UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOLOGIA DO EXERCICIO SILVANE LUNKES RUCKHABER PRESSÃO EXPIRATORIA NA EXECUÇÃO DE NOTAS MUSICAIS POR INSTRUMENTISTAS DE SOPRO CRICIÚMA, JULHO DE 2009 SILVANE LUNKES RUCKHABER PRESSÃO EXPIRATORIA NA EXECUÇÃO DE NOTAS MUSICAIS POR INSTRUMENTISTAS DE SOPRO Apresentação de monografia para obtenção de titulo de especialista do curso de Pós-graduação em Fisiologia do Exercício da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Orientador: Prof. Esp. Kelser de Souza Kock CRICIÚMA, JULHO DE 2009 Dedico este trabalho a todos os meus familiares, em especial aos meus pais por todo amor, dedicação ensinamentos e e esforço valores e por seus morais que contribuíram na base da minha educação; a minha irmã pelo apoio; e por fim ao meu namorado Eduardo que sempre me incentivou e motivou durante o decorrer dente projeto. Sei que esta vitória não se deu somente pela minha capacidade, mas porque ao meu lado caminhavam pessoas que acreditavam em meu sonho e sucesso AGRADECIMENTOS Chegada à reta final gostaria de agradecer as pessoas que estiveram comigo durante essa jornada, e que me ajudaram na realização e conclusão desta pesquisa. Primeiramente agradeço a Deus que me deu força e coragem nas horas mais difíceis, caminhando sempre ao meu lado, permitindo que este trabalho fosse concluído. Aos meus pais Valmir e Inês, pela paciência, força, preocupação e confiança depositadas em mim e por não medirem esforços para que eu pudesse concluir esta pós-graduação. Ao meu amado namorado Eduardo, que suportou minhas ausências e me deu força, carinho e muito amor durante todo o tempo. A minha irmã Cristiane, que me apoiou e me suportou nas horas de raiva e de estresse, me dando força e abrindo meus olhos para novos caminhos. Ao meu orientador e amigo Kelser Kock por sua competência, dedicação e apoio, dando-me força e aprendizado para a realização desta pesquisa. Contudo, meus agradecimentos finais a todas as pessoas, que passaram pela minha vida nesse tempo, agüentando-me nos momentos mais críticos e, principalmente, nos momentos de muitas alegrias. Ficaram sempre guardados na memória. Agradeço ainda a todos aqueles que aqui não foram citados, mas que de uma forma ou outra contribuíram para a conclusão de mais essa etapa! Muito obrigada RESUMO Para se tocar um instrumento de sopro, o instrumentista, com os lábios semicerrados, sopra para fazê-los vibrarem contra o bocal, alem de ter um controle da quantidade e da velocidade do fluxo de ar para produzir a intensidade e a freqüência desejada do som. Estas ações ao se tocar, impõem uma resistência à fase expiratória. Os objetivos desta pesquisa foram de avaliar as pressões expiratórias geradas durante a execução de notas musicais por instrumentistas de sopro, verificando seus efeitos sobre a pressão expiratória, através da Manometria e sobre a função pulmonar, através da Espirometria e correlacionando os dados obtidos com a idade e o tempo de atuação do instrumentista. A amostra que constituiu a pesquisa foi integrada por um total de 15 músicos (11 homens e 4 mulheres) instrumentistas de sopro amadores residentes na cidade de Tubarão – SC, com idade média de 19,9 ± 4,8 anos. A coleta de dados foi feita através de ficha de avaliação, espirometria (espirômetro da marca MULTISPIROTM SENSOR, analisado pelo software versão Sx: 252).; e manometria (manovacuômetro digital da marca GlobalmedR, modelo MVD 500), para tocar as notas foi utilizado trompete Bb da marca Weril e tuda Bb da marca Jupter, acoplando uma cânula intra-bucal ao manovacuômetro. Encontramos como resultados que quanto maior a freqüência (mais aguda a nota) mais elevada é a pressão necessária para a sua execução. Quanto maior o tempo de ensaios menor a PE necessária pra executar as notas musicais tanto no trompete quanto na tuba. Quanto maior o tempo- horas de ensaio menor seria o valor referente a CVF. Quanto maior o tempo-horas- de ensaio maior a PEmax do individuo. E notamos ainda que as pressões necessárias para executar uma determinada nota no trompete foram bem mais elevadas do que para executar a mesma nota na tuba. Com isso, concluímos que devido ao treino respiratório instrumentistas de longa data podem apresentar melhores resultados quanto as pressões respiratórias e conseqüentemente necessitariam de menos esforço para executar as notas exigidas, porem os resultados sugerem que as constantes pressões elevadas nas vias aéreas poderiam levar a uma diminuição da CVF nestes músicos. Palavras-chave: instrumento de sopro, pressão expiratória e função pulmonar. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Manômetro .............................................................................................. 30 Figura 2 - Espirômetro ............................................................................................. 31 Figura 4 - Trompete ................................................................................................. 32 Figura 4 - Tuba ........................................................................................................ 32 Figura 5 - Manometria no trompete............................................................................33 Figura 6: Manovacuômetro acoplado ao trompete...................................................34 Figura 7 - Manometria na Tuba..................................................................................34 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Média e desvio padrão dos valores espirométricos ............................... 35 Tabela 2 - Média e desvio padrão das pressões respiratórias (manovacuometria). 36 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Tempo Total de Ensaio e Capacidade Vital Forçada ............................. 36 Gráfico 2 - Tempo Total de Ensaio e Pressão Expiratória Máxima ......................... 37 Gráfico 3 - Correlação entre nota musical (freqüência) e pressão expiratória para o trompete ............................................................................................. 37 Gráfico 4 - Média e desvio padrão comparando nota musical (freqüência) tempo de ensaio e pressão expiratória no trompete ........................................ 38 Gráfico 5 - Correlação entre nota musical (freqüência) e pressão expiratória para a tuba .................................................................................................... 39 Gráfico 4 - Média e desvio padrão comparando nota musical (freqüência) tempo de ensaio e pressão expiratória no tuba ............................................... 40 LISTA DE ABREVIATURAS CPT – capacidade pulmonar total CRF – capacidade residual forçada CV – capacidade vital CVF – capacidade vital forçada FEF25-75 – fluxo médio expiratório forçado 25% a 75% da capacidade vital forçada PEEP – pressão positiva expiratória PEmáx – pressão expiratória máxima PFE – pico de fluxo expiratório PImáx – pressão inspiratória máxima SC – Santa Catarina TCLE – Termo de consentimento livre e esclarecido UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina VAIT – vias aéreas de grosso calibre intratorácicas VAIT – vias aéreas de grosso calibre extratorácicas VC – volume corrente VEF1 – volume expiratório forçado no primeiro segundo VEF1/CVF – relação volume expiratório no primeiro segundo e capacidade vital forçada VR – volume residual VRE – volume residual expirado VRI – volume residual inspirado V/Q - ventilação / perfusão \ SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................11 1.1 Problema.............................................................................................................13 1.2 Objetivos.............................................................................................................13 1.2.1 Objetivo Geral....................................................................................................13 1.2.2 Objetivo Especifico............................................................................................13 1.3 