Um dos alunos da Yeshivá Ohr Sameach em Jerusalém, que havia vindo da União Soviética, contou uma história – porém não sobre si mesmo. Ele recebeu uma carta incrível de um amigo seu, Ilya, que até então era um ateu. Porém, sua carta começou asim, “Caro Bóris, agora eu sei que há um D-us no mundo.” A carta continha uma história fantástica! Ilya tinha sido convocado para servir no exército Russo. Após um período de treinamento básico, ele foi enviado juntamente com mais centenas de outros soldados, para lutar nas montanhas do Afeganistão. Este tipo de guerra nas montanhas requeria treinamento especial, pois o meio-ambiente exercia um papel fundamental no combate. O terreno difícil, aliado ao calor extremo e à presença de cobras venenosas tinham que ser levados em conta. Quando jovem, Ilya havia sido um amante da natureza. Plantas e animais eram seu hobby e caminhadas eram sua diversão. Para ele, servir nesta região montanhosa era o lado bom do exército. Por vários dias, Ilya e seu batalhão estavam estacionados numa estrada estratégicamente posicionada acima de várias planícies. Todos os dias, Ilya saía para passear sozinho e observava a vida animal e vegetal existente naquela área. De tudo que ele viu, as cobras e escorpiões foram o que mais lhe fascinaram. Todo dia, ele levava comida e alimentava as cobras que habitavam atrás de um grupo de pedras. Era quase como se ele fosse amigo delas. As perigosas e venenosas cobras pegavam a comida que Ilya oferecia e depois voltavam para o ninho. Um dia, o comandante informou ao seu grupo, que no dia seguinte pela manhã estariam partindo daquele acampamento para outro local. Na manhã seguinte, após arrumar todos seus pertences, Ilya resolveu dizer “adeus” para suas amigas cobras oferecendo mais uma vez comida para elas. Quando Ilya se aproximou de uma grande cobra Naja, ela repentinamente ficou ereta, em posição de ataque. No treinamento, os soldados haviam sido advertidos que quando este tipo de cobra se posiciona em posição vertical, a pessoa deve permanecer imóvel, pois qualquer movimento pode agita-la e, num piscar de olhos pode fincar seus afiados dentes na pele da vítima e injetar seu veneno mortal. Ilya não tinha escolha a não ser aguardar que a cobra se recolhesse, porém, ela continuou ereta, como se fosse atacar a qualquer momento. Ilya estava apavorado, pois poderia ser morto a qualquer momento. Ele podia escutar seu grupo deixando a área. Ele queria gritar por socorro, porém não podia correr o risco. Por mais de três horas a cobra o encarava. Seus olhares se cruzavam e Ilya, paralizado, se precavia para não realizar o que seria o último movimento de sua vida. Finalmente, após o que pareceu ser uma eternidade, a cobra recolheu-se e voltou para seu esconderijo. Ilya correu para pegar suas coisas e partiu em busca do seu grupo. Por horas ele procurou por eles. Ele já estava muito cansado e sedento quando cruzou uma pequena e estreita estrada localizada entre duas montanhas. Ele estava apreensivo, quando então viu o primeiro deles. O inconfundível soldado Russo estava estendido naquela estreita passagem, morto. Então ele viu o resto deles, os soldados com os quais ele havia estado até hoje, estavam todos mortos, estendidos no chão. Ele frenéticamente olhou para todos os lados, procurando pelo inimigo, porém, só havia silêncio, o silêncio da morte. Foi então que ele se deu conta que seu grupo caiu numa emboscada. Ilya se deu conta que o único que foi poupado foi ele, através de uma cobra que ele havia alimentado todos os dias. Ilya ergueu seus olhos aos Céus. Uma lágrima rolou em sua face. Ele sabia muito bem que somente um milagre Divino pode ter lhe salvado. Ele conseguiu sobreviver e percebeu, pela primeira vez na sua vida que nada é por acaso, que tudo nesse mundo é controlado por uma força maior, a de Hashem nos Céus. (Around the Maggid’s Table – Rabi Paysach J. Krohn) Traduzido por Jaques Orgler