do mundo não está ocorrendo atualmente uma elevação extensa de sedimentos, e o transporte de peixes do mar para a terra não é suficiente para substituir o fósforo que flui da terra para o mar. As aves marinhas desempenham um papel importante na devolução do fósforo para o ciclo. As atividades humanas aceleram a perda de fósforo. Embora se pesque uma grande quantidade de peixes marinhos todo ano, estima-se que apenas 60.000 t de fósforo elementar são devolvidas anualmente para a litosfera. Estima-se que de 1.000.000 a 2.000.000 t de rocha fosfatada é minerada e utilizada em fertilizantes. Segundo o autor acima, um procedimento experimental para a reciclagem do fósforo “ladeira acima” implica o lançamento dos efluentes com fósforo na vegetação de altitude, em vez de lançar o resíduo diretamente em riachos e rios. O fósforo é um dos nutrientes mais escasso para as plantas. 3.4 Resíduos como fonte energética no Brasil Além de ser uma estratégia de fonte alternativa de energia, a utilização dos resíduos da agricultura como fonte de energia promove a diminuição do seu potencial poluidor. Os resíduos que se mostram mais apropriados para o pronto aproveitamento são aqueles gerados no cultivo da cana-de-açúcar, da indústria de papel e celulose, serragem e gravetos da indústria de móveis e madeira. Mais de 300 Mt de bagaço de cana são produzidos anualmente no mundo. A maior parte desse resíduo é utilizada para produção de energia nas usinas de açúcar e álcool. Um estudo de Larson & Kartha (2000) mostra que, em países em desenvolvimento, a energia gerada pelos resíduos da cultura da cana, descontada a parcela utilizada na obtenção de álcool e açúcar, pode significar entre 15% e 20% do consumo de energia destes países, e em 2025, cerca de 1200 TWh/ ano, sobre uma oferta total de 1100 TWh/ano. São estes números que apontam para a necessidade do investimento em PD&I (Pesquisa Desenvolvimento e Inovação) e no fomento ao empreendedorismo em formas não convencionais de obtenção de agroenergia. Parcela ponderável da energia elétrica produzida a partir de biomassa no Brasil, é proveniente do aproveitamento de resíduos agropecuários, florestais ou da agroindústria. Segundo dados do Balanço Energético Nacional, edição 2004, a participação da biomassa na matriz elétrica nacional é de 2,86%, distribuída em 1,69% de bagaço de cana, 1,17% em resíduos madeireiros e resíduos agrícolas e silvícolas diversos. O potencial dos resíduos da produção animal é estimado por Woods & Hall (1994) em 20 EJ/ano, em todo o mundo. Entretanto, este valor não deve ser tomado como absoluto devido às enormes variações metodológicas para cálculo dos dejetos aproveitáveis, em função da espécie animal e sua alimentação, do manejo etc. Como no caso dos resíduos vegetais, há limitações em seu uso energético pelos demais usos concorrentes que são: 1. grande potencial para uso como fertilizante; 2. é uma fonte de baixa densidade energética, sendo viável apenas em grande escala e quando não existirem fontes alternativas disponíveis, mais competitivas; 3. há necessidade de bioprocessamento, normalmente em biodigestores, gerando problemas logísticos de carga, descarga, compressão e estocagem do gás e utilização do fertilizante final; 4. eventuais impactos ambientais e na saúde humana, decorrentes de sua manipulação (ROSILLO-CALLE, 2001). As tecnologias para o aproveitamento energético são comerciais e utilizam, em sua maioria, ciclos de potência a vapor. As usinas brasileiras de açúcar e álcool já são auto-suficientes e algumas já produzem eletricidade excedente, na forma de co-geração. Exceto em algumas poucas unidades, o mesmo não ocorre nas instalações industriais dos segmentos de beneficiamento de arroz e de madeira. Segundo estudo realizado pelo Ministério da Agricultura em 2005, por meio do NIPE/ Unicamp, a produção de eletricidade nos segmentos sucroalcooleiro, madeireiro e em usinas de beneficiamento de arroz indica que os resultados do potencial alcançado para o segmento sucroalcooleiro são muito próximos daqueles apresentados em outros estudos sobre o mesmo tema – na faixa de 2,4 a 6,1 GW excedentes, dependendo da configuração dos sistemas e para um nível de moagem de 346 milhões de toneladas de cana. O potencial de médio e longo prazo, considerando-se a expectativa de crescimento acentuado da atividade sucroalcooleira nos próximos anos, seria da ordem de 16 a 21 GW médios em 2025. Mais importante que a quantificação do potencial total é a constatação de que o potencial efetivo, economicamente viável, é inferior a 65% do potencial calculado de excedentes, e que o mesmo está muito concentrado em algumas usinas. Assim, políticas abrangentes quanto ao universo que se pretende atender, mas restritivas do ponto de vista dos benefícios oferecidos, serão pouco eficazes. No caso do segmento sucroalcooleiro, a janela de oportunidade que se configura em função da reorganização empresarial em curso, da necessidade de substituição dos principais equipamentos nos sistemas de potência existentes, e da construção de novas usinas, bem como da ampliação de algumas existentes, requer a definição imediata de uma estratégia de efetiva viabilização do potencial. Como ocorre para todas as fontes renováveis de energia, a efetiva viabilização do potencial de produção de eletricidade, a partir da biomassa residual da cana, da madeira e do arroz, requer a definição e a implantação de políticas de fomento com horizonte de médio e longo prazo que definam condições claras e efetivamente motivadoras para que o potencial, que é economicamente viável e é estrategicamente de interesse, possa ser aproveitado. Refere-se, ainda, este estudo, que a produção de gás pela biodigestão da vinhaça em usinas de açúcar/álcool, ou destilarias autônomas, tem sido objeto de estudos e tentativas de viabilização comercial há várias décadas, porém, só recentemente, surgiu o interesse de usar o biogás para geração de energia elétrica. Tecnicamente, a tecnologia já alcançou um grau de maturidade razoável devido às sucessivas experiências em escala de demonstração. Ainda permanecem algumas incertezas tais como os efeitos corrosivos do biogás nos equipamentos auxiliares e motogeradores, e a estabilidade da biodigestão frente às flutuações na quantidade e qualidade da vinhaça processada. Estes problemas potenciais, que podem causar impactos negativos para o futuro comercial da tecnologia, só poderão ser realmente avaliados e resolvidos com a operação de algumas unidades. Por isso, antes de entrar em escala comercial, seria conveniente a implantação de algumas unidades piloto, onde recursos que pudessem ser aplicados para diminuir os riscos financeiros, dentro de uma escala razoável. Devido ao potencial de geração de excedentes, estimados neste estágio em 20 kWh/t cana (considerando 180 milhões de toneladas de cana para álcool resulta no potencial para o Brasil de 3,6 TWh/ano), a introdução comercial da tecnologia de biodigestão da vinhaça e uso do biogás em motogeradores de energia elétrica deve ser feita com cuidado. É importante lembrar que existem, nos países desenvolvidos, inúmeras plantas de geração de eletricidade a partir de biogás proveniente da biodigestão anaeróbia de outros substratos, como efluentes industriais e dejetos animais. A experiência operacional destas plantas poderia ser bem aproveitada para melhorar a confiabilidade técnica e econômica das futuras plantas de geração com biogás da vinhaça. 3.5 Microbiologia do solo envolvida na biodegradação Os microrganismos do solo exercem um papel fundamental da mineralização dos compostos orgânicos. Nematódeos, Anelídeos e Artrópodas facilitam o processo de aeração do solo com a construção de galerias que aumentam a superfície de contato entre o solo e gases como o oxigênio, composto fundamental do processo de decomposição aeróbia. Outros microrganismos, como bactérias, fungos e actinomicetos, estão envolvidos diretamente nos processos de decomposição de elementos complexos como proteínas, carboidratos, amidos e na sintetização de minerais compostos que são utilizados novamente pelas plantas. Se existisse uma relação entre heterótrofos e autótrofos observaria-se que os microrganismos decompositores representam para os autótrofos o trato digestivo para os heterótrofos. Sua função seria de digerir elementos complexos e transformá-los em compostos mais simples. Para Tauk (1990), os microrganismos decompositores consomem O2 e liberam de CO2, exceto os anaeróbios e quimiotróficos. As taxas do O2 aumentam e a evolução do CO2 tem sido mais ou menos igualada com as taxas de decomposição da matéria orgânica e pode muitas vezes ser utilizada nos estudos deste processo. A evolução de CO2 é complicada pela solubilidade em soluções, além do que essas medidas representam à respiração total da comunidade, não distinguindo a contribuição individual de plantas ou dos microrganismos. 