1
UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Educação Física – Bacharel
Simone Aparecida Vieira
A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA AQUÁTICA
NO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA
CRIANÇA COM ENCEFALOPATIA CRÔNICA NÃO
PROGRESSIVA
LINS – SP
2014
2
Simone Aparecida Vieira
A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA AQUÁTICA NO DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR DA CRIANÇA COM ENCEFALOPATIA CRÔNICA NÃO
PROGRESSIVA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Banca Examinadora do Centro Universitário
Católico Salesiano Auxilium, curso de Educação
Física - Bacharel, sob a orientação do (a) Prof.
(ª)
Ma. Ana Claudia de Souza Costa e
orientação técnica da Prof (ª) Ma Jovira Maria
Sarraceni.
LINS – SP
2014
3
Vieira, Simone Aparecida
A Importância da atividade física no desenvolvimento
psicomotor da criança com encefalopatia crônica não
progressiva / Simone Aparecida Vieira. - - Lins, 2014.
77p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação
em Educação Fisíca - Bacharel, 2014.
Orientadores: Ana Claudia de Souza Costa, Jovira Maria
Sarraceni
1. Encefalopatia Crônica Não Progressiva. 2. Atividade
física aquática. 3. Desenvolvimento Psicomotor. I Título
CDU 796
4
SIMONE APARECIDA VIERA
A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA AQUÁTICA NO DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR DA CRIANÇA COM ENCEFALOPATIA CRÔNICA NÃO
PROGRESSIVA
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção
do título de Graduação do Curso de Educação Física.
Aprovada em: 10/12/2014
Banca Examinadora:
Profª Orientadora : Prof.(a): Ana Claudia de Souza Costa
Titulação: Mestre em Fisioterapia pela Unimep - Piracicaba - SP
1º Prof(a): Dagnou Pessoa de Moura
Titulação: Esp. Fisiologia do Exercício, Esp. Biomecânica, Avaliação Física e Prescrição de
Exercício.
2º Prof(a): Osvaldo Tadeu da Silva Junior
Titulação: Esp. Atividade Física Personalizada MBA Gestão em Ergonomia
5
Dedico esse trabalho a todas as crianças que nascem com Encefalopatia crônica
não progressiva, que todas tenham a oportunidade de praticarem atividade física,
assim ter a oportunidade mostrarem seu potencial, pois eu acredito que vai muito
mais além do físico, que as pessoas vejam muito mais além de suas deficiências,
vejam suas capacidades !!!
AGRADECIMENTOS
A Deus,
Agradeço única e exclusivamente a Deus, por te dado forças e sabedoria nos
momentos mais difíceis durante esses 4 anos. Momentos esse que pensei em
desistir do meu sonho mas seu consolo me amparou e me fortaleceu para chegar
até fim.
Aos Meus Pais Mara e Francisco,
Pela palavras de incentivos nos momentos mais decisivos de minha vida, e por
sempre estarem do meu lado quando mais precisei. Amo vocês, espero orgulhar
vocês.
A minha querida irmã Bruna,
Desde inicio esteve do meu lado, apoiando e me incentivando e muito mais torcendo
por mim, só tenho agradecer por tudo que você representa na minha vida obrigada,
Amo você.
Ao meu amada esposo Carlos Eduardo,
Agradeço por lutar ao meu lado, nos momentos mais difíceis, principalmente esse
último ano, agradeço por fazer da minha luta sua luta, por sempre me incentivar e
acreditar em mim e minha profissão. Você é uma benção Deus em minha vida. Amo
você, meu amor !!!
6
A minha orientadora Ana Claudia,
Agradeço por todo conhecimento que obtive em suas aulas, e foi através delas que
me identifiquei com a profissão e descobri o prazer e satisfação que é trabalhar com
pessoas com necessidades especiais, pela sua disponibilidade, compreensão e
amizade.
Ao pessoal do Núcleo e Flávio Vitor,
Agradeço por todo conhecimento adquirido, apoio e amizade. Trabalhar com vocês
durante esse 2 anos foi muito gratificante e com certeza me fez crescer muito mais
profissionalmente e pessoalmente. Obrigada por deixar eu aprender com vocês !
7
RESUMO
A Encefalopatia Crônica Não Progressiva (ECNP) é uma seqüela resultante
de lesões não progressivas ocorridas em áreas cerebrais. Ela surge na primeira
infância e afeta principalmente o tônus, a postura e os movimentos da marcha com
ou sem acometimento cognitivos, secundários a lesões ou anomalias que acometem
o cérebro ainda em desenvolvimento. As lesões cerebrais podem ocorrer nos
períodos pré, peri e pós natal tendo como suas causas a prematuridade no
nascimento, as infecções no sistema nervoso central, hemorragias, asfixia neonatal,
hipoxico isquêmica, má formação congênita, acidente vascular encefálico e
desnutrição. Sua classificação é feita pelo grau de comprometimento podendo ser
considerada leve até severa dependo dos danos e lesões cerebrais que ocorreram.
Podendo ser classificado de acordo com tipo e a localização da alteração motora, e
segundo o grau de acometimento e nível de independência da criança para
atividades diárias. Estando divididas em espásticas, atetóides, atáxicas, mista e
hipotônicas. E a localização do corpo afetadas sendo monoplegia, paraplegia,
hemiplegia, tetraplegia, diplegia e quadriplegia. Para as pessoas com ECNP, a
atividade física vem a contribuir no estilo de vida dessas pessoas dando a
possibilidade de exercitarem. Com a possibilidade de praticar atividade física as
pessoas com ECNP encontram no meio líquido a capacidade de se deslocarem de
forma independente e segura sob água utilizando suas capacidades funcionais,
residuais respeitando suas limitações. Diante disto, a presente pesquisa tem como
objetivo principal investigar como atividade física aquática pode auxiliar no
desenvolvimento psicomotor da criança com ECNP. Foi avaliada e acompanhada
uma criança portadora de Encefalopatia Crônica Não Progressiva, sendo do gênero
biológico feminino, na faixa etária de 13 anos de idade e raça branca, que faz parte
do Núcleo de Apoio Integrado ao Atendimento Educacional Especializado, Lins - SP.
A participante foi submetida a atividade física aquática uma vez na semana com
duração de 50 minutos, em um período de 06 meses. Diante dos resultados obtidos,
pode-se observar que a criança avaliada obteve uma melhora no Perfil Psicomotor,
no período em que foi proposto o estudo, alterando sua classificação de Deficitário
para Dispráxico.
Palavra chave: Encefalopatia Crônica Não Progressiva. Atividade física aquática.
Desenvolvimento Psicomotor.
8
ABSTRACT
The Chronic Encephalopathy Not Progressive (ECNP) is a sequel resulting
from nonprogressive brain injuries occurred in areas. It arises in early childhood and
primarily affects the tone, posture and gait movements with or without cognitive
impairment secondary to lesions or anomalies affecting the brain still developing.
Brain injuries can occur in the pre, peri and post natal having as its causes
prematurity at birth, infections in the central nervous system hemorrhage, neonatal
asphyxia, hypoxic ischemic, congenital malformation, stroke and vascular
malnutrition. Their classification is made by the degree of commitment can be
considered mild to severe depending on the damage and brain injuries that occurred.
Can be classified according to type and location of the motor change, and according
to the degree of involvement and the child's level of independence for daily activities.
Being divided into spastic, athetoid, ataxic, hypotonic, and mixed. And the location of
the body being affected monoplegia, paraplegia, hemiplegia, quadriplegia, diplegia
and quadriplegia. For people with ECNP, physical activity has to contribute in the
lifestyle of these people giving the possibility to exercise. With the possibility of
physical activity people with ECNP found in liquid medium the ability to move
independently and safely under water using their functional capacities, residual
respecting their limitations. Given this, the present research aims to investigate how
aquatic physical activity can assist in psychomotor development of children with
ECNP. Was assessed and monitored a child with Chronic Encephalopathy Not
Progressive, biological gender is female, aged 13 years of age and white race, which
is part of the Center for Integrated Support Specialist Educational Service, Lins - SP.
The participant underwent aquatic physical activity once a week lasting 50 minutes
over a period of 06 months. Based on these results, it can be observed that the
evaluated child obtained an improvement in Psychomotor Profile in the period in
which the study was proposed, changing its classification Underfunded for dyspraxic.
Keyword: Chronic Encephalopathy not Progressive. Aquatic physical activity.
Development. Psychomotor.
9
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BPM - Bateria Psicomotora
ECNP - Encefalopatia Crônica Não Progressiva
ECNPI - Encefalopatia Crônica Não Progressiva da Infância
PC - Paralisia Cerebral
SOBAMA - Sociedade Brasileira Atividade Motora Adaptada
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 :Escala de pontos da BPM ................................................................... 35
Quadro 2 :Primeira Avaliação Psicomotora ......................................................... 51
Quadro 3 :Classificação referente ao quadro 2 ................................................... 52
Quadro 4 :Segunda Avaliação Psicomotora ........................................................ 52
Quadro 5 :Classificação referente ao quadro 4 .................................................... 52
Quadro 6 :Terceira Avaliação Psicomotora ........................................................ 53
Quadro 7 :Classificação referente ao quadro 6 .................................................... 53
10
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
CAPÍTULO I - ENCEFALOPATIA CRÔNICA NÃO PROGRESSIVA ................................. 14
1. DEFINIÇÃO ................................................................................................................... 14
1.1 Incidência ..................................................................................................................... 15
1.2 Etiologia ....................................................................................................................... 15
1.3 Fisiopatologia................................................................................................................ 16
1.4 Quadro clínico .............................................................................................................. 17
1.5 Diagnóstico .................................................................................................................. 18
1.6 Classificação................................................................................................................. 18
1.6.1 Espásticas ................................................................................................................ 19
1.6.2 Atetóide ..................................................................................................................... 20
1.6.3 Atáxica ....................................................................................................................... 20
1.6.4 Hipotônica ................................................................................................................. 20
1.6.5 Mista .......................................................................................................................... 21
1.7 Comprometimento Motor .............................................................................................. 21
1.7.1 Monoplegia/ Monoparesia .......................................................................................... 21
1.7.2 Paraplegia/ Paraparesia............................................................................................. 22
1.7.3 Triplegia/ Triparesia ................................................................................................... 22
1.7.4 Hemiplegia/Hemiparesia ........................................................................................... 22
1.7.5 Diplegia/Diparesia ...................................................................................................... 22
1.7.6 Quadriplegia/Quadriparesia ....................................................................................... 23
1.8 Prognóstico ................................................................................................................... 23
1.9 Complicações ............................................................................................................... 24
1.10 Tratamento ................................................................................................................. 25
CAPÍTULO II -ATIVIDADE FÍSICA ADAPTADA ................................................................ 27
2. História ......................................................................................................................... 27
2.1 Objetivos ....................................................................................................................... 28
2.2 Atividade Física e Encefalopatia Crônica Não Progressiva ........................................... 28
2.3 Atividade Física Aquática .............................................................................................. 30
11
CAPÍTULO III – PESQUISA ............................................................................................... 32
3. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 32
3.1 Métodos e técnicas utilizados ....................................................................................... 32
3.1.1 Métodos ..................................................................................................................... 32
3.1.2 Técnicas .................................................................................................................... 33
3.1.3 Procedimentos ........................................................................................................... 33
3.2 Estudo de caso ............................................................................................................. 34
3.2.1 Avaliação ................................................................................................................... 34
3.3 Apresentação dos resultados ........................................................................................ 51
3.4 Depoimentos................................................................................................................. 53
3.5 Discussão ..................................................................................................................... 55
3.6 Parecer Final da pesquisa .......................................................................................... 57
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ....................................................................................... 58
CONCLUSÃO..................................................................................................................... 59
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 60
APÊNDICES ....................................................................................................................... 63
ANEXO ............................................................................................................................... 70
12
INTRODUÇÃO
A Encefalopatia Crônica Não Progressiva (ECNP) é uma seqüela resultante
de lesões não progressivas ocorridas em áreas cerebrais. A ECNP surge na primeira
infância e afeta principalmente o tônus, a postura e movimentos da marcha
(SOUSA; ARROYO, 2012).
As lesões cerebrais podem ocorrer nos períodos pré, peri ou pós natal tendo
suas causas como prematuridade no nascimento, as infecções do sistema nervoso
central (SNC), hemorragias, asfixia neonatal, hipoxico isquêmica, má formação
congênita, acidente vascular encefálico e desnutrição (ROTTA, 2002).
A ECNP é classificada segundo o grau de comprometimento podendo ser
considerada leve até severa dependo dos danos e lesões cerebrais que ocorreram.
Nos casos mais severos a criança tem uma incapacidade total no controle dos
movimentos do corpo enquanto nos casos mais leves pode apresentar uma simples
dificuldade na fala. Mas são poucos os casos onde área atingida seja pequena
(SOUSA; ARROYO, 2012).
A criança com ECNP apresenta também varias sequelas secundárias como
dificuldade na fala, visuais, auditivas, cognitivas, sensitivas corticais, de atenção,
crises convulsivas, vigilância e comportamento (MILLER; CLARK, 2002).
