ANO XXII - No 198 - março 2008 BB 200 anos Mais um fascículo para você colecionar sobre a história do Banco do Brasil TRABALHO Quando a desmotivação toma conta de sua vida profissional entrevista Valmir Camilo responde perguntas de associados e de lideranças do funcionalismo Ação Março 2008 | CARTAS Bancário: Profissão? Parabenizo o diretor William Alves Bento pelo artigo publicado no jornal Ação 197 de jan./fev. 2008, “Bancário: Profissão?”. Suas palavras valorizam e enaltecem os bancários. Como estou afastada do trabalho há dois anos e meio, sinto muita falta da convivência diária com os colegas e do trabalho que realizava. O artigo me acalentou e me deixou com a sensação de dever cumprido, pois foram vinte e oito anos de dedicação: “(... trabalhador esclarecido, de bom nível intelectual, focado, cumpridor de seus deveres e competente, o chamado bom de serviço...)”. Como não me aposentei, mesmo afastada, endosso as palavras do diretor: sou bancária, com muito orgulho desta profissão. Graciette Lamas Espósito Porto Alegre - RS BB 200 anos Parabéns ao Jornal Ação. A iniciativa brilhante mexeu com o meu entusiasmo. Tive a chance de trabalhar na BB quando, em homenagem aos 150 anos, foi inaugurado o prédio da Avenida Presidente Vargas 384 que recebeu o nome de Visconde de Itaborahy, sendo presidente do BB o antigo funcionário Dr. Marcos de Souza Dantas. Homenageando o evento histórico, a diretoria do BB concedeu a seus funcionários uma gratificação-extra de “meio” ordenado (proventos) - o que muito marcou em mim. O Banco do Brasil, além de uma escola, continua sendo um celeiro de valores indiscutíveis. Seus funcionários ocuparam e continuam ocupando os cargos mais importantes no Governo, nas áreas Federal, Estadual e Municipal. A ANABB, brilhantemente, sabe dar continuidade a tudo isso, divulgando sempre o que de melhor existe e acontece na nossa Casa, hoje tão bem presidida por um funcionário de carreira. Parabéns. Raymundo Affonso Netto Rio de Janeiro - RJ Nota da Redação I – Republicamos o resultado do gráfico da página 11 do Ação 197, pertencente a matéria “Ouvindo os funcionários de agências”, para corrigir o resultado apresentado. Os entrevistados quando per- jornal Ação guntados se o Banco do Brasil cumpre a missão de promover o desenvolvimento do País, afirmaram: 41,3% disseram “plenamente”; 53,3% “parcialmente”; 4,7% que o BB “não cumpre essa missão”; e 0,7% não soube avaliar. A correção já foi feita no jornal Ação 197 que se encontra no site www.anabb.org.br. II – Ao contrário do que foi publicado na sessão de cartas do Ação 197, o autor da carta intitulada “Para quem não quer ser feliz” é o associado Francisco Antônio Salles de Campo Grande (MS) e não Antonio Romualdo Rosa, de Tiete (SP). Por isso, republicamos o depoimento. Li a carta do Camilo (Ação nº 196) e quero levar-lhe minha solidariedade. Realmente, a crítica gratuita, sem fundamento nos fatos, acaba irritando, em face da flagrante injustiça. Infelizmente, temos colegas sempre insatisfeitos; vêem tudo nebuloso e tétrico. São adeptos do “quanto pior, melhor”. A maioria, porém, dos associados têm plena consciência da importância da ANABB e do quanto a administração do Camilo tem sido eficaz, para proporcinar aos associados muitos benefícios e defender seus interesses mais prementes. Lembro, como aposentado, que Camilo defendeu ardorosamente a proposta de reajustes para os aposentados, desvinculados dos funcionários da ativa. Ela foi bem aceita e passamos a ter os reajustes anuais e obrigatórios (em caso de “superávit”), contratualmente garantidos, o que veio em boa hora, já que tempos depois o BB deixou de conceder, por quase 6 anos, reajustes aos seus funcionários. Tivéssemos ainda atrelados aos colegas da ativa, nossos proventos estariam, hoje, totalmente defasados. A última conquista foi o oferecimento, pela ANABB, do Plano Odontológico, gratuito. Levando-se em conta o alto custo do tratamento dentário, é benefício considerável. Como Camilo disse: “fomos criados para sermos felizes”. Cabe a cada um lutar em busca da felicidade e não ficar aferrado no muro das lamentações. Francisco Antônio Salles Campo Grande - MS Este espaço destina-se à opinião dos leitores. Por questão de espaço e estilo, as cartas podem ser resumidas e editadas. Serão publicadas apenas correspondências selecionadas pelo Conselho Editorial da ANABB. As cartas que se referem a outras entidades, como Cassi e Previ, serão a elas encaminhadas. Se você quer enviar comentários, sugestões e reclamações envie um e-mail para [email protected] ou uma carta para o endereço SCRS 507, Bl. A, Lj.15 CEP: 70351-510 Brasília/DF | Ação Março 2008 DIRETORIA-EXECUTIVA Valmir Camilo Presidente William josé ALVES BENTO Diretor Administrativo e Financeiro Denise lopes vianna Diretora de Comunicação e Desenvolvimento EDITORIAL Dúvidas esclarecidas Graça machado Diretora de Relações Funcionais, Aposentadoria e Previdência EMÍLIO S. RIBAS RODRIGUES Diretor de Relações Externas e Parlamentares CONSELHO DELIBERATIVO Antonio Gonçalves (Presidente) Ana Lúcia Landin Antilhon Saraiva dos Santos Augusto Silveira de Carvalho Cecília Mendes Garcez Siqueira Cláudio José Zucco Douglas José Scortegagna Élcio da Motta Silveira Bueno Genildo Ferreira Reis Inácio da Silva Mafra Isa Musa de Noronha José Antônio Diniz de Oliveira José Bernardo de Medeiros Neto José Branisso José Sampaio de Lacerda Júnior Luiz Antonio Careli Mércia Maria Nascimento Pimentel Nilton Brunelli de Azevedo Romildo Gouveia Pinto Tereza Cristina Godoy Moreira Santos Vitor Paulo Camargo Gonçalves CONSELHO FISCAL HUMBERTO EUDES VIEIRA DINIZ (Presidente) Armando César Ferreira dos Santos Saul Mário Mattei Antônia Lopes dos Santos Dorilene Moreira da Costa Elaine Michel Diretores Estaduais Paulo Crivano de Moraes (AC) Ivan Pita de Araújo (AL) Marlene Carvalho (AM) Franz Milhomem de Siqueira (AP) Olivan de Souza Faustino (BA) Francisco Henrique Ellery (CE) Elias Kury (DF) Pedro Vilaça Neto(ES) Saulo Sartre Ubaldino (GO) Solonel Drumond Júnior (MA) Francisco Alves e Silva - Xixico (MG) Edson Trombine Leite (MS) José Humberto Paes Carvalho (MT) José Marcos de Lima Araújo (PA) Maria Aurinete Alves de Oliveira (PB) Carolina Maria de Godoy Matos (PE) Benedito Dias Simeão da Silva (PI) Moacir Finardi (PR) Antonio Paulo Ruzzi Pedroso (RJ) Heriberto Gadê de Vasconcelos (RN) Valdenice de Souza Nunes Fernandes (RO) Robert Dagon da Silva (RR) Edmundo Velho Brandão (RS) Carlos Francisco Pamplona (SC) Emanuel Messias B. Moura Júnior (SE) Walcinyr Bragatto (SP) Saulo Antônio de Matos (TO) Este editorial não foi escrito, como sempre, pelo presidente da ANABB, Valmir Camilo. Isso porque, nesta edição, o presidente estava empenhado em outro trabalho: responder perguntas de associados da ANABB e de lideranças de entidades ligadas ao funcionalismo. Ele fez questão de analisar uma a uma e, ainda, continua