3.5.1 Microrganismos relacionados ao processo de contaminação da Fermentação Alcóolica Os microrganismos que entram no sistema de fermentação alcoólica realizado nas usinas, têm o solo ou as plantas como origem. As condições do processamento da cana na colheita, extração do caldo e fermentação do mosto, apresentam condições assépticas, causando o desenvolvimento de outros microrganismos, especialmente bactérias. De modo geral, dentre os microrganismos responsáveis pelo fracasso de uma fermentação alcoólica, principalmente de caldo de cana, melaço ou mistura de ambos, destacam-se as pertencentes aos gêneros Acetobacter, Lactobacillus, Clostridium, Bacillus, Aerobacter, Streptococus, Leuconostoc e outras. 3.6 Evolução da Legislação da disposição da vinhaça e águas residuarias A Tabela 1 mostra o quadro evolutivo das normas de leis de fiscalização a partir da safra de 1978/79 onde ficou interditado o despejo da vinhaça nos mananciais superficiais, incorrendo em multa à usina que violasse a proibição. Tabela 1 Quadro evolutivo das normas de leis de fiscalização da disposição da vinhaça e águas residuárias. Legislação Descrição Proíbe o lançamento da vinhaça nos mananciais Portaria MINTER n° 323, de 29/11/1978. superficiais. Determinação da realização de estudos e apresentação Resolução CONAMA n° 0002, de de projeto de resolução contendo normas para controle da poluição causada pelos efluentes das destilarias de 05/06/1984. álcool e pelas águas de lavagem da cana. Obrigatoriedade da Avaliação de Impacto Ambiental Resolução CONAMA n° 0001, de (AIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para 23/01/1986. novas indústrias instaladas ou qualquer ampliação efetuada nas já existentes. “Os resíduos líquidos, sólidos ou gasosos, provenientes de atividades agropecuárias, industriais, comerciais ou Lei n° 6.134, de 02/06/1988, art. 5°, do de qualquer outra natureza, só poderão ser conduzidos Estado de São Paulo. ou lançados de forma a não poluírem as águas subterrâneas”. Fonte: Corazza, Rosana , (2000) apud Hassuda (1989) Abaixo temos a descrita detalhada da Resolução CONAMA Nº 002 de 5 de junho de 1984, da Resolução CONAMA Nº 001 de 23 de janeiro de 1986 e da Leis Estadual SP, Nº 6.134 de 2 de junho de 1988. • RESOLUÇÃO CONAMA Nº 002, de 5 de junho de 1984 O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições que lhe confere o item IX, do art. 7º, do Decreto nº 88.351, de 1º de junho de 1983, considerando que a poluição causada pelos efluentes das destilarias de álcool e pelas águas de lavagem da cana, nas destilarias e nas usinas de açúcar, constitui problema relevante e tendo em vista que ainda persistem áreas onde a questão não foi resolvida a contento, RESOLVE: Determinar à sua Secretaria Executiva a promoção de estudos sobre o assunto e a apresentação de um Projeto de Resolução contendo normas para o controle da poluição causada pelos efluentes das destilarias de álcool e pelas águas de lavagem das canas. • RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986 O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - IBAMA, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 48 do Decreto nº 88.351, de 1º de junho de 1983, para efetivo exercício das responsabilidades que lhe são atribuídas pelo artigo 18 do mesmo decreto, e considerando a necessidade de se estabelecerem as definições, as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, RESOLVE: Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais. Artigo 2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA e em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como: VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques; VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); Artigo 3º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo RIMA, a serem submetidos à aprovação do IBAMA, o licenciamento de atividades que, por lei, seja de competência federal. Artigo 4º - Os órgãos ambientais competentes e os órgãos setoriais do SISNAMA deverão compatibilizar os processos de licenciamento com as etapas de planejamento e implantação das atividades modificadoras do meio ambiente, respeitados os critérios e diretrizes estabelecidos por esta Resolução e tendo por base a natureza o porte e as peculiaridades de cada atividade. Artigo 6º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades técnicas: I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente. • LEI ESTADUAL SP, N° 6.134, DE 2 DE JUNHO DE 1988 Dispõe sobre a preservação dos depósitos naturais de águas subterrâneas do Estado de São Paulo, e dá outras providências O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte Lei: Art. 1°. Sem prejuízo do disposto na legislação específica vigente, a preservação dos depósitos naturais de águas subterrâneas do Estado de São Paulo reger-se-á pelas disposições desta Lei e regulamentos dela decorrentes. Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei são consideradas subterrâneas as águas que ocorram natural ou artificialmente no subsolo, de forma suscetível de extração e utilização pelo homem. Art. 2°. Nos regulamentos e normas decorrentes desta Lei serão sempre levados em conta a interconexão entre as águas subterrâneas e superficiais e as internações observadas no ciclo hidrológico. Art. 4°. As águas subterrâneas deverão ter programas permanentes de preservação e conservação, visando ao seu melhor aproveitamento. Art. 5°. Os resíduos líquidos, sólidos ou gasosos, provenientes de atividades agropecuárias, industriais, comerciais ou de qualquer outra natureza, só poderão ser conduzidos ou lançados de forma a não poluírem as águas subterrâneas. Parágrafo único. A descarga de poluente, tais como águas ou refugos industriais, que possam degradar a qualidade da água subterrânea, e o descumprimento das demais determinações desta Lei e regulamentos decorrentes sujeitarão o infrator às penalidades previstas na legislação ambiental sem prejuízo das sanções penais cabíveis. Art. 6°. A implantação de distritos industriais e de grandes projetos de irrigação, colonização e outros que dependam da utilização de águas subterrâneas, deverá ser precedida de estudos hidrogeológicos para a avaliação das reservas e deverá ser precedida de estudos hidrogeológicos para avaliação das reservas e do potencial dos recursos hídricos e para o correto dimensionamento do abastecimento, sujeitos à aprovação pelos órgãos competentes, na forma a ser estabelecida em regulamento. Parágrafo único. As disposições do art. 5° e seu parágrafo único deverão ser atendidas pelos estudos citados no "caput" deste artigo. 3.7 Tecnologias para tratamento e disposição da vinhaça Diante da criação de leis e normas que proibiam o lançamento da vinhaça nos corpos de água, foram desenvolvidas técnicas para redução dos prejuízos ambientais. A necessidade de fazer investimentos para preservação do meio ambiente trouxe certo desconforto para os empresários do mercado sucroalcooleiro. Técnicas como a aerobiose, a reciclagem na fermentação e a fertirrigação já eram bem estudadas e conhecidas nos anos 80. Atualmente, a combustão, a produção de levedura, o uso na construção civil, a fabricação de ração animal e a digestão anaeróbia encontram-se em distintos níveis de desenvolvimento. 3.7.1 Aerobiose A aerobiose consiste no tratamento da vinhaça como efluente em duas fases: a primeira é anaeróbia e a segunda é aeróbia. A principal vantagem é a grande redução de DBO (70 a 90% no primeiro passo) e até 99% no segundo. Os principais problemas derivados dessa opção são associados à necessidade de construção, manutenção e monitoramento de grandes tanques ou lagoas para o tratamento, devido aos grandes volumes do resíduo. 3.7.2 A reciclagem na fermentação A reciclagem da vinhaça na fermentação é um expediente empregado para substituir a água como diluidor (razão 1:3 entre vinhaça e água). A existência de um limite técnico no aproveitamento da vinhaça para este fim impede que a redução da descarga de vinhaça, embora efetiva, possa ser muito significativa. 