De que forma a escola de educação infantil pode influenciar na formação de hábitos alimentares saudáveis Mônica Spinelli Docente do curso de Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie e responsável pelo Projeto Mini Chef O IBGE, no período de 2008/2009, publicou dados preocupantes sobre o aumento do sobrepeso e obesidade em crianças entre 5 e 9 anos. Nos meninos, nesse período, o excesso de peso ficou em 34,8% e a obesidade em 16,6%, enquanto nas meninas o sobrepeso foi de 32,0% e a obesidade 11,8%. Estes valores se devem, em grande parte, aos hábitos alimentares inadequados, em qualidade e em quantidade, e à diminuição do exercício físico. Esse fato, decorrente da alteração dos hábitos alimentares, ocorre por fatores múltiplos e complexos. Os maus hábitos alimentares, especialmente aqueles que acarretam a obesidade infantil, vêm sendo alvo de uma atenção especial, pois produzem problemas de saúde imediatos e também em longo prazo, uma vez que crianças obesas têm maior possibilidade de se tornarem adultos obesos e, consequentemente, sofrerem de hipertensão, dislipidemias e/ou hiperinsulinemia, enfermidades que anteriormente incidiam somente em adultos. Entendendo por hábito o comportamento repetitivo, é possível afirmar que o meio em que a criança vive e se desenvolve são determinantes para a sua história alimentar, portanto, tanto a família quanto a escola são fundamentais para que este processo transcorra de forma adequada. Nos primeiros anos de vida a criança é totalmente dependente, portanto a qualidade e a quantidade da alimentação que lhe é oferecida, além dos exemplos e informações sobre o assunto, estarão não somente interferindo na sua saúde, como também moldando suas experiências e preferências alimentares. Portanto, deve-se pensar na alimentação como um processo educativo de longo prazo, com um trabalho conjunto entre família e escola. 1 A Organização Mundial da Saúde recomenda ações que incrementem o conheci¬mento dos indivíduos sobre escolhas alimentares mais saudáveis e prevê ações que modifiquem o ambiente de modo a torná-las realmente factíveis. Reconhe¬ce também a necessidade da intervenção sobre o ambiente de modo que este seja facilitador de práticas alimentares e de atividade física adequadas. Assim, a promoção de uma alimentação saudável no espaço escolar pressupõe a in¬tegração entre ações de estímulo à adoção de hábitos alimentares saudáveis, por meio de atividades educativas, ações de oferta de alimentação nutricionalmente equilibrada de medidas que evitem a exposição da comunidade escolar às práticas alimentares ina¬dequadas. A escola, bem como a família, tem um papel fundamental na formação de valores, e hábitos, o que a torna ideal para a promoção da saúde e da alimentação. Desta forma, é importante que se implantem programas de educação nutricional nas escolas, pois a alimentação tratada em grupo favorece a aceitação de novos alimentos e a modificação de hábitos alimentares, promovendo uma melhora na sua qualidade. Na educação infantil os alimentos e a alimentação podem ser fonte de inúmeras oportunidades de aprendizagem na sala de aula. Podem ser inseridos em diversos conteúdos, favorecendo uma relação saudável da criança com o alimento. A ocupação de espaços, como cozinhas experimentais, com o uso de oficinas de culinária, trabalhado em conjunto com os professores, é um recurso educativo bastante efetivo. Neste, a criança, de um modo lúdico, integra a alimentação com os conteúdos aprendidos na sala de aula, ademais que o professor, a partir do conteúdo das oficinas, pode inserir novos ensinamentos no dia a dia. Desta forma, considerando-se que a criança, nos primeiros anos de vida, absorve os ensinamentos com muita rapidez, a escola de educação infantil pode ter um papel relevante no que tange à sua saúde e à formação dos seus hábitos, propiciando inclusive, por seu intermédio, a educação da família. Para isto, deve inserir em seu planejamento conteúdos que tratem da educação alimentar e de saúde, tanto em sala de aula como em oficinas de culinária, propiciar trocas de informações com os pais em relação do conteúdo da lancheira escolar, além de propiciar a oferta de alimentos saudáveis em suas cantinas. 2