DISTRIBUIDORES DE «ASAS» Carta aos Animadores Claretianos. Sacerdotes e Irmãos - Julho de 2015 Queridos amigos: Ao longo da nossa vida sem dúvida que tivemos a sorte de encontrar-nos com pessoas que nos “deram asas”. Elas incentivaram-nos a dar o melhor de nós próprios e, graças a elas, crescemos mais por dentro e sentimo-nos melhor em relação aos outros. É como se graças à sua perícia tivéssemos reinventado a nossa vida. Mostraram-nos horizontes novos que talvez nunca sequer imaginássemos poder existir e animaram-nos a lutar para alcança-los. É um grande dom termos recebido isto e… poder provoca-lo noutros. Mas, também pode acontecer o contrário. Talvez nos tenhamos acostumado a encerrarmo-nos na estreiteza do nosso egoísmo e, sem suspeitar que fomos criados para sermos águias-reais, ficamo-nos por simples galinhas, incapazes de bater as asas e lançar-nos a voar. Jesus deve ter experimentado algo semelhante no contacto com os seus conterrâneos. Pensemos nas perguntas que lhe fazem: “De onde é que isto lhe vem e que sabedoria é esta que lhe foi dada? Como se operam tão grandes milagres por suas mãos? Não é Ele o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós?» Isto manifesta a normalidade e autenticidade do processo de aprendizagem de Jesus. O seu crescimento foi realmente humano, tão humano que custa a acreditar. Um de tantos, como a gente do dia-a-dia entre a qual vivia, sem se destacar por nada de especial, crescendo pouco a pouco. Dizem que Jesus não pôde fazer nada em Nazaré porque ali lhe “cortaram as asas”; era demasiado conhecido por todos, demasiado comum, demasiado igual… emociona-me que a acção salvadora de Jesus não possa ser provocada por si próprio, mas que esteja dependente da confiança daqueles que com Ele criam amizade. Jesus tinha a graça de conceder autoridade a cada pessoa, de devolver-lhe a sua dignidade, de ajudá-la a conectar com o seu ser profundo. Não dizia “eu fiz isto por ti”. Remetia a pessoa ao seu íntimo: “a tua confiança – a tua fé – te salvou”… o Deus que há em ti. Ao terminar estas cartas mensais, peço a todos os animadores vocacionais que estejam predispostos, ao estilo de Jesus, a ser “distribuidores de asas” com aqueles que acompanhamos no dia-a-dia. E, mesmo que nenhum deles chegue a engrossar as nossas estatísticas congregacionais, saibamos renovar a nossa confiança neles e continuar a apostar pelo que de melhor guardam no seu íntimo… porque a animação vocacional não é outra coisa senão fazer nascer asas na alma daqueles a quem o Senhor nos confia. E que possam voar alto, ainda que não levem a nossa marca “cmf”. Juan Carlos Martos cmf