3.7.3 Fertirrigação A fertirrigação já era uma alternativa conhecida há muito tempo. Despejada in natura no solo, a vinhaça irriga e, ao mesmo tempo, fertiliza a lavoura, razão pela qual ela traz o duplo benefício da disposição da vinhaça e da economia de custos em insumos, diminuindo gastos com fertilizantes e em conseqüência disso, tornou-se uma prática adotada por quase todas as usinas e destilarias. Vários experimentos comprovam os resultados positivos obtidos na produtividade agrícola, associados à economia na aquisição dos adubos minerais e reduzindo a poluição do lençol freático, quando a vinhaça é disposta em doses recomendadas. Para Ferreira e Monteiro (1987) a adição da vinhaça in natura nos solos é, sem dúvida, uma boa opção para o aproveitamento deste resíduo, visto que ele é um excelente fertilizante e proporciona inúmeros benefícios nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Esses autores concluem que as vantagens decorrentes da utilização da vinhaça são: elevação do pH, aumento da capacidade de troca catiônica (CTC), aumento da disponibilidade de certos nutrientes, melhoria da estruturação do solo e aumento na retenção de água e no desenvolvimento da microflora e microfauna do solo. Ainda segundo os autores, efeitos negativos no solo ou nas plantas estão diretamente relacionados com doses excessivas ou aplicação em solos não apropriados. Até 1950, acreditava-se que a fertirrigacão da vinhaça no solo provocava aumento da sua acidez. Porém, Almeida (1950), concluiu que ao contrário do que se acreditava, a vinhaça tornava os solos mais alcalinos. Este fenômeno foi justificado pelo fato da vinhaça, inicialmente e logo após a sua aplicação, aumentar a acidez do solo, para depois reduzi-la, devido à decomposição da matéria orgânica e ao desaparecimento dos ácidos orgânicos existentes e que se consomem no solo pelas bactérias presentes. Vários autores dentre eles, Leme (1980) e Camargo (1983), compartilham essa idéia onde a vinhaça provoca um aumento do pH, da CTC, da capacidade de armazenamento de água e da agregação do solo. Segundo Leal (1983), o aumento do pH do solo após a aplicação da vinhaça estaria associado ao desenvolvimento da população microbiana e da transformação do nitrogênio, através da reação de desnitrificação do nitrato (NO3-) em nitrito (NO4-). Os efeitos da vinhaça no pH do solo são efêmeros, voltando aos valores originais após um determinado período de tempo (RODELLA ,1983). 3.7.4 Disposição da vinhaça ao solo Para realização desta atividade devem ser considerados parâmetros ambientais como: tipo de solo, distância de cursos de água, capacidade de campo do solo (retenção de água) e percentual de sais presentes no solo. De acordo com estudo realizado pela Coopersucar, por meio de trabalhos realizados por Penatti (1999), doses de 300 m3/ha de vinhaça com teor de potássio entre 3 e 4 kg/ m3 de vinhaça, independente do tipo de solo, não alteram suas propriedades físicas, químicas e biológicas. 3.7.5 Incineração da vinhaça A incineração da vinhaça é uma das alternativas para concentrá-la e queimá-la em caldeiras. O consumo elevado de energia para evaporar a água da vinhaça, contudo, não compensa a economia de energia na destilaria. As pesquisas para esta alternativa devem buscar a melhoria do balanço energético. 3.7.6 Produção de levedura a partir da vinhaça A produção de levedura a partir da vinhaça também é uma tecnologia alternativa que permite reduzir a descarga de vinhaça. Todavia, dois fatores concorrem para a elevação dos custos desta alternativa. Em primeiro lugar, o fato de que se deve acrescentar à vinhaça, sais de amônia e de magnésio para se obter o fermento seco. Em segundo lugar, e talvez o mais importante, o fato de ser elevado o consumo de energia para a evaporação da água da vinhaça, requerida neste processo. 3.7.7 Utilização da vinhaça na construção civil Na construção civil, a vinhaça pode ser adicionada à massa de cimento. Também existem estudos sobre a fabricação de materiais de construção, principalmente tijolos, a partir da vinhaça, tendo sido feitos avanços significativos quanto à resistência do material obtido. A possibilidade de redução da descarga de vinhaça é limitada, entretanto, a viabilidade econômica desta alternativa deve se restringir às construções próximas ao local de origem da vinhaça, devido ao problema dos custos de transportes. 3.7.8 Fabricação de ração animal a partir da vinhaça A fabricação de ração animal a partir da vinhaça também é uma possibilidade estudada durante os anos 80. O resíduo deve ser tratado para a redução do nível de potássio, podendo ser utilizado como ração de bovinos, suínos e aves. Reporta-se que a ração assim produzida não interfere no sabor ou odor do leite e seus derivados, que tem boa aceitação pelos animais e que a taxa de conversão (ganho de peso com relação ao consumo de ração) é adequada. Há, porém, limitações de dosagem que devem ser obedecidas. Em ruminantes, por exemplo, a ração feita da vinhaça não pode ultrapassar 10% da alimentação diária: em suínos, ela não deve ultrapassar de 2 a 3%. As pesquisas, realizadas desde a década de 1970, buscavam a redução de potássio, da DBO e o aumento da aceitabilidade. 3.7.9 Digestão anaeróbia A digestão anaeróbia da vinhaça tem a seu favor o argumento econômico da produção do metano. O desenho e aperfeiçoamento do equipamento (reator ou biodigestor) contaram com esforços, envolvendo diversas instituições públicas (o IPT, Cetesb) e privadas (a PAISA - Penedo Agroindustrial S/A, a Biometano e as Usinas São Martinho e Boa Vista, ambas no Estado de São Paulo). Problemas técnicos, como o longo tempo de retenção e a granulação do lodo de microorganismos, foram superados e a digestão anaeróbia da vinhaça é, hoje, considerada tecnicamente viável. A redução da DBO, embora grande, não dispensa o tratamento posterior, end of pipe. A viabilidade econômica desta tecnologia, entretanto, é dificultada por dois fatores, pelo menos. Em primeiro lugar, a falta de valorização do biogás, como combustível alternativo; em segundo lugar, a difusão bem sucedida da fertirrigação, que não sofreu nenhum controle ambiental mais rigoroso. 3.7.10 Biodigestão anaeróbia da vinhaça Segundo Granato (2003), os processos de fermentação bacteriológicos da matéria são anteriores à existência do homem na terra, visto que a quantidade de bactérias e a intensidade de suas ações no ambiente primitivo colaboraram na determinação da composição da atmosfera, propiciando condições de desenvolvimento da vida. A biodigestão anaeróbia de matéria orgânica é uma das formas pela qual o metano é produzido. Outra forma de se encontrar esse hidrocarboneto é em jazidas subterrâneas, onde, na maioria das vezes, está associado ao petróleo. Nessa última forma, o gás natural constitui-se importante combustível fóssil e é bastante explorado. Em anos recentes, estudos da atmosfera mostraram que aproximadamente 0,5 % da produção total anual de matéria seca por fotossíntese, é transformada em metano, acumulando uma quantidade de 800 milhões de toneladas de gás que é descarregada anualmente em nossa biosfera, contribuindo para o chamado “efeito estufa”. De fato, o metano é considerado o segundo principal responsável pelo aquecimento global do planeta, atrás, é claro, do dióxido de carbono (GRANATO, 2003). Segundo Nogueira (1986), a primeira instalação operacional destinada a produzir gás combustível foi construída em 1957, em Bombaim, na Índia, para atender um hospital de hansenianos. Na época, pesquisadores como Fisher, na Alemanha e Gayon, na França, estabeleceram as bases teóricas e experimentais da biodigestão anaeróbia. Em 1980, Donald Cameron projetou um tanque séptico para a cidade de Exeter, Inglaterra, e o gás foi coletado e usado na iluminação pública de rua. Na Alemanha, Karl Imhoff desenvolveu um tanque biodigestor para o tratamento anaeróbio de esgotos residenciais. O tanque Imhoff foi bastante difundido na época. Outra utilização intensa das possibilidades da biodigestão deu-se na China, a partir de 1958, ampliando-se em 1980, com a instalação de cinco milhões de biodigestores de uma nova concepção, todos localizados ao sul do Rio Amarelo, onde as condições climáticas eram mais favoráveis à