O comprometimento motor é a principal característica que influencia no
desempenho funcional. Podendo ser classificado de acordo com tipo e a localização
da alteração motora, e segundo o grau de acometimento e nível de independência
da criança para atividades diárias. Estando divididas em espásticas, atetóides,
atáxicas, mista e hipotônicas. E a localização do corpo afetado sendo monoplegia,
paraplegia, hemiplegia, tetraplegia, diplegia e quadriplegia.
Através da atividade física adaptada as pessoas com condições físicas
especiais tem a possibilidade de praticar atividades físicas. Sendo a possibilidade
dessas obterem uma melhor qualidade de vida, uma melhora na sua auto estima
tendo suas capacidades motoras, socio afetivas e perceptivas melhoradas. As
habilidades físicas são estimuladas por meio de atividades físicas como dança,
recreação e outros esportes tornando se essenciais para uma vida prazerosa e
saudável (DIEHL, 2008).
13
Para as pessoas com ECNP, a atividade física vem a contribuir no estilo de
vida dessas pessoas dando a possibilidade de exercitarem (ARROYO; SOUSA,
2012).
Com a possibilidade de praticar atividade física as pessoas com ECNP
encontram no meio líquido a capacidade de se deslocarem de forma independente e
segura sob água utilizando suas capacidades funcionais, residuais respeitando suas
limitações. Quanto aos efeitos psíquicos pode vim a proporcionar uma sensação de
vivacidade e bem estar, predisposição ao prosseguimento intensivo do trabalho
através do aquecimento e melhora na capacidade de concentração (CAMPIOM,
2000).
O presente trabalho tem como objetivo principal demonstrar a importância da
atividade física através da prática da atividade física aquática no desenvolvimento
psicomotor da criança com ECNP.
Diante
deste
pressuposto
teórico
o
trabalho
parte
do
seguinte
questionamento: Até que ponto a atividade física aquática, pode influenciar na
melhora dos aspectos psicomotores em crianças com encefalopatia crônica não
progressiva?
A atividade física aquática possibilita a vivência de novas e variadas
experiências que favorecem a percepção sensorial e a ação motora, contribuindo no
desenvolvimento das capacidade da criança ECNP (ARROYO; SOUSA, 2012).
Foi realizada uma pesquisa no Unisalesiano Lins -SP, onde a participante do
estudo de caso freqüenta a rede ensino municipal e tem a participação ativa no
Projeto
de Extensão Universitária tem parceria com a Secretária Municipal de
Educação e Unisalesiano Lins, e as atividades ocorrem no Núcleo de Apoio
Integrado ao Atendimento e Educacional Especializado em Lins -SP, onde é
oferecido um trabalho multidisciplinar.
O trabalho está dividido da seguinte forma:
Capítulo I
Descreve sobre a Encefalopatia Crônica Não Progressiva.
Capítulo II
Descreve a atividade física e a atividade aquática.
Capítulo III
Disserta sobre a pesquisa.
Ao final deste, vem o parecer da pesquisa, proposta de intervenção e
conclusão.
14
CAPÍTULO I
ENCEFALOPATIA CRÔNICA NÃO PROGRESSIVA
1
DEFINIÇÃO DA ENCEFALOPATIA CRÔNICA NÃO PROGRESSIVA
A Paralisia cerebral (PC) foi descrita em 1843 quando Willian John Litlle,
ortopedista inglês descreveu 47 crianças portadoras de rigidez espástica de
predomínio em membros inferiores (FERNANDES et al. 2007).
De acordo com Lima e Fonseca (2004), o termo paralisia cerebral (PC) foi
introduzido por Freud quando este estudava a síndrome de Litlle.
Rotta (2002),descreve que desde o Simpósio Oxford, em 1959 a expressão
PC foi definida como "seqüelas de uma agressão encefálica, que se caracteriza,
primordialmente, por um transtorno persistente, mas não invariável, do tono, da
postura e do movimento que aparece na primeira infância".
Segundo Lima e Fonseca (2004), a PC é definida como uma encefalopatia
crônica não progressiva (ECNP), tem suas características por distúrbios motores do
tônus e da postura, com ou sem acometimento cognitivo, secundário a lesões ou
anomalias que acometem o cérebro ainda em desenvolvimento.
De acordo com Leite e Prado (2004), a ECNP é uma alteração dos
movimentos controlados ou posturais dos pacientes, com sua principal característica
aparecendo cedo, sendo secundária a uma lesão, danificação ou disfunção do
sistema nervoso central e não reconhecida como uma doença cerebral progressiva o
degenerativa.
A ECNP é definida por Bobath (1989), como uma desordem do movimento e
da postura causado por um defeito ou lesão no cérebro imaturo. A lesão não é
progressiva mas provoca debilitação variável na coordenação da ação muscular, e
tem como resultado a incapacidade da criança em manter sua postura e realizar
movimentos normais.
15
Segundo Aidar et al. (2006), os distúrbios se caracterizam pela falta de
controle sobre os movimentos, isto devido a modificações adaptativas muscular e
até com deformações ósseas .
Miller e Clark (2002), afirmam a ECNP não é uma doença, nem condição
patológica ou etiológica, e o uso desse termo não surge causa ou gravidade. Ao
contrário, esse termo denota uma série heterogênea de síndromes clínicas
caracterizadas por ações motoras e mecanismos posturais anormais.
1.1
Incidência
De acordo com Arroyo e Oliveira (2007), a incidência de casos de ECNP na
população é dois para cada mil nascidos vivos.
Lima e Fonseca (2004), afirmam que recém nascido de baixo peso, abaixo de
1.500 gramas, devido aos cuidados em terapia intensiva, que possibilita a maior
sobrevivência, a possibilidade de ECNP é bem maior, chegando a 25 a 31 vezes
mais que nos recém nascidos (RN) a termo.
Segundo Fernandes et al. (2007), as crianças nascidas com peso menor que
2500 gramas correspondem a 1/3 das crianças que mais tarde apresentam sinais de
ECNP.
1.2
Etiologia
Fernandes et al. (2007), descreve que ECNP tem múltiplas causas e fatores
de risco, incluindo desde fatores relacionados a características da mãe antes da
gravidez, características familiares, até os fatores que ocorrem durante o nascimento
e nos primeiros 2 anos de vida. É importante reconhecer que alguns fatores
associados com ECNP podem ser conseqüências do processo levando á doença e
não sua causas.
De acordo com Lima e Fonseca (2004), a etiologia mais comum de ECNP em
nosso meio é asfixia neonatal. Outras causas são a prematuridade e as infecções do
SNC.
Segundo Fernandes et al. (2007), destaca que entre os mecanismo de lesão
do SNC que podem resultar em ECNP podemos incluir: hemorragia, hipóxia
isquemia transitória ou irreversível resultando em necrose celular secundária a
16
formação de radicais livres ou hipóxia relacionada a alterações metabólicas da morte
celular.
De acordo com Lima e Fonseca (2004), a ECNP ocorrem nos diversos
estágios de maturação, surgindo antes de 3 anos de idade e tendo causas pré, peri
ou pós natal.
Segundo Fernandes et al. (2007), evidências recentes tem considerado os
fatores pré natais importantes na etiopatogenia da ECNP. Entre eles incluímos: más
formação congênitas, um acidente pré vascular cerebral, asfixia e infecções
materna.
A principal causa no período peri natal é descrita por Rotta (2002), como
sendo grau asfixia aguda pelas condições vitais do recém nascido e também pela
asfixia crônica, que ocorre durante a gestação podendo resultar num recém nascido
com boas condições vitais, mais com importante comprometimento cerebral.
Fernandes et al. (2007), destaca as causas pós natais como as lesões
adquiridas no Sistema Nervoso Central (SNC) até os 2 anos de idade. Tendo
conseqüência a desnutrição, meningoencefalites bacterianas ou virais, afogamento,
traumatismo
crânio
encefálico,
acidente
vascular
encefálico,
encefalopatias
desmielinizantes pós vacinas e pós infecciosas, as intoxicações e diversas
síndromes epiléticas.
1.3
Fisiopatologia
De acordo com Rotta (2002), os eventos que levam ao comprometimento
cerebral são a diminuição oxigênio, devido à hipoxemia e a isquemia. Quando ocorre
associação hipóxico- isquêmica com as alterações metabólica, principalmente pelo
metabolismo da glicose, levando as alterações bioquímicas, biofísicas e fisiológicas
ocorrendo as manifestações clínicas secundárias ao comprometimento fisiológico e
estrutural.
Nitrini e Bacheschi (1993), sugere acometimento dos hemisférios cerebrais,
ao passo que a lesão responsável pela ECNP podem localizar se também na região
mesodiencefálica, tronco cerebral e ou cerebelo.
Souza e Ferraretto (1998), acreditam que as destruições cerebrais graves não
seriam o único fator que leva a falta de oxigenação dos tecidos, mas muitas das
17
vezes a anoxia e responsável por provocar um colapso circulatório e ou sensibiliza o
tecido nervoso à uma isquemia sendo esta o fator da lesão.
1.4
Quadro clínico
De acordo com Levitt (2001), a lesão está situada em um sistema nervoso em
desenvolvimento, o quadro clínico claramente não é um conjunto estático de sinais e
sintomas. Mas ao mesmo tempo que a lesão em si não é progressiva, suas
manifestações mudam conforme o sistema nervoso amadurece.
Para Leite e Prado (2004), durante a observação clínica deve se levar em
consideração a extensão do distúrbio motor, sua intensidade e, principalmente, a
caracterização da semiologia desse distúrbio.
Segundo Miller e Clark (2002), não se consegue fazer um diagnóstico
definitivo durante a primeira fase da infância especialmente em pré termo, e temos
de realizar uma série de exames.
Para Souza e Ferraretto (1998), o quadro clínico deve se basear na história e
na avaliação física, neurológica e suas manifestações motoras que constituem sua
principal característica clínica.
Na observação clínica da ECNP para Leite e Prado (2004), deve se levar em
consideração a extensão do distúrbio motor, sua intensidade e, principalmente, a
caracterização semiológica desse distúrbio.
Segundo Souza e Ferraretto (1998), o aspecto das diferentes lesões
cerebrais, são causadas por múltiplos eventos patogênicos dependerão do estagio
de desenvolvimento em que se encontra sistema nervoso.
Primeiro e segundo trimestre de vida: a malformação é o aspecto mais
evidente, que variam desde anencefália até polimicrogiria, causada por
freqüentes distúrbios na migração das células neuronais e gliais da zona
germinativa até neocórtex. No 3º trimestre o desenvolvimento cerebral é
caracterizado pela formação dos dendritos e sinapses e pelo início da
mielinização. Os fatores vasculares vão determinar o padrão lesional. E na
fase é onde área periventricular representa uma zona vascular de maior
vulnerabilidade. O padrão de lesão levado à hipoperfusão com origem na
hipóxia-isquêmica, de predomínio maior nesta região, levando à
hemorrágico periventricular. Neste estágio desenvolvimento, o córtex
somente será afetado por lesões muito extensas. No final do 3º trimestre,
as zonas mais vulneráveis tem distribuição parassagital córtico subcortical e
de preferência dos núcleos cinzentos, ocorrendo as lesões parassagitais, as
necroses corticais localizadas, a encefalomalácia multicística e as lesões
dos gânglios basais. (SOUZA; FERRARETTO, 1998, p.17).
18
1.5
Diagnóstico
O Diagnóstico da ECNP é essencialmente clínico segundo Fernandes et al.,
(2007), e baseia se na história e na avaliação física e neurológica do paciente.
Segundo Lima e Fonseca (2004), o diagnóstico pode ser facilmente
estabelecido no primeiro trimestre de vida, Além da evidente alteração do perímetro
cefálico, ocorrerá importante atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.
Souza e Ferraretto (1998), destacam também os exames que podem serem
realizados através da tomografia computadorizada craniana ou ressonância nuclear
magnética sejam necessários para confirmar o exame clínico ou excluir outras
causas de problemas motores.
De acordo com Fernandes et al. (2007), a queixa inicial dos pais de crianças
com suspeita de ECNP é o atraso nas aquisições motoras. Nos primeiros meses de
vida, a avaliação neurológica da criança depende da definição do tono muscular e
na evolução dos reflexos infantis.
Fernandes et al. (2007), destaca que o diagnóstico de ECNP usualmente é
baseado em:
a. Retardo no desenvolvimento neuropsicomotor (RDNPM)
b. Persistência de reflexos primitivos
c. Presença de reflexos patológicos
d. Anormalidade tônico posturais
e. Não desenvolvimento dos reflexos de proteção
Segundo Fernandes et al. (2007), é importante procurar estabelecer o
diagnóstico etiológico e determinar o tipo especifico da ECNP para que possamos
esclarecer sobre prognóstico e planejar o programa de tratamento.
1.6
Classificação
A criança com ECNP tem com principal característica o comprometimento
motor, que influência no seu desempenho funcional. De acordo com Leite e Prado
(2004), a ECNP pode se classificar por dois critérios: pelo tipo de disfunção motora
presente ou pelo quadro clínico presente.
19
A classificação da ECNP para Souza e Arroyo (2012), é influenciada segundo
o grau de comprometimento, pode ser muito leve até severa dependendo do local e
danos causados no cérebro. A ECNP de grau severo gera uma incapacidade total
de controle dos movimentos do corpo. No caso da ECNP de grau leve pode levar a
dificuldades simples de linguagem. Mas são muitos poucos os casos onde área
atingida seja pequena. Sendo assim a criança apresenta varias outras sequelas
associadas
com
dificuldades
na
fala,
presença
de
crises
convulsivas,
comprometimento visual e motor, sensibilidade e alguns casos déficits cognitivos.
