ANO XXII - No 198 - março 2008
BB 200 anos
Mais um fascículo
para você colecionar
sobre a história
do Banco do Brasil
TRABALHO
Quando a desmotivação
toma conta de sua
vida profissional
entrevista
Valmir Camilo
responde
perguntas
de associados
e de lideranças
do funcionalismo
Ação Março 2008 | CARTAS
Bancário: Profissão?
Parabenizo o diretor William Alves Bento
pelo artigo publicado no jornal Ação 197
de jan./fev. 2008, “Bancário: Profissão?”.
Suas palavras valorizam e enaltecem os
bancários. Como estou afastada do trabalho há dois anos e meio, sinto muita falta
da convivência diária com os colegas e do
trabalho que realizava.
O artigo me acalentou e me deixou com
a sensação de dever cumprido, pois foram
vinte e oito anos de dedicação: “(... trabalhador esclarecido, de bom nível intelectual,
focado, cumpridor de seus deveres e competente, o chamado bom de serviço...)”.
Como não me aposentei, mesmo afastada, endosso as palavras do diretor: sou bancária, com muito orgulho desta profissão.
Graciette Lamas Espósito
Porto Alegre - RS
BB 200 anos
Parabéns ao Jornal Ação. A iniciativa brilhante mexeu com o meu entusiasmo. Tive
a chance de trabalhar na BB quando, em
homenagem aos 150 anos, foi inaugurado o prédio da Avenida Presidente Vargas
384 que recebeu o nome de Visconde de
Itaborahy, sendo presidente do BB o antigo
funcionário Dr. Marcos de Souza Dantas.
Homenageando o evento histórico, a diretoria do BB concedeu a seus funcionários
uma gratificação-extra de “meio” ordenado (proventos) - o que muito marcou em
mim. O Banco do Brasil, além de uma escola, continua sendo um celeiro de valores
indiscutíveis. Seus funcionários ocuparam
e continuam ocupando os cargos mais importantes no Governo, nas áreas Federal,
Estadual e Municipal. A ANABB, brilhantemente, sabe dar continuidade a tudo isso,
divulgando sempre o que de melhor existe
e acontece na nossa Casa, hoje tão bem
presidida por um funcionário de carreira.
Parabéns.
Raymundo Affonso Netto
Rio de Janeiro - RJ
Nota da Redação
I – Republicamos o resultado do gráfico
da página 11 do Ação 197, pertencente
a matéria “Ouvindo os funcionários de
agências”, para corrigir o resultado apresentado. Os entrevistados quando per-
jornal Ação
guntados se o Banco do Brasil cumpre a
missão de promover o desenvolvimento do
País, afirmaram: 41,3% disseram “plenamente”; 53,3% “parcialmente”; 4,7% que
o BB “não cumpre essa missão”; e 0,7%
não soube avaliar. A correção já foi feita no
jornal Ação 197 que se encontra no site
www.anabb.org.br.
II – Ao contrário do que foi publicado na
sessão de cartas do Ação 197, o autor
da carta intitulada “Para quem não quer
ser feliz” é o associado Francisco Antônio
Salles de Campo Grande (MS) e não
Antonio Romualdo Rosa, de Tiete (SP). Por
isso, republicamos o depoimento.
Li a carta do Camilo (Ação nº 196) e quero
levar-lhe minha solidariedade. Realmente,
a crítica gratuita, sem fundamento nos fatos, acaba irritando, em face da flagrante injustiça. Infelizmente, temos colegas sempre
insatisfeitos; vêem tudo nebuloso e tétrico.
São adeptos do “quanto pior, melhor”.
A maioria, porém, dos associados têm
plena consciência da importância da ANABB
e do quanto a administração do Camilo tem sido eficaz, para proporcinar aos
associados muitos benefícios e defender
seus interesses mais prementes.
Lembro, como aposentado, que Camilo defendeu ardorosamente a proposta de
reajustes para os aposentados, desvinculados dos funcionários da ativa. Ela foi
bem aceita e passamos a ter os reajustes
anuais e obrigatórios (em caso de “superávit”), contratualmente garantidos, o
que veio em boa hora, já que tempos depois o BB deixou de conceder, por quase
6 anos, reajustes aos seus funcionários.
Tivéssemos ainda atrelados aos colegas
da ativa, nossos proventos estariam, hoje,
totalmente defasados.
A última conquista foi o oferecimento,
pela ANABB, do Plano Odontológico, gratuito. Levando-se em conta o alto custo do
tratamento dentário, é benefício considerável. Como Camilo disse: “fomos criados
para sermos felizes”. Cabe a cada um
lutar em busca da felicidade e não ficar
aferrado no muro das lamentações.
Francisco Antônio Salles
Campo Grande - MS
Este espaço destina-se à opinião dos leitores. Por questão de espaço e estilo, as cartas podem ser resumidas e editadas. Serão
publicadas apenas correspondências selecionadas pelo Conselho Editorial da ANABB. As cartas que se referem a outras entidades, como Cassi e Previ, serão a elas encaminhadas. Se você quer enviar comentários, sugestões e reclamações envie um
e-mail para [email protected] ou uma carta para o endereço SCRS 507, Bl. A, Lj.15 CEP: 70351-510 Brasília/DF
| Ação Março 2008
DIRETORIA-EXECUTIVA
Valmir Camilo
Presidente
William josé ALVES BENTO
Diretor Administrativo e Financeiro
Denise lopes vianna
Diretora de Comunicação e Desenvolvimento
EDITORIAL
Dúvidas esclarecidas
Graça machado
Diretora de Relações Funcionais, Aposentadoria e Previdência
EMÍLIO S. RIBAS RODRIGUES
Diretor de Relações Externas e Parlamentares
CONSELHO DELIBERATIVO
Antonio Gonçalves (Presidente)
Ana Lúcia Landin
Antilhon Saraiva dos Santos
Augusto Silveira de Carvalho
Cecília Mendes Garcez Siqueira
Cláudio José Zucco
Douglas José Scortegagna
Élcio da Motta Silveira Bueno
Genildo Ferreira Reis
Inácio da Silva Mafra
Isa Musa de Noronha
José Antônio Diniz de Oliveira
José Bernardo de Medeiros Neto
José Branisso
José Sampaio de Lacerda Júnior
Luiz Antonio Careli
Mércia Maria Nascimento Pimentel
Nilton Brunelli de Azevedo
Romildo Gouveia Pinto
Tereza Cristina Godoy Moreira Santos
Vitor Paulo Camargo Gonçalves
CONSELHO FISCAL
HUMBERTO EUDES VIEIRA DINIZ (Presidente)
Armando César Ferreira dos Santos
Saul Mário Mattei
Antônia Lopes dos Santos
Dorilene Moreira da Costa
Elaine Michel
Diretores Estaduais
Paulo Crivano de Moraes (AC)
Ivan Pita de Araújo (AL)
Marlene Carvalho (AM)
Franz Milhomem de Siqueira (AP)
Olivan de Souza Faustino (BA)
Francisco Henrique Ellery (CE)
Elias Kury (DF)
Pedro Vilaça Neto(ES)
Saulo Sartre Ubaldino (GO)
Solonel Drumond Júnior (MA)
Francisco Alves e Silva - Xixico (MG)
Edson Trombine Leite (MS)
José Humberto Paes Carvalho (MT)
José Marcos de Lima Araújo (PA)
Maria Aurinete Alves de Oliveira (PB)
Carolina Maria de Godoy Matos (PE)
Benedito Dias Simeão da Silva (PI)
Moacir Finardi (PR)
Antonio Paulo Ruzzi Pedroso (RJ)
Heriberto Gadê de Vasconcelos (RN)
Valdenice de Souza Nunes Fernandes (RO)
Robert Dagon da Silva (RR)
Edmundo Velho Brandão (RS)
Carlos Francisco Pamplona (SC)
Emanuel Messias B. Moura Júnior (SE)
Walcinyr Bragatto (SP)
Saulo Antônio de Matos (TO)
Este editorial não foi escrito, como sempre, pelo presidente
da ANABB, Valmir Camilo. Isso porque, nesta edição, o presidente estava empenhado em outro trabalho: responder perguntas de associados da ANABB e de lideranças de entidades
ligadas ao funcionalismo. Ele fez questão de analisar uma a
uma e, ainda, continua respondendo perguntas de cerca de
200 associados, que serão publicadas no site da ANABB.
Sendo assim, neste jornal Ação, você vai poder conferir a posição da ANABB diante de diferentes temas. Foram
várias páginas dedicadas a isso, pois levamos em conta a
importância de responder cada questão detalhadamente,
para não haver dúvidas. Você vai verificar que Valmir Camilo
fala sobre os assuntos pertinentes a ANABB, mas também
a Cassi, Previ, entre outros. Isso porque a ANABB, por ser
uma associação nacional representativa dos funcionários
do Banco do Brasil, tem o dever de estar por dentro dos
assuntos referentes a todas essas entidades e manter o associado bem informado.
As novidades do Ação 198 não param por aí. Você poderá
conferir matéria exclusiva sobre desmotivação no trabalho.
O texto apresenta depoimentos, dados e a visão do Banco
do Brasil sobre o assunto. Você também poderá fazer o teste
que vai indicar como anda a sua motivação profissional.
A seção Banco do Bancário continua com força total.
Cada vez mais, recebemos depoimentos de funcionários,
aposentados e pedevistas interessados em contar sua relação com o Banco. Confira nesta edição duas emocionantes
histórias de vida.
Junto com este jornal, você recebe o segundo fascículo
da série BB 200 anos. Esse é um presente que a ANABB
preparou para todos os associados, que são tão importantes na história do Banco do Brasil. A capa dura para colecionar os fascículos está em fase de finalização. Já recebemos
e-mails e cartas de milhares de associados interessados em
receber a capa. Em breve, todas as solicitações serão atendidas. Quem não pediu seu exemplar, ainda pode fazê-lo. A partir
de agora, criamos um e-mail próprio para isso: os associados interessados em receber a capa dura devem enviar a
solicitação para [email protected]. Não esqueçam
de colocar nome, matrícula e endereço.
Esperamos que gostem das matérias desta edição.
Quem tiver sugestões de assuntos para os próximos jornais
pode enviar e-mail para [email protected].
Aproveitem!
Diretoria da ANABB
ANABB - SCRS 507, bl. A, lj. 15 CEP: 70351-510 Brasília/DF
Atendimento ao associado: (61) 3442.9696 Geral: (61) 3442.9600
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Redação: Ana Cristina Padilha, Fabiana Castro, Priscila Mendes
e Tatiane Lopes Anúncio: Fabiana Castro
E-mail: [email protected] Edição: Felipe Alvarez Bittencourt
MTB TMTB7355JD/DF Revisão: Juliana Rodrigues
Editoração: Raido Propaganda Foto da Capa: George Gianni
Perio­dicidade: mensal Tiragem: 157 mil
Banco de Imagem: AbleStock
Impressão: Gráfica Positiva Fotolito: Photoimage
Ação Março 2008 | CAPA
DESMOTIVAÇÃO:
A desmotivação no trabalho afeta a vida de muitas pessoas. No BB, o funcionalismo
também sofre com o problema. Gestores e funcionários devem estar atentos, pois a motivação
é o combustível que faz uma empresa funcionar
Joana* trabalhou durante 27 anos
no Banco do Brasil, quando foi convidada a aposentar-se. Passados 32 anos
de sua posse, ela guarda como lembrança do Banco uma cena de horror. “A
pessoa responsável pela administração
da agência gritando, sem parar, comigo
e com uma colega, responsabilizandonos por todos os números negativos da
agência. Ninguém nos defendeu”. Para
a funcionária, a situação gerou diversos
problemas, entre eles a desmotivação
com o trabalho. “A primeira idéia foi de
aposentar-me, sem esperar nada, independente da perda que isso geraria. Eu
ia todos os dias para o Banco chorando,
com dor no peito. A desmotivação era
o único assunto entre os funcionários.