produção do biogás. Atualmente, cerca de 25 milhões de chineses usam biogás, principalmente para iluminação e cocção. Aproximadamente 10.000 digestores de médio e grande porte se encontram em funcionamento em fábricas de alimentos, destilarias, fazendas de gado, entre outros. O biogás produzido em grandes unidades é transferido para estações centralizadas, onde é aproveitado na geração de potência mecânica (existem cerca de 422 estações com capacidade instalada de 5.849 hp) e potência elétrica ( 822 estações responsáveis pela produção total de 7.836 kW) (FIORE, 1994). A Biodigestão da vinhaça é uma tecnologia nova na qual o metano e o dióxido de carbono são seus principais produtos, mas ainda requer melhorias em sua eficiência. Apresenta uma redução significativa na DBO que, por sua vez, diminui o poder poluidor da vinhaça. Vários grupos de microorganismos atuam em cooperativismos, uns fornecendo substratos para o outro. Tais microorganismos estão presentes na natureza em ambientes anaeróbios como fundos de lagoas, pântanos, rúmen de herbívoros e fezes de animais e humanos (GRANATO, 2003). Apesar de a vinhaça apresentar pH ácido, após sua introdução no reator, devido ao consumo dos ácidos orgânicos e formação de compostos como amônia, ocorre rápida elevação do pH do meio reacional sem necessidade de adição de compostos alcalinos (GRANATO, 2003). Os principais inibidores em potencial encontrados na vinhaça são os íons dos compostos de enxofre e o potássio solúvel, e apresentam concentrações mais críticas nas vinhaças oriundas de mosto de melaço e misto de caldo e melaço. Ressalta-se que o sulfato como tal não é inibidor do processo, mas este composto, ao ser utilizado pelas bactérias redutoras de enxofre, também presentes no reator anaeróbio, é transformado em sulfeto que em forma solúvel, torna-se um agente inibidor em concentrações da ordem de 200mL/L. A inibição será, desse modo, em função do equilíbrio resultante no sistema entre as formas solúvel, insolúvel e gasosa do sulfeto (PINTO, 1999). Quanto aos nutrientes necessários para o desenvolvimento das bactérias presentes no reator, fósforo, nitrogênio e os micronutrientes encontrados na vinhaça são adequados. Recomenda-se apenas a complementação de nutrientes durante o procedimento de partida de novos reatores, a fim de favorecer o desenvolvimento inicial das bactérias. Nesses casos, são empregados compostos de nitrogênio e fósforo na forma de fertilizantes minerais, em quantidades que variam conforme a composição da vinhaça utilizada (GRANATO, 2003). Para Nogueira (1996), os diferentes processos industriais de produção do etanol dificultam a definição de uma composição específica para a vinhaça, uma vez que os nutrientes são consumidos no processo apenas para o crescimento microbiano, que ocorre em baixa taxa, conforme observado anteriormente, as quantidades excedentes estarão disponíveis no efluente do processo, tornando esse material atrativo à fertirrigação. Para GRANATO (2003), o lodo anaeróbio possui baixa taxa de auto consumo, mesmo em prolongados períodos de inatividade, sendo capaz de conservar sua atividade específica com a mesma intensidade anterior à paralisação, em curtos intervalos de tempo. Essa característica do equipamento permite a volta ao funcionamento do reator após os períodos de entressafra sem que ocorra a necessidade de substituir ou readaptar o lodo biológico. O autor ainda diz que, o potencial de geração do biogás a partir da vinhaça é variável conforme seu conteúdo de matéria orgânica biodegradável durante o processo. A aplicação do processo fermentativo anaeróbio tem envolvido a utilização de reatores de grandes volumes devido à incapacidade desses sistemas convencionais na retenção da população microbiana de elevado tempo de duplicação. Se um sistema estiver submetido a um tempo de retenção celular menor que o tempo de duplicação médio bacteriano, ocorrerá a lavagem das bactérias e a conseqüente impossibilidade de realização do processo. Desta forma, o tempo de retenção celular precisa ser igual ao tempo de retenção hidráulica. O mínimo tempo de retenção hidráulica permitido está limitado pelo tempo de duplicação das bactérias metanogênicas, que na prática corresponde a um tempo e retenção e cerca de dez dias, inviabilizando a aplicação do processo para despejos industriais. 3.7.11 Disposição da vinhaça no solo 3.7.11.1 Efeitos Biológicos O lançamento da vinhaça no solo provoca um aumento da atividade microbiológica que acelera a atividade de decomposição da vinhaça. O processo de decomposição microbiológico interfere nas características físicas e químicas do solo. A vinhaça quando lançada promove uma acidificação imediata do solo, favorecendo o desenvolvimento de fungos que são os microrganismos responsáveis pelo início do processo de decomposição. À medida que o pH do solo vai subindo, observa-se o desenvolvimento de bactérias que são responsáveis pelo processo de decomposição final. A atividade microbiana favorece o aparecimento de agregados no solo, ou seja, os fungos com o desenvolvimento de seus micélios e as bactérias com a produção de substâncias gomosas. 3.7.11.2 - Efeitos Químicos Para sabermos as quantidades ideais de vinhaça a se dispor ao solo é importante conhecermos as propriedades desta. É sabido, ainda, que a aplicação de vinhaça em teores racionais não apresenta um comprometimento à composição química e física do solo. Segundo Orlando Filho (1995), solos arenosos com aplicação de nitrogênio mineral (60 kg/ha) e doses de vinhaça com 0, 150, 300, 600 m3 / ha mostraram que não houve lixiviação de nenhum composto derivado do N+, em 25 semanas após o uso. Acredita-se que este resultado foi alcançado devido à atividade microbiológica. A vinhaça, quando aplicada em doses racionais em solo arenoso, apresenta melhores resultados do que em solos argilosos, visto que ela promoverá uma agregação das partículas que compõem o solo e aumentará sua eficiência na retenção de água, ações estas difíceis de serem realizadas neste tipo de solo. 3.8 Microbiologia A digestão anaeróbia é um processo biológico que ocorre na ausência de oxigênio livre no qual, diversas populações de bactérias convertem a matéria orgânica numa mistura de metano, dióxido de carbono e pequenas quantidades de hidrogênio, nitrogênio e sulfato de hidrogênio. Essa mistura é conhecida como biogás e pode ser utilizada como combustível devido às elevadas concentrações de metano, usualmente na faixa de 55% e 70%.O efluente líquido final do processo integra a parcela da matéria orgânica não convertida em forma solúvel e estável (NOGUEIRA, 1986). A degradação microbiológica de matéria em um ambiente anaeróbio só pode ser obtida por microorganismos capazes de utilizar outras moléculas, ao invés de oxigênio, como aceptores de hidrogênio. A degradação anaeróbia da matéria orgânica é quimicamente um processo bastante complicado, envolvendo centenas de possíveis compostos e reações intermediárias, cada uma catalisada por enzimas e catalisadores específicos. As bactérias atuam simbiótica e sinergeticamente, utilizando a matéria orgânica de forma assimilativa para o crescimento da população atuante no processo. As transformações podem ser obtidas por um dos vários caminhos metabólicos alternativos, e os bioquímicos continuam tentando definir e descrever mais precisamente esses vários mecanismos (SCHIRIM, 1991). Quando as bactérias degradam moléculas complexas como celulose, proteínas, amido e gorduras, que compõem a matéria orgânica, a primeira etapa consiste em quebrar as ligações entre as unidades básicas. Isso é realizado pelas enzimas liberadas externamente pelas bactérias para fazer, especificamente, esse desdobramento, transformando os polímeros orgânicos em suas subunidades constituintes, notadamente açúcares, aminoácidos e ácidos graxos de cadeia longa, que podem ser incorporados no interior da célula. Desta forma, para as bactérias alimentarem-se de moléculas complexas, estas são separadas em unidades mais simples, e esta separação geralmente conduz à produção de ácido acético, além de outros ácidos, e seus respectivos sais, aumento da temperatura, utilização de material finamente dividido e pH levemente ácido (GRANATO, 2003). Segundo Glória (1998), a decomposição anaeróbia é geralmente dividida em duas fases: a fase acidogênica e a fase metanogênica. Na fase acidogênica, os compostos