respondendo perguntas de cerca de 200 associados, que serão publicadas no site da ANABB. Sendo assim, neste jornal Ação, você vai poder conferir a posição da ANABB diante de diferentes temas. Foram várias páginas dedicadas a isso, pois levamos em conta a importância de responder cada questão detalhadamente, para não haver dúvidas. Você vai verificar que Valmir Camilo fala sobre os assuntos pertinentes a ANABB, mas também a Cassi, Previ, entre outros. Isso porque a ANABB, por ser uma associação nacional representativa dos funcionários do Banco do Brasil, tem o dever de estar por dentro dos assuntos referentes a todas essas entidades e manter o associado bem informado. As novidades do Ação 198 não param por aí. Você poderá conferir matéria exclusiva sobre desmotivação no trabalho. O texto apresenta depoimentos, dados e a visão do Banco do Brasil sobre o assunto. Você também poderá fazer o teste que vai indicar como anda a sua motivação profissional. A seção Banco do Bancário continua com força total. Cada vez mais, recebemos depoimentos de funcionários, aposentados e pedevistas interessados em contar sua relação com o Banco. Confira nesta edição duas emocionantes histórias de vida. Junto com este jornal, você recebe o segundo fascículo da série BB 200 anos. Esse é um presente que a ANABB preparou para todos os associados, que são tão importantes na história do Banco do Brasil. A capa dura para colecionar os fascículos está em fase de finalização. Já recebemos e-mails e cartas de milhares de associados interessados em receber a capa. Em breve, todas as solicitações serão atendidas. Quem não pediu seu exemplar, ainda pode fazê-lo. A partir de agora, criamos um e-mail próprio para isso: os associados interessados em receber a capa dura devem enviar a solicitação para [email protected]. Não esqueçam de colocar nome, matrícula e endereço. Esperamos que gostem das matérias desta edição. Quem tiver sugestões de assuntos para os próximos jornais pode enviar e-mail para [email protected]. Aproveitem! Diretoria da ANABB ANABB - SCRS 507, bl. A, lj. 15 CEP: 70351-510 Brasília/DF Atendimento ao associado: (61) 3442.9696 Geral: (61) 3442.9600 Site: www.anabb.org.br E-mail: [email protected] Redação: Ana Cristina Padilha, Fabiana Castro, Priscila Mendes e Tatiane Lopes Anúncio: Fabiana Castro E-mail: [email protected] Edição: Felipe Alvarez Bittencourt MTB TMTB7355JD/DF Revisão: Juliana Rodrigues Editoração: Raido Propaganda Foto da Capa: George Gianni Periodicidade: mensal Tiragem: 157 mil Banco de Imagem: AbleStock Impressão: Gráfica Positiva Fotolito: Photoimage Ação Março 2008 | CAPA DESMOTIVAÇÃO: A desmotivação no trabalho afeta a vida de muitas pessoas. No BB, o funcionalismo também sofre com o problema. Gestores e funcionários devem estar atentos, pois a motivação é o combustível que faz uma empresa funcionar Joana* trabalhou durante 27 anos no Banco do Brasil, quando foi convidada a aposentar-se. Passados 32 anos de sua posse, ela guarda como lembrança do Banco uma cena de horror. “A pessoa responsável pela administração da agência gritando, sem parar, comigo e com uma colega, responsabilizandonos por todos os números negativos da agência. Ninguém nos defendeu”. Para a funcionária, a situação gerou diversos problemas, entre eles a desmotivação com o trabalho. “A primeira idéia foi de aposentar-me, sem esperar nada, independente da perda que isso geraria. Eu ia todos os dias para o Banco chorando, com dor no peito. A desmotivação era o único assunto entre os funcionários. Hoje, eu digo a todos que o BB te dá duas alegrias: uma, quando você entra e, outra, quando você sai. Sendo que, quando eu saí, a alegria que eu sentia, era maior que quando eu entrei”. O depoimento acima reflete a situação de centenas de funcionários | Ação Março 2008 e ex-funcionários do BB e confirma algumas fragilidades no cotidiano do Banco identificadas em pesquisa encomendada pela ANABB no ano passado. A insatisfação foi uma das questões apontadas pelo funcionalismo. Em todas as regiões, a maior parte dos funcionários já pensou em deixar o BB para procurar novo emprego, com destaque para a região Norte - 68,5%. Na região Centro-Oeste, 66,7% dos funcionários afirmaram que o BB não é o melhor lugar para se trabalhar. A internet também é usada como instrumento para reclamações. Em uma das muitas comunidades existentes no site de relacionamentos Orkut, que discutem o dia-a-dia do Banco, os internautas confessam não querer mais trabalhar no BB, se decepcionaram com a função exercida e até choram quando precisam trabalhar. “Tô pensando em sair do Banco”; “minha saúde (física e emocional) se deteriorou depois que comecei a trabalhar no BB”. A desmotivação no trabalho é fruto, em geral, de um conjunto de problemas que atinge empresas no Brasil e no mundo. Condições insatisfatórias para exercer a atividade profissional, liderança inadequada, política da empresa, questões salariais, falta de reconhecimento e comprometimento, além do excesso de trabalho, são as principais causas que levam os funcionários a perderem a motivação. Para o publicitário, Isaac Martins, mestre em Comunicação pela USP, fundador do Instituto Isaac Martins e Folk Treinamentos, a desmotivação no trabalho está ligada à fatores internos e externos. “Segundo estudos, o que mais desmotiva um colaborador na organização é a falta de valorização do trabalho, de possibilidade de crescimento, supervisão inadequada e clima organizacional. Salário é importante, porém não é a razão principal”. Uma pesquisa do Instituto Gallup sobre a falta de engajamento da força de trabalho, publicada no ano passado pela Revista Exame, * nome fictício SINÔNIMO DE PREJUÍZO mostrou que funcionários desmotivados e pouco comprometidos com a empresa em que trabalham custam ao Brasil cerca de 39 bilhões de dólares por ano, o equivalente a quase 4% do PIB. Em alguns países europeus, as perdas chegam a representar um percentual ainda maior da economia local, como no caso da França, com perdas que representam 5,8% da riqueza nacional. “Colaboradores desmotivados são sinônimo de prejuízo. Aumentam o número de erros, o atendimento aos clientes é ruim e o tratamento entre os colegas de trabalho sofre atrito. No ambiente bancário, um funcionário desmotivado pode criar grandes problemas para a organização”, completa Isaac. A motivação dos funcionários é o combustível que faz uma empresa funcionar. É claro, que o caminho para se alcançar 100% de satisfação entre todos os membros da empresa, como no Banco do Brasil, que possui mais de 85 mil funcionários, é difícil. No entanto, esse é um dos desafios dos gestores. Eles devem conhecer a equipe e motivar as pessoas a crescerem juntas, acompanhando o avanço da instituição. “A motivação ainda é um grande desafio para as empresas e deve ser preocupação. Por meio dela, há melhoria nos processos internos, dos produtos, envolvimento