STV na Dança Programa: Dança Contemporânea Espetáculo: Por que tenho essa forma? – Núcleo de Improvisação – Zélia Monteiro Consultoria: Ana Teixeira Sesc Consolação Julho/2009 O Núcleo de Improvisação, dirigido por Zélia Monteiro, foi criado em 2003. O grupo paulistano de pesquisa em dança contemporânea reúne artistas com experiência em diferentes linguagens: dança, música, artes plásticas e teatro. A linha mestra do trabalho de pesquisa corporal do grupo é a improvisação, compreendida não apenas como um mecanismo para explorar e criar possibilidades de movimentos. Aqui, a improvisação é a estrutura de composição do espetáculo. Seu mais recente trabalho, estreado em 2009, inspirou-se em texto do escultor Tony Cragg para escolher seu título. A ênfase de Por que tenho essa forma? está nas articulações entre corpo, espaço e tempo. No espaço/corpo acontecem as sensações e percepções e os instantes e durações do tempo inauguram e materializam através do gesto nossa memória sensitiva e perceptiva. O apoio teórico que norteou a pesquisa veio de Hubert Godard, Umberto Eco, Lygia Clark, Gaston Bachelard, e também do filósofo e Professor Nichan Dichtchekenian e do compositor brasileiro Gilberto Mendes, que foram convidados para conversas com o grupo. O Núcleo tem como foco a pesquisa no e com o corpo, matéria-prima do trabalho de Zélia Monteiro. Nos anos 1980 e início dos anos 1990, Zélia fez parte do grupo dirigido pelo artista mineiro Klauss Vianna (1928-1992), figura emblemática da dança que atuou como educador, pesquisador, crítico e coreógrafo e serve de referência para vários artistas até os dias de hoje. O grupo é formado pelos artistas-criadores Donizeti Mazonas, Mel Bamonte, Suiá Burger Ferlauto e Wellington Duarte e Vitor Vieira. Durante o espetáculo, eles procuram estabelecer um campo relacional do corpo de cada um com o do outro no tempo e no espaço. Seu objetivo é investigar e produzir arranjos de movimentos voltados a uma construção em processo. Não se pode esquecer que uma obra que faz da improvisação a sua estrutura de composição se modifica a cada apresentação. A trilha sonora da Sandra Ximenez e o desenho de luz de Hernandes de Oliveira também são improvisados e funcionam como estimuladores de ações para os artistas que estão na cena, em cada espetáculo. Em alguns momentos, acompanham as propostas do grupo; em outros, instigam os criadoresintérpretes a diferentes tomadas de decisões. O núcleo conta também com a participação de Valeria Cano Bravi, responsável pela orientação dramatúrgica dos seus espetáculos. A interrogação presente no título talvez possa ser lida como uma reflexão sobre a forma de cada um de nós: que forma eu tenho? como entender essa forma em constante modificação no tempo e no espaço?