De acordo com Lima e Fonseca (2004), destaca a classificação podendo ser
de acordo com o tipo e a localização da alteração motora,
com o grau de
acometimento e nível de independência para atividades diárias. Podem ser dividas
em espásticas, atetóides, atáxicas,mista e hipotônicas.
1.6.1 Espásticas
Segundo Winnick (2004), a espasticidade é causada pelo dano às áreas
motoras do cérebro e tem com característica o aumento do tônus muscular ou seja
uma hipertonicidade atingindo principalmente os músculos flexores e rotadores
internos, podendo levar a contraturas permanentes e deformidades ósseas. As
contrações musculares exageradas e fortes são comuns em alguns casos, os
músculos continuam a se contrair repetidamente.
O tipo mais comum descreve Fernandes et al. (2007), e acometem 75% dos
casos, é caracterizada por uma síndrome deficitária e de liberação piramidal com
exacerbação dos reflexos tendinosos profundos.
De acordo com Lima e Fonseca (2004), o tônus muscular ou força com a qual
o músculo resiste á extensão depende da elasticidade (rigidez intrínseca do
músculo) e de um componente neural.
Segundo Bobath (1989), a criança espástica mostra hipertonia de um caráter
permanente, mesmo estado repouso. O grau de espasticidade varia com o estado
geral da criança, isto é, sua excitabilidade e a força do estímulo ao qual é submetida
a todo momento.
1.6.2 Atetóide
20
De acordo com Winnick (2004), esse tipo de ECNP ocorre devido as danos
causados aos gânglios basais ou seja, massas de substâncias cinzentas, que são
compostas por neurônios de localização no fundo dos hemisférios cerebrais
causando um sobre fluxo de impulsos motores nos músculos. Os movimentos são
lentos, contorcidos, involuntários e descoordenados são caracterizando esse tipo de
ECNP. O tônus muscular pode sofrer uma variação da hipertonicidade para
hipotonicidade.
Segundo Bobath (1989), todas as crianças atetóides possuem um tipo de tono
postural instável e flutuante. Em crianças de casos puros, o tono postural básico se
encontra abaixo do normal e a amplitude da flutuação varia amplamente para cada
caso, dependendo da gravidade da condição e do grau de estímulos e esforço.
Estas crianças não possuem um tono postural sustentando e habilidade em
estabilizar, devido ao distúrbio da inervação recíproca.
1.6.3 Atáxica
De acordo com Fernandes et al. (2007), acomete o cerebelo e suas vias e
atinge 2% dos casos. As crianças com essa forma mais rara de ECNP , apresentam
após um período de hipotonia, sinais cerebelares que dificultam a movimentação
voluntária e a marcha. O quadro é dominado pela incoordenação estática e cinética.
Segundo Bobath (1989), a ECNP atáxica é causada por um lesão cerebral e
são de caráter misto, sendo um fator comum um tono postural persistente abaixo
combinado com distúrbios da inervação recíproca, com ausência de co-contração, o
que torna o controle sustentado contra a gravidade e os movimentos impossíveis ou
muito difíceis. Sua marcha se faz com aumento da base sustentação podendo
apresentar um temor intencional.
1.6.4 Hipotônica
Segundo Lima e Fonseca (2004), a ECNP hipotônica se caracteriza por
hipotonia que persiste além dos dois anos de idade e não resulta de uma lesão
primária muscular ou do neurônio periférico.
Existem algumas teorias para explicar a hipotonia Lima e Fonseca, (2004)
destacam dentre elas, que esta se originaria devido à lesão associada de células do
21
corno anterior a medula. Esse tipo atinge 1% dos casos e considerado uma forma
mais rara.
1.6.5 Mista
Segundo Fernandes et al. (2007), essa forma representa a combinação das
formas anteriores. Está presente em 9% a 22% dos casos.
De acordo com Leite e Prado (2004), geralmente se da pelo encontro de
movimentos distônicos e córeo-atetóides ou à combinação de ataxia com plegia
(sobretudo diplegia).
1.7
Comprometimento Motor
De acordo com Bobath e Bobath (1989), no decorrer do crescimento e
maturação de uma criança ocorrem muitas alterações no desenvolvimento motor
normal e bem como no anormal. Durante o desenvolvimento motor acontecera
gradativamente amadurecimento das habilidades latentes de uma criança. Nos
recém nascidos os movimentos iniciais e simples se alteram e tornando variados e
complexos.
Na criança com ECNP segundo Bobath e Bobath (1989), também acontece o
desenvolvimento, mas de uma maneira tardia e anormal.
Para Souza e Ferraretto (1998), quanto mais grave e global for acometimento
motor, menores são as chances da criança com ECNP de adquirir deambulação. No
caso das crianças do tipo hemiparesia conseguirá andar de forma independente, já
as crianças com tetraparesia terá a chance de deambular bastante reduzida.
1.7.1
Monoplegia/ Monoparesia
Na monoplegia apenas um membro é comprometido de acordo com Bobath
(1989), ou seja apenas, um braço ou menos freqüentemente uma perna. São muito
raras e geralmente tornam-se mais tarde hemiplegias.
1.7.2 Paraplegia/ Paraparesia
22
Segundo Bobath (1989), os casos de paraplegias são muito raros. Poucas
crianças não mostram comprometimento acima da cintura como vemos nos casos
de uma lesão na coluna. Normalmente as crianças tornam se diplégicas sendo
comprometimento ameno de braços e mãos e alguns casos somente um dos braços.
1.7.3
Triplegia/ Triparesia
Winnick (2004), destaca com um comprometimento que envolve três
membros quaisquer sendo de ocorrência rara.
1.7.4
Hemiplegia/Hemiparesia
De acordo com Bobath e Bobath (1989), na hemiplegia apenas um lado do
corpo esta envolvido. Todas elas praticamente são espásticas e crianças com uma
hemi-atetose são muito raras.
Hemiplegia é a manifestação mais freqüente segundo Leite e Prado (2004),
havendo um maior comprometimento do membro superior. O paciente assume
estado de semi flexão do membro superior, enquanto o membro inferior
permanecem hiper extensão e aduzidos, e os pés em posição equinovara.
Segundo Souza e Ferraretto (1998), a hemiparesia acontece quando apenas
um lado do corpo é acometido, podendo ser lado direito ou lado esquerdo.
1.7.5
Diplegia/Diparesia
De acordo com Bobath (1989), a diplegia envolve o corpo inteiro, a parte
inferior e mais afetada que parte superior. O controle da cabeça e o controle dos
braços e mãos são menos afetados, e a fala pode ser normal.
Segundo Leite e Prado (2004), em alguns pacientes apresentam os aspectos
semiológicos denominados como síndrome Little (onde as crianças assumem a
postura de cruzamento dos membros inferiores e marcha "em tesoura").
Na Diparesia acontece quando os membros superiores apresentam melhor
função do que membros inferiores de acordo com Souza e Ferraretto (1998), ou
seja, quando eles apresentam um menor comprometimento. Sendo esse tipo mais
comum em prematuros devido à anatomia da lesão.
23
1.7.6
Quadriplegia/Quadriparesia
Para Bobath (1989), a quadriplegia pode ser definida como o envolvimento de
todo o corpo, as partes superiores sendo mais envolvidas que as inferiores, ou pelo
menos tão envolvidas quanto, as partes inferiores. Geralmente a distribuição é
assimétrica, sendo assim quando assimetria for muito acentuada, estas crianças são
as vezes referidas tenho "dupla hemiplegia".
Segundo Bobath (1989), como envolvimento é maior na parte superior, o
controle da cabeça é deficiente e também a coordenação dos olhos. As crianças
apresentam dificuldades de em se alimentar, na fala e articulações.
De acordo com Gorgati e Costa (2008), os sufixos "plegia" e "paresia",
normalmente são utilizados para indicar o nível funcional ou seja, "Plegia" quer dizer,
os movimentos funcionais não ocorrem, já no caso da "Paresia", os movimentos
funcionais ocorrem mais com dificuldades.
1.8
Prognóstico
De acordo com Gorgatti e Costa (2008), a ECNP é uma deficiência que afeta
o desenvolvimento da criança e termo "Deficiência" é discutível pois quer dizer que
aquelas células que existem no cérebro que foram destruídas e não se
desenvolveram mais, não havendo possibilidade de regeneração das células, ou
seja não sendo possível uma cura para lesão. Mas as células que não sofreram a
lesão podem ser estimuladas de modo a compensar deficiência e a desenvolver ao
máximo do potencial da criança.
O cérebro da criança consegui desenvolver se de acordo com o seu potencial
e por lado, com estímulo que recebe, a criança com o seu lado cognitivo preservado
colabora melhor nos exercícios e desenvolve com maior facilidade várias funções
solicitadas, por outro lado, aquelas que apresentam um desenvolvimento intelectual
comprometido tendo uma maior dificuldade na aprendizagem e sua recuperação de
uma forma mais lenta e limitada (GORGATTI; COSTA, 2008).
Para Miller e Clark (2002), antecipar um prognostico pode ser difícil, exceto
nos comprometimentos extremos. O prognostico estar relacionado ainda ao tipo
24
clínico de ECNP, velocidade do desenvolvimento motor, na evolução dos reflexos
infantis, déficit intelectual, deficiência sensorial e no ajuste sócio emocional.
Segundo Bobath e Bobath (1989), a medida que as crianças com ECNP torna
se mais ativa, posturas e movimentos anormais desenvolvem se e vão se
modificando.
Para Fernandes et. al (2007), o prognostico de deambulação dependerá de
alguns fatores como comprometimento motor: quanto maior for o comprometimento
motor pior o prognóstico para deambulação, idade de aquisição da postura sentada:
quanto mais cedo a criança conseguir sentar sem apoio melhor será seu
prognóstico, idade que aquisição controle cervical: caso a criança consiga bom
controle cervical até 1 ano de idade terá um bom prognóstico para marcha, função
dos membros superiores: quanto maior o comprometimento pior será o prognostico
para marcha, capacidade intelectual: uma criança com um retardo mental associado
a ECNP terá maiores dificuldades no processo de reabilitação, tendo um prognostico
para deambulação mais reservado, deficiência auditiva e ou visual: presença dessas
deficiência na criança com ECNP, piora o prognóstico para deambulação, terão
maiores dificuldades para receberem os estímulos necessários para receberem o
tratamento.
1.9
Complicações
De acordo com Gorgatti e Costa (2008), a EPCN é uma deficiência que afeta
o desenvolvimento da criança. Normalmente, a criança com ECNP mantém os
padrões anormais de movimentação não apresentados no desenvolvimento de
outras crianças da mesma idade sem ECNP. Ocorrendo um atraso no
desenvolvimento neuropsicomotor.
As crianças acometidas pela ECNP tem a inteligência preservada, ou acima
do normal, mas em alguns casos pode apresentar atraso intelectual não só devido
às lesões cerebrais, mas também pela falta de experiência resultante das suas
deficiência. O cérebro desenvolve se de acordo com o seu potencial, e como os
estímulos recebidos. A criança com cognitivo preservado conseguira desenvolver
melhor os exercícios e responder mais facilmente as várias funções. Para aquelas
que apresentam o desenvolvimento intelectual deficiente apresentara dificuldades na
25
aprendizagem e sua possibilidade de recuperação poderá ser lentamente e mais
limitada (GORGATTI; COSTA, 2008).
Na ECNP, o déficit motor está sempre presente de acordo com Miller e Clark
(2002), sendo uma das características mais importantes, a localização da lesão
encontra se na região cerebral que mantém o controle do tônus muscular,
dependendo do local da lesão e suas extensões, o tônus muscular pode se tornar
alto ou baixo, ou podendo haver uma combinação entre as intensidades. O controle
do tônus muscular é o que nos mantém em certa posição como sentados, com a
cabeça ereta, procurando com o olhar alguém se movimentar, são as mudanças no
tônus muscular que nos permite movimentarmos. As pessoas com ECNP, não
ocorre a mudança de tônus muscular de uma maneira coordenada, sendo assim,
seus movimentos acontecem de uma maneira brusca ou flácida parecendo
desajeitadas e incoordenados, podendo trombar, derramar e derrubar objetos mais
facilmente.
A criança com ECNP, pode apresentar dificuldades para apreender
habilidades motoras novas, como atividades que requerem uma mudança constante
da posição do corpo, nas atividades bilaterais e nas que exigem equilibrio. Para
essas as atividades que exigem habilidades motoras são muito difíceis e requerem
esforço maior (GORGATTI; COSTA, 2008).
Outros problemas estão presentes, além dos relacionados com controle dos
movimentos, derivados da lesão cerebral gerada pela deficiência. Podemos destacar
a dificuldade para engolir, permanência de reflexos primitivos, distúrbios na fala e
sensoriais como visão, audição, sensitivas, perceptomotores, deficiência mental e
convulsões (GORGATTI; COSTA, 2008).
1.10 Tratamento
Para Fernandes et al. (2007), destaca a importância do inicio precoce do
tratamento por as crianças terem uma maior capacidade de plasticidade cerebral
quando comparada aos adultos.