gerados na etapa anterior, uma vez encorpados no interior da célula, são convertidos (pelas bactérias formadoras de ácidos) em ácido voláteis, álcoois, dióxido de carbono, hidrogênio molecular e amônia. É a fase que tem cinética rápida, em que a assimilação da matéria em biomassa microbiana é grande. Para Pinto (1999), as bactérias que realizam essa fase podem ser anaeróbias ou facultativas, isto é, vivem com oxigênio ou sem ele. As facultativas são importantes não apenas por produzirem alimento para as bactérias anaeróbias, como, também, por eliminarem traço de oxigênio dissolvido, fatal para essas bactérias, que tenha permanecido no material orgânico. Na fase metanogênica, compostos simples como dióxido de carbono, hidrogênio molecular, ácido acético e metanol, gerados na etapa anterior, são metabolizados pelas bactérias metanogênicas, havendo desassimilação de metano e dióxido de carbono. Existem dúvidas sobre quais produtos finais da fase de formação de ácidos são utilizados pelas bactérias formadoras de metano, mas é certo que mais de 70% de todo o metano formado provém do acetato, um sal do ácido acético, e o resto do dióxido de carbono e hidrogênio. Sendo assim, considerase que poderá ocorrer ainda uma etapa intermediária, chamada acetogênica, na qual os ácidos orgânicos mais pesados e álcoois são fermentados em acetato, dióxido de carbono e hidrogênio molecular, substrato efetivamente utilizado pelas bactérias metanogênicas. Participam dessa etapa as bactérias acetogênicas, produtoras de hidrogênio, que trabalham em estreita associação com as bactérias metanogênicas, uma vez que as últimas são responsáveis pela remoção do hidrogênio produzido, que, quando presente acima de determinadas concentrações no meio de fermentação, torna-se inibidor ao metabolismo das bactérias acetogênicas que o produziram (NOGUEIRA, 1986). Segundo este autor, é importante observar que a população de bactérias no biodigestor é interdependente e simbiótica. As bactérias formadoras de ácido asseguram que o meio está livre de oxigênio e produzem o alimento básico para as bactérias metanogênicas, além de suas enzimas agirem sobre proteínas e aminoácidos, liberando sais de amônia, as únicas fontes de nitrogênio que as bactérias metanogênicas aceitam. Estas por sua vez, embora não possam viver sem as formadoras de ácidos, removem os produtos finais do metabolismo das primeiras e os convertem em gases, que escapam do sistema. Caso essa conversão não se processasse, as condições no biodigestor se tornariam tão ácidas que matariam as bactérias formadoras de ácidos (LETTINGA, 1991). 3.9 Fatores que influenciam no processo de biodigestão anaeróbia Segundo Pinto (1999), quatro fatores influenciam no processo de biodigestão anaeróbia: - Temperatura Experiências realizadas indicam uma correlação entre a produtividade do processo de digestão anaeróbia e a faixa de temperatura de operação. Os microorganismos devem ser adaptados à faixa de temperatura de trabalho, o que permite classificá-los também com relação a este parâmetro. As bactérias operando numa faixa inferior a 20ºC são chamadas psicrofílicas; outras operando entre 20 a 45ºC são chamadas mesofílicas; acima de 45ºC operam as bactérias termofílicas. Abaixo de 10ºC o processo é, em geral, interrompido, visto que a produção de gás aumenta com a elevação da temperatura. A faixa termofílica, portanto, apresenta taxas de conversão maiores e assim, um menor tempo de residência do resíduo no digestor, além do seu volume poder ser menor, reduzindo-se os custos iniciais. Na faixa de 55º a 70ºC, foi constatado que a celulose e outros polímeros alcançam as maiores taxas de hidrólise. Apesar disso, a maior parte do digestores trabalha na faixa mesofílica, por estes serem mais confiáveis, não necessitando de controle de temperatura. - pH e acidez do meio Os microorganismos são seres vivos que necessitam de um meio propício ao seu desenvolvimento; por isso, a acidez e a alcalinidade são fatores importantes no processo de digestão anaeróbia. O pH do processo deve ser mantido entre 6 e 8, podendo ser considerado ótimo de 7 a 7,2; seu controle é função do acúmulo de bicarbonato, da fração de CO2 da parte gasosa, da concentração em ácidos voláteis ionizados e da concentração de nitrogênio sob a forma de amônia. As bactérias formadoras de ácidos fracionam a matéria orgânica e produzem ácidos voláteis. Daí resulta um aumento da acidez do meio e uma redução do pH. Quando as bactérias metanogênicas começam a agir, transformam os ácidos em metano, neutralizando o meio e elevando o pH. Outro fator que tende a elevar o pH é o teor de amônia, que aumenta quando as proteínas começam a ser digeridas. Um terceiro fator atuante sobre o pH do meio, agindo de modo a estabilizá-lo, é o bicarbonato. A concentração do íon bicarbonato é diretamente proporcional ao teor de dióxido de carbono e ao pH do meio. Assim se as bactérias do primeiro grupo são muito rápidas e produzem mais alimentos do que as metanogênicas conseguem digerir, o dióxido de carbono liberando tornará maior a concentração de bicarbonato, o que impede a queda acentuada no pH. Com o correr da degradação do material orgânico em um sistema fechado, o pH tende a se elevar e a produção de metano tem o seu pico. Se o conteúdo de um digestor em operação torna-se muito ácido, o método mais comum de restaurar o pH ideal é interromper sua alimentação por alguns dias. Isto dá um tempo para as bactérias metanogênicas reduzirem a concentração dos ácidos voláteis. Em digestores de grande porte, nos quais a interrupção da alimentação é complicada devido a problemas de estocagem do resíduo, o pH é usualmente elevado pela adição de hidróxido de cálcio, altamente alcalino. - Composição e Concentração do Resíduo A composição do resíduo a ser tratado afeta a produção de biogás na proporção direta: quanto maior for o conteúdo de sólidos voláteis, os quais representam a quantidade de sólidos orgânicos presentes na amostra, e a disponibilidade de nitratos, fosfatos e sulfatos, maior será a produção de biogás. Nota-se, também que a produção de metano é diretamente proporcional à demanda química de oxigênio (DQO). A presença de nitrogênio sob a forma de proteína é favorável, pois a mineralização conduz à amônia, que é útil no estabelecimento da alcalinidade. Elementos nutrientes essenciais, como o ferro, e os micronutrientes, como o níquel e o cobalto, demonstram efeitos positivos na produtividade de metano. Já o enxofre em grande quantidade aumenta a produção de H2S. Certos íons orgânicos, como o K+, o Na+, o Ca++, a amônia iônica NH4+, o Mg++ e o S-- apresentam, na fermentação, uma propriedade singular: quanto em quantidade diminutas são excitantes do metabolismo celular, manifestando, porém, propriedades inibidoras do mesmo metabolismo quando em concentrações mais elevadas. Ainda não é completamente conhecido o fenômeno da inibição; acredita-se que, em maiores concentrações, os íons atravessem a delicada membrana celular, interferindo no mecanismo biológico da célula. Alguns materiais orgânicos, especialmente os sintéticos, são também tóxicos para as bactérias. De modo geral, os detergentes não biodegradáveis e aqueles á base de cloro são fortes inibidores do metabolismo bacteriano. O amoníaco (NH3), em concentrações da ordem de 150 mg/L, é, igualmente, um forte inibidor. Também se deve cuidar para que não penetrem no digestor resíduos, animais que tenham sidos tratados com antibióticos ou água de lavagem de pesticidas. Porém, apesar da susceptibilidade das bactérias acidogênicas e metanogênicas a componentes tóxicos nas matérias orgânicas, o potencial que tem para se adaptarem e efetuarem a conversão de compostos químicos foi demonstrado ser muito maior do que o percebido anteriormente. Uma das vantagens da digestão anaeróbia consiste justamente na diversidade de substrato passíveis de sofrerem fermentação. As bactérias metanogênicas não exigem substâncias ou matérias específicas para sua operação; diversamente da obtenção do álcool, na qual as enzimas somente se desenvolvem a partir de açúcares, as bactérias anaeróbias se nutrem de toda a matéria orgânica. - Agitação A agitação propicia um maior contato do substrato com as bactérias, distribuindo melhor calor na biomassa e dando maior uniformidade dos produtos intermediários e finais da biodigestão, além de evitar a produção de uma crosta que pode obstruir a parte superior do biodigestor. A obtenção de boas condições hidráulicas no digestor é um ponto fundamental para o sucesso da exploração em longo prazo. Vários são os casos de entupimento nas tubulações causados pela formação de crostas em condições hidráulicas insatisfatórias. Para a agitação podem-se utilizar mecanismos de acionamento direto com um eixo e hélice em contato com a biomassa e o borbulhamento de biogás. 