ANÁLISE DE SITUAÇÕES DIDÁTICAS PARA CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE ÁREA COMO GRANDEZA NO ENSINO FUNDAMENTAL Jorge Henrique Duarte 1 (SE-PE, SEC-PCR, FACIG) [email protected] TEXTO. O conceito de área é considerado muito rico do ponto de vista da matemática, pois, é um pólo que congrega os grandes eixos temáticos dos números, da geometria, das grandezas e da álgebra. Várias pesquisas detectaram problemas no ensino aprendizagem das grandezas geométricas. Baltar (1996), ao analisar avaliações do desempenho de alunos franceses e de resultados de pesquisa em Educação Matemática identificou alguns dos erros mais freqüentes, assim como, hipóteses explicativas das dificuldades conceituais que os alunos podem enfrentar na construção do conceito de área. Na pesquisa realizada por Baltar (ibid), entre os erros cometidos com maior freqüência pelos alunos avaliados, destacam-se a confusão entre área e perímetro, a utilização de fórmulas errôneas (tais como: área = perímetro x 2; ou, área = soma dos lados) e o uso inadequado de unidades (a expressão da medida da área de uma superfície cujo comprimento dos lados é dado em metros, por exemplo, é dada em metros, em metros cúbicos ou mesmo em centímetros, ao invés de metros quadrados). Baltar (ibid), observa ainda que essas avaliações, mesmo se localizando no contexto do sistema educativo francês, apontam para aspectos da aprendizagem dos conceitos de área e perímetro, identificados como complexos e problemáticos em outros contextos institucionais, inclusive no contexto brasileiro. Pesquisas realizadas no Brasil mostram o quanto é preocupante a situação do ensino das grandezas geométricas, especificamente o conceito de área, nas redes de ensino. Podemos citar, por exemplo, a que foi realizada pelo NAPE-UFPE–1997, em capitais do Nordeste, e o SAEPE-2000/2002, no estado de Pernambuco, e, em âmbito nacional, o SAEB-95 a 01. As referidas avaliações revelaram 1 Mestre em Educação, turma 1999, CE – UFPE, Professor das redes de ensino do município de Recife e do estado de Pernambuco. Professor da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais de Igarassu – FACIG. Anais do VIII ENEM – Comunicação Científica GT 1 – Educação Matemática nas Séries Iniciais 2 baixos índices de proficiência em torno das grandezas geométricas e em especial o conceito de área. O presente estudo realizado no âmbito de um curso de mestrado em Educação – UFPE, considerou a problemática anterior e teve como objetivo geral: Estudar procedimentos e invariantes operatórios (teoremas-em-ação e conceitos–em-ação) mobilizados por alunos de 5ª série, do 3º ciclo do ensino fundamental, na resolução de situações significativas para a construção do conceito de área como grandeza. Os objetivos específicos considerados foram: 1- Elaborar e testar situações de comparação, medida e produção de superfícies para utilização em contextos de ensino, abordando o conceito de área; 2 - Identificar teoremas-em-ação e conceitos-em-ação, implícitos ou explícitos, mobilizados por alunos de 5ª série na resolução de situações-problema de comparação, de medida e de produção de superfícies para a construção do conceito de área como grandeza e 3 - Identificar procedimentos de resolução utilizados pelos sujeitos nas situações pesquisadas. A pesquisa também recebeu o suporte teórico da teoria dos campos conceituais de Vergnaud (1990), que trata dos conceitos e teoremas em ação, e que fornece um apoio eficientemente apropriado para o estudo das situações propostas por Baltar (ibid) como significativas para a construção do conceito de área e adotadas no estudo. Destacamos ainda que durante o desenvolvimento das atividades não foram utilizadas as unidades do sistema métrico decimal do SI. Com base em Vergnaud, (1993), passamos a considerar que um conceito é constituído por uma tríade ( S, IO e Ę ) formada pelos seguintes conjuntos: • S: conjunto de situações que dão sentido ao conceito (a referência); • IO: conjunto de invariantes