Hoje, eu digo a todos que o BB te dá
duas alegrias: uma, quando você entra
e, outra, quando você sai. Sendo que,
quando eu saí, a alegria que eu sentia,
era maior que quando eu entrei”.
O depoimento acima reflete a situação de centenas de funcionários
| Ação Março 2008
e ex-funcionários do BB e confirma
algumas fragilidades no cotidiano
do Banco identificadas em pesquisa
encomendada pela ANABB no ano
passado. A insatisfação foi uma das
questões apontadas pelo funcionalismo. Em todas as regiões, a maior parte
dos funcionários já pensou em deixar
o BB para procurar novo emprego, com
destaque para a região Norte - 68,5%.
Na região Centro-Oeste, 66,7% dos
funcionários afirmaram que o BB não
é o melhor lugar para se trabalhar.
A internet também é usada como
instrumento para reclamações. Em
uma das muitas comunidades existentes no site de relacionamentos Orkut,
que discutem o dia-a-dia do Banco, os
internautas confessam não querer mais
trabalhar no BB, se decepcionaram com
a função exercida e até choram quando
precisam trabalhar. “Tô pensando em
sair do Banco”; “minha saúde (física e
emocional) se deteriorou depois que
comecei a trabalhar no BB”.
A desmotivação no trabalho é fruto, em geral, de um conjunto de problemas que atinge empresas no Brasil
e no mundo. Condições insatisfatórias
para exercer a atividade profissional,
liderança inadequada, política da
empresa, questões salariais, falta de
reconhecimento e comprometimento,
além do excesso de trabalho, são as
principais causas que levam os funcionários a perderem a motivação.
Para o publicitário, Isaac Martins, mestre em Comunicação pela USP, fundador
do Instituto Isaac Martins e Folk Treinamentos, a desmotivação no trabalho está
ligada à fatores internos e externos. “Segundo estudos, o que mais desmotiva um
colaborador na organização é a falta de
valorização do trabalho, de possibilidade
de crescimento, supervisão inadequada e
clima organizacional. Salário é importante,
porém não é a razão principal”. Uma pesquisa do Instituto Gallup sobre a falta de
engajamento da força de trabalho, publicada no ano passado pela Revista Exame,
* nome fictício
SINÔNIMO DE PREJUÍZO
mostrou que funcionários desmotivados e
pouco comprometidos com a empresa em
que trabalham custam ao Brasil cerca de
39 bilhões de dólares por ano, o equivalente a quase 4% do PIB. Em alguns países
europeus, as perdas chegam a representar um percentual ainda maior da economia local, como no caso da França, com
perdas que representam 5,8% da riqueza
nacional. “Colaboradores desmotivados
são sinônimo de prejuízo. Aumentam o
número de erros, o atendimento aos clientes é ruim e o tratamento entre os colegas
de trabalho sofre atrito. No ambiente bancário, um funcionário desmotivado pode
criar grandes problemas para a organização”, completa Isaac.
A motivação dos funcionários é o
combustível que faz uma empresa funcionar. É claro, que o caminho para
se alcançar 100% de satisfação entre
todos os membros da empresa, como
no Banco do Brasil, que possui mais de
85 mil funcionários, é difícil. No entanto,
esse é um dos desafios dos gestores.
Eles devem conhecer a equipe e motivar
as pessoas a crescerem juntas, acompanhando o avanço da instituição. “A motivação ainda é um grande desafio para
as empresas e deve ser preocupação.
Por meio dela, há melhoria nos processos internos, dos produtos, envolvimento e comprometimento”, avalia Maria
Inês Felippe, psicóloga, especialista em
Administração de Recursos Humanos
e autora do livro “4 C´s para Competir
com Criatividade e Inovação”.
Mais liberdade
Clara* é funcionária do Banco do
Brasil desde 2004, e sente na pele o
que é trabalhar desmotivada. Para
ela, excesso de trabalho, falta de funcionários e de treinamentos, horários
abusivos e gestão ruim são causas de
insatisfação no BB. “Levamos nas costas a cobrança inerente ao serviço dos
clientes e dos chefes. Falta pessoal o
que prejudica o rendimento do serviço
e aumenta o descontentamento dos
clientes. Se você quiser pertencer a tal
setor, se vira para ler e aprender. Nada
de treinamento ou curso para obter informações”, confessa. A funcionária ad-
tingíveis e irregulares, acúmulo de funções, horas extras não pagas, cobrança
da chefia e estresse dos clientes.
A professora da Universidade de
Brasília (UnB), Ana Magnólia
“Uma pessoa pode ganhar muito Mendes, defende a reflexibilidade de normas e padrões nas
bem, porém ter dificuldades em
organizações como forma de
melhorar o ambiente de trabamanter-se em um emprego se a
lho. Para ela, quem precisa de
gestão for ineficaz”
ajuste é o trabalho e não as
pessoas. Doutora em psicolomite ainda que o que mais a incomoda gia do trabalho, Ana utiliza a abordagem
é a baixa rotatividade. “Existem geren- psicodinâmica do trabalho para explicar
tes que estão em exercício na mesma que a motivação está ligada a possibilicidade e na mesma agência há mais de dade do trabalhador ser autêntico e ter
dez anos. Ao invés de serem transferi- espaço para negociar suas atividades.
dos para conhecerem clientes e funcio- “O trabalho é um espaço político, deve
nários novos, eles empobrecem a em- haver negociação entre os funcionários
presa com filosofias ultrapassadas”.
e a empresa. Quando a empresa impõe
Segundo a pesquisa publicada pela regras inflexíveis, aparecem a desmotiANABB, alguns outros pontos também vação, as doenças, a falta de qualidade
elevam o grau de desmotivação, como profissional”, afirma.
salários baixos, pressão por metas inaSeguir esses conselhos não signifiAção Março 2008 | Indícios
A desmotivação pode começar
como um desânimo e chegar a níveis
que prejudicam o trabalho e a vida
pessoal. “Ao invés de levantar e ir para
o meu trabalho, eu levanto e vou carregar minha cruz. É como um remédio
de péssimo gosto. A desmotivação
atrapalha o aprendizado dos processos internos do Banco. Quando uma
pessoa está infeliz com seu trabalho,
isso acaba refletindo no tipo de atendi-
| Ação Março 2008
A voz do banco
Para a Diretora de Relações com Funcionários e Responsabilidade Sócio-Ambiental do Banco do Brasil, Izabela Campos
Alcântara Lemos, a criação de uma ouvidoria interna e a destinação de verbas que
ampliem a comunicação e a qualidade de
vida entre os funcionários são estratégias
que reforçam a atenção do Banco quanto
às questões motivacionais.
Segundo ela, a empresa possui cerca
de cinco mil ambientes com um gestor
que representa cada equipe. “A relação
do gestor com a equipe deve ser de diálogo, respeito e empenho. Na ouvidoria,
os colegas cuidam dos colegas. Houve
“A motivação ainda é um
grande desafio para as
empresas e, cada vez mais,
deve ser preocupação. Por
meio dela, há melhoria nos
processos internos, dos
produtos, envolvimento e
comprometimento”
* nome fictício
ca dizer que o ambiente de trabalho se
transformará num local de lazer, pois ele
continuará regido por disciplinas. A diferença será a preservação e a garantia
da liberdade. “Trabalho é lugar de executar tarefas, mas quando a estrutura é
muito rígida, sem opções estratégicas,
os trabalhadores passam a não se sentir bem. Funcionários não são robôs. O
ideal é ajustar os espaços para que a
empresa possa acolher todos os perfis.
Isso incentiva a criatividade, a independência e a participação”, completa Ana.
A professora também critica a atual filosofia de trabalho imposta pelas empresas. Ela considera a situação precária, já
que a preocupação com a motivação é
superficial e circunstancial. “Para as empresas, o importante é que o funcionário
trabalhe, não importa a sua condição.
Os funcionários, por sua vez, se submetem pois não têm para onde correr. Com
isso, a empresa continua tendo lucro e
para ela é isso que importa”.
O caminho é a mudança do modo
de gestão. “Se as empresas pensassem menos no lucro ou em lucros
mais razoáveis e boa produção, elas
conseguiriam atingir um nível de profissionais menos desmotivados. É preciso ficar claro para as organizações, e
o Banco se encaixa nesse perfil, que a
motivação caminha lado a lado com a
ética e com a responsabilidade social.
Só assim todos saem ganhando”.
- Maria Inês Felippe
mento que ela presta. A desmotivação
atrapalha a vida particular e profissional”, resume Clara.
A Consultora Sênior do Grupo
Catho DF, Rose Mary Lailla Vargas Guidi, acredita que as áreas de Recursos
Humanos das empresas são fundamentais na descoberta da desmotivação profissional. “O RH da empresa
deve ter um plano estruturado, estudar caso a caso e ver de que forma
os problemas podem ser corrigidos. A
empresa deve conhecer os funcionários, ter suas competências mapeadas e buscar onde cada um será melhor aproveitado, além de entender o
que ele almeja e ouvir o profissional”.
Maria Inês compartilha da mesma opinião e completa: “todos os gestores
de pessoas, independente da área
em que atuem, são encarregados por
interagir com os funcionários e descobrir sobre a desmotivação. Além
deles, o próprio colaborador deverá
ser um gerador da auto-motivação.