e comprometimento”, avalia Maria Inês Felippe, psicóloga, especialista em Administração de Recursos Humanos e autora do livro “4 C´s para Competir com Criatividade e Inovação”. Mais liberdade Clara* é funcionária do Banco do Brasil desde 2004, e sente na pele o que é trabalhar desmotivada. Para ela, excesso de trabalho, falta de funcionários e de treinamentos, horários abusivos e gestão ruim são causas de insatisfação no BB. “Levamos nas costas a cobrança inerente ao serviço dos clientes e dos chefes. Falta pessoal o que prejudica o rendimento do serviço e aumenta o descontentamento dos clientes. Se você quiser pertencer a tal setor, se vira para ler e aprender. Nada de treinamento ou curso para obter informações”, confessa. A funcionária ad- tingíveis e irregulares, acúmulo de funções, horas extras não pagas, cobrança da chefia e estresse dos clientes. A professora da Universidade de Brasília (UnB), Ana Magnólia “Uma pessoa pode ganhar muito Mendes, defende a reflexibilidade de normas e padrões nas bem, porém ter dificuldades em organizações como forma de melhorar o ambiente de trabamanter-se em um emprego se a lho. Para ela, quem precisa de gestão for ineficaz” ajuste é o trabalho e não as pessoas. Doutora em psicolomite ainda que o que mais a incomoda gia do trabalho, Ana utiliza a abordagem é a baixa rotatividade. “Existem geren- psicodinâmica do trabalho para explicar tes que estão em exercício na mesma que a motivação está ligada a possibilicidade e na mesma agência há mais de dade do trabalhador ser autêntico e ter dez anos. Ao invés de serem transferi- espaço para negociar suas atividades. dos para conhecerem clientes e funcio- “O trabalho é um espaço político, deve nários novos, eles empobrecem a em- haver negociação entre os funcionários presa com filosofias ultrapassadas”. e a empresa. Quando a empresa impõe Segundo a pesquisa publicada pela regras inflexíveis, aparecem a desmotiANABB, alguns outros pontos também vação, as doenças, a falta de qualidade elevam o grau de desmotivação, como profissional”, afirma. salários baixos, pressão por metas inaSeguir esses conselhos não signifiAção Março 2008 | Indícios A desmotivação pode começar como um desânimo e chegar a níveis que prejudicam o trabalho e a vida pessoal. “Ao invés de levantar e ir para o meu trabalho, eu levanto e vou carregar minha cruz. É como um remédio de péssimo gosto. A desmotivação atrapalha o aprendizado dos processos internos do Banco. Quando uma pessoa está infeliz com seu trabalho, isso acaba refletindo no tipo de atendi- | Ação Março 2008 A voz do banco Para a Diretora de Relações com Funcionários e Responsabilidade Sócio-Ambiental do Banco do Brasil, Izabela Campos Alcântara Lemos, a criação de uma ouvidoria interna e a destinação de verbas que ampliem a comunicação e a qualidade de vida entre os funcionários são estratégias que reforçam a atenção do Banco quanto às questões motivacionais. Segundo ela, a empresa possui cerca de cinco mil ambientes com um gestor que representa cada equipe. “A relação do gestor com a equipe deve ser de diálogo, respeito e empenho. Na ouvidoria, os colegas cuidam dos colegas. Houve “A motivação ainda é um grande desafio para as empresas e, cada vez mais, deve ser preocupação. Por meio dela, há melhoria nos processos internos, dos produtos, envolvimento e comprometimento” * nome fictício ca dizer que o ambiente de trabalho se transformará num local de lazer, pois ele continuará regido por disciplinas. A diferença será a preservação e a garantia da liberdade. “Trabalho é lugar de executar tarefas, mas quando a estrutura é muito rígida, sem opções estratégicas, os trabalhadores passam a não se sentir bem. Funcionários não são robôs. O ideal é ajustar os espaços para que a empresa possa acolher todos os perfis. Isso incentiva a criatividade, a independência e a participação”, completa Ana. A professora também critica a atual filosofia de trabalho imposta pelas empresas. Ela considera a situação precária, já que a preocupação com a motivação é superficial e circunstancial. “Para as empresas, o importante é que o funcionário trabalhe, não importa a sua condição. Os funcionários, por sua vez, se submetem pois não têm para onde correr. Com isso, a empresa continua tendo lucro e para ela é isso que importa”. O caminho é a mudança do modo de gestão. “Se as empresas pensassem menos no lucro ou em lucros mais razoáveis e boa produção, elas conseguiriam atingir um nível de profissionais menos desmotivados. É preciso ficar claro para as organizações, e o Banco se encaixa nesse perfil, que a motivação caminha lado a lado com a ética e com a responsabilidade social. Só assim todos saem ganhando”. - Maria Inês Felippe mento que ela presta. A desmotivação atrapalha a vida particular e profissional”, resume Clara. A Consultora Sênior do Grupo Catho DF, Rose Mary Lailla Vargas Guidi, acredita que as áreas de Recursos Humanos das empresas são fundamentais na descoberta da desmotivação profissional. “O RH da empresa deve ter um plano estruturado, estudar caso a caso e ver de que forma os problemas podem ser corrigidos. A empresa deve conhecer os funcionários, ter suas competências mapeadas e buscar onde cada um será melhor aproveitado, além de entender o que ele almeja e ouvir o profissional”. Maria Inês compartilha da mesma opinião e completa: “todos os gestores de pessoas, independente da área em que atuem, são encarregados por interagir com os funcionários e descobrir sobre a desmotivação. Além deles, o próprio colaborador deverá ser um gerador da auto-motivação. Assinale a alternativa que combina com você e cheque o resultado: 1) O que mais o incomoda na vida profissional? a) carreira estagnada b) seu chefe c) ambiente de trabalho 2) Qual sua postura durante as reuniões? a) em algumas seu desempenho é bem melhor que em outras b) você até propõe algumas idéias, mas fica frustrado quando não são aceitas c) já não participa com o mesmo entusiasmo da época em que entrou na empresa 3) Como você definiria seu dia-a-dia no trabalho? a) momentos de realização alternados com outros de desânimo b) apenas obrigações c) um verdadeiro martírio “Quando uma pessoa está infeliz com seu trabalho, isso acaba refletindo no tipo de atendimento que ela presta” 4) A vaga que você tanto almejava finalmente surgiu. O que você faz? a) candidata-se formalmente e mostra que a merece, apresentando projetos b) nada, apenas torce para que os superiores se lembrem de você c) já não sabe mais se quer ficar com a vaga e duvida se tem chances reais 5) Na hora de distribuir tarefas, seu chefe: a) pergunta se você estaria interessado em fazer parte daquele projeto novo que está em andamento b) delega a você as mesmas responsabilidades que tinha na época em que a implantação do ECOA – Equipes de Comunicação e Auto-Desenvolvimento – formadas voluntariamente, onde os funcionários se unem para