Justificativa.........................................................................................................14 2 CONSIDERAÇÒES SOBRE FUNÇAO PULMONAR E INSTRUMENTO DE SOPRO.......................................................................................................................16 2.1 Pressão expiratória............................................................................................17 2.2 Espirometria........................................................................................................19 2.3 Manovacuometria...............................................................................................21 2.4 Instrumento de sopro.........................................................................................21 2.5 Física dos Sons..................................................................................................25 2.5.1 Sons Musicais...................................................................................................25 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................27 3.1 Tipo de Pesquisa................................................................................................27 3.2 Abordagem Metodológica.................................................................................27 3.3 População Amostra ..........................................................................................28 3.4 Instrumentos de Coleta de Dados....................................................................28 3.4.1 Ficha de Avaliação............................................................................................28 3.4.2 Manovacuômetro...............................................................................................29 3.4.3 Espirômetro.......................................................................................................30 3.4.4 Trompete e tuba................................................................................................31 3.5 Procedimento de Coleta de Dados...................................................................32 3.6 Tratamento dos dados.......................................................................................34 4 RESULTADOS........................................................................................................35 5 DISCUSSÃO...........................................................................................................41 6 CONCLUSAO.........................................................................................................46 REFERÊNCIAS..........................................................................................................48 APENDICE A.............................................................................................................51 APENDICE B.............................................................................................................53 11 1 INTRODUÇÃO Para se tocar um instrumento de sopro, o instrumentista, com os lábios semicerrados, sopra para fazê-los vibrarem contra o bocal, alem de ter um controle da quantidade e da velocidade do fluxo de ar para produzir a intensidade e a freqüência desejada do som. Estas ações ao se tocar, impõem uma resistência à fase expiratória. É esta resistência, que para alguns autores, torna-se prejudicial ao longo do tempo, é o caso de Rajput (2001) que em seu trabalho relata casos de hemoptise em instrumentistas de sopro que não tinham nenhuma patologia identificada, chegando a conclusão de que o fluxo de ar turbulento e o trauma de fricção podem ter sido a causa. Outro autor, Deniz et al. (2006), verificou em seu estudo que os valores espirométricos foram encontrados diminuídos significativamente em instrumentista de sopro profissionais comparando com não instrumentistas, e concluiu que esta diminuição pode ocorrer devido ao desenvolvimento de asma ou barotrauma constante durante o tocar notas agudas em decorrência da elevada pressão nas vias aéreas. Já outros estudos relatam os benefícios de se tocar um instrumento de sopro, como o caso de Wigger et al. (2005), que em seu experimento mensura a força muscular inspiratória e expiratória em trompetistas e não trompetistas e conclui que a pratica de instrumento de sopro, como o trompete, aumenta a força muscular respiratória, e conseqüentemente sua capacidade expiratória. E Cossette (2000) que realizou um estudo com flautistas profissionais, onde verificou a musculatura respiratória e a porcentagem da capacidade vital que eram utilizadas no ato de 12 tocar. Em seus resultados encontrou que os músicos utilizaram 72-83¨% de sua capacidade vital, sugerindo uma atividade da musculatura inspiratória ao tocar. Considerando estes achados literários, tem-se a seguinte pergunta: Qual a pressão expiratória gerada durante a execução de notas musicais por instrumentistas de sopro? Partindo deste questionamento, foi realizada uma pesquisa onde se avaliou as pressões expiratórias geradas durante a execução de determinadas notas musicais por instrumentistas de sopro. Através desta avaliação, foram encontrados dados sobre a pressão expiratória, através da Manometria e sobre a função pulmonar, através da Espirometria. A pesquisa incluiu ainda uma ficha contendo os dados dos participantes, como: o tempo que toca instrumento de sopro, quantas horas ensaia por semana, dentre outras – questões importantes para a comparação na pesquisa. Esta foi realizada com 15 Músicos (11homens e 4 mulheres), entre 17 e 25 anos, residentes na cidade de Tubarão - SC. Estes foram avaliados na Clínica Escola de Fisioterapia, da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, campus Tubarão. Esta pesquisa em seu sentido estrutural divide-se em seis capítulos. No primeiro capítulo há uma breve introdução sobre o trabalho com o intuito de fundamentar as variáveis envolvidas no problema desse estudo e para facilitar a compreensão do assunto, o segundo contém uma revisão bibliográfica abordando os principais assuntos do trabalho, falando sobre função pulmonar, instrumento de sopro (trompete e tuba) e avaliação funcional pulmonar (espirometria e manometria). O terceiro capítulo tem como principal objetivo apresentar a metodologia do trabalho adotado para realização do estudo, onde são apresentadas a classificação da pesquisa e os procedimentos utilizados. No quarto capítulo foram apresentados os 13 dados obtidos em forma de gráficos e tabelas, no quinto capitulo estes dados foram analisados e discutidos. E por fim, o sexto capítulo exibe as considerações finais e a conclusão desta pesquisa. 1.1 Problema Qual a pressão expiratória gerada durante a execução de notas musicais? 1.2 Objetivos Os objetivos desta pesquisa foram de avaliar as pressões expiratórias geradas durante a execução de notas musicais por instrumentistas de sopro, verificando seus efeitos sobre a pressão expiratória, através da Manometria e sobre a função pulmonar, através da Espirometria e correlacionando os dados obtidos com a idade e o tempo de atuação do instrumentista. 1.2.1 Objetivo Geral Avaliar as pressões expiratórias geradas durante a execução de notas musicais por instrumentistas de sopro. 1.2.2 Objetivos Específicos -Verificar as pressões expiratórias encontradas nas notas musicais dó, na primeira oitava com o trompete e com a tuba. -Verificar as pressões expiratórias encontradas nas notas musicais dó e sol na segunda oitava com o trompete e com a tuba. - Correlacionar o tempo de ensaio (em horas) com a função pulmonar. - Correlacionar o tempo de ensaio (em horas) com as pressões respiratórias. 