Assinale a alternativa que combina com você
e cheque o resultado:
1) O que mais o incomoda na vida
profissional?
a) carreira estagnada
b) seu chefe
c) ambiente de trabalho
2) Qual sua postura durante as reuniões?
a) em algumas seu desempenho é bem
melhor que em outras
b) você até propõe algumas idéias, mas
fica frustrado quando não são aceitas
c) já não participa com o mesmo entusiasmo da época em que entrou na empresa
3) Como você definiria seu dia-a-dia
no trabalho?
a) momentos de realização alternados
com outros de desânimo
b) apenas obrigações
c) um verdadeiro martírio
“Quando uma pessoa está
infeliz com seu trabalho,
isso acaba refletindo no
tipo de atendimento que
ela presta”
4) A vaga que você tanto almejava
finalmente surgiu. O que você faz?
a) candidata-se formalmente e mostra
que a merece, apresentando projetos
b) nada, apenas torce para que os
superiores se lembrem de você
c) já não sabe mais se quer ficar com a
vaga e duvida se tem chances reais
5) Na hora de distribuir tarefas, seu chefe:
a) pergunta se você estaria interessado
em fazer parte daquele projeto novo
que está em andamento
b) delega a você as mesmas responsabilidades que tinha na época em que
a implantação do ECOA – Equipes de
Comunicação e Auto-Desenvolvimento –
formadas voluntariamente, onde os funcionários se unem para viabilizar ações,
melhorar a qualidade de vida e apoiar
a comunicação interna. Já são cerca
de três mil criadas. Existem também
as verbas institucionais como a Verba
de Relacionamento Interno que custeia
celebrações em geral, como aniversariantes do mês, Verba de Qualidade de
Vida, aplicada em massagens expressas, ginástica laboral e relaxamento, Verba de Aprimoramento Profissional, voltada para compra de livros, entre muitas
outras”, explica.
começou na empresa
c) remaneja responsabilidades suas
para outros colegas, alegando que você
está sobrecarregado
6) Sua empresa irá passar por um processo de reestruturação que implicará
mudanças em seu departamento. Como
você lida com isso?
a) fica animado, quem sabe agora você
poderá dar vida àquele projeto engavetado
b) sente-se aliviado, não dá para ficar
pior do que está
c) mostra-se apreensivo, as mudanças
podem piorar ainda mais a situação
7) Quando você faz uma auto-avaliação de
sua carreira, a que conclusões chega?
a) que o grande salto você ainda não
deu
b) que está passando por uma fase de
estagnação
c) que você era mais feliz em outro emprego, mesmo ganhando menos
8) Quando aquele projeto que você estava
tocando fracassa, como reage?
a) faz o possível para se superar no
próximo
b) fica indiferente, pode acontecer
com qualquer um
c) fica arrasado, isso está cada vez
mais freqüente
9) Para você, sucesso profissional é:
a) desafio
b) poder
c) dinheiro
Em comparação a grande parte das
empresas no mercado, Izabela avalia positivamente as oportunidades de ascensão
profissional e valorização da qualidade
de vida no BB. “Existem muitos caminhos
que possibilitam a participação e o envolvimento dos funcionários na empresa. Se
o funcionário quiser, ele pode ficar no BB
durante anos, até se aposentar. Existe um
ambiente de pressão, como em qualquer
outra organização. Se aquele local não é
o melhor, o ideal é que se busque um ambiente mais prazeroso. Pelo histórico do
Banco, acreditamos que o funcionalismo
é bastante contemplado com relação aos
benefícios”.
10) Como você se vê profissionalmente
daqui a alguns anos?
a) trabalhando na mesma empresa,
em cargo mais alto
b) não faz planos, tudo pode acontecer
c) trabalhando na mesma área, em
outra empresa
Some:
3 para todas as respostas A.
2 para as respostas B.
1 para as respostas C.
Resultado:
De 1 a 12 pontos: A situação chegou a um ponto em que o chefe já
está olhando feio para sua desmotivação e queda de produtividade.
Sua auto-estima está próxima da
sarjeta e é preciso urgentemente
reavaliar a carreira ou até mesmo
procurar outro emprego.
De 13 a 21 pontos: Seu estado
ainda não afetou drasticamente a
produtividade, mas o grau de apatia já começa a preocupar. Identifique suas falhas, estabeleça metas
e procure descobrir o que desperta
seu entusiasmo para recuperar a
motivação perdida.
De 22 a 30 pontos: Você está motivado e sente que tem pela frente ótimas possibilidades na empresa. Sua
ambição e disposição para enfrentar
novos desafios contam pontos a seu
favor, mas tente não se cobrar demais. Os altos e baixos são inevitáveis
durante a carreira.
Fonte: Revista Veja (edição 1662)
Ação
Ação Março
Março 2008
2008 || ENTREVISTA
Valmir Camilo responde
associados
Com o objetivo de tirar dúvidas dos associados sobre diferentes temas em relação
ao Banco do Brasil, o presidente da ANABB, Valmir Camilo, lançou o projeto no site da
Associação: Pergunte ao Presidente. Durante 24 horas, 200 associados fizeram
perguntas para Camilo. Todos os questionamentos serão respondidos no site da ANABB.
Alguns deles foram selecionados e publicados neste jornal Ação. Entre os assuntos
estão Previ, Cassi, OdontoANABB, ações judiciais e muito mais
A ANABB está negociando com o
Banco a possibilidade de retorno
das remunerações em substituição
aos cargos comissionados? E qual
a posição da ANABB em relação a
“lateralidade” criada pelo Banco
em 2007?
Dione Bezerra dos Santos –
fotos: Pedro Matallo
Frutal (MG)
| Ação Março 2008
Não, Dione. A ANABB não está
negociando esta questão da lateralidade porque esta é uma tarefa
do movimento sindical. A posição
que a ANABB tem, e que já foi expressada em alguns momentos,
é de ser contrária a esse tipo de
procedimento, pois a questão da
substituição é muito mais recompensadora. Cria uma expectativa
para o funcionário que, mesmo
ele não sendo efetivo no cargo,
tem uma perspectiva, em algum
momento, de até treinar naquela
função. A lateralidade inibe e prejudica até o processo de sucessão
e formação de lideranças.
Nós, da Cassi do interior, contribuímos, como sempre, e os reais
beneficiados são os que moram
em cidades grandes. Por quê?
Com o plano OdontoANABB será
diferente?
Carlos Elias Pasqualotto –
caso do OdontoANABB, tem a possibilidade do próprio associado no
interior entrar no site da ANABB e
fazer a indicação do dentista. E nós
vamos credenciá-lo.
Erechim (RS)
Carlos, as vezes as pessoas do
interior têm a idéia de que, nas capitais, a Cassi não tem problema.
Tem problemas também e há uma
parcela do interior que não tem problema nenhum. Tem muito a ver
com a questão regional. Em alguns
lugares, os médicos se organizam
mais e fazem um enfrentamento
com os planos de saúde, criando
dificuldades para o atendimento.
Essa solução virá quando a Cassi
tiver um quadro próprio de médicos
ou contratados, hospitais e clínicas
referenciadas que receberão um
pouco mais para poder garantir a
prestação de serviço correta. No
caso do plano odontológico da ANABB, nós estamos trabalhando na direção de que esses problemas com
dentistas não venham a ocorrer. Os
dentistas vão atender sim. Esse é o
nosso compromisso. Além disso, no
Eu tenho um processo de FGTS
planos econômicos que foi encaminhado para a ANABB no ano
de 2001 (7 anos atrás). Não consigo entender como colegas que
deram entrada posteriormente já
receberam. O mérito da questão
são os honorários advocatícios?
Elizabeth dos Santos Medeiros –
Rio de Janeiro (RJ)
Elizabeth, você tem uma ação
do plano econômico de 2001 e eu
tenho de 1997. E até agora o presidente da ANABB ainda não recebeu. Há 20 varas da Justiça Federal
em Brasília e cada uma atua de
uma forma. Depois esses processos seguem para o tribunal e cada
um recebe uma turma diferente e
ganha ritmos diferentes. Todos os
processos serão liquidados, a tese
é vitoriosa, todos receberão. Sobre
os honorários, a dificuldade tem
Ação Março 2008 | “Parte do superávit existente hoje dentro da Previ se refere
à parte patronal dos pedevistas que saíram. Eu acho que
vamos ter que reabrir essa discussão sim.”
ficado para os advogados, pois muitos
juízes estão se aproveitando da medida
provisória [que dispõe que neste tipo de
ação, o governo, mesmo saindo perdedor, não pagaria o advogado da parte ganhadora] e estão fixando honorário zero.
Esse seu advogado, por exemplo, já está
há 7 anos trabalhando no seu processo e
corre o risco de não receber nenhum centavo pelo trabalho. Nós temos tentado
ver se o associado, de alguma forma, nos
ajuda a manter o ânimo deste advogado
trabalhando, garantindo o percentual
pelo trabalho que ele executou.
Com os superávits seguidos da Previ,
não deveria ser reaberto o processo
para o pagamento da parte patronal
para os pedevistas?
a, todo ano, discutir superávit. Essa discussão não vai ser feita uma vez só e acabar.
No primeiro momento foi redução de contribuição, no segundo momento a extinção
da contribuição, num terceiro momento realinhamento do plano, e daqui pra frente
esse debate com o funcionalismo deve
continuar. E quem deve participar dessa
discussão é verdadeiramente quem está
no plano de benefícios 1. O que deve ser
levado em conta é que o plano de previdência deve ser equilibrado: não tem que
ter muito superávit, nem déficit. Ao longo
do tempo, nós vamos ter que estar discutindo isso para fazer com que no final
essa conta feche. Quando não tiver mais
aposentado para pagar, o fundo não tenha
mais dinheiro. E que esses recursos sejam
distribuídos enquanto existir beneficiário.
Geraldo Antonio Bortollo – Limeira (SP)
Com certeza, Geraldo. Parte do
superávit existente hoje dentro da Previ se refere à parte patronal dos pedevistas que saíram. Eu acho que vamos
ter que reabrir essa discussão sim. Até
porque existem ações na justiça nesse
sentido que são favoráveis ao pedevista.
E a ANABB acha que, se a partir da reforma do estatuto, quem sai do Banco leva
a parte patronal, porque antes da reforma o colega não poderia levar também?
Esta discussão já está reaberta.
O Plano 1 da Previ não aceita que haja
ingresso de mais funcionários, tornando-se assim um plano em extinção. Ao
longo dos anos haverá um decréscimo
natural de participantes e um volume
enorme de recursos. Qual destino terá
esse patrimônio?
Alexandre Haddad– Anápolis (GO)
Isso mesmo, Alexandre. Daqui pra
frente nós vamos ter que nos acostumar
10 | Ação Março 2008
Se está sobrando dinheiro na Previ,
porque não se aplica o princípio da isonomia e atualiza-se a aposentadoria
dos pós-97?
Iraci Berviria Gomes– Concórdia (SC)
Iraci, do ponto de vista do benefício,
falta pouco a ser feito para resolver o
problema dos pós-97. Chegamos ao cálculo de contribuição de 90% e vamos
a 100%. O que desequilibra essa relação entre pré-97 e pós-97 é o salário de
contribuição dos funcionários da ativa.
Esse período - marcado por redução
salarial, falta de reajustes - ocasionou
um benefício menor. Nós temos que ter
inteligência para encontrar um mecanismo que possa reequilibrar essa relação, independente da base de contribuição. Eu pretendo, como presidente
da ANABB e conselheiro eleito da Previ,
apresentar uma proposta inovadora. Já
tenho e apresentarei essa sugestão na
próxima edição do jornal Ação.
“Nós temos otimizado esses recursos
com a criação de benefícios diretos e
indiretos, que podem se transformar
em benefícios. O plano odontológico
é um. As contratações de seguros são
outro. O que você pode ter certeza é o
seguinte: o que a ANABB já distribuiu
de benefícios é quase dez vezes maior
do que ela já arrecadou em toda sua
existência.”
Tenho dois filhos com idade abaixo de
24 anos que estudam em universidades particulares a um custo bastante
alto. O que a ANABB poderia fazer?
Adoção de convênios ou até mesmo
bancar um percentual da mensalidade
com desconto no IR?
Jose Arnaldo dos Santos – Maceió (AL)
Jose, na questão do IR, é possível,
individualmente, buscar na justiça o
direito de abater integralmente o valor
pago para as faculdades. Eu, particularmente, tenho uma ação vitoriosa
nesse sentido. Sobre os convênios,
o que o associado pode fazer é nos
ajudar, indicando as faculdades e as
escolas que eles querem que a ANABB
faça contato para conseguir descontos.
Para isso, basta enviar um e-mail para
[email protected]
O valor do aumento das mensalidades
da ANABB foi mais de 50%. Já pedi explicações que não me convenceram.