operatórios, mecanismos utilizados pelo sujeito na resolução do problema, sobre os quais se apóia a operacionalidade dos esquemas (variável psicológica, significado); • Ę: conjunto de representações simbólicas utilizadas e possíveis, tanto para a apresentação quanto para a resolução do problema (possibilidade de representação simbólica do conceito; o significante). A partir da tríade concebida por Vergnaud associamos ao 1º componente, as situações de comparação, medida e produção de superfícies. Vinculado ao 2º componente do tripé concebido por Vergnaud, consideramos como invariantes operatórios alguns conceitos em ação e teoremas em ação, já relacionados por Baltar (1996), como, também, alguns procedimentos previstos para resolução das atividades pelos sujeitos Anais do VIII ENEM – Comunicação Científica GT 1 – Educação Matemática nas Séries Iniciais 3 pesquisados. Quanto às representações que seriam utilizadas pelos sujeitos na resolução das atividades apresentadas no mini-curso, abordando o conceito de área como grandeza, alguns termos como, por exemplo, “espaço”, “tamanho”, “região” e “superfície” foram previstos. No tocante à representação gráfica, as figuras utilizadas e os desenhos feitos pelos sujeitos pesquisados, como também os números naturais e fracionários, seguidos de termos que indicam a unidade de medida de área não padronizada, também são exemplos de significantes previstos. Nessa abordagem, o conceito de área pode ser (re)construído significativamente através das situações apresentadas e, reciprocamente, uma situação vincula-se a muitos conceitos e sua formação deve acontecer ao longo do tempo, por meio de muitas interações, de maneira que os alunos pudessem refletir no sentido de que novas situações e novos conceitos lhes foram significativos, aplicando e adaptando aos seus conhecimentos antigos. Um importante construto teórico no presente estudo, é o trabalho de Lima (1995), que apresenta uma estrutura matemática referente ao conceito de área de superfícies planas. Inicialmente Lima (ibid), convenciona que o termo superfície significa um subconjunto limitado do plano euclidiano. Considera uma função, dita função área, definida num conjunto S de superfícies, com valores no conjunto dos números reais não negativos, e que apresenta certas propriedades que caracterizam a grandeza área: positividade - se uma figura que possua interior não vazio tem área positiva; aditividade – se duas figuras A e B têm em comum no máximo pontos de suas fronteiras, então a área da figura A∪B (união de A e B) é a soma da área de A com a área de B; invariância por Isometrias - se uma figura plana A é transformada em outra B, de modo que a distância entre dois pontos quaisquer de A fica inalterada em B, então A e B têm a mesma área. A função área, acima definida, permite que se construam, no conjunto das figuras geométricas, as classes de equivalência das figuras que possuem a mesma área, segundo tal função. Esse conjunto de classes de equivalência é que se constitui em um modelo abstrato para o conceito de área. Na pesquisa em tela, outro importante construto teórico adotado foi uma modelização didática do conceito de área concebida por Douady (1989), compatível com a caracterização matemática de Lima (1995) acima apresentada. Nesse modelo, a autora distingue três quadros2: o quadro geométrico, constituído por superfícies planas como 2 Para Douady (1989), um quadro é constituído por objetos da matemática, das relações entre esses objetos, de suas formulações eventualmente diversas e das imagens mentais que o sujeito associa a um momento dado aos objetos e suas relações. Anais do VIII ENEM – Comunicação Científica GT 1 – Educação Matemática nas Séries Iniciais 4 o triângulo, o quadrado e o retângulo; o quadro numérico, consistindo nas medidas das superfícies, que pertencem ao conjunto dos números reais não negativos e o quadro das grandezas, contexto próprio da noção de área, que integra os dois primeiros, sendo caracterizado, formalmente, como