Rotta (2002), afirma que quanto mais precocemente se age no sentido de
proteger ou estimular o SNC, melhor será sua resposta. As crianças com ECNP
devem ser tratadas por uma equipe multifuncional e o tratamento deve ser baseado
conforme quadro clínico de cada caso.
26
Para tratamento da espasticidade Fernandes et al. (2007), destaca objetivo
principal dar valor a função e diminuir o desenvolvimento de problemas secundários
como as deformidades articulares, retardando e/ou prevenindo a necessidade de
uma intervenção cirúrgica antes que a criança alcance seu padrão maduro e
definitivo de marcha. O tratamento da espasticidade realizado através de medicação
via oral, bloqueios musculares como reduzir a intensidade da hipertonia muscular
localizada e também procedimentos neurocirúrgicos.
Segundo Rotta (2002), nos casos de associação com a epilepsia a
intervenção
é
medicamentosa
utilizando
os
anticonvulsivos
tendo
suas
recomendações especificas para cada tipo de epilepsia, nas doses e intervalos
recomendados.
Fernandes et al. (2007), destaca também tratamento ortopédico com uso de
órteses com finalidade que proporcionar uma melhor simetria, buscando colocar o
segmento em posição o mais funcional possível assim favorecendo uma
biomecânica adequada. Há casos com possibilidade de uso de andadores ou
muletas, cadeiras de rodas com ou sem adaptações de acordo com necessidade de
cada caso visando uma melhor adequação postural do paciente.
27
CAPÍTULO II
ATIVIDADE FÍSICA ADAPTADA
2
HISTÓRIA
Segundo Gorgatti e Costa (2008), a origem da participação de pessoas que
apresentavam condições especiais para prática das atividades físicas ocorreu na
China, cerca de 3 mil anos antes de cristo. Os programas eram denominados como
ginástica médica sendo a primeira concepção mais clara e consistente de Educação
Física Adaptada.
De acordo com Winnick (2004), no final do século XIX os Estados Unidos
foram os precursores na Educação Física Adaptada, sendo que no século anterior a
educação física utilizava a ginástica e os exercícios como orientação médica de
natureza preventiva, corretiva ou desenvolvimentista, com propósito de evitar
doenças e promover a saúde e o vigor da mente e do corpo.
A partir do século XX os esforços voltados para conceito da Educação Física
Adaptada para suprir as necessidades de pessoas com condições especiais
receberam mais atenção destaca (WINNICK, 2004).
Nas décadas de 1980 e 1990 no Brasil de acordo Gorgatti e Costa (2008), a
Educação Física Corretiva passa a ser conhecida como Educação Física Adaptada
e incluída no curso acadêmico de Educação Física. Assim passando a ser
aprofundar o estudo do profissional com a Educação Física Adaptada na formação
acadêmica.
No ano de 1989, houve a primeira participação do Brasil em um simpósio
internacional na área, o International Symposium of Adapted Physical Activity que
era realizado nos anos ímpares e realizado em diferentes países onde era
apresentando os resultados de estudos realizados no Brasil. Com sucesso dos
estudos realizados em 1991, surgem as primeiras idéias sobre a criação de uma
sociedade dos profissionais da área (GORGATTI; COSTA, 2008).
Segundo Gorgatti e Costa (2008), em 1994 é fundada a Sociedade Brasileira
de Atividade Motora Adaptada (SOBAMA) logo após um ano de sua fundação a
28
SOBAMA assumiu a realização bianual dos congressos brasileiros de Atividade
Motora Adaptada.
2.1
Objetivos
De acordo com Gorgatti e Costa (2008), a Educação Física Adaptada é uma
parte da Educação Física onde os seus objetivos são a intervenção profissional na
vida das pessoas com condições especiais para prática das atividades físicas.
Tendo como foco principal o desenvolvimento da cultura corporal de movimento
buscando o potencial pessoal para as atividades como ginástica, dança, jogos e
esportes.
Diehl (2008), argumenta que Atividade Física Adaptada traz a possibilidade
pessoas com deficiência uma melhor qualidade de vida, uma melhora em seu bem
estar e sua auto estima, capacitando a no seu desenvolvimento motor, perceptivo e
socioafetivo e no atendimento as necessidades motoras básicas.O esporte, a
recreação e a dança são componentes fundamentais na melhora de suas
necessidades motoras básicas. As habilidades físicas como equilíbrio, força,
agilidade, resistência muscular, cardiorrespiratória e também as potencialidades que
envolvem o movimento corporal, como a consciência corporal são estimuladas por
meio da atividade física tornando se essenciais para uma vida prazerosa e saudável.
2.2
Atividade Física e Encefalopatia Crônica Não Progressiva
A atividade física pode ser definida sendo todo e qualquer movimento
realizado pelo corpo através dos grupos musculares e que demanda uma aumento
no consumo gasto energético. Evidencias científicas demonstram os benefícios da
prática da atividade física como um dos elementos de grande importância na busca
da aquisição e manutenção de uma vida saudável através da melhora da aptidão
física em geral, psicológico e social. (GORGATTI; COSTA, 2008).
As atividades destinadas para melhora das capacidades físicas devem ser, na
medida do possível, prazerosas, e com finalidade, principal, de levar a criança a
apreciar a prática da atividade física (GORGATTI; COSTA, 2008).
Para as pessoas com algum tipo deficiência, os estudos científicos apontam aqueles
que praticam regularmente atividade física dormem melhor, alimentam se melhor,
29
permanecem mais tranquilos e demonstram uma melhora na sua auto estima.
(GORGATTI; COSTA, 2008).
As experiências de movimento são de grande importância desde os primeiros
meses de vida. Habilidades motoras rudimentares, desenvolvidas de maneira natural
pelos bebês, devem ser facilitadas e ensinadas para as crianças com ECNP. O mais
importante é que a criança tenha a oportunidade de conhecer seu corpo nas mais
variadas condições (TEXEIRA, 2008).
Segundo Texeira (2008), os programas de exercícios físicos para as pessoas
com ECNP, devem ser iniciados dos movimentos mais grosseiros evoluindo para os
mais finos. No inicio habilidades motoras que recrutem os grandes músculos, que
geralmente são os mais simples a execução para as pessoas com deficiência.
As habilidades motoras fundamentais, que envolve estabilização, locomoção
e manipulação, devem ser estimuladas. Para as crianças que possuam a
capacidade de andar, deve se estimular o treino da marcha envolvendo os
movimentos para frente, para trás, para os lados com inclinação e com obstáculos.
As atividades de habilidades manuais devem enfatizar a utilização ambos os
lados do corpo, as que desenvolvam a coordenação motora visual também devem
ser trabalhadas (TEXEIRA, 2008).
Os exercícios isotônicos e de alongamento são muito importantes para as
pessoas com ECNP, pois ajudam na atrofia muscular e auxilia na melhora da
amplitude
de
movimento,
principalmente
para
aqueles
que
apresentam
espasticidade (TEXEIRA, 2008). .
A aptidão física e o desempenho das pessoas com ECNP pode ser
comprometida pelo aumento do tônus muscular, movimentos atetóides, rigidez, falta
de coordenação e tremores, 50% das pessoas com ECNP tem espasmos que pode
levar a limitação na força e na resistência muscular, 25% tem atetose, que causa
uma dificuldade na execução de habilidades motoras finas limitando o desempenho
principalmente em trabalhos submáximos. Mesmo com essa dificuldade as pessoas
com ECNP podem obter níveis elevados desempenho em modalidades esportivas
(TEXEIRA, 2008).
Segundo Sousa e Arroyo (2012), ainda que as lesões ocorridas na ECNP são
irreversíveis, atividade física pode contribuir para estimular as células sadias para
que elas possam se desenvolverem de uma maneira correta,
preenchendo os
30
déficits ocasionados pela lesão. Sendo assim atividade física vem a contribuir,
dando esse estímulo e oferecendo uma melhor qualidade de vida dessas crianças.
2.3
Atividade Física Aquática
Bichusky e Prado (2013), destacam os benefícios da atividade aquática para
as pessoas com deficiência física sendo compreendida como uma capacidade para
o pessoa com deficiência dominar o meio liquido, conseguindo deslocar se de forma
independente e segura sob água utilizando assim toda sua capacidade funcional,
residual e respeitando suas limitações.
De acordo com Campion (2000), através dos efeitos fisiológicos dos
exercícios combinados com aqueles que são causados pelo calor da água são umas
das vantagens de atividades nesse meio.
Norm e Hanson (1998) destaca, qualquer desvio mínimo na temperatura da
água pode produzir mudanças significativas no sistema circulatório. Em vez de ficar
nos membros, o sangue é redistribuído. Esta redistribuição causa aumento do
retorno venoso e é considerada a base para todas as modificações fisiológicas
associadas a imersão.
Segundo
Guitierres
(2003),
atividade
aquática
pode
colaborar
no
desenvolvimento das crianças com EPCN, o ambiente liquido, oferece alterações, e
vários benefícios para programas de atividades aquática, utilizando os efeitos
fisiológicos da água.
Segundo Norm e Hanson (1998), o relaxamento muscular é uma resposta de
quanto o paciente sentira confortável na água. O aquecimento da água reduz a
tensão muscular e ajuda a prevenir a restrição do movimento articular.
Norm e Hanson (1998), afirmam que atividade aquática ajuda reduzir a
sensibilidade á dor, a água servira com um apoio para o membros lesionados,
permitindo ao paciente uma posição confortável sem aumento da dor. Através dos
efeitos estimulantes da água aquecida o ciclo da dor é interrompido, promovendo o
relaxamento dos músculos espásticos reduzindo a tensão muscular. A água
aquecida promove uma distração a dor, bombardeando o sistema nervoso. Esse
bombardeamento do estimulo sensorial viaja através de fibras que são mais largas e
mais rápidas tendo uma maior condutividade que as fibras da dor. Sendo assim os
31
estímulos sensoriais estão competindo com a dor tendo como resultado, bloqueio da
percepção de dor do paciente durante o tempo imersão na água.
Através das propriedades físicas e a temperatura da água o paciente pode se
beneficiar com aumento do movimento articular, a flutuação da água ajudará no
movimento e a diminuição de compressão nas articulações. O exercício na água
ajuda a reduzir a espasticidade, promove relaxamento ajudando no alongamento.
Com alongamento o risco de lesões e dores pós exercícios são menores (NORM;
HANSON, 1998).
Para casos de fraqueza muscular excessiva a prática de atividade aquática
pode ajudar no aumento da força e resistência muscular. Dentro da água a
resistência é maior do que no ar, as partes submersas encontraram uma maior
resistência em todas as direções do movimento executado, ocorrendo um gasto
energético maior. O aquecimento da água promove um alongamento para os
músculos espásticos antagonistas dos músculos enfraquecidos durante exercícios
ajudando na prevenção da atrofia muscular (NORM; HANSON, 1998).
O efeito estimulador da água ajuda o paciente a tomar uma maior consciência
das partes do corpo que estão em movimento propiciando um meio ideal para os
músculos envolvidos durante exercícios. Para os pacientes com pouco equilibrio as
propriedades da água ajudam com ponto de apoio dando ao paciente um tempo de
reação quando tende a cair utilizando velocidade de movimento da água (NORM;
HANSON, 1998).
O movimento dentro água ajudara o paciente a melhorar sua auto confiança,
a facilidade de executar os movimentos permite o paciente conquistar muito mais do
que em terra dando á ele confiança melhorando na sua reabilitação (NORM;
HANSON, 1998).
32
CAPÍTULO III
A PESQUISA
3
INTRODUÇÃO
Para demonstrar que a atividade física aquática beneficia no desenvolvimento
psicomotor as crianças com encefalopatia crônica não progressiva, foi realizada uma
pesquisa descritiva com abordagem qualitativa no período de março a setembro de
2014 no Unisalesiano - Lins. Após a apresentação e assinatura pela responsável do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APENDICE B), deu-se início a
pesquisa de campo. A participante do estudo de caso freqüenta a rede ensino
municipal e tem participação ativa no Projeto de Extensão Universitária de Educação
Inclusiva parceira da Secretária Municipal de Educação e Centro Universitário
Católico Unisalesiano - Lins, e as atividades ocorrem no Núcleo de Apoio Integrado
ao Atendimento Educacional Especializado em Lins - SP, onde é oferecido um
trabalho multidisciplinar.
A área da Educação Física conta com a participação de dez estagiários, que
desenvolvem atividades de natação, recreação e ginástica. Os atendimentos
acontecem de maneira individual para cada aluno.
Primeiramente os alunos
realizam uma avaliação psicomotora com objetivo de apontar e analisar suas
habilidades motoras, para que posteriormente sejam propostas atividades visando
uma melhora na qualidade de vida, nas habilidades motoras e no seu convívio
social. Cada trimestre o aluno é reavaliado e comparado as avaliações para verificar
seu progresso.