viabilizar ações, melhorar a qualidade de vida e apoiar a comunicação interna. Já são cerca de três mil criadas. Existem também as verbas institucionais como a Verba de Relacionamento Interno que custeia celebrações em geral, como aniversariantes do mês, Verba de Qualidade de Vida, aplicada em massagens expressas, ginástica laboral e relaxamento, Verba de Aprimoramento Profissional, voltada para compra de livros, entre muitas outras”, explica. começou na empresa c) remaneja responsabilidades suas para outros colegas, alegando que você está sobrecarregado 6) Sua empresa irá passar por um processo de reestruturação que implicará mudanças em seu departamento. Como você lida com isso? a) fica animado, quem sabe agora você poderá dar vida àquele projeto engavetado b) sente-se aliviado, não dá para ficar pior do que está c) mostra-se apreensivo, as mudanças podem piorar ainda mais a situação 7) Quando você faz uma auto-avaliação de sua carreira, a que conclusões chega? a) que o grande salto você ainda não deu b) que está passando por uma fase de estagnação c) que você era mais feliz em outro emprego, mesmo ganhando menos 8) Quando aquele projeto que você estava tocando fracassa, como reage? a) faz o possível para se superar no próximo b) fica indiferente, pode acontecer com qualquer um c) fica arrasado, isso está cada vez mais freqüente 9) Para você, sucesso profissional é: a) desafio b) poder c) dinheiro Em comparação a grande parte das empresas no mercado, Izabela avalia positivamente as oportunidades de ascensão profissional e valorização da qualidade de vida no BB. “Existem muitos caminhos que possibilitam a participação e o envolvimento dos funcionários na empresa. Se o funcionário quiser, ele pode ficar no BB durante anos, até se aposentar. Existe um ambiente de pressão, como em qualquer outra organização. Se aquele local não é o melhor, o ideal é que se busque um ambiente mais prazeroso. Pelo histórico do Banco, acreditamos que o funcionalismo é bastante contemplado com relação aos benefícios”. 10) Como você se vê profissionalmente daqui a alguns anos? a) trabalhando na mesma empresa, em cargo mais alto b) não faz planos, tudo pode acontecer c) trabalhando na mesma área, em outra empresa Some: 3 para todas as respostas A. 2 para as respostas B. 1 para as respostas C. Resultado: De 1 a 12 pontos: A situação chegou a um ponto em que o chefe já está olhando feio para sua desmotivação e queda de produtividade. Sua auto-estima está próxima da sarjeta e é preciso urgentemente reavaliar a carreira ou até mesmo procurar outro emprego. De 13 a 21 pontos: Seu estado ainda não afetou drasticamente a produtividade, mas o grau de apatia já começa a preocupar. Identifique suas falhas, estabeleça metas e procure descobrir o que desperta seu entusiasmo para recuperar a motivação perdida. De 22 a 30 pontos: Você está motivado e sente que tem pela frente ótimas possibilidades na empresa. Sua ambição e disposição para enfrentar novos desafios contam pontos a seu favor, mas tente não se cobrar demais. Os altos e baixos são inevitáveis durante a carreira. Fonte: Revista Veja (edição 1662) Ação Ação Março Março 2008 2008 || ENTREVISTA Valmir Camilo responde associados Com o objetivo de tirar dúvidas dos associados sobre diferentes temas em relação ao Banco do Brasil, o presidente da ANABB, Valmir Camilo, lançou o projeto no site da Associação: Pergunte ao Presidente. Durante 24 horas, 200 associados fizeram perguntas para Camilo. Todos os questionamentos serão respondidos no site da ANABB. Alguns deles foram selecionados e publicados neste jornal Ação. Entre os assuntos estão Previ, Cassi, OdontoANABB, ações judiciais e muito mais A ANABB está negociando com o Banco a possibilidade de retorno das remunerações em substituição aos cargos comissionados? E qual a posição da ANABB em relação a “lateralidade” criada pelo Banco em 2007? Dione Bezerra dos Santos – fotos: Pedro Matallo Frutal (MG) | Ação Março 2008 Não, Dione. A ANABB não está negociando esta questão da lateralidade porque esta é uma tarefa do movimento sindical. A posição que a ANABB tem, e que já foi expressada em alguns momentos, é de ser contrária a esse tipo de procedimento, pois a questão da substituição é muito mais recompensadora. Cria uma expectativa para o funcionário que, mesmo ele não sendo efetivo no cargo, tem uma perspectiva, em algum momento, de até treinar naquela função. A lateralidade inibe e prejudica até o processo de sucessão e formação de lideranças. Nós, da Cassi do interior, contribuímos, como sempre, e os reais beneficiados são os que moram em cidades grandes. Por quê? Com o plano OdontoANABB será diferente? Carlos Elias Pasqualotto – caso do OdontoANABB, tem a possibilidade do próprio associado no interior entrar no site da ANABB e fazer a indicação do dentista. E nós vamos credenciá-lo. Erechim (RS) Carlos, as vezes as pessoas do interior têm a idéia de que, nas capitais, a Cassi não tem problema. Tem problemas também e há uma parcela do interior que não tem problema nenhum. Tem muito a ver com a questão regional. Em alguns lugares, os médicos se organizam mais e fazem um enfrentamento com os planos de saúde, criando dificuldades para o atendimento. Essa solução virá quando a Cassi tiver um quadro próprio de médicos ou contratados, hospitais e clínicas referenciadas que receberão um pouco mais para poder garantir a prestação de serviço correta. No caso do plano odontológico da ANABB, nós estamos trabalhando na direção de que esses problemas com dentistas não venham a ocorrer. Os dentistas vão atender sim. Esse é o nosso compromisso. Além disso, no Eu tenho um processo de FGTS planos econômicos que foi encaminhado para a ANABB no ano de 2001 (7 anos atrás). Não consigo entender como colegas que deram entrada posteriormente já receberam. O mérito da questão são os honorários advocatícios? Elizabeth dos Santos Medeiros – Rio de Janeiro (RJ) Elizabeth, você tem uma ação do plano econômico de 2001 e eu tenho de 1997. E até agora o presidente da ANABB ainda não recebeu. Há 20 varas da Justiça Federal em Brasília e cada uma atua de uma forma. Depois esses processos seguem para o tribunal e cada um recebe uma turma diferente e ganha ritmos diferentes. Todos os processos serão liquidados, a tese é vitoriosa, todos receberão. Sobre os honorários, a dificuldade tem Ação Março 2008 | “Parte do superávit existente hoje dentro da Previ se refere à parte patronal dos pedevistas que saíram. Eu acho que vamos ter que reabrir essa discussão sim.” ficado para os advogados, pois muitos juízes estão se aproveitando da medida provisória [que dispõe que neste tipo de ação, o governo, mesmo saindo perdedor, não pagaria o advogado da parte ganhadora] e estão fixando honorário zero. Esse seu advogado, por exemplo, já está há 7 anos trabalhando no seu processo e corre o risco de não receber nenhum centavo pelo