classes de equivalência de superfícies de mesma área. Uma hipótese didática considerada no estudo é a de que, no ensino-aprendizagem do conceito de área, deve-se distinguir e articular os quadros mencionados. Em trabalho posterior, Lima (2000), propôs adicionar aos três quadros acima um quarto quadro, o algébrico-funcional, que considera uma álgebra das grandezas e às fórmulas de área. O esquema abaixo mostra as relações entre os quadros mencionados. Quadro geométrico Quadro das grandezas Quadro numérico Quadro Algébrico-Funcional Previmos que, dependendo da atividade proposta, alguns objetos e ferramentas conceituais, pertencentes a dois ou mais quadros do esquema anterior, pudessem ser mobilizados pelo aluno quando inserido em situação de aprendizagem. Exemplificando, quando em uma situação que envolve a comparação entre a área de duas figuras, sem o emprego de medidas, requeremos do aluno a articulação de conceitos do quadro geométrico e do quadro das grandezas; em uma situação onde é necessária a intervenção das medidas de área, é previsível a articulação entre conceitos do quadro geométrico, do quadro numérico e do quadro das grandezas; enquanto que os conceitos do quadro algébrico/funcional são utilizados, por exemplo, em situações onde é necessário o uso das fórmulas de áreas de figuras conhecidas. A manipulação de objetos e ferramentas bem como suas relações, formam um processo denominado de dialética ferramentaobjeto por Douady (1987). Anais do VIII ENEM – Comunicação Científica GT 1 – Educação Matemática nas Séries Iniciais 5 A análise realizada em livros didáticos, do ensino fundamental, de 1ª a 8ª séries, permitiu constatar que é comum o uso pelos autores, do conceito de área numa abordagem, que podemos chamar de implícita. Em várias atividades, por exemplo, aquelas que envolvem frações e percentagens, procura-se representar tais conceitos por meio de desenhos de figuras com regiões coloridas. Preocupados com o vislumbre de um processo de aprendizagem voltado para a construção significativa do conceito de área como grandeza, entendemos que as atividades selecionadas pelos autores não vinculam os quadros entre si desperdiçando momentos importantes na escolarização do aluno e extremamente pertinentes para fazer evoluir o referido processo. Vemos, portanto, nas obras examinadas em nosso trabalho de pesquisa, que prevalece um tratamento do conceito de área vinculando fortemente o quadro numérico com o quadro geométrico na acepção de Douady (1987). A metodologia utilizada na pesquisa foi baseada na Engenharia Didática e estruturada em quatro etapas: pré-teste; análise a priori das atividades do experimento; aplicação do experimento e análise dos resultados. No estudo realizado em duas escolas públicas e numa escola particular, decidimos pesquisar situações que contribuem, significativamente no desenvolvimento do conceito de área, como grandeza, adotando, como referencial teórico, o trabalho de Baltar (1996), que relaciona três tipos básicos: as situações de comparação de superfícies, as situações de medida de superfícies e as situações de produção de superfícies. Foram pesquisadas seis atividades, aplicadas a oito sujeitos, alunos de 5ª série do ensino fundamental escolhidos dentre 73 alunos que participaram de um pré-teste. As seis atividades foram aplicadas em duas sessões de pesquisa, cada uma com três atividades. Posteriormente à coleta de dados, passamos à análise desses dados adotando uma categorização com base na classificação de Baltar (1996). Dentre os itens pesquisados, identificamos um grupo de cinco itens inseridos na categoria de comparação sem medida de área distribuídos nas atividades 1 e 4. A característica geral da Atividade 1, consistiu em apresentar dois grupos de figuras poligonais: no primeiro grupo, dois retângulos e um quadrado e, no segundo grupo, dois hexágonos não regulares. Era solicitado ao sujeito que indicasse qual das figuras do primeiro grupo tem a maior área (Item 1), qual tem a menor área (Item 