3.1
Métodos e técnicas utilizados
3.1.1 Métodos
33
Estudo de caso: Foi avaliada e acompanhada uma aluna portadora de
Encefalopatia Crônica Não Progressiva, sendo do gênero biológico feminino, na
faixa etária de 13 anos de idade e raça branca, que faz parte do Núcleo de Apoio
Integrado ao Atendimento Educacional Especializado, Lins - SP
3.1.2 Técnicas
a) Roteiro de Estudo de Caso (APÊNDICE A)
b) Termo de Consentimento Livre e Informado (APÊNDICE B)
c) Roteiro de Entrevista para Profissional Física (APÊNCIDE C)
d) Roteiro de Entrevista com a mãe (APÊNDICE D)
d) Bateria Psicomotora (ANEXO A )
3.1.3 Procedimentos
A participante foi submetida a atividade aquática uma vez na semana com
duração de 50 minutos. As atividades iniciavam com aquecimento, exercícios de
fortalecimento, alongamento, relaxamento e desenvolvimento das habilidades
psicomotoras. A cada aula se trabalhava um aspecto psicomotor da BPM sendo
tonicidade,
equilíbrio,
lateralidade,
noção
do
corpo,
coordenação
global,
coordenação fina e estrutura espaço temporal.
Para o primeiro contato ao meio líquido faz necessário uma adaptação de
acordo com Carvalho (1994) quando um conjunto de transformações ao nível das
referências dos órgãos dos sentidos (equilíbrio, visão, audição e os proprioceptivos)
e também o nível de todas as referências que normalmente existem em terra (fora
da água). O conhecimento local seria então, trabalho de imersão (respiração),
mudanças de posições (flutuação, deslizes e saltos), após essa adaptação vêm
ensino dos nados ou das técnicas utilizados por ele. Para melhor aprendizado e a
inserção do trabalho em grupo foi utilizado cantigas de rodas, onde todos cantavam
e realizava os movimentos pedidos, como por exemplo: "Pula, pula pipoquinha. Pula,
pula sem parar. Vamos dar uma voltinha e depois mergulhar. Bolha!" onde os
movimentos utilizados, pular, rodar e a imersão. Para os exercícios de propulsão de
braços e pernas para enfatizar os exercícios utilizou-se materiais como espaguetes,
34
pranchas, bolas, letras e figuras de e.v.a. E cada final de aula aplicava-se uma
brincadeira como meio de interação com todo grupo.
3.2
Estudo de caso
Aluna do gênero biológico feminino, 13 anos de idade e raça branca.
Portadora de Encefalopatia Crônica Não Progressiva. Segundo informações colhida
com a mãe a aluna nasceu prematura no 6 ° mês de gestação sendo este um parto
normal devido a uma infecção urinaria da mãe. A criança ficou internada na UTI
neonatal durante 51 dias devido complicações pós parto. O diagnostico clínico
ocorreu no período que a criança estava internada UTI neonatal.
O histórico gestacional apresenta-se com idade materna 34 anos e paterna 37
anos. A mãe relata que logo que soube do diagnóstico clínico aceitou sem
problemas, "pois o amor pela filha era maior do que qualquer deficiência que ela
poderia ter" (SIC). De acordo com a mãe a criança recebeu estímulos com
profissionais desde 1 ano de vida. Relatou também que a criança com 1 ano
começou andar com apoio e assim até 11 anos de idade, nessa idade passou por
uma cirurgia para correção nos tendões, ossos e músculos desde então não andou
mais. A aluna freqüenta escola de ensino regular 4 anos.
3.2.1 Avaliação
O método utilizado para avaliar o progresso da aluna foi a Bateria
Psicomotora de Vitor da Fonseca. Foram realizadas três avaliações, a cada
trimestre, sendo a primeira avaliação realizada no mês de março, a segunda no mês
de junho e a terceira avaliação no mês de setembro.
De acordo com Fonseca (1995), a bateria psicomotora (BPM) é um dispositivo
diferente das escalas de desenvolvimento motor. Trata-se de um instrumento
baseando num conjunto de tarefas que permite detectar déficits funcionais em
termos psicomotores, cobrindo a integração sensorial e perceptiva que se relaciona
com o potencial de aprendizagem da criança. Não estabelecendo ainda normas
precisas com a identificação qualitativa de problemas psicomotores e de
aprendizagem.
35
Segundo Fonseca (1995), as tarefas que compõem a BPM dão oportunidade
suficiente para avaliar o grau de maturidade psicomotora da criança e detectar sinais
desviantes. Pode-se observar o tônus muscular, a postura em relação a gravidade,
o domínio do equilibrio estático e dinâmico, a dominância lateral, a dissociação, a
planificação e seqüência do movimentos, a preensão, o ritmo, etc.
Paralelamente dá oportunidade para observação da falta de atenção,
concentração, comportamento emocional, etc.
O resultado total da BPM é subfatores e tirando a média, resultando o fator
estudado. A cotação máxima da prova é 28 (4x7 fatores), mínima é de 7 pontos
(1x7) e a média é 14 pontos.
Com base nos pontos obtidos pode construir-se uma escala, que aponta os
seguintes valores:
Quadro 1 - Escala de pontos da BPM
DIFICULDADES DE
PONTOS BPM
PERFIL PSICOMOTOR
27 - 28
Superior
-
22 - 26
Bom
-
14 - 21
Normal
-
09 - 13
Dispráxico
Ligeiras ( específicas )
07 -08
Deficitário
Significativas ( severas )
APRENDIZAGEM
Fonte: Fonseca (1995)
De acordo com Fonseca (1995), a BPM é o conjunto de atividades que
dinamicamente analisam os aspectos motores das crianças. A BPM consiste em 7
aspectos psicomotores sendo tonicidade, equilíbrio, lateralidade, noção do corpo,
coordenação global, coordenação fina e estrutura espaço temporal.
A - Tonicidade
Extensibilidade
Na extensibilidade se avalia o grau de mobilização e de amplitude que uma
dada articulação atinge. Na BPM exploram-se os membros inferiores e superiores.
36
Nos inferiores explora-se a extensibilidade dos adutores e extensores da
coxa; e do quadríceps femural.
Nos membros superiores explora-se a extensibilidade dos deltóides anteriores
e peitorais , flexores do antebraço e extensores do punho .
O material necessário será um colchão e uma fita métrica. Na observação dos
adutores da coxa pedi que a criança sente no chão e faça o máximo afastamento
das pernas.
Na observação dos extensores da coxa requer que a criança se deite em
decúbito dorsal e tente tocar com os pés acima da cabeça fazendo um rolamento
inverso.
Na observação do quadríceps femural requer que a criança se deite em
decúbito ventral fazendo a flexão do joelho, o examinador deve levar os bordos
externos do pé em direção ao chão.
A cotação será a seguinte:
4-
se a criança atinge um afastamento dos adutores e extensores da coxa
entre 140º-180º e um afastamento dos calcanhares da linha média dos glúteos entre
20-25 cm. Não deve haver resistência aos movimentos e deve existir reserva de
extensibilidade muscular ;
3-
100º-140º nos adutores e extensores; e, 15-20 cm. nos quadríceps
femurais. A resistência deve ser pouca, não se identificando sinais tônicos
disfuncionais;
2-
60º-100 º nos adutores e extensores; e , 10-15 cm. nos quadríceps
femurais. A resistência é bem maior e os sinais de esforço são visíveis ;
1 - se a criança revela valores inferiores aos anteriores citados, com sinais
distônicos claros e evidentes .
Na observação dos deltóides anteriores e peitorais , a criança mantém-se em
pé com as mãos no quadril. O examinador fica por trás da criança faz a aproximação
dos cotovelos e observa a distância entre ambos .
Na observação dos flexores do antebraço a criança deve estar em pé com os
braços abertos ao lado do corpo com as palmas das mãos viradas para cima. O
examinador, que deve estar a trás , fará a extensão máxima do antebraço com o
movimento de pronação do punho da criança.
37
Na observação dos extensores do punho, o examinador deve assistir a flexão
da mão, pressionando suavemente o polegar e verificar se este toca no antebraço
ou medir esta distância.
A cotação será a seguinte:
4 -
se a criança toca com os cotovelos , se realiza a extensão total do
antebraço e s e toca com o polegar no punho. Não deve haver esforço e resistência,
a realização deve ser feita com disponibilidade e flexibilidade;
3-
a mesma realização descrita acima, mas com uma maior resistência e
com pequenos sinais de esforço;
2-
se a criança não toca com os cotovelos nem com o polegar nas
respectivas explorações, acusando rigidez, resistência e um esforço maior ;
1-
se a criança revela sinais desviantes e atípicos , resistência e muito
esforço .
Neste subfator somam-se as cotações dos membros inferiores com as dos
membros superiores e se chega à uma média que é o resultado da extensibilidade.
B-
Passividade
A passividade é analisada em função de movimentos e estímulos exteriores,
como balanços e oscilações dos membros superiores e inferiores da criança pelo
examinador.
Na exploração dos membros inferiores, a criança deve estar sentada em uma
cadeira, banco ou mesa, o suficiente para que seus pés não toquem no chão. O
examinador deve segurar as pernas na altura da panturrilha para que os pés fiquem
livres e então iniciar as oscilações e balanços. Depois, são realizadas a imobilização
do pé e realizado os movimentos de torções e rotações.
Na exploração dos membros superiores a criança deve estar de pé, com os
braços relaxados ao lado do corpo. O examinador introduz os deslocamentos de
balanços e oscilações em ambos os braços e mãos observando o grau de libertação
e abandono da rigidez.
A cotação será a seguinte:
4-
se a criança apresenta movimentos passivos objetivando facilidades de
descontração na musculatura exigida ;
38
3-
se a criança revela descontração mas realizam pequenos movimentos
voluntários , ligeiros sinais de resistência ;
2-
se não apresenta descontração, reproduz movimentos voluntários com
maior freqüência , sinais de instabilidade emocional;
1-
se não realiza a prova ou realiza de forma incompleta , total
insensibilidade ao membro ,dificuldade de descontração.
C-
Paratonia
Na paratonia é observada a capacidade da criança de conseguir uma
descontração voluntária dos membros superiores e inferiores provocados por
quedas e mobilizações passivas.
A criança deve estar em decúbito dorsal, com os membros relaxados. O
examinador vai realizar os movimentos com os membros elevando-o s até a vertical
e depois os soltando em queda livre.
A cotação será a seguinte:
4-
se a criança não revelar tensões ou resistências nos quatro membros;
3-
se revela ligeiras tensões e resistências muito fracas;
2-
se revela tensões, bloqueios e resistências moderadas e freqüentes ;
1-
se, além do descrito acima, revela impulsividade de descontração
involuntária, recuas e manifestações emocionais.
D-
Diadococinesias
Permite detectar movimentos associados fragmentados e dismétricos, que
são resultados de uma imaturidade na inibição psicomotora.
A criança deve estar sentada, com os cotovelos em apoio em cima da mesa.
Nessa posição realiza a prova de marionetes, com movimentos de pronação e
supinação, simultâneos e alternados em ambas as mãos.
A cotação será a seguinte:
4-
se realiza os movimentos com precisão e amplitude adequada,
coordenados e harmoniosos;
3-
se realiza com ligeiro desvio do eixo do antebraço e afastamento dos
cotovelos, mudanças de ritmo;
39
2-
se apresenta descoordenação, movimentos em espelho, reações
emocionais que atrapalhem a tarefa;
1-
se não realiza a tarefa, movimentos de espelho constantes,
instabilidade emocional.
E-
Sincinesias
É a observação de movimentos contralaterais, peribucais ou linguais, todos
não intencionais nos membros opostos aos que participam do movimento.A criança
deve estar sentada com ambas as mãos em cima da mesa, realizando a
compressão máxima de uma bola de espuma. Observar os movimentos de imitação
ou desnecessários a tarefa.
A cotação será a seguinte:
4-
se não apresenta qualquer vestígio de sincinesias;
3-
se
demonstra
sincinesias
contralaterais
pouco
claras,
quase
imperceptíveis;
2-
se apresenta sincinesias bucais e contralaterais marcadas e obvias;
1-
se além do acima citado, apresenta flexão do cotovelo, sincinesias
evidentes, inclusive linguais.
Ao termino deste subfator, é tirada a média de todos os subfatores e é
encontrada a cotação do fator tonicidade.
D-
Equilíbrio
a)
Imobilidade
Através de sua observação podemos avaliar a capacidade da criança em
conservar o equilíbrio em diversas situações, os ajustamentos posturais, as reações
emocionais, etc . A imobilidade requer que a criança fique na posição ortoestática
durante 60 segundos com os olhos fechados e os braços a o lado do corpo.
A cotação será a seguinte:
4-
mantém a posição durante os 60 segundos, sem nenhum sinal
desviante;
3-
mantém a posição entre 45 a 60 segundos, revelando ligeiros
movimentos faciais , oscilações, gesticulações, sorrisos, emotividade, etc;
40
2-
mantém a posição entre 30 a 60 segundos, revelando sinais desviantes
óbvios e claros, insegurança gravitacional ;
1-
mantém a posição ao menos por 30 segundos, com sinais desviantes
freqüentes, quedas , e insegurança gravitacional significativa.
b)
Equilíbrio Estático
Exige as mesmas capacidades da imobilidade com a diferença das posições
que são exigidas, mas reveste-se das mesmas características e significação do
subfator citado. São três provas: apoio retilíneo, manutenção do equilíbrio na ponta
dos pés e apoio unipedal. Crianças de 4-5 anos devem fazer as provas com os olhos
abertos e a partir de 6 anos com os olhos fechados.
O procedimento das três provas será o seguinte:
No apoio retilíneo a criança deve colocar o pé no prolongamento exato do
outro, estabelecendo o conta todo calcanhar de um pé com a ponta do outro pé,
durante 20 segundos.