Também solicitei informações sobre
quanto ganham os dirigentes e quais
os auxílios.
Otto Wehr – Gramado (RS)
Da mesma forma que os funcionários
do Banco sofreram com ausência de reajustes, a ANABB também sofreu. Todos os
custos da instituição cresceram e, como
nós trabalhávamos com a perspectiva de
manter a mensalidade atrelada ao salário
do funcionalismo, em muitos momentos
deixamos de dar reajustes. O que a gente fez agora foi um realinhamento. Entendemos que a mensalidade da ANABB é
a mais barata de todas as entidades e
que a maioria delas quase não presta
serviços para seus associados, embora
tenha uma mensalidade muito maior.
Nós temos otimizado esses recursos
com a criação de benefícios diretos e
indiretos, que podem se transformar em
benefícios. O plano odontológico é um.
As contratações de seguros são outro. O
que você pode ter certeza é o seguinte: o
que a ANABB já distribuiu de benefícios
é quase dez vezes maior do que ela já
arrecadou em toda sua existência. Quanto aos salários dos dirigentes da ANABB,
esses estão vinculados diretamente aos
salários de carreira do BB. Ninguém ganha nada extra, não tem adicional, não
tem auxílio-moradia. É como se estivesse
trabalhando no Banco.
Porque a entidade não propõe, em
nome dos associados aposentados,
ação para reaver a cesta-alimentação
contra a Previ?
Ruben Ferreira Carvalho –
São Lourenço (MG)
Ruben, além de presidente da ANABB, eu sou conselheiro deliberativo eleito pelos funcionários na Previ. Antes de
propor uma ação contra a Previ, eu levei
este assunto para o Conselho. A Previ
está analisando a perspectiva de pagar
o equivalente a cesta alimentação para
os aposentados. Dentro dos próximos
meses, discutiremos este assunto no
Conselho. Só mesmo depois de esgotadas todas as possibilidades pelas vias
administrativas é que nós vamos pensar numa possibilidade de entrar com
uma ação judicial.
Na Previ, para aqueles que se aposentam com menos de 30 anos, aplica-se a
proporcionalidade, levando o benefício
para a vida toda, diferente dos demais.
Não está havendo isonomia entre eles.
Pode-se questionar isso judicialmente?
Reinaldo Zocche– Curitiba (PR)
Reinaldo, você tem toda a razão. Fundo de Pensão será sempre um fundo de
capitalização, seja ele de benefício definido (BD) ou de contribuição definida (CD).
A regra tempo de trabalho, até mesmo na
previdência oficial, já foi substituída por
tempo de contribuição. Tinha todo sentido fixar o benefício dos participantes da
Previ em função do tempo de trabalho,
uma vez que este tempo era igual ao tempo de contribuição. Com o fim das contribuições – desde janeiro de 2007 – nenhum funcionário, ativo ou aposentado,
contribui para a Previ – restará apenas o
tempo de trabalho. Não podemos calcular benefícios apenas por tempo de tra-
balho, assim esta regra deve ser alterada.
Caso contrário, vamos viver no futuro. Na
Previ, a realidade de ver um aposentado
com 26 anos de trabalho e 26 anos de
contribuição recebendo 26/30 do salário
como benefício e um funcionário com 15
anos de contribuição e 30 anos de trabalho recebendo 30/30 do salário como
benefício. Portanto, ele contribuiu menos
para a formação do bolo e receberá uma
fatia maior. Não é justo.
Numa empresa de tamanha dimensão,
como o BB, é possível administrar cortes
de benefícios e de pessoal, considerados
pelos executivos como “indispensáveis” à
perpetuidade da empresa e, ainda assim,
admitir-se que os valores da responsabilidade social e da sustentabilidade não
foram transgredidos? De que forma?
Clístenes Henrique da Silva – Paulo Afonso (BA)
Clístenes, se o Banco quer ser o banco do mercado – o Bradesco do Governo
Federal - não vai conseguir dar respostas pra essas questões que você está
colocando. A atuação responsável começa dentro de casa. A sustentabilidade começa dentro de casa. Não dá pra
você vender pra sociedade que você é
um banco que defende um desenvolviAção Março 2008 | 11
“Melhorar a base do salário, melhorar a
vida de quem ganha menos é obrigação,
sim, de quem luta pelo interesse de todos. Tem muita gente que recebe muito
dinheiro da Previ e que deve ter seus
reajustes corretos, mas primeiro nós
precisamos equilibrar essa conta”
Valmir Camilo
responde perguntas
de lideranças do BB
O presidente da ANABB, Valmir Camilo, também respondeu questões de lideranças do
funcionalismo do Banco do Brasil. A pedidos, as perguntas não foram editadas. Por esse
motivo, alguns questionamentos estão longos. Desta forma, todas as perguntas estão
contextualizadas e de mais fácil entendimento
mento regional sustentável se você não
tem uma política de sustentação da sua
própria cadeia produtiva e de seu funcionalismo. Como é que você vende para a
opinião pública uma idéia que não está
no inconsciente ou no consciente das
pessoas que estão desempenhando
um papel? O Banco caiu numa armadilha, ele tem que sair dela e sair dela é
abandonar o novo mercado. Dizer assim: “Olha, sou mesmo banco público,
sou mesmo um banco de governo, tenho
mesmo política diferente de um banco
privado”. Encarar a mídia, o mercado e
quem quer que seja. Ir para o enfrentamento pra construir um país melhor.
A proposta da ANABB para o uso do
superávit da Previ [benefício único
de R$ 500,00 para todos] é completamente estapafúrdia. Verificamos
então que a ANABB aprova a medida
do governo que, a cada ano, achata a
12 | Ação Março 2008
aposentadoria dos que ganham mais
de um salário. Quem ganha mais é por
seu próprio mérito e logicamente deve
ganhar mais do que o pessoal que não
conseguiu progredir na carreira.
Aloysio –
Rio de Janeiro (RJ)
Aloysio, não podemos trabalhar com
essa premissa de que o salário de cada
aposentado é justo porque é sobre o
que ele contribuiu. Isso não é verdadeiro. Nós não estamos falando de um plano de contribuição definida e sim de um
plano de benefício definido. E esses benefícios foram impactados por políticas
de governo que atravessaram a vida de
parcela do funcionalismo do Banco e
provocaram o caos. Quem se aposentou antes de 97 não sofreu os impactos brutais da redução salarial que foi
imposta aos funcionários da ativa pelo
governo Fernando Henrique Cardoso e
que continua nesse governo, embora
os salários minimizados tenham sido
corrigidos pelo INPC. E você dizer e
aceitar a tese de que todo mundo se
aposentou com um salário que merecia
é injusto, é cruel, é perverso. Nós não
vamos aceitar isso. Melhorar a base do
salário, melhorar a vida de quem ganha
menos é obrigação, sim, de quem luta
pelo interesse de todos. Tem muita gente que recebe muito dinheiro da Previ
e que deve ter seus reajustes corretos,
mas primeiro nós precisamos equilibrar
essa conta. Tem muita gente ganhando
muito menos que merecia e que ajudou
com seu esforço e com seu trabalho, a
construir esse Banco e a formar esse
superávit. E tem direito de receber um
benefício melhor. Se é com benefício
único ou se é revendo todo o plano,
isso nós temos que construir no debate
e não aceitar como premissa de que o
que está dado, está dado.
Alcir A.Calliari - aposentado
e ex-presidente do BB
Alcir Calliari - Considerando que o crescimento da ideologia neoliberal no Brasil: é intensamente apoiado pelos meios
de comunicação e está fortemente
instalado em todos os níveis do corpo
permanente dos órgãos da administração direta e indireta; e que estes fatos
proporcionam forte influência em toda
a formulação e execução das políticas
públicas, pergunto:
Acredita o Sr. Presidente da ANABB
que, apesar das declarações dos políticos e do plebiscito ocorrido nas últimas
eleições presidenciais - quando a sociedade brasileira disse um vigoroso NÃO
à privatização do Banco - seja possível a
progressiva e imperceptível descarac-
terização do Banco do Brasil, por meio
de sucessivas medidas administrativas
que reduzem a importância do Banco
no cenário produtivo do Brasil e enfraqueçam o espírito de corpo da empresa? Afinal, fica claro que um Banco do
Brasil igual aos bancos privados do país
é totalmente desnecessário.
Valmir Camilo: Calliari, concordo com
você. Acredito que o pior dos males é
a política do atual governo para o BB.
Os atuais dirigentes do nosso Banco
estão convencidos que repetir o receituário dos bancos privados é garantia
de sucesso. A ida do BB para o chamado “novo mercado” é uma armadilha. A
obrigação de remunerar os acionistas
privados, no atual formato, impõe a
obrigação de gerar mais lucros, atuando exatamente como atuam os bancos
privados: uma corrida louca pelo maior
resultado. Eu disse maior, não melhor
resultado. A imprensa, comprometida
com o sistema, cobra do Banco do Brasil “a mesma eficiência” e o resultado
é o que você chamou de “progressiva
e imperceptível descaracterização do
Banco”. Deveríamos ter a coragem
de criar um modelo próprio para o BB
e fugir da onda equivocada do “novo
mercado”. Quem sabe criar o que eu tenho chamado de “ações preferenciais
especiais”, que seriam oferecidas aos
acionistas privados, com garantia de
rentabilidade mínima, quem sabe taxa
Selic – independente do lucro apurado
em cada exercício. O Governo Federal
continuaria com as ações ordinárias e
com o controle. Desta forma, o nosso
BB voltaria a ser o verdadeiro agente
financeiro do governo, puxando para
baixo as taxas de juros, alongando os
prazos dos financiamentos caracterizados como investimentos, que possam
gerar aumento da produção nacional
e por conseqüência mais empregos.
Acho que esta história vai terminar
como mais um devaneio do Valmir Camilo, pois faltará coragem para fazer diferente, num governo onde nada se cria
e tudo se copia, com um novo nome e
uma nova embalagem. A receita do FHC
para o Banco do Brasil, no governo Lula
chama-se “novo mercado”. Uma pena.
Ação
AçãoMarço
Março 2008
2008 ||13
13
Sérgio Faraco – São Paulo (SP) –
Aposentado do BB
Sérgio Faraco - Por que a ANABB não
respeitou o princípio da capitalização
previsto para os planos de Previdência
Privada e não considerou as contribuições vertidas por todos os participantes
indistintamente ao apoiar a distribuição
de superávit ocorrida em 2007 e ao propor agora um absurdo abono linear, permitindo que tenha havido a transferência de recursos da esmagadora maioria
dos participantes em prol daqueles que
estão no topo do Banco, da Cassi e da
Previ, embora tenham contribuído em
valor idêntico ao de outros que nada
receberam (75% sobre os proventos
gerais), nem um centavo a mais?
Valmir Camilo - Sérgio, o sistema de capitalização obrigatória dos fundos de previdência privada só começou em 1982.