3.10 Métodos para identificação de bactérias Dentre os principais microrganismos responsáveis por contaminação e conseqüente fracasso da fermentação alcoólica, destacam-se as pertencentes ao grupo das Gram-positivas: Lactobacillus, Clostridium, Bacillus, Streptococus, Leuconostoc e apenas os microrgansimos, Acetobacter, Aerobacter pertencentes ao grupo das Gram - negativas. O método consiste no tratamento de uma amostra de uma cultura bacteriana crescida em meio sólido ou líquido, com um corante primário, o cristal de violeta, seguido de tratamento com um fixador, o lugol. Tanto bactérias Gram-positivas quanto Gram-negativas absorvem de maneira idêntica o corante primário e o fixador, adquirindo uma coloração violeta devido à formação de um complexo cristal violeta-iodo, insolúvel, em seus citoplasmas. Segue-se um tratamento com um solvente orgânico, o etanolacetona. O solvente dissolve a porção lipídica das membranas externas das bactérias Gram-negativas e o complexo cristal violeta-iodo é removido, descorando as células. Por outro lado, o solvente desidrata as espessas paredes celulares das bactérias Gram-positivas e provoca a contração dos poros do peptidoglicano, tornando-as impermeáveis ao complexo; o corante primário é retido e as células permanecem coradas. Em seguida, a amostra é tratada com um corante secundário, a fucsina básica. Ao microscópio, as células Gram-positivas aparecerão coradas em violeta escuro e as Gramnegativas em vermelho ou rosa escuro. (WILLIAN ; MAYBERRY, 2000) 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Análises cromatográficas Foram feitos estudos preliminares por meio da técnica de cromatografia em fase gasosa, para verificar a presença de metano, produzido pelo processo de decomposição da vinhaça no solo e foram seguidas as seguintes etapas descritas abaixo: 4.1.1 Coleta do solo e preparo da amostra de solo Foi feita a coleta de amostras de solo irrigado em diferentes períodos de irrigação, sendo considerado o solo virgem (nunca irrigado) como amostra padrão, solo com um ano de irrigação, solo nunca irrigado, porém próximo da área irrigada e solo com mais de 10 anos de irrigação. As amostras foram coletadas na fazenda Andrade em Pitangueiras - SP. Elas foram coletadas numa profundidade de 30 cm da superfície do solo. 4.1.2 Experimento 1 - Analise por cromatografia em fase gasosa No laboratório, foram feitos os experimentos, colocando-se em recipientes metálicos (latas de 900mL), 200 g de amostra de solo e adicionado 200 mL de água destilada. Os recipientes foram fechados, agitados e deixados em repouso por 02 semanas. Após este período, as latas foram perfuradas com uma chave na região do “head space” (espaço aéreo acima do solo) e com uma seringa, os gases foram coletados e injetados no cromatógrafo modelo HP 6890 plus+ para análise. Utilizou-se uma coluna capilar de sílica fundida (HP- Al/KCL) de 50 m de comprimento, 0,32 mm de diâmetro interno e 8 µm de filme. O cromatógrafo foi calibrado com uma mistura padrão de gases. 4.1.3 Experimento 2 - Analise cromatográfica dos solos com contaminação adicional de vinhaça Foram colocados em novos recipientes, 200 g das amostras de solo, conforme descrito acima, porém sem a adição da água destilada, e adicionados 20 mL de vinhaça. Após a adição, foi inserido CO2 no interior dos recipientes, num período de 30 segundos e vazão de 3 L min-1 , na tentativa de reduzir o O2 atmosférico, fazendo desta forma, um ambiente anaeróbio. 4.2 Ensaios Microbiológicos 4.2.1 Método de Coloração Gram O método de coloração Gram é baseado na capacidade das paredes celulares de bactérias Gram-positivas de reterem o corante cristal de violeta durante um tratamento com etanol-acetona, enquanto que as paredes celulares de bactérias Gram-negativas não o fazem. A coloração Gram é um dos mais importantes métodos de coloração utilizados em laboratórios de microbiologia, sendo quase sempre o primeiro passo para a caracterização de amostras de bactérias. A técnica tem importância ambiental e clínica, uma vez que, muitas das bactérias, associadas às contaminações e infecções, são prontamente observadas e caracterizadas como Gram-positivas ou Gram-negativas em esfregaços de pus ou de fluidos orgânicos. Essa informação permite um monitoramento à contaminação até que dados de cultura, que são mais demorados e complexos, estejam disponíveis. As lâminas podem ser montadas permanentemente e preservadas como documentação. (WILLIAN R.; MAYBERRY, WR, 2000). O método foi desenvolvido da seguinte forma: 1- Aplica-se cristal de violeta sobre a lâmina e espera-se por um minuto. 2- Lava-se a lâmina com álcool. 3- Aplica-se lugol sobre a lâmina e espera-se por um minuto. 4- Lava-se a lâmina com álcool e água destilada. 5- Aplica-se fucsina sobre a lâmina e espera-se 30 segundos e depois se lava com água. 4.2.2 Isolamento de Microrganismos em Cultura Para volume de vinhaça adicionados nas amostras, foram preparados 05 frascos de Erlenmeyer de 250 mL onde foram adicionados 225 mL de água desmineralizada em cada um. Os frascos foram tampados com algodão, revestidos com papel alumínio e submetidos à autoclave a uma temperatura de 120ºC durante 20 minutos. Após o resfriamento, adicionou-se 25 mg de solo em cada frasco. A mistura foi homogeneizada com a finalidade de formar uma solução. Desta solução, retirou-se 01 mL que foi adicionado a um tubo de ensaio previamente autoclavado contendo 09 mL de solução salina (0,85%) e tampados com algodão. Os tubos foram homogeneizados e foi transferido 01 mL desta solução para um segundo tubo de ensaio contendo 09 mL solução salina (0,85 %), formando-se uma solução diluída a 10-2. Deste segundo tubo de ensaio, retirou-se novamente 01 mL da mistura que foi adicionada em um terceiro tubo com 09 mL de solução salina (0,85 %), formando uma solução diluída a 10-3. Este procedimento foi repetido para as demais amostras. Para cada tubo de ensaio preparado, um volume de 0,1 mL da solução, que foi transferido para um tubo de ensaio contendo um caldo nutritivo Muelle Hinton Agar, de composição 2g de “ieef stratit”, 16,5g de “acid hydrolysate off casin”, 1,5g “starsh”, 17g agar, pH final: 7,3 + ou – 0,1 e levado para à estufa a 37ºC por 24 horas, repetindo-se o procedimento para cada amostra preparada. Após o período de crescimento em meio nutritivo, as amostras foram inoculadas em placas de Petri contendo Muelle Hinton Agar Padrão Contagem e incubadas a uma temperatura de 37ºC. A contagem das colônias foi efetuada após 24 e 48 horas de incubação. Na figura 2, é mostrado o processo de contaminação do meio sólido com o método de estria composta, com bactérias desenvolvidas em meio líquido (meio nutritivo). Figura 2. Contaminação do meio sólido com método de estria composta. 4.3 Delineamento da digestão da vinhaça em diferentes condições por um consórcio microbiano Estes experimentos tiveram como finalidade identificar as melhores condições para biodigestão da vinhaça pelo consórcio microbiano. 4.3.1 Coleta do consórcio microbiano Este consórcio microbiano foi coletado de um lodo formado em uma lagoa onde é despejada vinhaça em período de safra. Coletou-se em frasco estéril de 1000 mL deste lodo, que ficou conservado em temperatura de 4°C até o início dos experimentos. 4.3.2 Analise de DQO (demanda química de oxigênio) A análise de DQO foi realizada nas amostras de vinhaça, melaço e lodo (consórcio microbiano) nas seguintes condições: Para 3mL de amostra diluída adicionou-se 3,5 mL de uma solução digestora descrita abaixo: Solução digestora: (10,120g de sulfato de prata para 1000mL de ácido sulfúrico) e 1,5 mL da solução digestora B (10,216 g de dicromato de potassio, 33,33g de sulfato de mercúrio,127 mL de ácido sulfúrico em 1000mL de água destilada). Agitou-se e colocou-se em bloco digestor á 90°C por duas horas e posteriormente realizada leitura em espectrofotômetro em 550 nm. Para as analises foram feitas diluições da vinhaça 1:50. 