Na manutenção do equilíbrio na ponta dos pés, a criança deve estar de pés
juntos e elevar os calcanhares fazendo a flexão plantar, durante 20 segundos.
No apoio unipedal, a criança apoia apenas um pé no chão, fazendo a flexão
de joelho da outra perna, durante 20 segundos.
Observar qual é o pé escolhido para o apoio (pé dominante na função de
equilibração) .
A cotação será a seguinte:
4-
mantém o equilíbrio durante 20 segundos sem sinais desviantes, sem
abrir os olhos;
3-
mantém a posição durante 15 a 20 segundos, com pequeno s e pouco
perceptíveis sinais desviantes sem abrir os olhos;
2-
mantém a posição durante 10 a 15 segundos, revelando dificuldade de
controle, sem abrir os olhos;
1-
E-
mantém a posição por menos de 10 segundos sem abrir os olhos.
Equilíbrio Dinâmico
Aqui é avaliado o equilíbrio durante a movimentação e o deslocamento. As
tarefas deste subfator incluem: marcha controlada, evolução no banco, saltos com
41
apoio unipedal e saltos a pés juntos. O procedimento de cada tarefa é o seguinte:
Na marcha controlada a criança deve caminhar em cima de uma linha reta
com 3m de comprimento, de modo que o calcanhar de um pé sempre toque na
ponta do outro pé sucessivamente até o final, sempre com as mãos na cintura.
Na evolução sobre o banco a criança deve caminhar de forma normal em
cima do banco (3m de comprimento com 5cm de altura) , com as mãos na cintura .
Na tarefa de saltos com o apoio unipedal, a criança deve percorrer a distância
de 3m saltando com um pé só até o final, as mãos devem estar na cintura. Observar
o pé escolhido como apoio. Ao final do percurso realizara prova com o outro pé.
Na tarefa de saltos com os pés juntos a criança deve percorrer a distância de
3m realizando saltos, para frente, para trás, esquerda e direita. As mãos devem
estar na cintura.
A cotação será a seguinte:
4-
se a criança realiza os movimentos com precisão e harmonia,
evidenciando um controle dinâmico e postural, rítmico e preciso;
3-
se apresenta ligeiras oscilações, sem quedas, com ligeiros sinais
difusos;
2-
se apresenta desequilíbrio evidente, reajustamento das mãos na
cintura, sinais de insegurança gravitacional, sinais desviantes claros, uma a três
quedas;
1-
se
apresenta
desequilíbrio
freqüente,
instabilidade
emocional,
insegurança gravitacional evidente, mais de três quedas no percurso, tenta se
equilibrar com os braços e sinais disfuncionais óbvios.
F-
Lateralidade
F1.
Lateralidade Ocular
É utilizada para detectar o olho principal, a criança deve olhar através de um
tubo ou canudo de papel e depois através de um buraco feito em uma folha de
papel. Registra-se a preferência anotando D para direita e E para esquerda.
F2.
Lateralidade Auditiva
Para avaliar o ouvido de preferência, pede-se a criança fingir que está a
tendendo um telefone e depois para ouvir um relógio de corda. Registra-se da
mesma forma das situações passadas.
42
F3.
Lateralidade Manual
Utiliza- se desta tarefa para observar a mão dominante É sugerido à criança
que simule escrever algo e depois simule cortar um pedaço de papel com uma
tesoura. Registra-se igualmente aos subfatores passados.
F4.
Lateralidade Pedal
Para avaliar o pé preferencial, pede-se que a criança de um passo a frente
muito grande (passo de gigante) e depois simule enfiar as calças. Registra-se como
nas situações anteriores.
A cotação será a seguinte:
4-
se a criança faz o teste sem hesitações e obtém um perfil DDDD ou
EEEE, nenhum sinal difuso, realização precisa ;
3-
se a criança demonstra ligeiras hesitações e um perfil como DDEE,
EEDD, DEDE, etc., sem revelar confusão;
2-
apresenta freqüentes hesitações, perfis inconsistentes e sinais de
ambidestria , sinais disfusos mal - integrados bilateralmente;
1-
se não realiza as provas demonstrando ambidestria nítida, ter
lateralidade mista mal - integrada ou lateralidade contrariada.
G-
Noção de Corpo
Sentido Cinestésico:
Pretende- se , nesta tarefa , que a criança identifique as partes do seu corpo
que forem tocadas pelo examinador , sendo que crianças na faixa etária de 4 e 5
anos devem nomear oito pontos táteis (nariz, queixo, olhos, orelha, ombro, cotovelo ,
mão e pé) e as crianças na faixa etária de seis anos e acima , devem nomear 16
pontos táteis (testa, boca ou lábios, olho direito, orelha esquerda, nuca ou pescoço,
ombro esquerdo, cotovelo direito, joelho esquerdo, pé direito, pé esquerdo, mão
esquerda, polegar, indicador, médio, anelar e mínimo direitos) . Pede-se a criança
que feche os olhos, em pé em posição de imobilidade.
A cotação deve ser a seguinte:
4-
se a criança nomeia todos os pontos táteis (8 ou 16) sem evidenciar
sinais disfusos, é precisa e demonstra autocontrole;
3difusos;
se nomeia corretamente 6 ou 12 pontos táteis com sinais ligeiros
43
2-
se nomeia de 4 à 8 pontos táteis, evidenciando sinais difusos óbvios;
1-
se nomeia apenas um a dois ou quatro a seis pontos, com sinais
difusos freqüentes.
H-
Reconhecimento Direita-Esquerda
Nesta tarefa, a criança deve responder com ato motor as solicitações verbais
do examinador demonstrando o seu conhecimento de seu próprio corpo e noções de
direita-esquerda .
Para a criança na faixa etária de 4 e 5 anos, as solicitações verbais são:
a)
Mostrar a mão direita;
b)
Mostrar o olho esquerdo;
c)
Mostrar o pé direito;
d)
Mostrar a mão esquerda.
Para crianças de 6 anos e acima, as solicitações são as mesmas passadas
(localização bilateral ) e solicitações contralateral (cruzamento da linha média do
corpo) e reversível (localização no outro), são as seguintes:
a)
Cruzar a perna direita por cima do joelho esquerdo;
b)
Tocar a orelha esquerda com a mão direita;
c)
Apontar o olho direito do examinador com a mão esquerda;
d)
Apontar a orelha esquerda do examinador com a mão direita.
A cotação será a seguinte:
I-
4-
se realiza as quatro ou oito tarefas de forma precisa e correta;
3-
se realiza três ou seis tarefas;
2-
se realiza duas ou quatro das tarefas;
1-
se não realiza as tarefas ou se realiza uma ou duas ao acaso.
Auto-Imagem (Face)
Visa estudar a noção de corpo que a criança possui a partir de sua face
dentro do parâmetro de espaço próprio, ou seja, todo o espaço extra corporal
imediato que é possível atingir com os movimentos do braço sem mover os pés.O
procedimento é o seguinte: pede- se à criança que, de olhos fechados, com os
braços em extensão lateral, as mãos fletidas e os indicadores estendidos, realize um
44
movimento lento de flexão do braço tente tocar com as pontas dos dedos
indicadores a ponta do nariz, por quatro vezes, duas com cada indicador.
A cotação será a seguinte:
4-
se a criança toca as 4 vezes exatamente na ponta do nariz;
3-
Se falha uma a duas vezes;
2-
se acerta uma a duas vezes revelando ligeiros sinais disfusos;
1-
se erra todas ou acerta uma tentativa com significativos desvios,
movimentos dismétricos e tremores.
J-
Imitação de gestos
Neste fator a criança deve demonstrar a capacidade de reproduzir gestos do
examinador desenhados no espaço.As tarefas requerem a imitação direta de figuras
geométricas desenhadas no espaço, com movimentos bilaterais , feitos com os
indicadores simultaneamente (cada indicador faz um lado da figura, iniciando juntos
e finalizando , fechando, a figura imaginária).Os desenhos são: um círculo, uma
cruz, um quadrado e um triângulo.
A cotação será a seguinte:
4-
se a reprodução é perfeita, com imitação exata das 4 figuras;
3-
se reproduz 3 das 4 figuras com ligeiras distorções, imitação
aproximada;
2-
se reproduz duas figuras, com sinais de dismetria, distorção de formas,
descoordenação, imitação distorcida;
1-
se não reproduz nenhuma ou uma das figuras, com sinais disfusos
marcantes.
L-
Desenho do Corpo.
Aqui a criança deve desenhar o que sabe de seu corpo, procurando
demonstrar uma representação tanto no aspecto gnósico como simbólico e gráfico.
A criança deve desenhar em uma folha normal e dispor do tempo necessário
para realizar a tarefa.
A cotação será a seguinte:
45
4-
se realiza um desenho, com riqueza de detalhes, lógica e dentro dos
parâmetros anatômicos;
3-
se realiza um desenho completo apresentando pequenas distorções;
2-
se realiza um desenho muito grande ou muito pequeno, com pobreza
anatômica e distorções de forma e proporção;
1-
M-
se não realiza o desenho ou realiza algo irreconhecível.
Estruturação Espaço-Temporal
Organização
Neste subfator, a criança deve entender e calcular distâncias para realizar
percursos motores, envolvendo as funções de análise espacial, direção e
planificação. O procedimento a seguir é sugerir à criança andar de um ponto da sala
à outro na distância de 5m, contando o número de passos em voz alta, depois pedese para realizar o percurso aumentando um passo (4, 5 anos) ou três passos (6 ou
mais anos), por último solicita- se o terceiro percurso com menos um passo ou
menos três passos tendo como base o primeiro percurso, respectivamente para
crianças com 4,5 anos e 6 ou mais anos.
A cotação será a seguinte:
4-
se a criança realiza os três percursos com cálculo exato e contagem
perfeita;
3-
se realiza os três percursos com ligeiro ajustamento final de passadas
(alargamento ou encurtamento), mantendo a contagem correta;
2-
se realiza dois percursos com confusão da contagem apresentando
sinais de desorientação espacial e dismetria;
1-
se não completa aprova ou realiza apenas um percurso com sinais
claros de desorientação espacial e dificuldade de planificação.
N-
Estruturação Dinâmica
Esta tarefa envolve a análise visual, memória de curto tempo, rechamada
seqüencial dos fósforos e reprodução ordenada da esquerda para a direita.
Requer fichas desenhadas com as figuras (fósforos colocados de diversas
Formas) e cinco palitos de fósforos para a criança reproduzir o que viu na ficha.
46
As fichas são as seguintes:
N1.
1, ensaio, dois palitos paralelos , um para baixo o outro para cima.
N2.
2, modelo a , três palitos paralelos, o do meio com a cabeça para
N3.
3, modelo b, quatro palitos paralelos, os dois do meio com a cabeça
baixo.
para baixo.
N4.
4, modelo c, cinco palitos paralelos, o primeiro e o terceiro com a
cabeça para cima.
O procedimento é o seguinte: pede-se à criança que reproduza as mesmas
seqüências, mantendo a orientação esquerda direita. É permitido um ensaio com a
ficha de dois palitos e depois é iniciado o teste com as outras três fases de
reprodução envolvendo três, quatro e cinco palitos respectivamente.
A cotação será a seguinte:
4-
se realiza corretamente as reproduções;
3-
se realiza corretamente a ficha de ensaio mais as duas primeiras
2-
se realiza a ficha de ensaio e mais a primeira ficha, apresentando
fichas;
dificuldades de memorização;
1-
se só realiza a ficha de ensaio, demonstrando dificuldades gnósicas e
práxicas significativas.
O-
Representação topográfica
A tarefa avalia a integração espacial global e a capacidade de transferência
de dados espaciais.
A realização requer uma folha de papel e um lápis. O procedimento a seguir
é: o observador, em conjunto com a criança , realiza um levantamento topográfico
da sala, reproduzindo o mais exatamente possível os espaços, móveis, estruturas e
proporções, identificando tudo na folha de papel como se fosse um mapa .
É necessário que os móveis da sala sejam numerados, como referência para
o trajeto, por exemplo, porta 1, armário 2, quadro 3, etc., assim a criança deve fazer
o percurso que o examinador desenhar aleatoriamente na folha onde foi feito o
levantamento topográfico da sala.
47
Dada a dificuldade do teste, somente crianças com 6 anos ou mais é que,
normalmente, são exigidas.
A cotação será a seguinte:
4-
se realiza a trajetória sem dificuldades, demonstrando uma excelente
interiorização espacial ;
3-
se apresenta algumas hesitações ou desorientações espaciais;
2-
se realiza o trajeto com freqüentes hesitações e desorientações
direcionais;
1-
P-
se não realiza a tarefa.
Estruturação rítmica
Avalia problemas de percepção auditiva e de memorização de curto tempo. A
criança deve reter, captar, reclamar e expressar em termos motores os estímulos
auditivos (batimentos de lápis na mesa) .
A realização requer um lápis. Sugere-se à criança que ouça com atenção a
seqüência de batimentos para depois reproduzir a mesma estrutura e números de
batimentos.
As estruturas rítmicas são as seguintes;
P1.
1 para ensaio : *--*- -
P2.
2 para cotação: **--**--
P3.
3 para cotação: * * - - * --
P4.
4 para cotação: *--**--
P5.
5 para cotação: * - - * - - - *
Onde: “*” é batida forte e pausada, e, “ - “ é uma batida fraca e rápida.