Nem mesmo a Previ tem todos os registros das contribuições individuais na reserva de poupança de cada associado,
para o período anterior. O fundamento
da sua pergunta está correto: todos contribuíram em valor idêntico. Apenas uma
correção, “contribuíram com critérios de
contribuição idênticos”, uma vez que os
valores dependem dos salários, que são
diferentes. No entanto, a maior injustiça
está no fato de que a média dos benefícios recebidos por aposentados antes
de 1997 é mais que o dobro da média
dos aposentados de pós-97. Era preciso
primeiro diminuir esta diferença, antes
de começar a tratar todos igualmente,
acho que não é justo tratar igualmente
os desiguais. A ANABB não está propondo apenas um abono linear, está propondo um aumento de salário para todos,
com piso de R$ 500,00. Um aumento
de 10% para quem ganha R$ 20 mil são
R$ 2 mil, mas para quem ganha R$ 1 mil
são R$ 100,00. Um aumento sem piso
só vai aumentar as desigualdades, com
reflexos até mesmo nos benefícios dos
pensionistas. Mas estamos propondo
também um amplo debate sobre o tema
e acho que suas colaborações poderão
ajudar muito.
14 | Ação Março 2008
comodite. Desta forma, o atendimento
personalizado realizado por gerentes
de contas deverá crescer, demandando o ingresso de mais bancários. Os
bancos tinham um único grande cliente pagando taxas de juros muito altas,
que era o governo. Com a queda na
taxa de juros, que remuneram os títulos
públicos, eles terão que buscar novos
tomadores. O papel do bancário poderá
voltar a ser importante para o sistema.
Davi Zaia – presidente da Federação
de Bancários de São Paulo e deputado
estadual (PPS/SP)
Davi Zaia - Temos assistido um processo extremamente forte de concentração no sistema financeiro brasileiro
e internacional. No último ano, o BB,
de certa forma, entrou neste processo
com a absorção do BESC. A imprensa falou em outros bancos estaduais.
Como você analisa este processo,
principalmente considerando que isto
sempre diminui os empregos?
Valmir Camilo - David, a concentração
do sistema financeiro brasileiro é uma
viagem sem volta. O BB entrou na corrida pela compra de outros bancos muito
tarde. Enquanto incorporou o BESC com
ativos de perto de R$ 4 bi, o Santander
comprou o ABN com ativos de mais de
R$ 130 bi, uma covardia. Todos os demais bancos estaduais disponíveis para
a incorporação por parte do BB não somam R$ 10 bi. Acho que a evolução tecnológica já colocou o sistema bancário
no limite das possibilidades de redução
do quadro de pessoal. A concentração
do sistema está se consolidando entre
os grandes bancos remanescentes,
restando apenas a possibilidade de
entrada de capital estrangeiro no setor.
Assim, sou um otimista que acredita
que o setor passará a fazer uma viagem
de volta, pois o atendimento feito por
terminais eletrônicos e internet virou
Davi Zaia - Valmir, você tem acompanhado com muito rigor a questão dos
fundos de pensão, sendo que a Previ é
o maior deles. Por outro lado a expectativa de vida da população tem aumentado. Você julga que a regulamentação
legal hoje existente é suficiente para
dar tranqüilidade aos participantes?
Valmir Camilo - Hoje, o país já tem uma
estrutura consolidada para garantir a tranqüilidade dos participantes da previdência
complementar fechada e aberta. O sistema
de regulação e controle atende bem o setor, mas a cultura previdenciária ainda não
foi bem entendida pela sociedade. Falta
conhecimento para os magistrados que
continuam decidindo sem entender as regras e a imprensa pouco contribui, uma vez
que poucos profissionais estão preparados
para produzir material jornalístico coerente
sobre o tema. Mas os problemas do passado estão superados por regras mais claras
e pela entrada de grandes bancos e seguradoras internacionais no setor. Recentemente a SPC exigiu a mudança da tábua
de mortalidade, nos cálculos atuariais dos
fundos, como forma de compatibilizar os
planos atuariais ao aumento da expectativa
de vida dos participantes.
Davi Zaia - O crédito tem um papel relevante no desenvolvimento do país.
Sendo o BB o maior banco do país, e
um banco público, você acredita que
a sua política de crédito atende as
necessidades de crescimento do país
com distribuição de renda?
Valmir Camilo - O crédito no BB atende
mais o interesse da empresa e menos o
“O atendimento personalizado
realizado por gerentes de contas
deverá crescer, demandando
o ingresso de mais bancários.”
interesse do país. O banco tecnológico
afasta uma grande parcela dos possíveis
usuários, por absoluta incapacidade de
operar as ferramentas utilizadas pelo
setor. A maior parte da oferta de crédito
está sendo utilizada para o consumo,
mas este modelo se esgota rapidamente
se não houver disponibilidade de crédito
para a produção. Hoje, um cliente pessoa física entra na internet e contrata
um empréstimo, sem falar com o gerente
da agência bancária. Os financiamentos
para custeio e investimento da produção
dão mais trabalho e o sistema bancário
– incluindo o Banco do Brasil – já fez a
opção, que é a melhor para o Banco, mas
não é a melhor para o país.
Lourenço Prado - Presidente da
CONTEC (Confederação Nacional dos
Trabalhadores nas Empresas de Crédito)
Lourenço Prado - Após esclarecimentos
prestados pela Previ e algumas entidades representativas de funcionários, as
“O papel do bancário poderá
voltar a ser importante para
o sistema.”
alterações no Estatuto e Regulamento
do Plano I da Previ, que estabeleceram
destinação específica dos superávits
acumulados, foram “recomendadas”
e acabaram tendo aceitação dos associados, visto que o argumento principal
foi o de que beneficiariam a todos.
Processados os cálculos/alterações,
as medidas decepcionaram grande número de associados, podendo-se afirmar que determinados segmentos não
terão nenhum benefício financeiro em
suas aposentadorias.
Pergunta-se:
1) A ANABB tinha conhecimento de
simulações ou estudos de que o Benefício Especial de Remuneração atenderia apenas cerca de 21.500 associados
e de que o Benefício de Proporcionalidade e Renda Certa também atenderia
somente o mesmo número?
2) Comprovada a decepção com os
resultados da partilha do superávit da
Previ, a ANABB pretende adotar medidas para minimizar o impacto do Plano? Em caso positivo, quais?
Valmir Camilo - Lourenço, quando se trata de processamento de informações, o
Banco e suas instituições – Previ e Cassi
– deixam muito a desejar.
Boa parte do atraso na implementação das medidas aprovadas teve causa
nas dificuldades da Previ em processar
as informações para avaliação, até mesmo, do custo de implantação de cada
uma das alterações. Nem mesmo os conselheiros deliberativos tiveram acesso
aos números exatos dos beneficiados e
aos valores previstos para cada um dos
segmentos de associados. Sempre tra-
balhamos com valores médios, que carrega distorções grandiosas. No entanto,
é importante salientar que as medidas
adotadas até agora atingiram todos os
participantes do Plano de Benefício 1 da
Previ. A redução na contribuição e posteriormente a suspensão da cobrança
significaram um aumento real no salário
ou benefício de todos os participantes.
Outras alterações introduzidas também
eram importantes para diminuir a distância entre os aposentados de pré e pós
1997. A média dos benefícios pagos aos
aposentados de pré-97 é de R$ 9 mil e
a média dos benefícios de pós-97 é de
pouco mais de R$ 4 mil. O grande volume
de superávit recomenda a manutenção,
para o ano de 2008, da suspensão das
contribuições como medida preliminar.
A ANABB pretende patrocinar um amplo
debate com todos os segmentos organizados para definir a forma mais justa de
utilização do superávit, não existe nada
definido, apenas teses.
“A média dos
benefícios pagos
aos aposentados
de pré-97 é de
R$ 9 mil e a média
dos benefícios de
pós-97 é de pouco
mais de R$ 4 mil”
Ação
Ação Março
Março 2008
2008 || 15
15
“...a maior injustiça está no fato de que a
média dos benefícios recebidos por aposentados antes de 1997 é mais que o dobro da
média dos aposentados de pós-97.”
Augusto Carvalho – conselheiro
deliberativo da ANABB e deputado
federal (PPS/DF)
Augusto Carvalho - Como o Banco do
Brasil pode enfrentar os efeitos da crise no sistema financeiro/imobiliário
dos EUA? O BB está preparado para
se defender dos possíveis impactos na
economia brasileira? A situação pode
afetar o Banco?
Valmir Camilo - Augusto, o que afeta
os Estados Unidos afeta o mundo. Mas
acredito que nos últimos 15 anos, portanto desde o governo Itamar, o país
tem feito um esforço para criar uma
blindagem que possa resistir aos reflexos das crises internacionais, tirando
até mesmo proveito das dificuldades
de outros países. A valorização da nossa moeda em relação ao dólar é uma
pequena prova do que eu estou dizendo. O Banco, no entanto, está na con16 | Ação Março 2008
“Nós vamos defender esse estatuto e as condições de
melhorias que a Cassi sofreu com essa alteração, que
foi aprovada pela maioria absoluta do funcionalismo”
tramão da história, pois está perdendo
espaço no mercado interno, independente das questões internacionais. O
Banco deixará de ser o maior banco
brasileiro, muito em breve, e não tem
nada que possa impedir isto. Quando
o Banco, por políticas de governos, deixou de participar da concentração do
sistema financeiro nacional – impedido
de comprar outros bancos – praticamente definiu seu destino. O BB faz um
esforço imenso para abrir 30 agências
enquanto o Bradesco compra 300. Não
dá pra competir. A solução seria deixar
de ser o maior para ser o melhor. Mas
pode ser que os bancos privados, que
estão ganhando dinheiro como nunca,
tirem o pé do acelerador do crescimento apenas para não “magoar” o governo
Lula. Não deve ser fácil passar para a
história como o governo que permitiu
que o BB deixasse de ser o maior banco brasileiro.
gio, verdadeira situação de sinecura.
Esconde-se atrás do estatuto para
não acionar judicialmente o Banco do
Brasil, a Cassi e a Previ e cobra cargos
por isso, produzindo novas sinecuras.
Quando é que a diretoria e conselhos
da ANABB vão modificar o estatuto no
sentido de poder mover ações judiciais
contra o Banco do Brasil, Cassi e Previ
e assim passar a defender, finalmente,
os verdadeiros grandes interesses dos
associados, que são a Cassi e a Previ?
Valmir Camilo - Zilton, alguém já disse
que não existe pergunta indiscreta, o que
existe são respostas indiscretas. Não existe uma única verdade nas afirmações que
você faz, quando pergunta. No entanto,
estamos aqui garantindo o seu direito de
ofender. Acho que você não deveria acreditar em tudo que dizem à respeito dos
dirigentes da ANABB, algumas pessoas
me procuraram para dizer que você é um
“louco”, e eu não acreditei.
Zilton Tadeu Figueiredo de Campos
Aposentado do BB.
Zilton Tadeu - Por que a ANABB não
consulta os seus associados-contribuintes sobre a modificação do estatuto, de forma que a diretoria passe a
cumprir com o seu dever, jamais cumprido, de acionar o Banco, a Cassi e a
Previ na defesa dos seus associados?
Valmir Camilo - A ANABB foi criada em
1986, durante a constituinte. A idéia dos
idealizadores, o mais ilustre é o nosso
amigo Camilo Calazans, era ter uma entidade que pudesse atuar na defesa dos
funcionários do Banco e do próprio Banco,
além das atividades denominadas sin-
Zilton Tadeu - A ANABB, desde que foi
criada, só serve aos interesses da diretoria do Banco do Brasil e dos diretores
e conselheiros da entidade, desprezando seus associados, que lhe dão condição de sustentação financeira e política, para que a diretoria da associação
viva em situação de nababos e aumente exponencialmente seu patrimônio
pessoal e os conselheiros e diretores
regionais vivam em regime de privilé-
dicais. Mesmo assim, logo os sindicatos
começaram a achar que a ANABB tinha
nascido para ser “o sindicato nacional dos
funcionários do Banco do Brasil”. Então,
com a reforma estatutária da ANABB, em
1992, os dirigentes da época decidiram
colocar um artigo que reconhece o direito
e o dever dos sindicatos de representar os
trabalhadores do Banco nas questões trabalhistas. O óbvio para não deixar dúvidas.