4.3.3 Preparo do inóculo Para o crescimento dos microrganismos foram testados os seguintes meio de cultura: Meio BDA Composição: - 20g glicose (Dextrose); - 200g de batata;- 1000 mL de água destilada; pH= 6,8 A sacarose foi diluída em água destilada e acrescentou-se caldo de batata, o pH foi acertado para pH 6,8. O meio foi autoclavado por 20 minutos e distribuído em placas. Meio MA Composição:- 30g de extrato de malte;- 15g de água para 1L, pH6,5.* Marca: Sigma. O meio foi autoclavado por 20 minutos e distribuído em placas. Meio Pcye Composição:- 10g de extrato de levedura;- 2,0g de carvão ativado;1,0g de KH2PO4;- 1,10g de K2HPO4;- 0,4g de MgSO4.7H2O;- 0,25g de FeSO4.7H2O; Ajustar o pH para 6,9 com KOH 1M. O meio foi autoclavado por 20 minutos e distribuído em placas (LOPES e TORRES, 2006). O meio líquido utilizado para o crescimento dos microrganismos para os experimentos de variação de temperatura e pH foi o Pcye. Foi utilizada uma modificação deste meio contendo 8,6° Brix com melaço diluído e não foi adicionado carvão ativado. 4.3.4 Variação da temperatura Para variação de temperatura foi retirada uma alíquota de 10 mL do meio contendo microrganismos crescidos em melaço e inoculados em frascos de 250mL com 150mL de vinhaça, em mesa agitadora à 125 rpm. As amostras foram retiradas durante 4 dias, analisando a viabilidade microbiana e a DQO. Foram avaliadas duas temperaturas distintas: 37°C e 55° C a fim de verificar em qual classe de microrganismos atua melhor na biodigestão da vinhaça: os mesófilos ou os termófilos. 4.3.5 Variação do pH Uma alíquota de 10 mL do meio contendo microrganismos crescidos em melaço, foram inoculados em frascos de 250 mL com 150 mL de vinhaça, em mesa agitadora à 125 rpm. As amostras foram retiradas todos os dias e foi analisado o crescimento microbioano e a DQO durante 4 dias. Foram avaliados diferentes valores de pH: 4,0; 7,0 e 8,0 a fim de verificar em quais condições os microrganismos atuam melhor na biodigestão da vinhaça. 4.3.6 Avaliação das melhores condições para biodigestão da vinhaça Uma alíquota de 10 mL do meio contendo microrganismos crescidos em melaço foram inoculados em frascos de 250mL com 150mL de vinhaça, em mesa agitadora à 125 rpm, e cultivados durante 4 dias nas melhores condições de pH e temperatura. As amostras foram avaliadas durante 4 dias e foi analisado o crescimento microbiano, temperatura e a DQO. 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Caracterização da vinhaça na região de Ribeirão Preto Para conhecer as características da vinhaça que é produzida na região de Ribeirão Preto, foram analisados os dados fornecidos pelo laboratório de Recursos Hídricos da UNAERP que apresentaram em média as seguintes características físico-químicas, mostradas na Tabela 2. Estes dados foram levantados em um universo de 30 análises feitas no período de 2005-2006. Segundo Camargo (1982), o aproveitamento da vinhaça no solo, deve ser bem controlado, para evitar o acúmulo de sais. O potássio é um dos sais encontrados em maior concentração na vinhaça e seu acúmulo causa o processo de salinização do solo, podendo afetar a produção da planta que pode sofrer acúmulo deste sal dentro de sua estrutura, principalmente quando a evapo-transpiração excede a precipitação de água e torna-se nociva à planta. Outra variável importante é a DQO que é um parâmetro utilizado para acompanhar a biodigestão da vinhaça. Por outro lado, também é importante avaliar outras variáveis, pois com elas pode-se verificar a adequação do meio para o crescimento dos microrganismos que são utilizados na degradação da vinhaça. Tabela 2. Caracterização da vinhaça (média de 30 análises realizadas entre 2005-2006). Parâmetros Unidade Média das Amostra pH resíduo não filtrável total dureza total Condutividade Nitrogênio Sódio Potássio Magnésio Cálcio Adimensional mg/L mg/L (CaCO3) 4,3 20575 3032 42 390 37 4994 394 658 9432 26162 mili S/cm mg/L Cl mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L DBO (demanda bioquímica de oxigênio) DQO(demanda química de oxigênio) 5.2 Análises cromatográficas As análises feitas por cromatografia em fase gasosa descritas no experimento 1, tem-se o objetivo de mostrar uma visão geral da produção de metano em solo saturado com água. Conforme mostrado na Figura 3, observase que em todas as amostras houve produção de metano. Pode-se observar também que, os valores encontrados para solo próximo de irrigação (solo que nunca sofreu irrigação direta de vinhaça), não foram coerentes, visto que os valores obtidos de metano foram superiores aos demais solos que foram irrigados com vinhaça. Isto provavelmente foi devido à presença de matéria orgânica na área amostrada, devido a grande quantidade de palha de cana acumulada, que foi degradada pelos microrganismos anaeróbios do solo. Segundo Santos (2001), a decomposição da vinhaça no solo pode ser realizada pela conversão anaeróbia de biomassa em metano. A decomposição biológica da matéria orgânica compreende quatro fases: hidrólise, acidogênese, acetogênese e metanogênese. Esta conversão do complexo orgânico requer uma mistura de espécies bacterianas (consórcio microbiano). Estas dependem umas das outras para o seu crescimento ocorrer, pela seqüência de quatro reações: hidrólise, acidogênese, acetogênese e metanogênese. Dependendo da temperatura que o processo ocorre, o tratamento de resíduos orgânicos é basicamente de três tipos. A biometanação com temperatura entre 45 – 60 ºC é considerada termofílica; A que ocorre entre as temperaturas de 20 – 45 ºC é a mesofílica; A digestão anaeróbia de matéria orgânica em baixas temperaturas (< 20 ºC) é referida como digestão psicrofílica. Desta forma, a produção de metano no solo pela decomposição da vinhaça não depende somente da presença de matéria orgânica disponível, mas também das condições de decomposição, aeróbias ou anaeróbias e da temperatura em que está ocorrendo o processo. EXPERIMENTO 1 - Produção de Metano 8,00 7,15 7,00 6,00 5,38 5,00 4,73 PPM 4,00 3,00 2,96 solo irrigado a 1 ano solo irrigado a 10 anos solo virgem solo próximo de irrigação 2,00 1,00 0,00 Figura 3 Produção de metano no experimento 1 em solos com diferentes tempos de irrigação com vinhaça No experimento 2, no qual foi adicionada vinhaça no solo, tem-se uma visão geral da produção de metano realizada com metodologia diferente do experimento 1, numa proporção que simulava a fertirrigação do solo na usina (em torno de 300 m3 ha-1). Nesta análise também foram encontrados valores de metano em todos os tipos de solo conforme a Figura 4. Neste experimento, assim como ocorreu no anterior, os valores obtidos de metano no solo próximo a área de irrigação, foram superiores aos demais solos que foram irrigados com vinhaça. EXPERIMENTO 2 - Produção de Metano 450,00 405,53 400,00 350,00 300,00 solo irrigado a 1 ano solo irrigado a 10 anos solo virgem solo próximo de irrigação 250,00 PPM 200,00 150,00 100,00 50,00 2,84 0,00 20,30 3,57 Figura 4 Produção de metano no experimento 2 em solos com diferentes tempos de irrigação com vinhaça Diante destes resultados, foram levantadas as seguintes hipóteses: • Os valores obtidos de metano na amostra de solo próximo à irrigação, foi devido a grande quantidade de matéria orgânica contida na vinhaça adicionada, que somada a quantidade já contida no solo, potencializou a produção do metano. • O solo pode conter microrganismos que têm maior potencial para degradação da vinhaça. 5.3 Análises Microbiológicas Os resultados das análises microbiológicas, mostrados nas figuras 5A, 5B, 5C, 5D, 5E e 5F, demonstram que: • Há a presença de bactérias Gram positivas em todos os solos analisados. Observa-se que há um aumento destas bactérias em solo irrigado com vinhaça em relação ao solo sem irrigação. Ressalta-se que estas bactérias podem ser prejudiciais ao processo de fermentação na produção do álcool; • A disposição de vinhaça não alterou a flora microbiana do solo. • Na análise microbiológica da vinhaça, antes de ser adicionada ao solo, foi observado o desenvolvimento de um pequeno número de colônias de cocus Gram positivos. Normalmente, não há este tipo de bactéria na vinhaça, devido sua alta acidez. Assim, não se pode afirmar que há ocorrência deste tipo de bactéria em vinhaça, porém, pode ocorrer em algumas usinas, a permanência da vinhaça por um longo período em reservatórios abertos, antes de sua disposição no solo, ficando susceptível a ação deste tipo de bactéria. B Figura 5 A. Colônias de Bastonetes Gram + em solo irrigado com vinhaça a 1 ano. Magnitude de 40X. C Figura 5 B. Colônias de Bastonetes Gram + em solo nunca irrigado com vinhaça. Magnitude de 40X. D Figura 5 C. Colônias de Bastonetes Gram + em solo irrigado com vinhaça a 1 ano. Magnitude de 100X, utilizando óleo de imersão. E Figura 5 D. Colônias de Bastonetes Gram + em solo nunca irrigado com vinhaça. Magnitude de 100X, utilizando óleo de imersão. F Figura 5 E – Coccus Gram + na vinhaça Magnitude de 40X. Figura 5 F – Coccus Gram + na vinhaça. Magnitude de 100X, utilizando óleo de imersão. 