A cotação será a seguinte:
4-
se reproduz todas as estruturas e batimentos de forma correta,
revelando perfeita integração auditivo-motora;
3-
se reproduz quatro estruturas com realização correta;
2 -
se realiza três tarefas, revelando alterações desordem;
1-
se realiza duas tarefas ou não realiza a tarefa, demonstrando
distorções perceptivo-auditivas.
Q-
Coordenação Global
48
Coordenação Óculo-Manual
Requer a capacidade de coordenar o membro superior (dominante) com a
percepção visual de avaliação de distância e de precisão de lançamento.
A tarefa requer uma bola de tênis e um cesto de lixo, uma cadeira e uma fita
métrica. Pede-se a criança que arremesse a bola para dentro do cesto colocado em
cima de uma cadeira e a uma distância de 1,50m (4-5 anos) ou 2,50m (6 anos ou
mais). Deve ser realizados um ensaio e depois quatro lançamentos.
A cotação será a seguinte:
4-
se acertar 4 ou 3 lançamentos com precisão ;
3-
se acertar 2 lançamentos com precisão demonstrando pequenos sinais
disfuncionais;
2-
se acertar um lançamento, revelando dispraxias;
1-
se não acertar nenhum lançamento, demonstrando sinais disfuncionais
marcantes.
Coordenação Óculo-Pedal
A tarefa requer a coordenação do membro inferior (dominante) com a
capacidade visual de cálculo de distância e de precisão. O material necessário; uma
bola de tênis, uma cadeira e uma fita métrica. A criança deve chutar a bola entre as
pernas da cadeira em distâncias iguais ao subfator anterior. A cotação também deve
ser a mesma adotada à situação passada.
R-
Dismetria
Na BPM esse subfator não constitui uma tarefa propriamente falando , pois é
o resultado das duas tarefas anteriores.
A cotação deve ser :
4-
se realiza as 8 tarefas com movimentos corretos;
3-
se realiza as tarefas com ligeira dismetria;
2-
se demonstra dismetria, movimentos exagerados ou inibidos demais;
1-
se evidencia dispraxias de várias formas .
49
S-
Dissociação
A dissociação demonstra a independência dos vários segmentos corporais
estruturados em função de um fim, o que exige a continuidade rítmica da execução
motora. O procedimento a adotar deve seguir a seguinte seqüência:
a)
Membros superiores;
b)
Membros inferiores;
c)
Coordenação entre os membros inferiores e superiores.
Sugere-se que a criança realize, primeiramente, vários batimentos das mãos,
em cima de uma mesa da seguinte maneira:
a)
2MD - 2ME
b)
2MD - 1ME
c)
MD - 2ME
d)
2MD –3ME
Observando que: MD – mão direita e; ME – mão esquerda. A seguir a criança
deve realizar batidas com os pés no solo, seguindo as mesmas estruturas de
batimentos que as mãos. Depois pede-se a criança para realizar os batimentos de
coordenação nas quatro extremidades, a seguir: 1MD – 2ME – 1PD – 2PE Sendo
que: MD – mão direita; ME – mão esquerda; PD – pé direito ; PE – p é esquerdo.
A cotação será a seguinte:
4-
se a criança realiza as 4 ou 3 seqüências com preciso autocontrole e
planejamento motor;
3-
se realiza 2 seqüências, apresentando sinais disfuncionais quase
imperceptíveis;
T-
2-
se realiza 1 seqüência, revelando dispraxias e dismetrias;
1-
se não realiza nenhuma seqüência com sinais disfuncionais marcantes
Coordenação Fina
Coordenação dinâmica manual
Requer a capacidade fina dos movimentos das mãos e dedos com as
capacidades visioperceptivas em termos de velocidade e precisão. O material
necessário são cinco ou dez clipes, de tamanho médio e cronômetro.
50
Pede-se à criança para fazer uma pulseira o mais depressa possível,
contendo cinco clipes para crianças de 4 e 5 anos e dez clipes para crianças de 6
anos ou mais.
A cotação será a seguinte:
4-
se
realiza
em
menos
de
2
minutos,
demonstrando
perfeito
planejamento motor;
3-
se realiza entre 2 e 3 minutos sem revelar sinais dispráxicos;
2-
se realiza entre 3 e 5 minutos revelando dispraxias;
1-
se realiza em mais de 6 minutos ou se não realiza, demonstrando
sinais disfuncionais mar cantes.
U-
Tamborilar
Requer a realização precisa de movimentos finos em forma de transição de
dedo à dedo seqüencializada, demonstrando agnosia digital, a planificação
micromotora distal e a preferência manual.
A criança deve realizar círculos na transição de dedo para dedo, desde o
indicador até o mínimo, e, em seguida na direção inversa (2,3,4,5 e 5,4,3,2). É
permitido um ensaio, depois a tarefa deve ser cumprida da seguinte forma : mão
direita, esquerda e simultaneamente as duas.
A cotação deve ser:
4-
se realiza o tamborilar com precisão e harmonia;
3-
se realiza o tamborilar com ligeiras hesitações;
2-
se realiza o tamborilar com dificuldades claras, saltos de dedos e
dispraxia fina;
1-
V-
se não realiza a tarefa.
Velocidade-Precisão
É a observação da coordenação práxica do lápis.
Requer como material uma folha de papel quadriculado, lápis e cronômetro.
Sugere-se à criança que faça o maior número de cruzes durante 30 segundos
dentro dos quadrados do papel, da esquerda para a direita. Depois, em outra folha
51
quadriculada, repetir o exercício, mas em vez de cruzes a criança deve colocar
pontos nos quadrados.
A cotação será a seguinte:
4-
se a criança realiza 20 cruzes ou 50 pontos;
3-
se realiza entre 2 0 e 15 cruzes e entre 30 e 50 pontos;
2-
se realiza entre1 5 e 10 cruzes e entre 20 e 30 pontos;
1-
se realiza menos de 10 cruzes, menos de 15 pontos ou se não
completa as tarefas.
A BPM não procura atingir um valor numérico ou um quociente psicomotor
imutável ou infalível; pelo contrário, procura avaliar dinamicamente o potencial
humano de aprendizagem que cada criança transporta consigo como características
intrínseca. Não se trata de uma avaliação convencional, mais sim dinâmica, visando
à possibilidade de modificar a capacidade psicomotora manifestada evidenciada
pela criança. (FONSECA, 1995)
Na avaliação psicomotora, o observador (mediador) não deve tomar uma
posição neutra ou fria com observado (criança) e sim um postura de incentivar e ate
mesmo lúdica. A principal função da BPM é avaliar a qualidade dos processos
psíquicos de sua integração e não medir o produto motor. Portanto a BPM é um
instrumento de identificação da psicomotricidade e psiconeurológica da criança e
não permitida a utilização da mesma para diagnosticar déficits neurológicos e nem
cerebrais. (FONSECA, 1995)
3.3
Apresentação dos resultados
Quadro 2: Primeira Avaliação Psicomotora
Tonicidade
Extensibilidade
(2)
Passividade
(2)
Paratonia
(2)
Diacocinesias
(2)
Sincinesiais
(4)
Média
2,4
Equilíbrio
Imobilidade
(1)
Estático
(1)
Dinâmico
(1)
-
-
1
Ocular
(D)
Sentido
cinestésico
(1)
Organização
Auditiva
(E)
Reconhecimento
direita/esquerda
(1)
Dinâmica
Manual
(E)
Auto Imagem
Desenho do
corpo
(1)
-
(1)
Coordenação
global
Coordenação
fina
Lateralidade
Noção de
Corpo
Estruturação
espaço
temporal
Pedal
(E)
Imitação de gestos
(1)
(1)
(1)
Representação
topográfica
(1)
Estruturação
rítmica
(1)
Óculo manual
(1)
Óculo pedal
(1)
Dissociação
(1)
Dinâmica manual
(1)
Tamborilar
Velocidade e
precisão
(1)
(1)
Soma
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
1
-
1
Dismetria
(1)
-
1
-
-
1
7,4
52
Quadro 3: Classificação referente ao quadro 2.
PONTOS BPM
PERFIL PSICOMOTOR
DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM
27 - 28
22 - 26
14 - 21
09 - 13
07 -08
Superior
Bom
Normal
Dispráxico
Deficitário
Ligeiras ( específicas )
Significativas ( severas )
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
Quadro número 2, apresenta o resultado da primeira avaliação psicomotora,
realizada com a participante no início da intervenção. Obteve -se com a soma da
média o valor de 7,4, que classifica o Perfil Psicomotor da participante como
Deficitário segundo Fonseca, 1995.
Quadro 4: Segunda Avaliação Psicomotora
Tonicidade
Extensibilidade
(3)
Passividade
(3)
Paratonia
(3)
Diacocinesias
( 2)
Sincinesiais
(2)
Média
2,6
Equilíbrio
Imobilidade
(1)
Estático
(1)
Dinâmico
(1)
-
-
1
Ocular
(D)
Auditiva
(E)
Manual
(E)
Pedal
(E)
-
-
Sentido
cinestésico
(1)
Reconhecimento
direita/esquerda
(1)
Auto Imagem
Desenho
do corpo
(1)
1,2
(2)
Imitação de
gestos
(1)
Estruturação
espaço
temporal
Organização
Dinâmica
1,25
(2)
Estruturação
rítmica
(1)
-
(1)
Representação
topográfica
(1)
Coordenação
global
Óculo manual
(3)
Óculo pedal
(1)
Dissociação
(1)
Dismetria
(1)
-
1,5
Coordenação
fina
Dinâmica manual
Tamborilar
-
-
2
(2)
(2)
Velocidade e
precisão
(2)
Lateralidade
Noção de
Corpo
Soma
9,55
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
Quadro 5: Classificação referente ao quadro 4.
PONTOS BPM
PERFIL PSICOMOTOR
DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM
27 - 28
22 - 26
14 - 21
09 - 13
07 -08
Superior
Bom
Normal
Dispráxico
Deficitário
Ligeiras ( específicas )
Significativas ( severas )
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
53
Quadro número 4, apresenta resultado da segunda avaliação psicomotora,
realizada com a participante após terceiro mês de intervenção. Obteve-se com a
soma da média 9,55, uma melhora que classifica a participante segundo Fonseca,
1995 com Perfil Psicomotor Dispráxico.
Quadro 6: Terceira Avaliação Psicomotora
Tonicidade
Extensibilidade
(3)
Passividade
(2)
Paratonia
(3)
Equilíbrio
Imobilidade
(1)
Estático
(1)
Dinâmico
(1)
Ocular
(D)
Sentido
cinestésico
(1)
Organização
Auditiva
(E)
Reconhecimento
direita/esquerda
(1)
Dinâmica
Manual
(E)
Auto Imagem
(1)
Óculo manual
(2)
Dinâmica
manual
(3)
(2)
Óculo pedal
(2)
Tamborilar
Lateralidade
Noção de Corpo
Estruturação
espaço temporal
Coordenação
global
Coordenação
fina
(3)
(2)
Representação
topográfica
(1)
Dissociação
(1)
Velocidade e
precisão
(2)
Diacocinesias
(1)
Sincinesiais
(4)
Média
2,6
1
Pedal
(E)
Imitação de
gestos
(1)
Estruturação
rítmica
(1)
Dismetria
(1)
Desenho
do corpo
(1)
1,2
1,25
1,5
2,66
Soma
10,21
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
Quadro 7: Classificação referente ao quadro 6.
PONTOS BPM
PERFIL PSICOMOTOR
DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM
27 - 28
22 - 26
14 - 21
09 - 13
07 -08
Superior
Bom
Normal
Dispráxico
Deficitário
Ligeiras ( específicas )
Significativas ( severas )
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
Quadro número 6, apresenta a resultado da terceira avaliação psicomotora,
realizada com a participante após sexto mês de intervenção. Obteve-se com a soma
da média 10,21, onde podemos observar que se manteve a melhora que classifica a
participante segundo Fonseca, 1995 com Perfil Psicomotor Dispráxico.
3.4
Depoimentos
54
Em uma breve entrevista com a mãe da criança e profissionais de Educação
Física foi questionada a ECNP em si de um ponto de vista mais pessoal, se
acreditam que a atividade aquática possa trazer algum benefícios a criança com
ECNP.
Professor de Educação Física, 34 anos de idade, gênero masculino. Eis o seu
depoimento:
Partindo do princípio que este problema tem como principal
efeito as perturbações motoras e sensoriais, podemos
proporcionar vários estímulos através da atividade física
aquática, por exemplo, para contribuir na melhoria destes
respectivos repertórios, que apresentam déficit. Acredito que a
Educação Física, dispõe de muitos recursos que podem
colaborar para a melhoria da qualidade de vida, tanto na esfera
motora quanto sensorial das crianças com Encefalopatia
Crônica não progressiva.