Quando assumi a direção da ANABB, tendo vindo do movimento sindical, também
fui acusado de estar na ANABB para transformá-la num sindicato. Eu criava mais
polêmica quando respondia que a ANABB
era uma entidade muito importante para
virar sindicato. Pura provocação. O tempo
se encarregou de provar que o sindicato
tem o seu papel, da mesma forma que a
ANABB conquistou o seu lugar e a sua importância. A ANABB já moveu ações contra
o Banco, contra a Previ, contra a Cassi e
contra os governos. Numa das próximas
edições do nosso Jornal Ação estaremos
relembrando cada uma delas.
“O tempo se
encarregou de provar
que o sindicato tem o
seu papel, da mesma
forma que a ANABB
conquistou o seu lugar
e a sua importância.”
Isa Musa de Noronha é vice-presidente
da UNAMIBB e Presidente da FAABBFederação das Associações de Aposentados do Banco do Brasil.
Isa Musa - Nós nos conhecemos bem.
Já estivemos do mesmo lado em eleições (Cassi 98) e em lados opostos
muitas vezes. Sempre admirei a ANABB e defendo sempre nossas entidades. Acredito que são as instâncias
de defesa dos interesses de ativos e
aposentados do BB. Tanto que sou filiada não só à ANABB, mas também à
UNAMIBB, AAFBB, AFABH, SATÉLITE,
COOPERFORTE e AABB BH. Combato,
nos grupos de discussão na internet,
as idéias de desfiliação da ANABB que
alguns desafetos tentam fazer vingar.
Vejo isso como aquela história da “raposa e as uvas”: essas pessoas gostariam de dirigir a ANABB e, como não
conseguem vencer as eleições para o
Conselho Deliberativo e mudar a ges-
tão ficam atirando pedras. Claro que
todos têm o direito de não concordar
com determinados atos da sua gestão
e, aqueles que não concordam com
quase nada devem procurar juntar os
que pensam assim e lançar candidatura e tentar vencer.
É por nutrir enorme apreço pela
ANABB que insisto: a ANABB tem todas
as condições objetivas para ser o grande baluarte da defesa do funcionalismo
do BB. Note que os Sindicatos hoje são
braços da política de governo. Desde
quando não se fala, neste país, de greve
de metalúrgicos, greve de petroleiros?
Essas eram categorias combativas.
Hoje a CUT as amordaça da mesma forma como abafa toda fagulha de reação
de bancários de bancos públicos. Mas,
o senhor e nossa ANABB ultimamente
têm preferido cair nos braços do famigerado Campo Majoritário e invariavelmente saem de mãos dadas nas eleições Previ. Falta coragem de arriscar
ou desapego ao poder que os cargos na
Previ oferecem?
Estou convicta de que a ANABB venceria esse “braço amado do PT” (não
é engano: é AMADO mesmo!) se arriscasse bater chapa contra eles e, quem
sabe? Talvez pudesse buscar outras
alianças: nossas oposições bancárias
e algumas de nossas Associações de
Aposentados que historicamente questionam a gestão da Previ. A ANABB
daria um salto extraordinário para conquistar aliados e associados e ganharia
ainda mais respeitabilidade.
Ação
Ação Março
Março 2008
2008 || 17
17
MEIO-AMBIENTE
“Rendo a todos a minha homenagem e é com eles que eu quero
estar. O dia que nós estivermos juntos nas idéias, nós vamos estar juntos de corpo e alma. Enquanto nós estivermos divergindo
nas idéias, eu não vou fazer aproximações porque sou a favor ou
contra esse governo. Eu vou ser sempre a favor do funcionalismo
do Banco do Brasil”
O meio-ambiente
em suas mãos
Pequenos gestos podem contribuir para a preservação da natureza.
Você está fazendo sua parte?
por Tatiane Lopes
Veja na última revista “Carta Capital” que Sérgio Rosa foi “enquadrado”
pela Ministra Dilma nas negociações da
compra da Brasil Telecom pela Oi, que
resultará em uma companhia telefônica
com faturamento superior a 20 bilhões
de reais por ano. Pois é a ministra Dilma
Rousseff, quem de fato manda na Previ? E o Conselho Deliberativo da Previ
não esperneia? Vale a pena, vale sua
reputação e a da ANABB se juntar a esses que pautam os interesses da Previ
segundo os interesses do Governo?
Valmir Camilo - Isa, eu costumo dizer
que nem todo mundo é santo que não
tenha um dia de demônio e nem tão
demônio que não tenha um dia de santo. Aprendi a ver santos e demônios
em todos os cantos. Como dirigente
da ANABB, tenho que ter uma posição.
Como conselheiro deliberativo da Previ,
tenho que ter uma posição. Tenho procurado pautar minha vida de responsabilidade com o funcionalismo do BB
em todos esses momentos. Já estive
junto com você e com o campo majoritário e já estive como adversário, porque as discussões são pontuais. Elas
têm a ver com o que interessa para o
funcionalismo. Em determinados momentos, tem um grupamento de pessoas que defende o que interessa para
18 | Ação Março 2008
o funcionalismo e nós estamos juntos.
Num outro momento, o que interessa
para o funcionalismo é outra coisa que
tem outro grupamento de pessoas. E
nós estaremos juntos. Estou convencido que estar junto e defender a Cassi
era defender sua reforma estatutária.
Era defender o aporte de recursos do
Banco de R$ 300 milhões, era equilibrar o plano de associados, era botar
no estatuto que o Banco tem responsabilidade com os aposentados - porque
o TCU esta querendo que os aposentados sejam retirados da Cassi. Nós vamos defender esse estatuto e as condições de melhorias que a Cassi sofreu
com essa alteração, que foi aprovada
pela maioria absoluta do funcionalismo. Então, na Cassi não era possível
estarmos juntos, porque você apoiou
as pessoas que queriam o caos da
Cassi, queriam o fim da Cassi, queriam
o não pelo não. Isso não quer dizer que
me senti menor, porque junto comigo
tinha gente do partido A, do partido
B, da corrente C, da corrente D. O que
importava para mim era estar a favor
da Cassi, venham de onde vier, falem
a língua que tiverem que falar, tenha a
origem que tiver, venham do movimento ou não venham, sejam anônimos,
sejam importantes, sejam ministros
de estado ou seja um aposentado que
saiu de porta em porta pedindo para
aprovar o estatuto da Cassi. Rendo a
todos a minha homenagem e é com
eles que eu quero estar. O dia que nós
estivermos juntos nas idéias, nós vamos estar juntos de corpo e alma. Enquanto nós estivermos divergindo nas
idéias, eu não vou fazer aproximações
porque sou a favor ou contra esse governo. Eu vou ser sempre a favor do
funcionalismo do Banco do Brasil.
“Vale a pena, vale
sua reputação e a da
ANABB se juntar a
esses que pautam os
interesses da Previ
segundo os interesses do Governo?”
“A natureza é inexorável, e vingar-se-á
completamente de uma tal violação de
suas leis.” Com essa afirmação, o indiano Mahatma Gandhi, no início do século
20, já especulava que a humanidade
poderia sofrer num futuro bem próximo
caso violasse os limites impostos pelo
meio-ambiente. O que se percebe é que
esse limite foi ultrapassado, e muito. O
mundo parece começar a acordar para
este fato e a responsabilidade ambiental passou a não ficar limitada a apenas
a esfera governamental e empresarial,
mas também individual.
O que você, no seu dia-a-dia, prejudica o meio-ambiente? O que você
pode fazer para minimizar este impacto? Essas são perguntas que devem
ser feitas e, você vai perceber que
pequenos gestos podem ajudar muito a Mãe Natureza. No Brasil, temos
a maior quantidade de água doce do
mundo: quase 14% de toda a reserva
do planeta. Mas tratamos muito mal
uma das nossas maiores riquezas.
Uma pesquisa do IBGE de 2002 revelou que 47,8% dos municípios brasileiros não coletam nem tratam o esgoto.
A sujeira vai parar nos rios. Outro dado
é que a demanda da humanidade é
25% maior do que a oferta de recursos
naturais, o que ameaça a capacidade
de regeneração do planeta.
As conseqüências do nosso comportamento estão estampadas nos noticiários,
como aumento recorde da temperatura,
derretimento de geleiras, elevação do
nível dos oceanos ameaçando cidades
próximas ao nível do mar, desertificação,
maior número de incêndios florestais, aumento da força e da freqüência de tufões,
ciclones e furacões devido ao aquecimento das águas dos oceanos.
No entanto, nem tudo está perdido.
Ainda existem soluções e a primeira delas
é a urgente retomada de consciência por
parte de cada cidadão. Para agir de forma sustentável devemos ter consciência
de que nossas relações sociais atingem a
realidade à nossa volta. Por isso, nas próximas páginas você terá dicas de como
valorizar o meio-ambiente e descobrir
qual o retorno dessas ações na melhoria
da qualidade de vida. Novas atitudes am-
Isa Musa de Noronha
é Vice-Presidente da UNAMIBB e
Presidente da FAABB-Federação das
Associações de Aposentados do
Banco do Brasil.
Ação Março 2008 | 19
bientalmente responsáveis e a mudança
de comportamento podem conduzir ao
uso sustentável dos recursos naturais
do planeta. “Evite o desperdício, reduza
o consumo, recicle sempre que possível
e cuide bem do seu jardim. Ensinar isso
às crianças é fundamental na construção dos hábitos das próximas gerações”,
aconselha a bióloga Tatiana Brisolla.
Novos Conceitos
Imagine sua vida sem ar ou água.
Certamente, você viveria pouco tempo.
Nesse simples exemplo, dá para perceber o quanto somos dependentes
do meio ambiente. O alerta é que cada
cidadão fique atento e saiba o porquê
de se preservar a natureza, evitar o
desperdício de água, energia, combustível, papel, alimentos e outros recursos; além de incentivar a redução do
lixo, o reaproveitamento, a coleta seletiva e o consumo responsável.
Reduzir, reutilizar e reciclar são
palavras que representam o primeiro
passo para grandes mudanças. São
pequenos gestos que começam em
casa, se estendem ao trabalho, chegam nas empresas, no governo e ganham os holofotes do mundo inteiro.
» Evite pegar mais saquinhos dos que
os necessários no mercado; que tal
aderir à moda e levar a sua própria
sacola de pano (que são até mais resistentes).
» Utilize o mínimo necessário de papel. Evite imprimir sem necessidade.
» No trabalho utilize videoconferências para evitar viagens.
» Evite deixar a torneira aberta ao fazer
a barba, escovar os dentes ou lavar a
louça. E nem pense em usar mangueiras
para lavar calçadas, quintais e carros.
» Só use a máquina de lavar com a
2020
| Ação
| Ação
Março
Março
2008
2008
carga máxima de roupas.
» Não jogue óleo de frituras ou restos
de comida em pias ou na privada, pois
pode causar entupimentos e dificulta
o tratamento do esgoto.