trabalho. Nós temos tentado ver se o associado, de alguma forma, nos ajuda a manter o ânimo deste advogado trabalhando, garantindo o percentual pelo trabalho que ele executou. Com os superávits seguidos da Previ, não deveria ser reaberto o processo para o pagamento da parte patronal para os pedevistas? a, todo ano, discutir superávit. Essa discussão não vai ser feita uma vez só e acabar. No primeiro momento foi redução de contribuição, no segundo momento a extinção da contribuição, num terceiro momento realinhamento do plano, e daqui pra frente esse debate com o funcionalismo deve continuar. E quem deve participar dessa discussão é verdadeiramente quem está no plano de benefícios 1. O que deve ser levado em conta é que o plano de previdência deve ser equilibrado: não tem que ter muito superávit, nem déficit. Ao longo do tempo, nós vamos ter que estar discutindo isso para fazer com que no final essa conta feche. Quando não tiver mais aposentado para pagar, o fundo não tenha mais dinheiro. E que esses recursos sejam distribuídos enquanto existir beneficiário. Geraldo Antonio Bortollo – Limeira (SP) Com certeza, Geraldo. Parte do superávit existente hoje dentro da Previ se refere à parte patronal dos pedevistas que saíram. Eu acho que vamos ter que reabrir essa discussão sim. Até porque existem ações na justiça nesse sentido que são favoráveis ao pedevista. E a ANABB acha que, se a partir da reforma do estatuto, quem sai do Banco leva a parte patronal, porque antes da reforma o colega não poderia levar também? Esta discussão já está reaberta. O Plano 1 da Previ não aceita que haja ingresso de mais funcionários, tornando-se assim um plano em extinção. Ao longo dos anos haverá um decréscimo natural de participantes e um volume enorme de recursos. Qual destino terá esse patrimônio? Alexandre Haddad– Anápolis (GO) Isso mesmo, Alexandre. Daqui pra frente nós vamos ter que nos acostumar 10 | Ação Março 2008 Se está sobrando dinheiro na Previ, porque não se aplica o princípio da isonomia e atualiza-se a aposentadoria dos pós-97? Iraci Berviria Gomes– Concórdia (SC) Iraci, do ponto de vista do benefício, falta pouco a ser feito para resolver o problema dos pós-97. Chegamos ao cálculo de contribuição de 90% e vamos a 100%. O que desequilibra essa relação entre pré-97 e pós-97 é o salário de contribuição dos funcionários da ativa. Esse período - marcado por redução salarial, falta de reajustes - ocasionou um benefício menor. Nós temos que ter inteligência para encontrar um mecanismo que possa reequilibrar essa relação, independente da base de contribuição. Eu pretendo, como presidente da ANABB e conselheiro eleito da Previ, apresentar uma proposta inovadora. Já tenho e apresentarei essa sugestão na próxima edição do jornal Ação. “Nós temos otimizado esses recursos com a criação de benefícios diretos e indiretos, que podem se transformar em benefícios. O plano odontológico é um. As contratações de seguros são outro. O que você pode ter certeza é o seguinte: o que a ANABB já distribuiu de benefícios é quase dez vezes maior do que ela já arrecadou em toda sua existência.” Tenho dois filhos com idade abaixo de 24 anos que estudam em universidades particulares a um custo bastante alto. O que a ANABB poderia fazer? Adoção de convênios ou até mesmo bancar um percentual da mensalidade com desconto no IR? Jose Arnaldo dos Santos – Maceió (AL) Jose, na questão do IR, é possível, individualmente, buscar na justiça o direito de abater integralmente o valor pago para as faculdades. Eu, particularmente, tenho uma ação vitoriosa nesse sentido. Sobre os convênios, o que o associado pode fazer é nos ajudar, indicando as faculdades e as escolas que eles querem que a ANABB faça contato para conseguir descontos. Para isso, basta enviar um e-mail para [email protected] O valor do aumento das mensalidades da ANABB foi mais de 50%. Já pedi explicações que não me convenceram. Também solicitei informações sobre quanto ganham os dirigentes e quais os auxílios. Otto Wehr – Gramado (RS) Da mesma forma que os funcionários do Banco sofreram com ausência de reajustes, a ANABB também sofreu. Todos os custos da instituição cresceram e, como nós trabalhávamos com a perspectiva de manter a mensalidade atrelada ao salário do funcionalismo, em muitos momentos deixamos de dar reajustes. O que a gente fez agora foi um realinhamento. Entendemos que a mensalidade da ANABB é a mais barata de todas as entidades e que a maioria delas quase não presta serviços para seus associados, embora tenha uma mensalidade muito maior. Nós temos otimizado esses recursos com a criação de benefícios diretos e indiretos, que podem se transformar em benefícios. O plano odontológico é um. As contratações de seguros são outro. O que você pode ter certeza é o seguinte: o que a ANABB já distribuiu de benefícios é quase dez vezes maior do que ela já arrecadou em toda sua existência. Quanto aos salários dos dirigentes da ANABB, esses estão vinculados diretamente aos salários de carreira do BB. Ninguém ganha nada extra, não tem adicional, não tem auxílio-moradia. É como se estivesse trabalhando no Banco. Porque a entidade não propõe, em nome dos associados aposentados, ação para reaver a cesta-alimentação contra a Previ? Ruben Ferreira Carvalho – São Lourenço (MG) Ruben, além de presidente da ANABB, eu sou conselheiro deliberativo eleito pelos funcionários na Previ. Antes de propor uma ação contra a Previ, eu levei este assunto para o Conselho. A Previ está analisando a perspectiva de pagar o equivalente a cesta alimentação para os aposentados. Dentro dos próximos meses, discutiremos este assunto no Conselho. Só mesmo depois de esgotadas todas as possibilidades pelas vias administrativas é que nós vamos pensar numa possibilidade de entrar com uma ação judicial. Na Previ, para aqueles que se aposentam com menos de 30 anos, aplica-se a proporcionalidade, levando o benefício para a vida toda, diferente dos demais. Não está havendo isonomia entre eles. Pode-se questionar isso judicialmente? Reinaldo Zocche– Curitiba (PR) Reinaldo, você tem toda a razão. Fundo de Pensão será sempre um fundo de capitalização, seja ele de benefício definido (BD) ou de contribuição definida (CD). A regra tempo de trabalho, até mesmo na previdência oficial, já foi substituída por tempo de contribuição. Tinha todo sentido fixar o benefício dos participantes da Previ em função do tempo de trabalho, uma vez que este tempo era igual ao tempo de contribuição. Com o fim das contribuições – desde janeiro de 2007 – nenhum funcionário, ativo ou aposentado, contribui para a Previ – restará apenas o tempo de trabalho. Não podemos calcular benefícios apenas por tempo de tra- balho, assim esta regra deve ser alterada. Caso contrário, vamos viver no futuro. Na Previ, a realidade de ver um aposentado com 26 anos de trabalho e 26 anos de contribuição recebendo 26/30 do salário