Professor de Educação Física, 23 anos de idade, gênero masculino. Eis o seu
depoimento:
Tenho experiência na área da educação inclusiva desde 2011,
onde atuo com crianças com ECNP. A pratica de atividades
física para crianças com ECNP é importante para o seu
desenvolvimento (biológicos, intelectual, emocional, social,
comunicação e de fundamental importância o desenvolvimento
motor) auxiliando de forma positiva trabalhos paralelos que são
desenvolvidos nas escolas. Temos muitos recursos que podem
ser utilizados com este público. Os recursos disponíveis na
educação física para serem trabalhados com os alunos ECNP
vai variar de acordo com as capacidades que o aluno tem
preservadas, capacidades essas que podem ser identificadas
com a aplicação da BPM. O uso da BPM para avaliar uma
criança
com
ECNP,
contribui
pra
o
levantamento
de
55
informações, que serão necessárias no momento de planejar
uma atividade física para a criança. Com ela podemos saber
quais as capacidades que
o
aluno possui, quais as
capacidades que devem ser melhoradas e quais deveram
sofrem adaptações com as aulas.
Mãe da criança
Pra mim minha filha teve um progresso muito bom desde que
iniciou a participar do programa. Seu comportamento mudou,
está mais calma, com um tempo de concentração maior para
realizar atividades, percebi que sua coordenação motora
melhorou,
os
espasmos
musculares
diminuíram
significativamente, também sua coordenação fina está mais
desenvolvida pois ela consegui até pintar as unhas com
esmalte. Estou muito satisfeita com evolução que ela alcançou.
3.5
Discussão
O objetivo do presente estudo foi analisar o processo de intervenção no
desenvolvimento psicomotor da criança com ECNP através da prática da atividade
aquática. Os resultados deste estudo serão discutidos em função dos fatores que
contribuem para melhora no desenvolvimento psicomotor da criança com ECNP.
Sasaki e Mello (2013), realizaram estudos que analisaram o desenvolvimento
psicomotor de crianças com deficiência intelectual, os resultados de melhora foram
comprovados através do método de avaliação segundo a Bateria Psicomotora de
Fonseca (1995). Os autores notaram que em cada avaliação psicomotora, as
crianças melhoravam seu desenvolvimento psicomotor saindo de um ponto inicial
crítico e chegando dentro parâmetros "normais" dentro do protocolo da BPM.
Santos (2012), notou em seu estudo realizado com criança autista melhoras
nos aspectos físicos, sociais e emocionais alterando o seu perfil psicomotor
utilizando o protocolo da BPM como comprovação dos resultados.
56
As afirmações dos autores acima vem a contribuir com o presente estudo,
tendo como objetivo principal a utilização da BPM como protocolo de avaliação para
identificar as alterações no perfil psicomotor das crianças citadas nos estudos.
Fernandes e Mariotin (2013), descrevem que não obtiveram resultados em
seu estudo realizado com crianças com Síndrome Dowm não apresentando uma
alteração no perfil psicomotor utilizado como avaliação protocolo da BPM. No
presente estudo, foi possível mostrar os resultados comprovados através do
protocolo de avaliação BPM, o que não ocorreu com os autores citados acima que
utilizaram o mesmo instrumento de avaliação não colaborando com esse estudo.
Jacques et al. (2010), em seus estudos realizados, não apresentaram
resultados significativos quanto à avaliação da capacidade vital, autopercepção,
orientação aquática, auto-estima e independência funcional na
abordagem da
terapia aquática em crianças com ECNP. O estudo acima citado, não corrobora com
os resultados do presente estudo, o qual foi possível demonstrar mudanças na
classificação do perfil psicomotor, de acordo com a BPM de Fonseca (1995), sendo
possível verificar uma melhora no desenvolvimento dos aspectos motores através
da atividade aquática.
Rocha et al. (2009), destacaram em seu estudo a importância da atividade
física para crianças com ECNP, descrevendo inúmeros benefícios apesar das
limitações desses indivíduos. Notaram o desenvolvimento dessas crianças
melhorando a auto-estima, tônus muscular, a socialização, a autonomia, diminuição
rigidez muscular, aumento amplitude articular, força e equilibrio. As melhoras citadas
pelos autores foram obtidas através da prática da natação.
No estudo de Adair et al. (2006), os resultados apresentados indicaram que
os exercícios físicos, mais especificamente os realizados no ambiente aquático
tendem a melhorar a função social de portadores de ECNP, permitindo uma maior
participação na interação social, tarefas domésticas, jogos sociais e interativos e se
apresenta como uma forma de promover uma maior independência, com uma
conseqüente participação social mais efetiva, e com tendência à melhora na
qualidade de vida e na saúde de portadores de ECNP.
Arroyo e Oliveira (2007), após os resultados concluíram em seu estudo, que a
atividade aquática é indica para a estimulação psicomotora de crianças com ECNP.
Os participantes avaliados tiveram melhoras consideráveis nos aspectos
psicomotores como coordenação e equilibrio, lateralidade, esquema corporal,
57
orientação temporal e espacial. Os autores destacam que os participantes avaliados
se tornaram mais hábeis nas atividades de meio líquido, onde a facilitação do
movimento favoreceu a percepção do corpo e de suas capacidades e
potencialidades, promovendo assim novas adaptações tanto intrínsecas como
extrínsecas. O estudo mencionado acima vem a contribuir na conclusão do presente
estudo, de maneira que os resultados apresentados nos estudos relacionados
coincidem afirmando que a pratica de atividade aquática traz benefícios para
crianças com ECNP.
Os estudos supracitados corroboram com os resultados do presente estudo
no que diz respeito à melhora no aspectos psicomotores no desenvolvimento da
criança com ECNP, sendo observada uma mudança no Perfil Psicomotor da
participante desta pesquisa.
3.6
Parecer final
Diante dos resultados obtidos, pode-se observar que a criança avaliada
obteve uma mudança no Perfil Psicomotor, no período em que foi proposto o estudo,
alterando sua classificação de Deficitário para Dispráxico, de acordo com a
avaliação Psicomotora de Fonseca (1995).
58
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
A pesquisa demonstrou que atividade física aquática promoveu melhoras no
desenvolvimento da criança com ECNP.
Diante dos resultados obtidos proponho o seguinte plano de intervenção:
Que a criança continue a freqüentar os atendimentos de atividade aquática e
possa freqüentar outros atendimentos oferecidos pelo Núcleo.
59
CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos, verificou-se que os mesmos foram favoráveis,
podendo observar que a cada avaliação psicomotora, a criança melhorou seu
desenvolvimento, e diante da classificação de acordo com o protocolo da BPM de
Fonseca (1995), houve uma alteração no perfil psicomotor, obtendo uma soma da
média maior em comparação com as avaliações anteriores, o que pode classificar a
participante de Perfil Motor Deficitário, na 1ª avaliação, para Perfil Motor Dispraxico
nas demais avaliações.
A realização da avaliação psicomotora geralmente ocorre devido a vários
propósitos, de forma que possa ser elaborado um programa de atividades físicas
para a estimulação de tais habilidades não adquiridas.
A BPM de Fonseca (1995), não foi constituída para identificar ou classificar
um déficit neurológico, nem tão pouco serve para diagnosticar uma disfunção
cerebral, nem uma lesão cerebral, porém pode fornecer alguns dados que permitem
identificar crianças com dificuldades na aprendizagem motora. Após analise
psicomotora, a mesma bateria, mostra claramente quais são as dificuldades
intelectuais e físicas da criança analisada, no entanto, encontra-se na atividade
física aquática uma proposta de melhora psicomotora para esse público e uma
facilidade em sua aplicação.
Com essa pesquisa pode-se afirmar então que a atividade física aquática de
maneira continua traz melhoras para desenvolvimento psicomotor em crianças com
ECNP.
60
REFERÊNCIAS
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e
função
social,
2006
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61
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WINNICK J. P. Educação física e esportes adaptados, São Paulo, ed. manole,
2004.
63
APÊNDICES
64
APÊNDICE A - ROTEIRO ESTUDO DE CASO
1.
INTRODUÇÃO
Será realizado o estudo de caso com uma criança do gênero feminino,
na faixa etária de 13 anos, e que já freqüenta o Núcleo de Apoio Integrado ao
Atendimento Educacional Especializado situado na cidade de Lins, sob poder
municipal. Essa criança será avaliada inicialmente, e no decorrer do semestre
será realizado um acompanhamento, e uma reavaliação no final do semestre.
1.1
Relato do trabalho realizado referente ao assunto estudado
a) Será utilizada uma avaliação.
b) Depoimento do Profissional de Educação Física
1.2
Discussão
Confronto entre teoria (referencial teórico dos primeiros capítulos) e a
prática utilizada pela empresa ou entidade.
1.3
Parecer final sobre o caso e sugestões sobre manutenção ou
modificações de procedimentos.
65
APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTMENTO LIVRE E INFORMADO
I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE OU RESPONSÁVEL LEGAL
1. Nome do Paciente:
Documento de Identidade nº
Sexo:
Data de Nascimento:
Endereço:
Cidade:
Telefone:
U.F.
CEP:
1. Responsável Legal:
Documento de Identidade nº
Sexo:
Endereço:
Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.):
Data de Nascimento:
Cidade:
U.F.
66
II – DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA
1.
Título do protocolo de pesquisa:
2.
Pesquisador responsável:
Cargo/função:
Inscr.Cons.Regional:
Unidade ou Departamento do Solicitante:
3. Avaliação do risco da pesquisa: (probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência
imediata ou tardia do estudo).
SEM RISCO
RISCO MÍNIMO
RISCO MÉDIO
RISCO MAIOR
4. Justificativa e os objetivos da pesquisa (explicitar):
5. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos
procedimentos que são experimentais: (explicitar)
6. Desconfortos e riscos esperados: (explicitar)
7. Benefícios que poderão ser obtidos: (explicitar)
8. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo: (explicitar)
67
9.
Duração da pesquisa:
10. Aprovação do Protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética para análise de projetos de pesquisa em
/
/
III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU
REPRESENTANTE LEGAL
1. Recebi esclarecimentos sobre a garantia de resposta a qualquer pergunta, a qualquer dúvida
acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa e o
tratamento do indivíduo.
2. Recebi esclarecimentos sobre a liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar
de participar no estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação de meu tratamento.
3. Recebi esclarecimento sobre o compromisso de que minha identificação se manterá
confidencial tanto quanto a informação relacionada com a minha privacidade.
4. Recebi esclarecimento sobre a disposição e o compromisso de receber informações obtidas durante o
estudo, quando solicitadas, ainda que possa afetar minha vontade de continuar participando da pesquisa.
5. Recebi esclarecimento sobre a disponibilidade de assistência no caso de complicações e danos
decorrentes da pesquisa.
68
APÊNDICE C - ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA PROFISSIONAL DE
EDUCAÇÃO FÍSICA
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Profissão_______________________________________________________
Gênero:______ Idade:__________ Escolaridade:________________________
Reside em: ______________________________________________________
1. Você tem algum conhecimento sobre atividades físicas com crianças com
Encefalopatia Crônica Não Progressiva? Qual?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________
2. Você acredita que a Bateria Psicomotora (BPM) - Fonseca, 1995 reuni os
requisitos suficientes para elaborar um plano de aula para se trabalhar com crianças
com Encefalopatia Crônica Não Progressiva ?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________
3. Na sua opinião a Educação Física, dispõe de recursos suficientes para trabalhar
com crianças com Encefalopatia Crônica Não Progressiva?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________
69
APÊNDICE D: ROTEIRO DE ENTREVISTA COM A MÃE
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Nome _______________________________________________________
Gênero:______ Idade:__________ Escolaridade:________________________
grau de parentesco:
1. Período gestacional se teve quantos meses? Houve complicações no parto? O
parto foi realizado de maneira normal ou cesariana?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________
2. A criança possui alguma outra patologia ? Há outras pessoas na família como o
mesmo diagnostico?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________
3. Apresenta dores ou febres? Faz uso de alguma medicação? Apresenta ou já
apresentou convulsões?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4. Como é relação social e familiar da criança? Freqüenta a escola?
70
ANEXOS
71
ANEXO A: FICHA DE AVALIAÇÃO BATERIA PSICOMOTORA
Bateria Psicomotora (BPM)
Extensibilidade
Membro inferior
Passividade
Paratonia
72
Diadococinesisas
Sincinesias
Equilíbrio
Imobilidade
Equilíbrio estático
73
Equilíbrio Dinâmico
Lateralidade
Lateralidade ocular
Lateralidade auditiva
Lateralidade manual
Lateralidade Pedal
74
Noção do Corpo
Sentido Cinestésico
Auto – Imagem (face)
Desenho do Corpo
Reconhecimento direita/esquerda
Imitação de gestos
75
Estrutura Espaço Temporal
Organização
Estrutura Dinâmica
Estrutura rítimica
Representação topográfica
76
Coordenação global
Coordenaçãoóculo manual
Dissociação
Coordenação óculo pedal
77
Coordenação Fina
Coordenação dinâmica manual
Tamborilar
Velocidade – precisão
Protocolo de Avaliação
BPM ( Bateria Piscomotora )
O resultado total da BPM é obtido somando todos os subfatores e tirando a média, resultando o
fator estudado. A cotação máxima da prova é 28 (4 x 7 fatores ) , mínima é de 7 pontos (1 x 7) e a
média é 14 pontos.
Com base nos pontos obtidos pode construir -se uma escala, que aponta os seguintes valores:
PONTOS BPM
PERFIL PSICOMOTOR
27 - 28
22 - 26
14 - 21
09 - 13
07 -08
Superior
Bom
Normal
Dispráxico
Deficitário
DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM
Ligeiras ( específicas )
Significativas ( severas )
F o n t e : Fonseca (1995)
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a importância da atividade física aquática no