5.4 Digestão da vinhaça em diferentes condições por um consórcio microbiano 5.4.1 Escolha do meio de cultura ideal para crescimento do consorcio microbiano Foram analisados 03 meios de cultura (meio BDA; meio MA; meio Pcye) descritos na metodologia, pois a literatura não apresentava um meio de cultura específico para este tipo de consórcio microbiano. O que apresentou um crescimento satisfatório foi o meio Pcye, conforme pode ser observado na Figura 6. É importante mencionar que este meio de cultura foi desenvolvido para bactéria Xilella (Xylella fastidosa), e é considerado um meio rico em nutrientes. A BB C C D D Figura 6 Placas inoculadas com amostra do consórcio microbiano (lodo). A: meio BDA, B: meio MA, C e D: meio Pcye 5.4. 2 Variação da temperatura A influência da temperatura para degradar a vinhaça pelo consórcio microbiano foi avaliada através da observação do comportamento dos microrganismos utilizando-se a medida da absorbância para acompanhar a quantidade de microrganismos, conforme mostra a Figura 7A. De acordo com esta figura, a temperatura de 55ºC o consórcio microbiano apresentou uma proliferação celular nas primeiras 24 horas e começou a decair após 48 horas de biodigestão. Na temperatura de 37ºC apresentou uma baixa proliferação celular no período de 72 h, como mostrado na Figura 7 B. Isto demonstra que, o consórcio microbiano do lodo é mais eficiente na temperatura de 55º C e que as bactérias predominantes do consórcio microbiano do lodo são as termófilas, apresentando um crescimento mais rápido nas primeiras horas. 0,1 0,08 Abs 550nm Abs 550n 0,2 0,18 0,16 0,14 0,12 0,1 0,08 0,06 0,04 0,06 0,04 0,02 0,02 0 0 Zero 24horas 48horas Tempo (dias) 72horas Zero 24horas 48horas 72horas Tempo (dias) Figura 7 A Comportamento do consorcio microbiano Figura 7 B Comportamento do consorcio microbiano inoculado em volume de 150mL de vinhaça, temperatura inoculado em volume de 150mL de vinhaça, temperatura de de 55°C 37°C Conforme mostra a Figura 8A ficou demonstrado que, nas primeiras horas, houve uma melhor biodigestão da vinhaça, devido a redução da DQO. Observou-se que na temperatura de 55ºC houve uma eficiência de degradação da vinhaça de 24,6 % em 72 h, e uma degradação de 8,3 % a 37ºC, como mostra a Figura 8 B. 30000 30000 28000 DQO DQO 28000 26000 26000 24000 24000 22000 22000 20000 Zero 20000 Zero 24horas 48horas 72horas 24horas 48horas 72horas Tempo (dias) Tempo (dias) Figura 8 A Degradação da vinhaça pelo consorcio Figura 8 B Degradação da vinhaça pelo consorcio microbiano inoculado em volume de 150mL de vinhaça, microbiano inoculado em volume de 150mL de vinhaça, temperatura de 55°C temperatura de 37°C 5.4. 3 Variação do pH Foi avaliado o comportamento do consorcio microbiano nos pH 4, 7 e 8. Nas Figuras 9 A e 9 B, observa-se que em pH 4 não houve proliferação celular 30000 0,05 25000 0,04 Abs 550n DQO dos microrganismos e também não houve degradação da vinhaça. 20000 15000 10000 0,03 0,02 0,01 5000 0 0 Zero 24horas 48horas 72horas Tempo (dias) Figura 9 A Comportamento do consorcio microbiano inoculado em volume de 150 mL de vinhaça pH 4 Zero 24horas 48horas 72horas Tempo (dias) Figura 9 B Comportamento do consorcio microbiano inoculado em volume de 150 mL de vinhaça pH 4 A Figura 10A mostra que em pH 7, nas primeiras 24 horas a uma temperatura de 37ºC, houve desenvolvimento do consórcio microbiano e após este período uma redução do número de microrganismos. O estudo mostrado na Figura 10 B, com temperatura de 37ºC e pH 8, observa-se que nas primeiras 24 horas não houve desenvolvimento do consórcio microbiano como na figura anterior. Este desenvolvimento tornou-se mais acentuado após as 48 horas. 0,12 0,05 0,1 Abs 550nm 0,06 Abs 0,04 0,03 0,02 0,01 0,08 0,06 0,04 0,02 0 0 Zero 24horas 48horas 72horas Tempo (dias) Zero 24horas 48horas 72horas Tempo (dias) Figura 10 A Comportamento do consorcio microbiano Figura 10 B Comportamento do consorcio microbiano inoculado em volume de 150mL de vinhaça pH 7, inoculado em volume de 150mL de vinhaça pH 8, temperatura de 37°C temperatura de 37°C A Figura 11A apresenta uma redução da DQO menos acentuada nas primeiras 48 horas em pH 7 e uma maior eficiência a partir das 48 horas. Em pH 8 a eficiência de redução não foi acentuada, conforme mostra a Figura 11 B, obteve-se uma redução da DQO lenta no período de 72 h. Pode-se observar que a biodegradação da vinhaça foi mais eficiente em pH 7, com 16,5 % de degradação da DQO e em pH 8 foi de 3,5 %. 35000 34000 34500 32000 DQO DQO 36000 30000 28000 34000 33500 33000 26000 24000 32500 Zero 24horas 48horas 72horas Tempo (dias) Zero 24horas 48horas 72horas Tempo (dias) Figura 11 A Degradação da vinhaça pelo consorcio Figura 11 B Degradação da vinhaça pelo consorcio microbiano inoculado em volume de 150mL de vinhaça pH microbiano inoculado em volume de 150mL de vinhaça pH 7,0, temperatura de 37°C 8, temperatura de 37°C 5.4.4. Avaliação das condições de temperatura e pH na biodigestão da vinhaça As figuras 12 A e 12 B, demonstram que, obteve-se uma eficiência de degradação da DQO e um crescimento do consórcio microbiano nas primeiras 24 h em pH 7 e temperatura de 55º C, indicando que nestas condições obtémse uma maior eficiência de biodegradação da vinhaça. 25000 0,07 0,05 DQO Abs 550nm 0,06 0,04 0,03 23000 21000 0,02 0,01 19000 0 Zero 24horas 48horas 72horas Tempo (dias) Figura 12 A Comportamento do consorcio microbiano inoculado em volume de 150mL de vinhaça pH 7, temperatura de 55°C Zero 24horas 48horas 72horas Tempo (dias) Figura 12 B Degradação da vinhaça pelo consorcio microbiano inoculado em volume de 150mL de vinhaça pH 7, temperatura de 55°C 6. CONCLUSÕES Em relação à eficácia de biodegradação da vinhaça, os valores encontrados foram de 20,1 % de redução da DQO em pH 7 e 24,6% em pH 4 a uma temperatura de 55º C. Isto demonstra que a temperatura é o fator mais significativo no processo. Este estudo mostrou que em pH 4, que é o pH da vinhaça, e temperatura de 55º C, houve eficiência de degradação de vinhaça, portanto, abre-se a possibilidade de não ter que corrigir o pH da vinhaça quando utilizada em biodigestor. Em todos os estudos realizados, referente ao lançamento da vinhaça no solo, houve produção de metano. Este gás é 19 vezes mais poluente que o gás carbônico. Assim, as pequenas concentrações encontradas neste estudo, são relevantes, uma vez que, ele é um dos grandes responsáveis pelas alterações climáticas no planeta. Desta forma, esta pesquisa apresenta uma alternativa para diminuição do teor de matéria orgânica da vinhaça antes de lançá-la ao solo. Os resultados obtidos nos experimentos utilizando bactérias termófilas em condições aeróbias para redução da DQO foram promissores. Outro ponto relevante dentro da aplicação de tal tecnologia é que ela pode ser aplicada para tratamento de grandes quantidades de vinhaça, sem precisar de grandes áreas, e sem a produção de metano. 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, F. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira 2002. ARANHA, C.; YAHN, C. Botânica da cana-de-açúcar. In: PARANHOS, S.B. Cana-de-açúcar: cultivo e utilização. Campinas: Fundação Cargill, 1987. BOLIN, B. Changes of land biota and their importante for the carbon cycle. Science 196: 613 – 615, 1977. BRASIL, Resolução Conama 1 de 01 de janeiro de 1986. http://www.lei.adv.br/conama01 23/01/86.htm Acesso em: 23/12/2006 23:55. BRASIL, Resolução Conama 2 de 05 de junho de 1984. http://www.lei.adv.br/conama02 05/06/84.htm Acesso em: 24/12/2006 00:55. BROECKER, W. S. T; TAKAHASHI, H. J. SIMPSON, T. H. PENG. Fate of fossil fuel carbon dioxide and the global carbon budget. Science 206: 409 – 418. 1979. 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