» Não jogue lixo nas ruas, nos lagos,
córregos, rios e mar. Uma latinha jogada pela janela do carro, por exemplo, é arrastada pela chuva, entope
bueiros, causa enchentes e prejudica
a qualidade da água.
» Novos edifícios com hidrômetros
individuais por apartamento, estimulam a economia de água e a conta é
mais justa pois cada família só paga
o quanto consome.
» Pesquise receitas de alimentos a
base de cascas de frutas e talos e folhas de verduras.
» Prefira veículos movidos a álcool,
biodiesel ou modelos bicombustíveis (híbridos / flex). Fique de olho
na manutenção do seu veículo. Um
motor mal cuidado pode consumir
50% mais combustível e produzir
50% mais CO2. Se você dirige 20.000
km por ano, reduza sua rodagem em
10%. Experimente deixar o carro em
casa e tente alternativas como ir a
padaria a pé. Essas medidas ajudam
a despejar menos CO2 no ar.
» Procure adquirir eletrodomésticos
com maior eficiência energética. Na
compra de eletrodomésticos, verifique se o produto tem o selo Procel
(nas marcas nacionais) e Energy Star
(nas importadas).
» Desligue luzes e equipamentos
quando não estiverem sendo utilizados. Evite deixar computadores ligados 24 horas por dia e configure-os
para que desliguem seus monitores
quando estão em espera; quando
possível troque as lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes, elas
duram até 10 vezes mais e economizam até um terço de energia.
» Prefira escadas, em vez de
elevador.
» Recicle sempre. Separe o material
reciclável do seu lixo:
Em 15 minutos, 280 litros de água escorrem
para o ralo. Torneira aberta sem uso é água
limpa que vai para o esgoto.
Alguns estudos indicam que um litro de óleo
pode contaminar até um milhão de litros de
água. O melhor é colocar o óleo utilizado numa
garrafa de plástico, fechá-la e colocá-la para
coleta seletiva. Existem entidades que até coletam o óleo para a produção de sabão, detergente, glicerina e biodiesel.
* o que pode ser reciclado: garrafa e pote
de vidro, garrafa PET, sacola de plástico,
filme plástico e embalagem, lata de alumínio, embalagem de marmitex, embalagem longa-vida, isopor, lâmpada incandescente e fluorescente.
*o que não pode ser reciclado: vidro
refratário de panela e travessa para microondas, espelho, lenço de papel, papel
higiênico, absorvente, fralda descartável,
louça, barbeador descartável, papel-carbono, etiqueta adesiva, cabo de panela,
tomada, esponja de aço.
» Evite produtos muito embalados.
» Não queime lixo doméstico.
» Plante árvores. Elas são aspiradores naturais de gás carbônico. Uma
árvore pode absorver até uma tonelada de CO2 durante sua vida. Além
disso, elas proporcionam sombra e
amenizam a temperatura dentro das
residências, o que reduz o uso de condicionadores de ar ou ventiladores.
De acordo com a consultoria Max
Ambiental, uma pessoa que roda 20
quilômetros por dia num carro 1.0
movido à gasolina emite 1,87 tonelada de CO2 por ano. Para neutralizar essas emissões, precisa plantar
nove árvores, a cada ano. Só uma
ida e volta na ponte aérea Rio-São
Paulo exige o plantio de uma árvore
por passageiro. Você pode calcular
sua emissão anual de CO2 e a quantidade de árvores por ano que deverá
plantar a fim de neutralizar os gases de efeito estufa emitidos no site
http://www.florestasdofuturo.org.br
Lar ecológico
Arquitetos podem projetar construções ecológicas utilizando madeiras
de reflorestamento, energia solar,
reaproveitamento da água, tecnologia
para captação de chuva, camada de
terra com vegetação para diminuir o
aquecimento interno, sensores de presença para iluminação, ampla ventilação (janelas), tijolos de vidro e telhas
translúcidas para aproveitar a luz natural etc.
O CO2 é o gás que mais contribui para o aquecimento global. Entre os possíveis impactos
do aquecimento global no Brasil previsto por
pesquisadores brasileiros do INPE (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais) estão: nos
próximos anos, as regiões Sul e Sudeste vão
sofrer com chuvas e inundações cada vez mais
freqüentes; a floresta Amazônica pode perder
30% da vegetação, por causa de um aumento na temperatura que vai de 3ºC a 5,3ºC até
2100; no Nordeste, até o fim do século, a variação deve ficar entre 2ºC e 4ºC; o nível do mar
deve subir 0,5 metro nas próximas décadas e 42
milhões de pessoas podem ser afetadas.
CONTRIBUIÇÃO PARA A NATUREZA :
50 kg de papel velho =
uma árvore poupada
1.000 Kg de papel reciclado =
20 árvores poupadas
1.000 Kg de vidro reciclado =
1300Kg de areia extraída poupada
1.000 Kg de plástico reciclado =
milhares de litros de petróleo poupados
1.000 Kg de alumínio reciclado =
5000Kg de minérios extraídos poupados
Fontes: Planeta Sustentável e Portal Natureba
Ação Março 2008 | 21
MEMÓRIA
PARABÓLICA
ZERO E DEZ
Mínimo fora do real
O reajuste de 9,2% no salário mínimo, que passou de R$ 380,00 para R$
415,00, está acima da inflação, mas
o valor do novo mínimo passa longe
de ser o ideal para cobrir os custos de
uma família, como previsto na Constituição Federal, aponta pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística
e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Pelo estudo, o salário mínimo
no início deste ano deveria ser de
R$ 1.924,59. “Isso é uma estimativa
de quanto deveria ser o salário mínimo
para haver uma reposição de força de
trabalho digna”, afirmou José Maurício
Soares, economista do Dieese.
No Brasil, mais de 12 milhões de
aposentados e pensionistas do INSS
recebem o salário mínimo.
Superávit do Plano 1
é de R$ 52,9 bilhões
“No ano em que as contribuições
foram suspensas e pagamos R$ 5,3
bilhões em benefícios, terminar o ano
com patrimônio de R$ 137,1 bilhões
significa crescimento real de um plano
maduro”. Assim o presidente da Previ,
Sérgio Rosa, resumiu a evolução de
215,1% do Plano 1, desde 2002. O
superávit consolidado do Plano 1 totalizou R$ 52,9 bilhões. Desse total, 25%
ou R$ 15,52 bilhões integram a Reserva de Contingência e o restante, R$
37,41 bilhões estão alocados na Reserva para Revisão do Plano, utilizada
para realizar melhorias nos benefícios.
A utilização do superávit começou
em 2006 com a redução da Parcela
PREVI (PP) e o aumento do benefí-
cio mínimo, além do corte de 40%
nas contribuições e da diminuição
da taxa de juros para 5,75%. No ano
passado, foi definido o uso do superávit para mudar a tábua atuarial
para a AT-83, suspender as contribuições, elevar o teto de contribuição
de 75% para 90%, alterar a fórmula
de cálculo do complemento Previ e
pagar benefício especial para quem
contribuiu por mais de 30 anos.
21 anos de sucesso
A maior publicação da ANABB completou seus 21 anos em março de
2008. O jornal da entidade, criado
em março de 1987, foi batizado como
Ação na sua terceira publicação, em
outubro daquele ano. Desde então, o
jornal passou a ser referência entre
as publicações direcionadas ao funcionalismo do Banco do Brasil. Prestes a atingir a edição nº 200, o Ação
é distribuído em todo o Brasil e chega
a casa de milhares de associados. Informação de qualidade e de interesse dos bancários do BB são marcas
registradas do jornal da maior Associação da América Latina.
Fonte: Previ
CONGRESSO
Fonte: Agência Brasil, com adaptações
Investimento em cidadania
A Fundação Banco do Brasil está empenhada no desenvolvimento social
de comunidades carentes. Uma tecnologia social, de saneamento básico na área rural, está modificando a
vida de famílias que vivem nos municípios ocupados pela usina hidrelétrica de Corumbá IV, em Goiás. O
objetivo é substituir as fossas negras
das propriedades rurais - responsáveis pela disseminação de inúmeras
doenças, como diarréia, hepatite e
cólera - por fossas sépticas biodigestoras, que tratam o dejeto humano
e produzem adubo orgânico líquido
para culturas perenes.
Fonte: Com informações do site Pauta Social
22 | Ação Março 2008
Câmara aprova obrigatoriedade da contribuição sindical
A Câmara dos Deputados rejeitou no
dia 11 de março a emenda que acabava com a obrigatoriedade da contribuição sindical dos trabalhadores.
Foram 234 votos pela obrigatoriedade da contribuição e 171 contrários.
Com isso, os trabalhadores continuam sendo obrigados a pagar a contribuição sindical. Durante a votação
do projeto de lei que legaliza as centrais sindicais e que reconhece as
organizações como entidades de representação dos trabalhadores, os
deputados aprovaram as emendas
do Senado ao projeto. A proposta
já havia sido aprovada pela Câmara
em 17 de outubro do ano passado,
mas foi alterada na votação dos
senadores. Na primeira votação da
Câmara, os deputados aprovaram
emenda do deputado Augusto Carvalho (PPS-DF) que acabava com
a obrigatoriedade da contribuição
sindical dos trabalhadores. Mas na
votação no Senado, a emenda foi rejeitada e na nova votação na Câmara, os deputados mantiveram o texto
aprovado pelos senadores. Segundo
o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDTSP), entre as vantagens da proposta
está a possibilidade de reunir todas
as categorias em uma única organização. Além disso, as centrais poderão representar os trabalhadores na
justiça comum e na federal, “inclusive recorrer diretamente ao Supremo
Tribunal Federal”.
Atenção redobrada
A Receita Federal alertou que, mais
uma vez, golpistas estão aproveitando o
momento da entrega da declaração do
Imposto de Renda (IR) para enviar mensagens falsas, com o objetivo de obter os
dados bancários dos contribuintes e utilizá-los indevidamente. O órgão reafirmou
que nunca, em nenhuma hipótese, envia
e-mails aos contribuintes, que devem
alertar à polícia quando receberem mensagens como estas. Caso o contribuinte
tenha dúvidas, pode ligar para o Receitafone (0300-7890300), que atende todos
ao custo de ligação local. A Receita espera receber 24,5 milhões de documentos
até o dia 30 de abril. Em 2007, o número
de declarações entregues até o prazo foi
de 23,270 milhões.
Fonte: O Globo
NO CRAVO E NA FERRADURA
Declaração polêmica
Um dia após se declarar favorável
à privatização da Infraero, o ministro
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, defendeu a privatização do Banco do Brasil
e da Caixa Econômica Federal, além
da abertura de concorrência para o
setor de correios e telégrafos. Para
ele, o governo deveria se desfazer de
todas as empresas que não são estratégicas para a administração do país.
O ministro, entretanto, fez questão de
salientar que se trata de sua opinião,
e que irá endossar a posição do governo caso este entenda que a Infraero deve ser uma empresa pública.
Sou ministro disciplinado, completou
Miguel Jorge. “Defendo a privatização não só da Infraero, mas de todas
as empresas que não fazem parte do
‘core business’ do governo, que é a
saúde, a educação e a segurança. No
meu conceito pessoal, inclui bancos.
No caso dos Correios, vários países
têm esse departamento privatizado”,
disse ele, com a ressalva de que se
trata de uma opinião pessoal, e caso
o governo defenda publicamente o
contrário, irá seguir as decisões. Muitos questionam: será que o ministro
não falou demais?