14 - Comparar a nota musical, o tempo de ensaio e a pressão expiratória encontrada no trompete. - Comparar a nota musical, o tempo de ensaio e a pressão expiratória encontrada na tuba 1.3 Justificativa Para se tocar um instrumento de sopro o instrumentista, alem de utilizar técnicas de vibração dos lábios (buzzing), o que impõe resistência a fase expiratória, ele também utiliza métodos de respiração para poder tocar uma serie de notas ou frases de uma musica, assim o individuo realiza um controle e treinamento da respiração, trabalhando a musculatura respiratória, para em casos que necessitem uma sustentação expiratória (notas ou frases longas) e aumento da pressão expiratória (notas agudas). Segundo Wigger et al. (2005), os indivíduos que tocam um instrumento de sopro possuem grande controle de ar expirado que provoca vibrações da coluna de ar do instrumento e emite o som. Em seu experimento ele mensura a força muscular inspiratória e expiratória em trompetistas e não trompetistas e conclui que a pratica de instrumento de sopro, como o trompete, aumenta a força muscular respiratória, e conseqüentemente sua capacidade expiratória. Entretanto, alguns autores relatam fatores negativos na pratica de instrumento de sopro. No caso dos autores Rajput (2001) e Gilbert (1998), que em seus trabalhos relatam casos de hemoptise e doenças respiratórias em instrumentistas de sopro que não tinham nenhuma patologia identificada, chegando a conclusão de que o fluxo de ar turbulento e o trauma de fricção podem ter sido a causa, isto seria em decorrência de mudanças anatômicas bronquiais, laringeais e 15 orais um resultado do constante aumento da pressão nas vias aéreas durante o desempenho. Outro autor Deniz et al. (2006), já citado anteriormente, relata que o ato de tocar um instrumento de sopro requer uma atividade respiratória árdua. Em seu estudo verificou que os valores espirométricos foram encontrados diminuídos significativamente em instrumentista de sopro profissionais comparando com não instrumentistas. E conclui que a função pulmonar em tocadores de instrumento de sopro pode ser diminuída devido ao desenvolvimento de asma ou barotrauma constante durante o tocar notas agudas, podendo isto ser em decorrência da elevada pressão nas vias aéreas. Partindo destes achados literários, seria interessante aplicar a manometria (avaliação das pressões respiratórias) nas diferentes notas. Dessa maneira poderá se avaliar se existe uma correlação positiva entre a freqüência da nota musical e pressão expiratória, e assim, poder-se-ia evitar notas mais agudas pelo risco de problemas respiratórios. 16 2 CONSIDERAÇÕES SOBRE FUNÇÃO PULMONAR E INSTRUMENTO DE SOPRO O sistema respiratório do ser humano pode ser definido com um sistema de vias aéreas (superiores e inferiores), unido a um par de pulmões, os quais são revestidos pela pleura pulmonar e estão contidos na caixa torácica. A respiração é uma das funções essenciais do organismo. Este processo natural consiste em fornecer oxigênio ao sangue, oxigênio esse que será levado a todas as células. A respiração se da em decorrência de uma diferença entre pressões (pressão intrapulmonar mais negativa ou menos positiva que a pressão atmosférica) (COSTA, 1999). A ventilação pulmonar é medida pela quantidade de ar que entra e sai dos pulmões num minuto e consiste em apenas uma das três condições básicas da respiração (ventilação, perfusão, e difusão). Ao final de uma inspiração máxima, a quantidade de ar nos pulmões denomina-se capacidade pulmonar total (CPT). A capacidade vital (CV) é a quantidade máxima de ar que pode ser expirada a partir da CPT. A capacidade residual funcional (CRF) é a quantidade de ar nos pulmões ao final de uma expiração normal. (COSTA, 2002). Ainda segundo Costa (2002), a CRF é a posição mecanicamente neutra do aparelho respiratório, correspondendo ao volume torácico durante o completo relaxamento muscular. Este nível de repouso expiratório apresenta razoável constância, pois é neste volume que a retração elástica dos pulmões, agindo no sentido expiratório, é antagonizada pela força elástica da caixa torácica que atua no sentido inspiratório. A CRF possui dois componentes: o volume residual expirado (VRE), volume máximo de ar que não pode ser eliminado a partir da CRF; e o 17 volume residual (VR), quantidade de ar que não pode ser eliminada dos pulmões ao final de uma expiração máxima. A quantidade de ar que pode ser inspirada ao máximo a partir da CRF denomina-se volume residual inspirado (VRI). 2.1 Pressão Expiratória A função pulmonar, sob o ponto de vista mecânico, é conseqüência dos movimentos da caixa torácica, que por sua vez dependem da inter-relação entre as forças elásticas do conjunto: pulmão; caixa torácica e forças musculares aplicadas. No repouso expiratório existe um equilíbrio entre a retração elástica pulmonar e a tendência de expansão da caixa torácica. No nível de volume corrente, a inspiração ocorre por ação da musculatura inspiratória e a expiração, como movimento passivo, pela retração elástica pulmonar. (SILVA, 2000) Segundo Silva (2000), para adequada ventilação, as vias aéreas devem manter-se permeáveis durante o ciclo respiratório. Quando a pressão trasmural (diferença entre a pressão intra e extraluminar) favorecer seu fechamento, a retração elástica pulmonar exerce tração radical que impede a oclusão da via aérea de pequeno calibre. As vias aéreas de grasso calibre intra (VAIT) e extratorácica (VAET) são submetidas a condições externas distintas. O desempenho ventilatório depende não apenas das propriedades mecânicas dos pulmões (vias aéreas e parênquima) e da parede torácica, mas também da ação dos músculos respiratórios. Os músculos expiratórios (músculos da parede torácica e abdominais) estarão em seu comprimento ótimo próximo a capacidade pulmonar total, enquanto os músculos inspiratórios (principalmente o diafragma) terão seu comprimento ótimo próximo ao volume residual. (SILVA, 2000). 18 De acordo com Dissenha (2003), para atividades cotidianas, a expiração passiva - baseada na elasticidade dos pulmões - é suficiente. Entretanto, quando tocamos um instrumento de sopro, necessitamos de um controle maior da quantidade e da velocidade que o ar soprado. O nosso corpo já tem “programas” prontos para realizar essa tarefa, você não precisa pensar, simplesmente vai tomar muito ar, e soprar continuamente para realizar uma frase musical, por exemplo. O seu corpo automaticamente decidirá que músculos serão utilizados para cumprir o que você deseja fazer. Esse “programa” também funciona quando tocamos um instrumento de sopro: tomamos ar e pensamos como uma frase deve soar. Mais uma vez, o corpo se encarregará de mover o ar necessário para que esse “produto” que imaginamos (frase musical), seja criado. Esse conceito, chamado de Wind and Song (Vento e Melodia), é a base de toda a pedagogia de Arnold Jacobs e outros excelentes artistas de instrumentos de sopro no mundo.(DISSENHA, 2004, p. 08). A pressão gerada durante a fase expiratória no ato de tocar é que proporciona o treino respiratório, e isto coincide com algumas técnicas utilizadas em programas de reabilitação e reexpansão pulmonar. Dentre as técnicas encontramos o PEEP (pressão expiratória positiva) que consiste na aplicação de uma resistência à fase expiratória, com o propósito de manter uma pressão positiva na via aérea em toda a duração da fase expiratória melhorando a oxigenação em situações onde a dificuldades nas trocas gasosas, aumentando o volume alveolar e a capacidade residual funcional do paciente (AZEREDO, 2000, p.115). Outra técnica apresentada por Azeredo (2000, p. 171) e utilizada em programas de reabilitação, é o EPAP (pressão positiva expiratória nas vias respiratórias) é uma técnica de reexpansão pulmonar que consiste em manter um volume extra ao volume expiratório de repouso, provocando, portanto, uma pressão positiva alveolar que irá impedir o 19 colabamento de alvéolos, melhorar as trocas gasosas, melhorar da complacência pulmonar, aumentar a capacidade residual funcional, alem de promover o recrutamento alveolar. 