2) e qual a seqüência das figuras em ordem crescente de área (Item 3). Perguntamos, também, qual das figuras do segundo grupo tem a maior área (Item 4). Na Atividade 4, que empregou o Tangram, no Item 5, era perguntado se três figuras, obtidas por composição de duas outras (um retângulo e um Anais do VIII ENEM – Comunicação Científica GT 1 – Educação Matemática nas Séries Iniciais 6 triângulo retângulo isósceles), tinham áreas diferentes. De um modo geral, os procedimentos de comparação utilizados nos itens em destaque foram: Visual (todos os sujeitos); Via elementos da figura (quatro sujeitos) e Sobreposição (um sujeito). Observando a transcrição dos protocolos dos sujeitos pesquisados, identificamos teoremas em ação, observados nas explicações dadas nas situações de comparação de áreas sem intervenção de medidas. Os teoremas identificados, foram: Aditividade de áreas; Transitividade da relação de ordem; Invariância por isometrias e Eqüidecomposição. Inseridas em situações que abordaram a medida de área, pesquisamos atividades categorizadas em três tipos: comparação de áreas; cálculo da medida de área de figuras; e produção de superfícies que satisfazem a condições que envolvem suas áreas. Os três tipos de atividades mencionadas foram propostos em duas modalidades. A primeira através de um grupo de itens elaborados em ambientes constituídos por malhas quadradas ou triangulares. Na segunda, a atividade 4, envolveu o uso do tangram. Em ambos os casos, as unidades a serem usadas eram, explicitamente, mencionadas no enunciado da atividade. Um grupo de dez itens formou essa categoria, especificamente os itens 3, 4, 5 e 6 da Atividade 2; o item 4 da Atividade 4; os itens 3,6 e 8 da Atividade 5 e os itens 4 e 7 da Atividade 6. Quanto ao diagnóstico das noções e procedimentos, nas atividades de comparação com recurso a medidas, identificamos nos registros escritos dos sujeitos vários termos que sugerem noções possivelmente invocadas pelos alunos: Figura; Área; Triângulo; Quadrado; Pequeno; Unidade; Número; Diferente; Maior; Menor; Paralelogramo; Quadradinhos; Médio; Dobro; Metade; ½; meio; Espaço; Quadrinhos; Tamanho; Iguais; Menos; Quantidade; Medida; Grande; Triplicar. O procedimento adotado nas atividades em papel quadriculado ou triangulado foi quase sempre o esperado, ou seja, a contagem de unidades. No caso das atividades do Tangram, os sujeitos utilizaram, primeiro, a sobreposição de figuras tomadas como unidade, para, depois, contá-las. Um teorema em ação, fundamental nesse tipo de situação, é o que afirma que, escolhida uma unidade, para comparar as áreas de duas figuras, basta comparar suas medidas de área naquela unidade. Um exemplo típico do emprego desse teorema em ação foi encontrado na afirmação de um sujeito: “Porque essa figura possui maior quantidade de quadradinhos. Então, possui maior área” (E3A, Atividade 2, Item 4). Nas atividades envolvendo o cálculo da medida de área, destacamos nessa categoria aquelas que se referem à determinação da medida de área de figuras planas, tomando-se, Anais do VIII ENEM – Comunicação Científica GT 1 – Educação Matemática nas Séries Iniciais 7 como unidade não convencional, seja a célula quadrada ou triangular de uma malha seja uma das peças do Tangram. Os resultados revelaram um panorama diversificado. Num primeiro grupo de itens, praticamente, todos os sujeitos acertaram todas as questões. Foram questões de medida de área de uma superfície, em que era indicada a unidade a ser utilizada, a saber: os Itens 1 e 2, da Atividade 2; todos os itens da Atividade 3; os Itens 1 e 2 da Atividade 4; os Itens 1, 2, 4, 5 e 7 da Atividade 5; e os Itens 1, 2 e 3 da Atividade 6. Os sujeitos revelaram, assim, ter adquirido os conhecimentos necessários para resolver problemas de cálculo da medida de área de figuras, em um contexto no qual a unidade de medida é fornecida, explicitamente, em particular, quando as figuras são fornecidas por meio de desenhos em papel, com malhas quadradas ou triangulares. No