como benefício e um funcionário com 15 anos de contribuição e 30 anos de trabalho recebendo 30/30 do salário como benefício. Portanto, ele contribuiu menos para a formação do bolo e receberá uma fatia maior. Não é justo. Numa empresa de tamanha dimensão, como o BB, é possível administrar cortes de benefícios e de pessoal, considerados pelos executivos como “indispensáveis” à perpetuidade da empresa e, ainda assim, admitir-se que os valores da responsabilidade social e da sustentabilidade não foram transgredidos? De que forma? Clístenes Henrique da Silva – Paulo Afonso (BA) Clístenes, se o Banco quer ser o banco do mercado – o Bradesco do Governo Federal - não vai conseguir dar respostas pra essas questões que você está colocando. A atuação responsável começa dentro de casa. A sustentabilidade começa dentro de casa. Não dá pra você vender pra sociedade que você é um banco que defende um desenvolviAção Março 2008 | 11 “Melhorar a base do salário, melhorar a vida de quem ganha menos é obrigação, sim, de quem luta pelo interesse de todos. Tem muita gente que recebe muito dinheiro da Previ e que deve ter seus reajustes corretos, mas primeiro nós precisamos equilibrar essa conta” Valmir Camilo responde perguntas de lideranças do BB O presidente da ANABB, Valmir Camilo, também respondeu questões de lideranças do funcionalismo do Banco do Brasil. A pedidos, as perguntas não foram editadas. Por esse motivo, alguns questionamentos estão longos. Desta forma, todas as perguntas estão contextualizadas e de mais fácil entendimento mento regional sustentável se você não tem uma política de sustentação da sua própria cadeia produtiva e de seu funcionalismo. Como é que você vende para a opinião pública uma idéia que não está no inconsciente ou no consciente das pessoas que estão desempenhando um papel? O Banco caiu numa armadilha, ele tem que sair dela e sair dela é abandonar o novo mercado. Dizer assim: “Olha, sou mesmo banco público, sou mesmo um banco de governo, tenho mesmo política diferente de um banco privado”. Encarar a mídia, o mercado e quem quer que seja. Ir para o enfrentamento pra construir um país melhor. A proposta da ANABB para o uso do superávit da Previ [benefício único de R$ 500,00 para todos] é completamente estapafúrdia. Verificamos então que a ANABB aprova a medida do governo que, a cada ano, achata a 12 | Ação Março 2008 aposentadoria dos que ganham mais de um salário. Quem ganha mais é por seu próprio mérito e logicamente deve ganhar mais do que o pessoal que não conseguiu progredir na carreira. Aloysio – Rio de Janeiro (RJ) Aloysio, não podemos trabalhar com essa premissa de que o salário de cada aposentado é justo porque é sobre o que ele contribuiu. Isso não é verdadeiro. Nós não estamos falando de um plano de contribuição definida e sim de um plano de benefício definido. E esses benefícios foram impactados por políticas de governo que atravessaram a vida de parcela do funcionalismo do Banco e provocaram o caos. Quem se aposentou antes de 97 não sofreu os impactos brutais da redução salarial que foi imposta aos funcionários da ativa pelo governo Fernando Henrique Cardoso e que continua nesse governo, embora os salários minimizados tenham sido corrigidos pelo INPC. E você dizer e aceitar a tese de que todo mundo se aposentou com um salário que merecia é injusto, é cruel, é perverso. Nós não vamos aceitar isso. Melhorar a base do salário, melhorar a vida de quem ganha menos é obrigação, sim, de quem luta pelo interesse de todos. Tem muita gente que recebe muito dinheiro da Previ e que deve ter seus reajustes corretos, mas primeiro nós precisamos equilibrar essa conta. Tem muita gente ganhando muito menos que merecia e que ajudou com seu esforço e com seu trabalho, a construir esse Banco e a formar esse superávit. E tem direito de receber um benefício melhor. Se é com benefício único ou se é revendo todo o plano, isso nós temos que construir no debate e não aceitar como premissa de que o que está dado, está dado. Alcir A.Calliari - aposentado e ex-presidente do BB Alcir Calliari - Considerando que o crescimento da ideologia neoliberal no Brasil: é intensamente apoiado pelos meios de comunicação e está fortemente instalado em todos os níveis do corpo permanente dos órgãos da administração direta e indireta; e que estes fatos proporcionam forte influência em toda a formulação e execução das políticas públicas, pergunto: Acredita o Sr. Presidente da ANABB que, apesar das declarações dos políticos e do plebiscito ocorrido nas últimas eleições presidenciais - quando a sociedade brasileira disse um vigoroso NÃO à privatização do Banco - seja possível a progressiva e imperceptível descarac- terização do Banco do Brasil, por meio de sucessivas medidas administrativas que reduzem a importância do Banco no cenário produtivo do Brasil e enfraqueçam o espírito de corpo da empresa? Afinal, fica claro que um Banco do Brasil igual aos bancos privados do país é totalmente desnecessário. Valmir Camilo: Calliari, concordo com você. Acredito que o pior dos males é a política do atual governo para o BB. Os atuais dirigentes do nosso Banco estão convencidos que repetir o receituário dos bancos privados é garantia de sucesso. A ida do BB para o chamado “novo mercado” é uma armadilha. A obrigação de remunerar os acionistas privados, no atual formato, impõe a obrigação de gerar mais lucros, atuando exatamente como atuam os bancos privados: uma corrida louca pelo maior resultado. Eu disse maior, não melhor resultado. A imprensa, comprometida com o sistema, cobra do Banco do Brasil “a mesma eficiência” e o resultado é o que você chamou de “progressiva e imperceptível descaracterização do Banco”. Deveríamos ter a coragem de criar um modelo próprio para o BB e fugir da onda equivocada do “novo mercado”. Quem sabe criar o que eu tenho chamado de “ações preferenciais especiais”, que seriam oferecidas aos acionistas privados, com garantia de rentabilidade mínima, quem sabe taxa Selic – independente do lucro apurado em cada exercício. O Governo Federal continuaria com as ações ordinárias e com o controle. Desta forma, o nosso BB voltaria a ser o verdadeiro agente financeiro do governo, puxando para baixo as taxas de juros, alongando os prazos dos financiamentos caracterizados como investimentos, que possam gerar aumento da produção nacional e por conseqüência mais empregos. Acho que esta história vai terminar como mais um devaneio do Valmir Camilo, pois faltará coragem para fazer diferente, num governo onde nada se cria e tudo se copia, com um novo nome e uma nova embalagem. A receita do FHC para o Banco do Brasil, no governo Lula chama-se “novo mercado”. Uma pena. Ação AçãoMarço Março 2008 2008 ||13 13 Sérgio Faraco – São Paulo (SP) – Aposentado do BB Sérgio Faraco - Por que a ANABB não respeitou o princípio da capitalização previsto para os planos de Previdência Privada e