2.2 Espirometria Na avaliação da função pulmonar um dos principais testes é a espirometria que, segundo Costa (1999, p.35), é uma técnica que mensura a entrada e saída de ar nos pulmões. Como o ar, por si só, apresenta certa dificuldade de ser medido volumetricamente, a espirometria utiliza-se de registros gráficos do ar. Suas principais funções são de avaliar a função pulmonar do paciente, detectar precocemente as disfunções pulmonares obstrutivas, confirmar ou detectar as disfunções restritivas, diferenciar uma doença obstrutiva funcional de uma outra obstrutiva orgânica e parametrizar recursos terapêuticos por meio de testes pré e pós-intervenção terapêutica. Na espirometria são avaliados vários parâmetros, dentre eles: Capacidade vital forçada (CVF): é o volume de ar que pode ser expirado, tão rápida e completamente quanto possível, após uma inspiração máxima (COSTA, 1999, p. 38). Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1): é o volume máximo que um individuo consegue expirar no primeiro segundo da CVF. Este valor exprime o fluxo aéreo da maior parte das vias aéreas, sobretudo as de calibre maior (SILVA, 2000, p. 18). Índice de Tiffeneau (VEF1/CVF): resultado da fração entre volume expiratório forçado no primeiro segundo e capacidade vital forçada (COSTA, 1999, p. 38). Este índice permite corrigir o valor do VEF em função das variações da CVF. Seus valores 20 normais variam com a faixa etária: crianças e jovens > 80%; acima de 45 anos > 75%; idosos > 70%. Enquanto sua redução favorece a presença de componentes obstrutivos, seu aumento favorece o componente restritivo (SILVA, 2000, p. 18). Pico de fluxo expiratório (PFE) ou Peak-flow: é o pico máximo do fluxo expiratório atingido numa expiração forçada (ponto da curva expiratória em que a velocidade da expiração foi maior) (COSTA, 1999, p.38). Fluxo expiratório forçado médio (FEF25% - 75%): também conhecido como fluxo máximo mesoexpiratório (FMME) é o fluxo médio de ar que ocorre no intervalo entre 25% e 75% da CVF (COSTA, 1999, p. 38). Dividindo-se a CVF em quatro partes, obtém-se o FEF25% - 75% desprezando-se a primeira e a ultima. Seu valor normal varia bastante, sendo seu limite inferior situado entre 605 e 65% do previsto (SILVA, 2000, p. 18). De acordo com Silva (2000, p. 15), “a espirometria é um exame simples e de fácil compreensão. O exame baseia-se na medida de volumes e fluxos, particularmente os expiratórios.” A espirometria (do latim spirare = respirar + metrum = medida) é a medida do ar que entra e sai dos pulmões. Pode ser realizada durante respiração lenta ou durante manobras expiratórias forçadas. A espirometria é um teste que auxilia na prevenção e permite o diagnóstico e a quantificação dos distúrbios ventilatórios. A espirometria deve ser parte integrante da avaliação de pacientes com sintomas respiratórios ou doença respiratória conhecida. A espirometria é um exame peculiar em medicina, posto que exige a compreensão e colaboração do paciente, equipamentos exatos e emprego de técnicas padronizá-las aplicadas por pessoal especialmente treinado. Os valores obtidos devem ser comparados a valores previstos adequados para a população avaliada. Sua interpretação deve ser feita à luz dos dados clínicos e epidemiológicos. (PEREIRA, 2002, p. 2). 21 2.3 Manovacuômetria O manovacuômetro tanto o mecânico quanto o eletrônico, são utilizados para avaliar as pressões respiratórias máximas – Pressão Expiratória Máxima (PEmax) e Pressão Inspiratória Máxima (PImax) – para medir a força da musculatura respiratória os testes são realizados a vácuo. A PImax é o índice da força diafragmática, e a PEmax mede a força da musculatura abdominal e intercostal. A técnica inicia com uma oclusão nasal, para Pimax realiza-se inspiração rápida, intensa e profunda, sendo simultaneamente ocluido o circuito para mensuração no manovacuômetro. O valor registrado será a pressão mais negativa atingida e mantida por, pelo menos 1segundo (PImax). Na determinação da PEmax, faz-se uma expiração forçada, tão rápida e intensa quanto possível dentro do manômetro. A pressão mais alta atingida e mantida por, pelo menos 1 segundo será a PEmax. Os testes são repetidos três vezes, sendo que os dois melhores resultados podem diferir no máximo 10%. (SILVA,2000) 2.4 Instrumento de sopro Segundo Henrique (2002), na organologia moderna que utiliza a classificação Hosnbostel-sachs, os instrumentos são classificados com base num principio acústico: o elemento que produz som. Assim ficaram divididos em: Idiofones – instrumentos em que o som eh produzido pela vibração de corpos sólidos; membranofones – instrumentos em que o som é produzido por uma membrana tensa; cordofones – instrumentos em que som é produzido por uma corda tensa; aerofones – instrumento em que o som é produzido pela vibração do ar; e os electrofones – instrumentos em que o som é produzido a partir da variação da intensidade de um campo eletromagnético. 22 Os instrumentos de sopro formam a subcategoria dos aerofones, sendo que estes são divididos de maneira geral em duas famílias (naipes): família das madeiras, como flautas, oboés, clarinetes, dentre outros e a família dos metais, como trompas, trompetes, trombones, tubas e outros. (BENNETT, 1985). De acordo com Henrique (2002), os metais são constituídos por um bocal, um tubo ressoador e um pavilhão. O tubo pode ser cilíndrico, cônico ou hídrico. Quando o tubo é predominantemente cônico, o instrumento é do tipo trompa, e quando é predominantemente cilíndrico é do tipo trompete. Sendo que no trompete, o mecanismo de pistões e válvulas introduzem secções cilíndricas nos tubos cônicos, então, na pratica os metais cônicos são uma seqüência de cones e cilindros. O som nos metais é produzido por vibração labial, ou seja, a produção sonora nos metais resulta de uma vibração auto-exitada típica que se gera na interação entre a vibração labial, o escoamento de ar e os modos acústicos do tubo. Os sons do naipe de metais, assim como os da madeira, são produzidos pelos sopros dos instrumentistas. Cada instrumento consiste de uma determinada extensão de tubos, dobrados ou enrolados, para facilitar o seu manuseio pelo instrumentista. Um bocal é encaixado em uma das extremidades do tubo e a outra extremidade se alarga para formar uma campânula. (BENNETT, 1985). Como já dito anteriormente, o som produzido pelos instrumentos de sopro vem da vibração de uma coluna de ar, sendo que, de modo geral, a afinação dos instrumentos de sopro dependem do tamanho dos tubos (quando existentes). Quanto maior é o instrumento, mais baixa é a afinação e mais grave é a sonoridade (como no caso da tuba), e quanto menos o instrumento, mais alta é sua afinação e mais aguda é sua sonoridade (como no caso do trompete). Ou seja, o timbre destes 23 instrumentos depende também do formato e do comprimento dos tubos que os constitui. (BAINES, 1993) O instrumentista coloca o bocal em contato com os lábios e sopra para fazer os lábios vibrarem. Quanto mais o instrumentista relaxa os lábios, mais lentamente eles vão vibrar e fazem a coluna de ar que esta dentro do instrumento vibrar mais lentamente, produzindo assim as notas graves. Quanto maior for a tensão dos lábios do instrumentista, mais rápido eles vibram, causando maior compressão na coluna de ar que esta dentro do instrumento, fazendo-a vibrar mais rapidamente, e assim produzindo notas mais agudas. (BENNETT, 1985, p. 48). Segundo Bennett (1985), dentre os instrumentos da seção de metais, o trompete é o mais antigo, foram descobertos trompetes retos datando aproximadamente 1350 a.C. Este instrumento (trompete ou pistão, como era conhecido antigamente), possui um sistema de válvulas (pistos). Cada uma das três válvulas adiciona um novo segmento de tubo ao tubo original (principal) do instrumento. Quando uma válvula é pressionada para baixo, o ar é direcionado para esta volta extra. As válvulas podem ser usadas individualmente ou em combinação, oferecendo a escolha de sete notas fundamentais e suas respectivas séries harmônicas. O instrumentista usa as válvulas de acordo com a necessidade e, ao aplicar determinada tensão nos lábios, seleciona uma nota específica da série harmônica produzida pela combinação de comprimento de tubo que o sistema de válvulas torna possível. As notas de todas as sete séries harmônicas se sobrepõem, tornando o trompete completamente cromático (isto