Fonte: Globo Online com adaptações - 03/3
Será que é dessa vez?
A taxação de grandes fortunas
volta ao debate no Congresso na esteira da proposta de reforma tributária - ela é prevista pela Constituição
desde 1988, mas precisa ser regulamentada para entrar em vigor. O
Governo Federal quer ganhar o apoio
para a iniciativa, prometendo dividir
a nova arrecadação com estados e
municípios. Há proposta de taxação
para patrimônios superiores a R$ 1
milhão. O ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, diz que o imposto é uma “aberração” e induziria
a “despatrimonialização” do país.
Fonte: Jornal do Brasil – 03/3
Mudança na Lei do Trabalho
A necessidade de comprovar períodos
tão longos de experiência representa
uma barreira para o mercado de trabalho, principalmente para os mais
jovens. Mas, agora, isso pode mudar.
Uma lei que começou a valer no início
de março determina que os empregadores podem exigir, no máximo, seis
meses de experiência. É uma complementação da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) que vale para quem tem
carteira assinada. Os concursos para
cargos em regime de CLT também não
poderão exigir experiência maior do
que seis meses. Para o professor de
Recursos Humanos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Sérgio Amad, as mudanças podem atrapalhar as empresas
que precisam de profissionais mais experientes, mas por outro lado, dá aos
jovens mais chances de concorrer.
Fonte: Jornal Nacional
Ação
AçãoMarço
Março 2008
2008 ||23
23
BANCO DO BANCÁRIO
BOAS RECORDAÇÕES
E MUITA HISTÓRIA
PARA CONTAR
Não posso afirmar que foi uma carreira brilhante, mas
me proporcionou muita satisfação pessoal
Lá estava eu na agência do Banco do Brasil de Andradina
(SP), cidade por mim escolhida, graças ao direito concedido
como primeiro colocado no concurso, para tomar posse no
quadro de auxiliar de escrita, em agosto de 1962.
Ao longo de minha carreira, encerrada em abril de
1991, passei por todos os cargos de agência. Não posso
afirmar que foi uma carreira brilhante, mas tudo que vivi
nessa jornada me proporcionou muita satisfação pessoal,
momentos de crescimento profissional. Servi como pude.
Gostava e gosto do Banco, apesar de discordar do processo de modernização pelo qual a empresa passa, gerando
dificuldades inerentes a processos de modificação.
Realmente o Banco mudou, tem mudado e deverá mudar muito. No meu tempo o BB mudou. Na minha posse,
a conta-corrente era lançada em fichas à mão. A grande
revolução veio quando distribuíram as máquinas P600
para as agências. Na seqüência vieram as “NCR”. Aquelas sim, se tornaram a grande transformação da época.
Faziam todo o serviço contábil: lançamentos, balancetes,
balanços e também as diferenças do fim do dia.
Incontáveis noites afora. Trabalhávamos com o lançamento do movimento do dia em uma bandeja da máquina
e na outra uma pizza, devorada aos poucos na medida em
que o serviço ia fluindo. Era nosso jantar. Minha vivência
no Banco daria um livro, assim como a de vários colegas.
Vou aqui citar alguns fatos curiosos que acho valer a
pena. Costumava comentar o fato de o Banco do Brasil
com seus 180 anos de existência não ter um símbolo e
cores que o representassem. Tempos depois após um
24 | Ação Março 2008
“Gostava e gosto do Banco,
apesar de discordar do processo
de modernização pelo qual a
empresa passa, gerando
dificuldades inerentes
a processos de modificação.”
concurso, surgiu o símbolo que até hoje o representa com
suas cores: azul e amarelo.
Em outra situação, ao terminar o recebimento pela supridora, saímos com duas malas vazias e pedimos um táxi.
Aguardávamos, ali na calçada, com as malas no chão. O
táxi chegou, embarcamos e o motorista partiu. Perguntei
ao colega: “E as malas você pegou?” Ele disse: Eu não e
você ?... Fizemos o contorno, voltamos e lá estavam as
duas malas, no chão, tal qual as havíamos deixado. Outros
tempos. Já nos meus 67 anos de vida, hoje aposentado,
só restam boas recordações, muitas histórias e muitas...
muitas saudades...
Manoel (nome fictício)
Aposentado do Banco do Brasil
Ingressou em 1962 em Andradina (SP)
SEM RECONHECIMENTO
Faltando apenas nove meses para minha aposentadoria,
tiraram o meu cargo sem nenhuma explicação
Trabalhei 30 anos no BB - de 1966 a 1996. Passei por diversos cargos comissionados por 22 anos consecutivos. Fiz
dezenas de cursos. Meu trabalho era valorizado até mesmo
por gestores competentes. Aposentei-me razoavelmente
bem, devo admitir.
Mas passei por alguns percalços que este canal, hoje,
me possibilita relatar para sensibilizar - quem sabe? - os
atuais diretores em benefício dos milhares de funcionários
que, como eu, dedicam suas vidas ao BB.
O trabalho no Banco no começo da minha carreira era
muito valorizado pela empresa e pela sociedade. Contudo, quando chegou o neo-liberalismo, época da “caça aos
marajás”, surgiram também as doenças relacionadas ao
excesso de trabalho e a metas inatingíveis. Diverticulite
precoce, hipertensão, diabetes, depressão (a LER ainda não
tinha aparecido). O “maior patrimônio da empresa” trabalhava sem receber e sem lazer, enfrentando adversidades,
superando desafios, sendo humilhado e desrespeitado a
todo o momento. Faltando apenas nove meses para minha
aposentadoria, a suprema humilhação.
Como não podiam me jogar nos PDVs da vida, tiraram o
meu cargo sem nenhuma razão e explicação e nomearam
um caixa que tinha a tal da habilidade e depois o demitiram
- o colega também ficou sem o cargo e sem a habilidade
(seria essa a razão?). Eu me aposentei, embora fora do
cargo. Quanto à situação dele, eu não sei.
Hoje, luto para chegar aos 60 anos de idade com tratamento quimioterápico, combatendo um câncer de pâncreas e duodeno. Resumo minha vida bancária com versos do
poeta Mário Quintana:
A rua dos cataventos
Da vez primeira em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...
Depois, de cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha...
E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada...
Arde um toco de vela amarelada...
Como o único bem que me ficou.
Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! Desta mão, avaramente adunca,
Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada.
Aves da noite! Asas de horror! Voejai!
Que a luz, trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca.
Celso Peito Macedo
Aposentado do Banco do Brasil
Ingressou em 1966 em Minas Gerais
PARTICIPE!
Envie seu depoimento sobre sua relação com o BB. Envie um e-mail para
[email protected] ou uma carta para SCRS 507, bl. A, lj. 15 CEP: 70351-510
Brasília/DF. O assunto deve ser Banco do Bancário.
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26 | Ação Março 2008
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carta do diretor
O Superávit
da CASSI
Nos últimos 10 anos, superávit é o assunto para a Previ.
O funcionalismo do Banco acabou se acostumando com a
história de que suas duas principais entidades eram referenciadas como prima rica e prima pobre. A diferença de
tratamento dada pelo Banco entre as duas era evidente até
mesmo na indicação de seus representantes para os quadros de direção da entidade. No período de 10 anos foram
poucos os diretores Administrativo e Financeiro da Cassi,
indicados pelo Banco, que suportaram mais de 1 ano no
cargo, uma rotatividade que só não aconteceu no caso dos
diretores eleitos. Lessivan Pacheco, por exemplo, que foi diretor da Cassi durante o período de 1998 a 2006, era diretor
do Sindicato dos Bancários de Salvador (BA), cumpriu 8 anos
de mandato, saiu da Cassi e do Banco do Brasil, aderindo ao
pacote de benefícios criado para os altos executivos, colocou
no bolso um caminhão de dinheiro e foi criar bois no interior
da Bahia. Aliás, é de lá que vem também o candidato a diretor pela Chapa 3 na Cassi, diretor do Sindicato de Salvador,
liberado de suas funções pelo Banco e dono de uma Clínica
de Fisioterapia e Acupuntura.
Nos últimos 10 anos, a Cassi apresentou déficit no Plano
de Associados, um período marcado pelo enfrentamento entre os dirigentes eleitos e indicados, onde a fragilidade dos
dirigentes indicados esbarrava na incapacidade das partes
em construir alternativas e o NÃO foi a tônica de uma década de gestão na Cassi. O grupo político do ex-diretor e do atual candidato a diretor pela Chapa 3, continuou dizendo NÃO
para a Cassi. Quer agora, com um discurso sem fundamento
técnico, continuar a política da negação, na esperança de
travar a gestão da Cassi pelos próximos 4 anos. A maioria absoluta dos associados da nossa Caixa de Assistência disse
SIM pra Cassi. É preciso que esta mesma maioria continue
dizendo SIM pra Cassi. O retrocesso pode colocar a Cassi, de
novo, no caminho do enfrentamento vazio e inconseqüente,
com graves prejuízos para seus usuários. Enquanto o time
da negação poderá, quem sabe, seguir a vida, fora do Banco, criando bois ou cuidando de sua clínica.
A primeira grande mudança na Cassi já foi percebida. O
Plano de Associados tem SUPERÁVIT. É, o superávit é da Previ e da Cassi, também. Podem comemorar. A turma do NÃO
continua agredindo a maioria que aprovou as mudanças,
dizendo que “se não foi preciso usar o aporte de R$ 300 milhões do Banco e, ainda assim, o plano registrou superávit,
então não existia déficit!”. O que mostra que eles, até agora,
não entenderam as propostas de mudança. Caso não tivessem sido aprovadas, o DÉFICIT do Plano de Associados seria
de R$ 57 milhões. Vamos fazer conta: R$ 64 milhões pela
contribuição sobre o 13° salário (R$ 38,4 milhões do Banco e R$ 25,6 milhões do funcionalismo), R$ 18,5 milhões
da parcela de 1,5% sobre os salários dos funcionários admitidos pós-98 (contribuição exclusiva do Banco) e R$ 11,5
milhões pela cobertura do déficit dos dependentes indiretos
(contribuição igualmente exclusiva do Banco). Vamos fechar
as contas: total das contribuições adicionais R$ 94 milhões,
menos superávit de R$ 37 milhões. Logo, sem as contribuições adicionais o déficit seria de R$ 57 milhões.
Com as reservas recompostas pelos R$ 300 milhões
por parte do Banco, com o Plano de Associados em equilíbrio, vai ser possível retomar os investimentos na Cassi,
que foram paralisados por absoluta falta de recursos
– era gastar com investimentos ou pagar as contas do
custeio (médicos, hospitais, laboratórios, clínicas etc).
Podemos, por exemplo, investir numa nova Central de
Atendimento 0800. Ela foi dimensionada com equipamentos e pessoal para atender pouco mais de 100 mil
ligações por mês e tem que atender, hoje, mais de 300
mil. Parabéns aos associados da Cassi, sejam eles aposentados, pré-98 ou pós-98, que tiveram a coragem de
mudar a história da nossa Caixa de Assistência. Continue dizendo SIM pra CASSI.
GRAÇA MACHADO é diretora de Relações Funcionais, Aposentadoria e Previdência - [email protected]
28 | Ação Março 2008
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valmir Camilo responde perguntas de associados e de