outro grupo de itens, que são os itens 3 a 6, da Atividade 3, e os itens 7 a 12, da Atividade 4, o índice de acertos foi bem mais baixo, com alguns casos extremos em que só houve um ou dois acertos. A característica básica dos itens mencionados acima é que nas questões neles contidas era promovida uma mudança de unidades e questionado sobre o que ficava invariante e o que era alterado. Um exemplo típico de resposta considerada errada aparece na pergunta: “Em relação à figura escolhida, mudando a unidade de medida, o que muda?” (Item 3, Atividade 3). O sujeito E3B respondeu: “Mudando a unidade de medida, muda-se a área da figura”. Outro exemplo ocorre no Item 5, da Atividade 3, em que é perguntado: “Para medir a área de uma figura, se escolhermos uma unidade de área maior que outra, o que acontece com a medida da área dessa figura?”. O sujeito E3B responde: “A figura poderá ficar com a área maior”. Observamos, no panorama acima, um problema didático importante: a dificuldade da dissociação da grandeza área da medida dessa grandeza. Trata-se de dificuldade que requer investigações didáticas adicionais, ainda mais necessárias por se constituir um problema no qual intervêm múltiplos elementos, desde os de ordem epistemológica aos da ordem do ensino. Não podemos esquecer que muitos manuais didáticos e muitos professores de Matemática utilizam o termo ‘medida’ para designar a grandeza. Em relação à manipulação errônea das grandezas geométricas, observamos, que um sujeito invocou o perímetro, confundindo-o com a área da figura. Os procedimentos de contagem da unidade, observados na resolução da atividade foram: contagem simples e contagem com metades da unidade de medida. A contagem simples ocorreu nos itens em que a figura a medir possuía área de medida inteira, relativamente à unidade escolhida. Nas figuras cujas fronteiras incluíam as diagonais do quadriculado era necessário contar meias unidades. Na atividade do Tangram, na qual não havia o Anais do VIII ENEM – Comunicação Científica GT 1 – Educação Matemática nas Séries Iniciais 8 suporte do papel com malha quadrada ou triangular, a contagem de quantas vezes a unidade cabia na figura a medir é explicitada por alguns sujeitos, como lemos no exemplo abaixo (Item 1, da Atividade 4): “Eu utilizei a unidade de área do triângulo pequeno do Tangram, porque cada figura do Tangram tem a sua quantidade de triângulos. Então, foi isso que tinha escrito no papel: para usar a unidade de área do triângulo pequeno do Tangram. Foi isso que eu fiz”. Identificamos, nessa atividade, de início, o conceito em ação básico que estabelece que a medida de área de uma figura é o número de vezes que a unidade cabe na figura a medir. Como exemplo de ocorrência de teorema errôneo, exemplificamos o Item 3, da Atividade 3. Nesse caso, um sujeito afirmou: “Mudando a unidade de medida muda-se a área da figura”. Os dois exemplos acima se constituem em questões centrais do ensino-aprendizagem do conceito de grandezas em geral e da grandeza área em particular. Quanto aos Itens 5 e 6, Atividade 6, que tinham a intenção de provocar a comparação das figuras por decomposição, localizamos, nos protocolos dos sujeitos, explicações que demonstram que o sujeito recorreu a esse procedimento. Por exemplo: “Porque se eu recortar F poderá formar outra figura com a mesma área” (E3A). As situações de produção de superfícies são aquelas em que o sujeito é solicitado a construir uma superfície, cuja área satisfaça a determinadas condições. O exemplo clássico, é o da construção, com régua e compasso, de um quadrado de área igual a um círculo dado. Naturalmente, os problemas, desse tipo, que podem ser abordados são muito mais simples. Em nosso experimento, as situações de produção de superfícies aparecem nos itens 2; 5 e 7 da Atividade 5 e 5 e 6 da Atividade 6. Na Atividade 5, era solicitado que o sujeito produzisse uma superfície, cuja área seja o dobro ou o triplo da área de uma dada figura. Na Atividade 6, era solicitada a construção