é, capaz de tocar todos os semitons) em toda a extensão (BENNETT, 1985). De acordo com Schwebel (2004), o trompete possui muitas variações sobre si mesmo. Hoje em dia a variedade de trompetes chegou a um nível tal que, a partir do Si bemol médio, existem um trompete para quase todos os graus da escala 24 até o Dó quadro. O trompete em Si bemol é o mais comum dos trompetes. É nele que a maioria dos trompetistas começa a estudar. Já a tuba é um dos instrumentos maiores e mais pesados de uma orquestra. Consiste em um tubo cilíndrico recurvado sobre si mesmo e termina numa campana em forma de sino. Dotado de bocal e de três a seis pistões ou válvulas, foi inventada por volta de 1820. Seu timbre grave é geralmente usado na sustentação harmônica das obras que a orquestra executa. Encontramos tubas em diferentes afinações (Sib, Dó, Mib e Sol), com campânulas desde 36 a 77 centímetros de diâmetro, voltadas para cima ou para a frente, laqueadas ou cromadas, com pistões normais ou com válvulas rotativas (ou ambos) com dois até seis chaves ou pistos. (AQUINO, 2003) Segundo Henrique (2002), existem vários instrumentos diferentes que se designam tuba e que se podem agrupar em duas categorias: Tuba baixo em fá e mib, e tubas contrabaixo em dó e sib. O tubo da tuba é predominantemente cônico com um comprimento aproximado de 5.5 m (modelo sib). A parte do tubo onde se localiza as válvulas, correspondente a 1/8 do comprimento é cilíndrica. Ao se tocar um instrumento de sopro, impõe-se uma resistência à fase expiratória, o que vai ao encontro, como já dito anteriormente, do objetivo de manobras como PEEP e EPAP. A técnica de sopro de um instrumento musical, o buzing, é similar a outra técnica fisioterapêutica, o freno labial, que segundo Costa (1999, p. 82) é uma técnica fisioterapêutica aplicada para a desinsuflação pulmonar e melhora do equilíbrio V/Q (ventilação / perfusão). Outra manobra que impõe resistência é a respiração com os lábios semicerrados, que segundo Tarantino (1997, p. 633), é um tipo de respiração que consiste em inspiração nasal seguida de uma expiração lenta, de 4 a 6 segundos, através da boca, mantendo-se os lábios 25 semicerrados. Esta técnica, quando usada corretamente, leva ao aumento do volume corrente e diminuição da freqüência respiratória, aumento da pressão parcial do oxigênio arterial e aumento da endurance (tempo em que consegue realizar um determinado exercício). A razão para levar a diminuição da dispnéia, parece ser que a expiração com os lábios semicerrados mantém uma pressão intrabrônquica mais alta que a pressão pleural, impedindo o seu colapso. Alem disso, mantendo todas as vias respiratórias permeáveis, haverá um esvaziamento homogêneo. Esta manobra leva a diminuição do auto-peep, e conseqüentemente menos gasto energético para respirar. 2.5 Física dos Sons De acordo com Garcia (1998), o som é a sensação percebida pelo cérebro que se relaciona com a chegada ao ouvido de ondas de vibração mecânica. As qualidades fisiológicas do som são: altura, intensidade e timbre. A altura é a qualidade que permite que os sons possam ser classificados em graves (baixa freqüência) e agudos (alta freqüência). Nem todas as ondas sonoras são audíveis. O ouvido humano capta sons cujas freqüências se situam entre 16Hz e 17000Hz. Intensidade é a qualidade que permite o um som ser percebido a uma maior ou a uma menor distancia da fonte sonora, classificando estes como fortes ou fracos. O ouvido humano não tem a mesma sensibilidade para todas as freqüências sonoras, mas é mais sensível aos sons cujas freqüências se situam entre 2000Hz e 4000Hz. Já o timbre é a qualidade que diferencia dois sons da mesma altura e de mesma intensidade, mas que são produzidos por fontes sonoras diferentes. 2.5.1 Sons musicais 26 A escala musical é um conjunto de sons adequadamente seriados, separados por intervalos determinados, ditos intervalos musicais. A cada som de uma escala musical chama-se nota. A cada conjunto de sete notas de uma mesma escala musical da-se o nome de gama. No século XI, Guido d’Arezzo propôs a escala das notas musicais cujos nomes foram obtidos de um poema de autor desconhecido, feito em homenagem a São João Batista, originando a escala – Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si. Em física, contumou-se exprimir as notas musicais das diferentes gamas de uma dada escala, tomando-se como ponto de partida o Dó mais grave do violoncelo, que é de 128Hz. Todas as notas dessa gama são designadas com a índice 1. As notas das outras gamas recebem índices...-2, -1 ou 2, 3..., conforme sejam mais graves ou mais agudas do que aquelas da gama fundamental. Aquela que inclui o Lá emitido por um diapasão norma (435Hz). (GARCIA, 1998). 27 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Esta pesquisa avaliou as pressões expiratórias geradas durante a execução de notas musicais por instrumentistas de sopro. Seus efeitos sobre a pressão expiratória (através da Manometria) e seus efeitos sobre a função pulmonar (através da Espirometria), utilizando Músicos da cidade de Tubarão. Esta avaliação foi realizada na Clínica Escola de Fisioterapia, da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, campus Tubarão. 3.1 Tipo de Pesquisa Quanto ao nível, esta pesquisa é considerada exploratória, pois seu principal objetivo é proporcionar maior familiaridade com o objeto de estudo. É a forma mais precisa de “desencadear um processo de investigação que identifique a natureza do fenômeno que aponte as características essenciais das variáveis que se quer estudar” (HEERDT, 2004, p. 71 apud KÖCHE). Segundo os procedimentos técnicos, esta é uma pesquisa de levantamento, que de acordo com Gil (2002, p.56), trata-se de uma pesquisa que envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer, recolhendo informações de todos os integrantes do universo pesquisado, se tem um censo. 3.2 Abordagem Metodológica Com relação à abordagem esta é considerada uma pesquisa quantitativa pois, segundo Creswell (2007), esta é considerada quando pode ser expressa mediante símbolos numéricos, quando os dados podem ser quantificáveis, 28 estabelecendo uma relação entre as variáveis e o objetivo de explicar os fenômenos naturais. 3.3 População Amostra População foi constituída de instrumentistas de sopro amadores residentes na cidade de Tubarão – SC. A amostra é considerada não-probabilística intencional, pois, de acordo com Barros e Lehfeld (2000, p.88) “os elementos da amostra são escolhidos de acordo com uma estratégia. Estes relacionam-se intencionalmente com as características estabelecidas”. Os critérios de inclusão para o estudo foram os seguintes: ser músico (instrumentista de sopro); ter entre 15 e 25 anos; não ter nenhuma doença pulmonar; não ser fumante ou ex fumante; concordar em participar da pesquisa e assinar o termo de consentimento livre após esclarecimento(apêndice A). 