não considerou as contribuições vertidas por todos os participantes indistintamente ao apoiar a distribuição de superávit ocorrida em 2007 e ao propor agora um absurdo abono linear, permitindo que tenha havido a transferência de recursos da esmagadora maioria dos participantes em prol daqueles que estão no topo do Banco, da Cassi e da Previ, embora tenham contribuído em valor idêntico ao de outros que nada receberam (75% sobre os proventos gerais), nem um centavo a mais? Valmir Camilo - Sérgio, o sistema de capitalização obrigatória dos fundos de previdência privada só começou em 1982. Nem mesmo a Previ tem todos os registros das contribuições individuais na reserva de poupança de cada associado, para o período anterior. O fundamento da sua pergunta está correto: todos contribuíram em valor idêntico. Apenas uma correção, “contribuíram com critérios de contribuição idênticos”, uma vez que os valores dependem dos salários, que são diferentes. No entanto, a maior injustiça está no fato de que a média dos benefícios recebidos por aposentados antes de 1997 é mais que o dobro da média dos aposentados de pós-97. Era preciso primeiro diminuir esta diferença, antes de começar a tratar todos igualmente, acho que não é justo tratar igualmente os desiguais. A ANABB não está propondo apenas um abono linear, está propondo um aumento de salário para todos, com piso de R$ 500,00. Um aumento de 10% para quem ganha R$ 20 mil são R$ 2 mil, mas para quem ganha R$ 1 mil são R$ 100,00. Um aumento sem piso só vai aumentar as desigualdades, com reflexos até mesmo nos benefícios dos pensionistas. Mas estamos propondo também um amplo debate sobre o tema e acho que suas colaborações poderão ajudar muito. 14 | Ação Março 2008 comodite. Desta forma, o atendimento personalizado realizado por gerentes de contas deverá crescer, demandando o ingresso de mais bancários. Os bancos tinham um único grande cliente pagando taxas de juros muito altas, que era o governo. Com a queda na taxa de juros, que remuneram os títulos públicos, eles terão que buscar novos tomadores. O papel do bancário poderá voltar a ser importante para o sistema. Davi Zaia – presidente da Federação de Bancários de São Paulo e deputado estadual (PPS/SP) Davi Zaia - Temos assistido um processo extremamente forte de concentração no sistema financeiro brasileiro e internacional. No último ano, o BB, de certa forma, entrou neste processo com a absorção do BESC. A imprensa falou em outros bancos estaduais. Como você analisa este processo, principalmente considerando que isto sempre diminui os empregos? Valmir Camilo - David, a concentração do sistema financeiro brasileiro é uma viagem sem volta. O BB entrou na corrida pela compra de outros bancos muito tarde. Enquanto incorporou o BESC com ativos de perto de R$ 4 bi, o Santander comprou o ABN com ativos de mais de R$ 130 bi, uma covardia. Todos os demais bancos estaduais disponíveis para a incorporação por parte do BB não somam R$ 10 bi. Acho que a evolução tecnológica já colocou o sistema bancário no limite das possibilidades de redução do quadro de pessoal. A concentração do sistema está se consolidando entre os grandes bancos remanescentes, restando apenas a possibilidade de entrada de capital estrangeiro no setor. Assim, sou um otimista que acredita que o setor passará a fazer uma viagem de volta, pois o atendimento feito por terminais eletrônicos e internet virou Davi Zaia - Valmir, você tem acompanhado com muito rigor a questão dos fundos de pensão, sendo que a Previ é o maior deles. Por outro lado a expectativa de vida da população tem aumentado. Você julga que a regulamentação legal hoje existente é suficiente para dar tranqüilidade aos participantes? Valmir Camilo - Hoje, o país já tem uma estrutura consolidada para garantir a tranqüilidade dos participantes da previdência complementar fechada e aberta. O sistema de regulação e controle atende bem o setor, mas a cultura previdenciária ainda não foi bem entendida pela sociedade. Falta conhecimento para os magistrados que continuam decidindo sem entender as regras e a imprensa pouco contribui, uma vez que poucos profissionais estão preparados para produzir material jornalístico coerente sobre o tema. Mas os problemas do passado estão superados por regras mais claras e pela entrada de grandes bancos e seguradoras internacionais no setor. Recentemente a SPC exigiu a mudança da tábua de mortalidade, nos cálculos atuariais dos fundos, como forma de compatibilizar os planos atuariais ao aumento da expectativa de vida dos participantes. Davi Zaia - O crédito tem um papel relevante no desenvolvimento do país. Sendo o BB o maior banco do país, e um banco público, você acredita que a sua política de crédito atende as necessidades de crescimento do país com distribuição de renda? Valmir Camilo - O crédito no BB atende mais o interesse da empresa e menos o “O atendimento personalizado realizado por gerentes de contas deverá crescer, demandando o ingresso de mais bancários.” interesse do país. O banco tecnológico afasta uma grande parcela dos possíveis usuários, por absoluta incapacidade de operar as ferramentas utilizadas pelo setor. A maior parte da oferta de crédito está sendo utilizada para o consumo, mas este modelo se esgota rapidamente se não houver disponibilidade de crédito para a produção. Hoje, um cliente pessoa física entra na internet e contrata um empréstimo, sem falar com o gerente da agência bancária. Os financiamentos para custeio e investimento da produção dão mais trabalho e o sistema bancário – incluindo o Banco do Brasil – já fez a opção, que é a melhor para o Banco, mas não é a melhor para o país. Lourenço Prado - Presidente da CONTEC (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito) Lourenço Prado - Após esclarecimentos prestados pela Previ e algumas entidades representativas de funcionários, as “O papel do bancário poderá voltar a ser importante para o sistema.” alterações no Estatuto e Regulamento do Plano I da Previ, que estabeleceram destinação específica dos superávits acumulados, foram “recomendadas” e acabaram tendo aceitação dos associados, visto que o argumento principal foi o de que beneficiariam a todos. Processados os cálculos/alterações, as medidas decepcionaram grande número de associados, podendo-se afirmar que determinados segmentos não terão nenhum benefício financeiro em suas aposentadorias. Pergunta-se: 1) A ANABB tinha conhecimento de simulações ou estudos de que o Benefício Especial de Remuneração atenderia apenas cerca de 21.500 associados e de que o Benefício de Proporcionalidade e Renda Certa também atenderia somente o mesmo número? 