de uma superfície de mesma área que outra, por decomposição e composição de recortes de papel. Em geral, os dados revelaram que os sujeitos tiveram domínio dos conhecimentos necessários para resolver a situação, considerando que apenas em um caso houve um erro, recorreram ao conceito de unidade de área. Observamos, além disso, uma solução interessante e pouco usual, na qual a figura construída é formada de quadradinhos ligados por seus vértices. O procedimento básico na atividade, dado o contexto de papel quadriculado, foi o da contagem de células quadradas desse suporte. Anais do VIII ENEM – Comunicação Científica GT 1 – Educação Matemática nas Séries Iniciais 9 Os Itens 5 e 6, abordando a composição e decomposição de superfícies, representadas por recortes de papel, foram resolvidos satisfatoriamente pelos sujeitos, que deram respostas pessoais. Os resultados obtidos pela análise dos protocolos, revelaram que os sujeitos investigados, alunos de 5a série, mobilizaram relevantes noções, procedimentos, conceitos em ação e teoremas em ação, na resolução das atividades propostas, envolvendo o conceito de área. Outra conclusão extraída desse estudo é que a construção do conceito de área como grandeza distinta de seu valor numérico obtido num processo de medição revela-se, dessa forma, uma tarefa didática complexa e requer investigações que aprofundem as pesquisas disponíveis. A análise dos protocolos dos sujeitos da pesquisa, confirmou as hipóteses consideradas, enquanto que as situações escolhidas contribuíram no sentido de construir e reelaborar os conhecimentos em jogo possibilitando a discussão entre os pares sobre as soluções obtidas PALAVRAS-CHAVE. Grandezas Geométricas. Conceito de área. Didática da Matemática. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. BALTAR, P.M. Enseignement-apprentissage de la notion d’aire de surface plane: une étude de l’acquisition des relations entre les longueurs et les aires au cóllege, Tese de Doutorado, Universidade Joseph Fourier, Grenoble, França, 1996. BALTAR, P. M. & LIMA, P. F., Um estudo da Noção de Grandeza e Implicações no Ensino Fundamental e Médio, IV Seminário Nacional de História da Matemática, Natal, 2001. BELLEMAIN, P. M. B. & LIMA. P, F., Análises prévias à concepção de uma engenharia de formação continuada para professores de matemática do ensino fundamental. Anais da Reunião Anual da ANPED – Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação, Caxambu, 2000, Publicação em CDRom. BRASIL, MEC, SEF, Parâmetros Curriculares Nacionais de 1ª a 4ª séries, Matemática, volume 3, MEC, Brasília, 1997. BRASIL, MEC, SEF, Parâmetros Curriculares Nacionais de 5ª a 8ª séries, Matemática, MEC, Brasília, 1998. Anais do VIII ENEM – Comunicação Científica GT 1 – Educação Matemática nas Séries Iniciais 10 CÂMARA DOS SANTOS, M., Efeitos de uma seqüência didática para a construção do conceito de perímetro no 2° ciclo do ensino fundamental, Anais do XIV Encontro de Pesquisa Educacional do Nordeste, Salvador, 1999. Pulblicação em CDRoom, DOUADY, R., Jeux de cadres et dialectique outil objet, Recherches en Didactique des mathématiques, vol 7, nº 02, pp 30-115, 1987. DOUADY, R. & PERRIN-GLORIAN, M-J., Un Processus d’Apprentissage du Concept d’Aire de Surface Plane”, Educational Studies in Mathematics, 20, (1989) 387-424. DUARTE, J.H. & SANTOS M. R., Investigação de uma seqüência didática para construção do conceito de área. Monografia do curso de Especialização em ensino de matemática, UFPE, Recife, 1997. DUARTE, J. H., Análise de situações didáticas para construção do conceito de área como grandeza no ensino fundamental, Dissertação de Mestrado em Educação, UFPE, Recife, 2002. LIMA, P. F., Considerações sobre o Ensino Conceito de Área. Anais da I Semana de Estudos em Psicologia da Educação Matemática, Recife, 1995. VERGNAUD, G., Teoria dos Campos Conceituais, Anais do primeiro Seminário Internacional de Educação Matemática do Rio de Janeiro, Projeto Fundão, Instituto de Matemática, UFRJ, 1993.