3.4 Instrumentos de coleta de dados A coleta de dados foi feita através da ficha de avaliação elaborada pela pesquisadora, contendo informações com dados de identificação. (Apêndice B). Para avaliar a pressão expiratória foi utilizado manovacuômetro digital da marca GlobalmedR. (modelo MVD 500); para avaliar a função pulmonar foi utilizado um Espirômetro da marca MULTISPIROTM SENSOR (analisado pelo software versão Sx: 252). para tocar as notas foi utilizado trompete Bb da marca Weril e tuda Bb da marca Jupter; 3.4.1. Ficha de avaliação 29 Contendo os dados dos participantes como: nome, data de nascimento, altura, peso, sexo, há quanto tempo toca instrumento de sopro (em meses), qual instrumento toca atualmente e quantas horas ensaia por semana. Sendo que o tempo total de ensaio foi calculado em horas: tempo que toca/meses x Horas de ensaio/semana x 4 semanas (1 mês) 3.4.2 Manovacuômetro Para avaliar a pressão expiratória com e sem instrumento de sopro, foi utilizado um manovacuômetro digital modelo MVD 500 marca GlobalmedR. O manovacuômetro tanto o mecânico quanto o eletrônico, são utilizados para avaliar as pressões respiratórias máximas (PEmax e PImax) – para medir a força da musculatura respiratória os testes são realizados a vácuo. A PImax é o índice da força diafragmática, e a PEmax mede a força da musculatura abdominal e intercostal. A técnica inicia com uma oclusão nasal, para Pimax realiza-se inspiração rápida, intensa e profunda, sendo simultaneamente ocluido o circuito para mensuração no manovacuômetro. O valor registrado será a pressão mais negativa atingida e mantida por, pelo menos 1segundo (PImax). Na determinação da PEmax, faz-se uma expiração forçada, tão rápida e intensa quanto possível dentro do manômetro. A pressão mais alta atingida e mantida por, pelo menos 1 segundo será a PEmax. Os testes são repetidos três vezes, os dois melhores resultados podem diferir no máximo 10%. (SILVA,2000) O resultado segundo Silva (2000, p. 80) é dado em cmH2O, sendo a PImax expressa com sinal negativo e a PEmax , com valor positivo. Valores abaixo de 60% são considerados anormais e indicativos de alteração na integridade da 30 musculatura respiratória. Os valores previstos estão de acordo com Pereira 2002 J Pneumol 28 Supl 3Car) Figura 1: manovacuômetro Fonte: autor 3.4.3 Espirômetro Para a avaliação da função pulmonar foi utilizado espirômetro (Espirômetro MULTISPIROTM SENSOR – analisado pelo software versão Sx: 252). O espirômetro é um aparelho que mensura a entrada e saída de ar nos pulmões. Como o ar, por si só, apresenta certa dificuldade de ser medido volumetricamente, a espirometria utiliza-se de registros gráficos do ar. Suas principais funções são de avaliar a função pulmonar do paciente, detectar precocemente as disfunções pulmonares obstrutivas, confirmar ou detectar as disfunções restritivas, diferenciar uma doença obstrutiva funcional de uma outra obstrutiva orgânica e parametrizar recursos terapêuticos por meio de testes pré e pós-intervenção terapêutica (COSTA, 1999, p. 36). Os espirômetros modernos fornecem a curva fluxo-volume para análise gráfica do fluxo gerado durante a manobra da capacidade vital forçada (CVF), 31 plotando entre volume (CVF) e fluxo (fluxo máximo instantâneo). Com a espirometria, basicamente são medidos volumes e fluxos aéreos. Figura 2: Espirômetro Fonte: autor 3.4.4 Trompete - Tuba Para obter as pressões, será acoplado o manovacuômetro a uma cânula intra-bucal e um Trompete (da marca Weril) e uma Tuba (da marca Jupter). O trompete e a tuba são instrumentos que possuem um sistema de válvulas (pistos), onde cada uma das três ou quatro válvulas adiciona um novo segmento de tubo ao tubo original do instrumento. Para se tocar um instrumento de sopro (metal) o instrumentista coloca o bocal em contato com os lábios e sopra para 32 fazer os lábios vibrarem, produzindo assim as notas musicais (BENNETT, 1985, p. 48). Figura 3: Trompete Fonte: autor. Figura 4: Tuba Fonte: autor. 3.5 Procedimento de Coleta de dados As coletas dos dados foram desenvolvidas na Clínica Escola de Fisioterapia – UNISUL, campus Tubarão, supervisionada pelo Orientador e professor de Fisioterapia Cardiorespiratória da universidade. Primeiramente foi feito um contato inicial, onde foram explicados aos sujeitos da amostra os objetivos e métodos do estudo. Estes, então informados sobre a pesquisa, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Após, esta etapa, foi realizada a aquisição dos dados de identificação (nome, idade, altura, peso, gênero, sexo, etnia, há quanto tempo toca instrumento de sopro...), além da calibração do Espirômetro com a seringa da marca MULTISPIROTM padrão 3 litros. Assim, foi realizada a avaliação espirométrica, com todos os participantes, de acordo com as diretrizes da função pulmonar; é interessante ressaltar que os dados da identificação dos sujeitos foram parâmetros 33 para o valor previsto, analisados pelo software versão Sx: 252. Após, foram obtidos os dados do manovacuômetro: pressão expiratória e inspiratória (sem o instrumento de sopro) e pressão expiratória tocando as notas previamente estabelecidas (dó da 1ª oitava, correspondendo a 128 Hz, dó da 2ª oitava, correspondendo a 256 Hz, e sol da 2ª oitava, correspondendo a 384 Hz), utilizando o manovacuômetro acoplado a uma cânula intra-bucal. Esta avaliação foi feita de maneira individual, com todos os sujeitos da amostra (sentados em postura correta), pela pesquisadora com supervisão do orientador, na Clinica Escola de Fisioterapia da UNISUL, campus Tubarão. Figura 5: Manometria com o trompete 34 Figura 6: Manovacuômetro marcando pressão expiratória exercida no trompete. Fonte: autor Figura 7: Manometria com a tuba. Fonte: autor 3.6 Tratamento dos dados Os resultados foram descritos através de estatística descritiva, com média e desvio padrão e estatística inferencial, utilizando os testes de Wilcoxon (p < 0,05) e Kruskal-Wallis (p < 0,05). 35 4. RESULTADOS Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos ao avaliar a função pulmonar, as pressões respiratóias e as pressões expiratórias geradas durante a execução de notas musicais por instrumentistas de sopro amadores da cidade de Tubarão-SC. A amostra que constituiu a pesquisa foi integrada por um total de 15 músicos (11 homens e 4 mulheres), com idade média de 19,9 ± 4,8 anos e IMC 22,1 ± 3,4 kg/m2. O tempo total de ensaio foi dividido em três grupos, sendo formado por 6 indivíduos que ensaiaram entre 0 a 1000 horas, 4 indivíduos que ensaiaram entre 1000 a 2000horas e 5 que indivíduos que ensaiaram mais de 2000horas. A Tabela 1 expõe a média dos valores espirométricos obtidos na pesquisa. Pode-se observar que estes se encontram dentro da normalidade. Tabela 1 – Média e desvio padrão dos valores espirométricos Espirometria % do previsto CVF 100,0 ± 11,8 VEF1 97,0 ± 11,9 VEF1/CVF 97,1 ± 6,6 PFE 102,1 ± 22,5 FEF25-75 97,9 ± 24,1 VVM 94,5 ± 16,0 Fonte: autor De acordo com o Grafico 1, que relaciona o tempo total de ensaios (em horas) com a CVF (capacidade vital forçada) demostra uma correlação negativa 36 fraca (r = -0,23) entre as duas capacidades avaliadas, ou seja, quanto maior o tempo- horas de ensaio menor seria o valor referente a CVF Gráfico 1 – Tempo Total de Ensaio e Capacidade Vital Forçada A tabela 2 demostra a média e o desvio padrão das pressões respiratórias encontradas na pesquisa (através da manovacuometria). Pode-se observar que os resultados obtidos encontram-se dentro da normalidade. Tabela 2 – Média e desvio padrão das pressões respiratórias (manovacuometria) Manovacuometria Valores obtidos (cmH2O) Valores previstos (cmH2O) Pimáx 70,4 ± 19,9 103,1 ± 11,1 Pemáx 86,8 ± 27,3 113,1 ± 17,8 De acordo com o grafico 2, existe uma correlação positiva moderada a forte (r = 0,69) com p < 0,01 entre o tempo total de ensaios (em horas) e a PEmax (Pressao Expiratória Maxima) encontrada na manometria, ou seja, quanto maior o tempo-horas- de ensaio maior a PEmax do individuo. 37 Gráfico 2 – Tempo Total de Ensaio e Pressão Expiratória Máxima O gráfico 3 demonstra uma correlação positiva moderada a forte (r = 0,63) com p < 0,05 entre a nota musical executada e a pressão expiratória para o trompete. Isto é, quanto maior a freqüência (mais aguda a nota) mais elevada é a pressão necessária para a sua execução Gráfico 3 – Correlação entre nota musical (freqüência) e pressão expiratória para o trompete 38 O Gráfico 4 ilustra a média encontrada comparando a nota musical (freqüência), o tempo de ensaio (horas) e a pressão expiratória obtida. Nota-se uma correlação inversa entre a PE (pressão expiratória) e o tempo de ensaio, ou seja, quanto maior o tempo de ensaios menor a PE necessária pra executar as notas musicais. Assim como, pode-se ver uma relação direta entre a freqüência da nota e a PE encontrada, quanto maior a freqüência (mais aguda a nota) mais elevada será a PE. De acordo com o Teste de Kruskal-Wallis houve diferença estatística (p < 0,05) apenas na freqüência de 128 Hz . Gráfico 4 – Média e desvio padrão comparando nota musical (freqüência), tempo de ensaio e pressão expiratória no trompete O gráfico 5 demonstra uma correlação positiva forte (r = 0,77) com p < 0,05 entre a nota musical executada e a PE (pressão expiratória) para o tuba. Isto é, quanto maior a freqüência (mais aguda a nota) mais elevada é a pressão necessária para a sua execução. Gráfico 5 – Correlação entre nota musical (freqüência) e pressão expiratória para a Tuba. 39 O Gráfico 6 ilustra a media encontrada comparando a nota musical (freqüência), o tempo de ensaio (horas) e a pressão expiratória obtida. Nota-se uma relação inversa entre a PE (pressão expiratória) e o tempo de ensaio, ou seja, quanto maior o tempo de ensaios menor a PE necessária pra executar as notas musicais (freqüência). Assim como, pode-se ver uma relação direta entre a freqüência da nota e a PE encontrada, quanto maior a freqüência (mais aguda a nota) mais elevada será a PE. De acordo com o Teste de Kruskal-Wallis houve diferença estatística (p < 0,05) apenas na freqüência de 256 Hz. Gráfico 6 – Média e desvio padrão comparando nota musical (freqüência), tempo de ensaio e pressão expiratória na Tuba 40 41 5 DISCUSSÃO De acordo com os resultados obtidos, podemos perceber primeiramente que as tabelas 1 e 2 - que mostram respectivamente a média e desvio padrão dos valores espirométricos e a média e desvio padrão das pressões respiratórias (manovacuometria) - demostram que os valores de função pulmonar e Pimáx/Pemáx se encontram dentro da normalidade para os individuos que compõe a amostra. Já no Grafico 1 (tempo total de ensaios (em horas) / CVF (capacidade vital forçada)) pode-se observar que houve uma correlação negativa fraca (r = -0,23) entre as duas capacidades avaliadas, ou seja, quanto maior o tempo- horas de ensaio menor o valor referente a CVF, isto vai ao encontro do trabalho publicado por Gilbert (1998), onde este relatou que existem controvérsias implicando instrumento de sopro e agravamento de doenças respiratórias, incluindo alterações anatômicas e isto seria um resultado do barotrauma constante durante o desempenho, sendo a asma a enfermidade crônica mais comum entre instrumentistas de sopro de longa data. Este relata ainda que o desempenho de um instrumento de sopro requer um volume pulmonar considerável e um controle hábil da respiração. Porem os instrumentistas de sopro poderiam sofrer de algumas doenças respiratórias, isto seria em decorrência de mudanças anatômicas bronquiais, laringeais e orais em resultado do constante aumento da pressão nas vias aéreas durante o desempenho. Outros autores também relatam fatores negativos na pratica de instrumento de sopro. É o caso de Rajput (2001) que em seu trabalho relata três casos de hemoptise em instrumentistas de sopro que não tinham nenhuma patologia identificada, chegando a conclusão de que o fluxo de ar turbulento e o trauma de fricção podem ter sido a causa, designando-a como a etiopatologia subjacente. 42 Alguns estudos como de Schorr Lesnick, et. al. (1985), demonstram que há uma pequena diferença entre os valores espirométricos em instrumentistas de sopro e cantores, comparados a instrumentistas de corda e percussionistas porem, esta diferença não foi estatisticamente significante. Segundo Deniz et al. (2006), tocar um instrumento de sopro requer uma atividade respiratória árdua. Em seu estudo verificou que os valores espirométricos foram encontrados diminuídos significativamente em instrumentista de sopro profissionais comparando com não instrumentistas. E conclui que a função pulmonar em tocadores de instrumento de sopro pode ser diminuída devido ao desenvolvimento de asma ou barotrauma constante durante o tocar notas agudas em decorrência da elevada pressão nas vias aéreas. Cossette (2000) realizou um estudo com três flautistas profissionais, onde verificou a musculatura respiratória e a porcentagem da capacidade vital que eram utilizadas no ato de tocar. Em seus resultados encontrou que os músicos utilizaram 72-83¨% de sua capacidade vital, sugerindo uma atividade da musculatura inspiratória ao tocar. Ainda devido aos movimentos abdominais e treino diafragmático, permitem o controle do fluxo de ar e da velocidade para produzir a intensidade e a freqüência desejada do som. Já gráfico 2, que correlaciona o tempo total de ensaios (em horas) e a PEmax (Pressao Expiratória Maxima) encontrada na manometria, demonstra correlação positiva moderada a forte (r = 0,69) com p < 0,01, ou seja, quanto maior o tempo-horas- de ensaio maior a PEmax do individuo. De acordo com Fiz et al. (2000), os trompetistas experientes, podem alcançar durante o desempenho, pressões mais elevadas com sua musculatura expiratória e inspiratória do que músicos iniciantes. Em seu estudo ele concluiu que as pressões respiratórias 43 máximas são mais elevadas no grupo de trompetistas experientes (com 4 anos de ensaios), e que provavelmente seja conseqüência do treinamento da musculatura respiratória no tocar trompete Barbenel et. Al (1988) realizou um estudo com 60 indivíduos, avaliando a pressão entre o bocal e o instrumento durante a reprodução do som, concluindo que houve um aumentou final da pressão com o aumento da altura (tom), e que a pressão máxima que os instrumentistas puderam tolerar foi maior do que para as médias. Barbenel, et al. (2002) contatou ainda quanto mais aguda for a nota maior a força aplicada no bocal, o que diminui o calibre de passagem de ar e conseqüentemente aumenta a pressão nas vias aéreas, concluindo que quando maior o tempo de atuação como músico, maior a capacidade em tolerar esta força. Outra pesquisa realizada por Wigger et al. (2005), demonstra que os indivíduos que tocam um instrumento de sopro possuem grande controle de ar expirado que provoca vibrações da coluna de ar do instrumento e emite o som. Em seu experimento ele mensura a força muscular inspiratória e expiratória em trompetistas e não trompetistas e conclui que a pratica de instrumento de sopro, como o trompete, aumenta a força muscular respiratória, e conseqüentemente sua capacidade expiratória. Sapienza et al. (2002), relata que um instrumentista de sopro, utiliza métodos de respiração para poder tocar uma serie de notas ou frases de uma musica, assim o individuo estaria realizando um controle e treinamento da respiração, para em casos que necessitem uma sustentação expiratória (notas ou frases longas) e aumento da pressão expiratória. O gráfico 3 demonstra uma correlação positiva moderada a forte entre a nota musical executada e a pressão expiratória para o trompete. Isto é, quanto maior 44 a freqüência (mais aguda a nota) mais elevada é a pressão necessária para a sua execução. O mesmo ocorre no gráfico 5, que demonstra uma correlação positiva forte entre a nota musical executada e a PE (pressão expiratória) para o tuba. No estudo realizado por Fletcher e Tarnopolsky (1999), eles identificam um limiar de pressão expiratória, aproximadamente proporcional à freqüência da nota a ser tocada, a região em que a potencia do som aumenta em cerca de 15 dB para cada duplicação de pressão no sopro, e a região em que o som de saída sobe por apenas cerca de 3 dB para uma duplicação da pressão durante o sopro. O Gráfico 4 e o 6 ilustram a média encontrada comparando a nota musical (freqüência) do trompete e da Tuba, o tempo de ensaio (horas) e a pressão expiratória obtida. Nota-se uma relação inversa entre a PE (pressão expiratória) e o tempo de ensaio, ou seja, quanto maior o tempo de ensaios menor a PE necessária pra executar as notas musicais. Assim como, pode-se ver uma relação direta entre a freqüência da nota e a PE encontrada, quanto maior a freqüência (mais aguda a nota) mais elevada será a PE. Segundo Slutzky (2001), o treino do padrão ventilatório diafragmático, que é priorizado no ensino e na execução musical de instrumentos de sopro, favorece a expansão abdominal. Ao contrair-se durante a inspiração, o diafragma diminui a pressão intratorácica, expandindo a cavidade torácica e aumentando o volume pulmonar. O fortalecimento e treinamento da musculatura abdominal feita exclusivamente através de técnicas de inspiração e expiração controlada,ou seja, ao se tocar instrumento de sopro, aumentam a área de inserção diafragmática, aumentando sua força e a capacidade pulmonar. Isto se deve ao treino respiratório que gera uma percepção e um controle da musculatura respiratória. Quanto mais treinado o individua, menor seu esforço para executar as notas exigidas. 45 Smith et al. (1990), em seu estudo não constatou diferença entre os valores de volume pulmonares e de pressão inspiratória entre músicos e não músicos , porem a reprodução dos volumes era mais exata nos músicos. Concluindo que os trompetistas parecem ter algumas diferenças adquiridas na percepção respiratória e no controle neuromuscular ventilatório comparado com não músicos. Segundo Herer (2001), o desempenho musical, especialmente em cantores ou instrumentistas de sopro, depende de uma função pulmonar eficaz, pois as elevadas pressões, necessárias para realização de certas notas, e uma não eficiência da musculatura respiratória poderiam desencadear alguma doença respiratória. Fazendo uma comparação entre o gráfico 3 e o gráfico 5 , pode-se perceber que as pressões encontradas no trompete foram mais elevadas do que as encontrados na tuba. Isso se deve ao calibre do instrumento – e seu bocal - o trompete possui calibre menor por ser um instrumento pequeno, o que gera uma maior pressão para executar uma nota. Sendo que a tuba é um instrumento grande, ou seja, de maior calibre, e que necessita de menos pressão para executar a mesma nota. 46 6 CONCLUSÃO Para se tocar um instrumento de sopro, o instrumentista, com os lábios semicerrados, sopra para fazê-los vibrarem contra o bocal, alem de ter um controle da quantidade e da velocidade do fluxo de ar para produzir a intensidade e a freqüência desejada do som. Estas ações ao se tocar, impõem uma resistência à fase expiratória. Os objetivos estabelecidos nesta pesquisa foram alcançados. Primeiramente avaliamos a função pulmonar e a Pimáx / Pemáx dos indivíduos, e concluindo que tanto os valores espirométricos como os valores da manometria se encontram dentro da normalidade. O principal objetivo deste estudo era avaliar as pressões expiratórias geradas durante a execução de notas musicais no trompete e na tuba. E encontramos uma correlação positiva forte entre a nota musical executada e a pressão expiratória tanto para o trompete quanto para a tuba. Isto é, quanto maior a freqüência (mais aguda a nota) mais elevada é a pressão necessária para a sua execução. Comparamos então as pressões obtidas com o trompete e com a tuba e notamos que as pressões necessárias para executar uma determinada nota no trompete foram bem mais elevadas do que para executar a mesma nota na tuba. Outro objetivo foi comparar os resultados encontrados com o tempo de atuação do instrumentista. Estabelecemos então uma média da comparação entre a nota musical (freqüência), o tempo de ensaio (horas) e a pressão expiratória obtida. E concluímos que existe uma correlação inversa entre a PE (pressão expiratória) e o tempo de ensaio, ou seja, quanto maior o tempo de ensaios menor a PE necessária pra executar as notas musicais tanto no trompete quanto na tuba. 47 Outra comparação feita foi entre as pressões obtidas e a capacidade pulmonar dos instrumentistas. Relacionamos então o tempo total de ensaios (em horas) com a CVF (capacidade vital forçada) e obtivemos uma correlação negativa fraca entre as duas capacidades avaliadas, ou seja, quanto maior o tempo- horas de ensaio menor seria o valor referente a CVF. Porem a comparaçao entre o Tempo Total de Ensaio e Pressão Expiratória Máxima demostrou uma correlação positiva moderada a forte entre o tempo total de ensaios (em horas) e a PEmax (Pressao Expiratória Maxima) encontrada na manometria, ou seja, quanto maior o tempohoras- de ensaio maior a PEmax do individuo. Com isso, concluímos que devido ao treino respiratório (que ocorre durante o ato de tocar) instrumentistas de longa data podem apresentar melhores resultados quanto as pressões respiratórias e conseqüentemente necessitariam de menos esforço para executar as notas exigidas, porem os resultados sugerem que as constantes pressões elevadas nas vias aéreas poderiam levar a uma diminuição da CVF nestes músicos. 48 REFERÊNCIAS AQUINO, Gian Marco, Algumas Considerações sobre o estudo de tuba. Santa Catarina: Porto União, Rev. Magníficas, ano III, p.10-11, 2003. AZEREDO, Carlos Alberto Caetano. Fisioterapia respiratória no hospital geral: expansão, reexpansão, recrutamento alveolar. São Paulo: Manole, 2000. BAINES, Anthony. The history of brass instrument. New York: Dover Publicatioc, 1993. BARBENEL, J. C. Mouthpiece forces produced while playing the trumpet. Glasgow: J. Biomechanics, vol.21, p. 417-424, 1988. BARROS, Aidil J. da Silveira; LEHFELD, A. de Souza. 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Acesso em: 3 jun. 2006. 51 APÊNDICE A - Ficha de Avaliação 52 FICHA DE AVALIAÇÃO PARA A PESQUISA Data da avaliação: ____________ Pessoal: Nome: _____________________________________ Data de nascimento: __________ Altura:________________ Peso:______________ Sexo:____________ Há quanto tempo toca instrumento de sopro: _________________________(em meses) Qual instrumento toca atualmente: __________________________________________ Quantas horas ensaia por semana: ___________________________________________ Física: IMC:_______________ Valores esferométricos: CVF:____________________ VVM:___________________ VF1:____________________ FEF25-75:_________________ PFE:____________________ VEF1/CVF:_______________ Valores da Manometria: Pressão Inspiratória: _________________ Pressão Expiratória: __________________ Execução no trompete: PE na execução da nota dó (primeira oitava): ____________________ PE na execução de nota dó (segunda oitava): ____________________ PE na execução da nota sol (segunda oitava): ____________________ Execução na tuba: PE na execução da nota dó (primeira oitava): ____________________ PE na execução de nota dó (segunda oitava): ____________________ PE na execução da nota sol (terceira oitava): ____________________ 53 APÊNDICE B - termo de esclarecimento e termo de consentimento livre 54 Termo de Esclarecimento Você é músico e está sendo convidado a participar de um estudo que avaliará a pressão expiratória gerada durante a execução de notas musicais. Os avanços na área da saúde ocorrem através de estudos como este, por isso a sua participação é importante. O objetivo deste estudo é analisar as pressões geradas na execução de notas musicais, compara-las com o tempo de atuação do instrumentista e identificá-las em diferentes calibres de bocal (trompete e tuba), caso você participe, será necessário preencher um questionário e fazer um teste de função pulmonar (espirometria e manovacuometria). Não será feito nenhum procedimento que lhe traga qualquer desconforto ou risco à sua vida. Você poderá ter todas as informações que quiser e poderá não participar da pesquisa ou retirar seu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo no seu atendimento. Pela sua participação no estudo, você não receberá qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de que todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de sua responsabilidade. Seu nome não aparecerá em qualquer momento do estudo, pois você será identificado com um número. Termo de consentimento livre, após esclarecimento Eu, _________________________________, li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual procedimento a que serei submetido. A explicação que recebi esclarece os riscos e benefícios do estudo. Eu entendi que sou livre para interromper minha participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão e que isso não afetará meu tratamento. Sei que meu nome não será divulgado, que não terei despesas e não receberei dinheiro por participar do estudo. Eu concordo em participar do estudo. Assinatura do voluntário (ou responsável legal): ______________________________________________________________ Assinatura do pesquisador responsável: ______________________________________________________________