2) Comprovada a decepção com os resultados da partilha do superávit da Previ, a ANABB pretende adotar medidas para minimizar o impacto do Plano? Em caso positivo, quais? Valmir Camilo - Lourenço, quando se trata de processamento de informações, o Banco e suas instituições – Previ e Cassi – deixam muito a desejar. Boa parte do atraso na implementação das medidas aprovadas teve causa nas dificuldades da Previ em processar as informações para avaliação, até mesmo, do custo de implantação de cada uma das alterações. Nem mesmo os conselheiros deliberativos tiveram acesso aos números exatos dos beneficiados e aos valores previstos para cada um dos segmentos de associados. Sempre tra- balhamos com valores médios, que carrega distorções grandiosas. No entanto, é importante salientar que as medidas adotadas até agora atingiram todos os participantes do Plano de Benefício 1 da Previ. A redução na contribuição e posteriormente a suspensão da cobrança significaram um aumento real no salário ou benefício de todos os participantes. Outras alterações introduzidas também eram importantes para diminuir a distância entre os aposentados de pré e pós 1997. A média dos benefícios pagos aos aposentados de pré-97 é de R$ 9 mil e a média dos benefícios de pós-97 é de pouco mais de R$ 4 mil. O grande volume de superávit recomenda a manutenção, para o ano de 2008, da suspensão das contribuições como medida preliminar. A ANABB pretende patrocinar um amplo debate com todos os segmentos organizados para definir a forma mais justa de utilização do superávit, não existe nada definido, apenas teses. “A média dos benefícios pagos aos aposentados de pré-97 é de R$ 9 mil e a média dos benefícios de pós-97 é de pouco mais de R$ 4 mil” Ação Ação Março Março 2008 2008 || 15 15 “...a maior injustiça está no fato de que a média dos benefícios recebidos por aposentados antes de 1997 é mais que o dobro da média dos aposentados de pós-97.” Augusto Carvalho – conselheiro deliberativo da ANABB e deputado federal (PPS/DF) Augusto Carvalho - Como o Banco do Brasil pode enfrentar os efeitos da crise no sistema financeiro/imobiliário dos EUA? O BB está preparado para se defender dos possíveis impactos na economia brasileira? A situação pode afetar o Banco? Valmir Camilo - Augusto, o que afeta os Estados Unidos afeta o mundo. Mas acredito que nos últimos 15 anos, portanto desde o governo Itamar, o país tem feito um esforço para criar uma blindagem que possa resistir aos reflexos das crises internacionais, tirando até mesmo proveito das dificuldades de outros países. A valorização da nossa moeda em relação ao dólar é uma pequena prova do que eu estou dizendo. O Banco, no entanto, está na con16 | Ação Março 2008 “Nós vamos defender esse estatuto e as condições de melhorias que a Cassi sofreu com essa alteração, que foi aprovada pela maioria absoluta do funcionalismo” tramão da história, pois está perdendo espaço no mercado interno, independente das questões internacionais. O Banco deixará de ser o maior banco brasileiro, muito em breve, e não tem nada que possa impedir isto. Quando o Banco, por políticas de governos, deixou de participar da concentração do sistema financeiro nacional – impedido de comprar outros bancos – praticamente definiu seu destino. O BB faz um esforço imenso para abrir 30 agências enquanto o Bradesco compra 300. Não dá pra competir. A solução seria deixar de ser o maior para ser o melhor. Mas pode ser que os bancos privados, que estão ganhando dinheiro como nunca, tirem o pé do acelerador do crescimento apenas para não “magoar” o governo Lula. Não deve ser fácil passar para a história como o governo que permitiu que o BB deixasse de ser o maior banco brasileiro. gio, verdadeira situação de sinecura. Esconde-se atrás do estatuto para não acionar judicialmente o Banco do Brasil, a Cassi e a Previ e cobra cargos por isso, produzindo novas sinecuras. Quando é que a diretoria e conselhos da ANABB vão modificar o estatuto no sentido de poder mover ações judiciais contra o Banco do Brasil, Cassi e Previ e assim passar a defender, finalmente, os verdadeiros grandes interesses dos associados, que são a Cassi e a Previ? Valmir Camilo - Zilton, alguém já disse que não existe pergunta indiscreta, o que existe são respostas indiscretas. Não existe uma única verdade nas afirmações que você faz, quando pergunta. No entanto, estamos aqui garantindo o seu direito de ofender. Acho que você não deveria acreditar em tudo que dizem à respeito dos dirigentes da ANABB, algumas pessoas me procuraram para dizer que você é um “louco”, e eu não acreditei. Zilton Tadeu Figueiredo de Campos Aposentado do BB. Zilton Tadeu - Por que a ANABB não consulta os seus associados-contribuintes sobre a modificação do estatuto, de forma que a diretoria passe a cumprir com o seu dever, jamais cumprido, de acionar o Banco, a Cassi e a Previ na defesa dos seus associados? Valmir Camilo - A ANABB foi criada em 1986, durante a constituinte. A idéia dos idealizadores, o mais ilustre é o nosso amigo Camilo Calazans, era ter uma entidade que pudesse atuar na defesa dos funcionários do Banco e do próprio Banco, além das atividades denominadas sin- Zilton Tadeu - A ANABB, desde que foi criada, só serve aos interesses da diretoria do Banco do Brasil e dos diretores e conselheiros da entidade, desprezando seus associados, que lhe dão condição de sustentação financeira e política, para que a diretoria da associação viva em situação de nababos e aumente exponencialmente seu patrimônio pessoal e os conselheiros e diretores regionais vivam em regime de privilé- dicais. Mesmo assim, logo os sindicatos começaram a achar que a ANABB tinha nascido para ser “o sindicato nacional dos funcionários do Banco do Brasil”. Então, com a reforma estatutária da ANABB, em 1992, os dirigentes da época decidiram colocar um artigo que reconhece o direito e o dever dos sindicatos de representar os trabalhadores do Banco nas questões trabalhistas. O óbvio para não deixar dúvidas. Quando assumi a direção da ANABB, tendo vindo do movimento sindical, também fui acusado de estar na ANABB para transformá-la num sindicato. Eu criava mais polêmica quando respondia que a ANABB era uma entidade muito importante para virar sindicato. Pura provocação. O tempo se encarregou de provar que o sindicato tem o seu papel, da mesma forma que a ANABB conquistou o seu lugar e a sua importância. A ANABB já moveu ações contra o Banco, contra a Previ, contra a Cassi e contra os governos. Numa das próximas edições do nosso Jornal Ação estaremos relembrando cada uma delas. “O tempo se encarregou de provar que o sindicato tem o seu papel, da mesma forma que a ANABB conquistou o seu lugar e a sua importância.” Isa Musa de Noronha é vice-presidente da UNAMIBB e Presidente da FAABBFederação das Associações de Aposentados do Banco do Brasil. Isa Musa - Nós nos conhecemos bem. Já estivemos do mesmo lado em eleições (Cassi 98) e em lados opostos muitas vezes. Sempre admirei a ANABB e defendo sempre nossas entidades. Acredito que são as instâncias de defesa dos interesses de ativos e aposentados do BB. Tanto que sou filiada não só à ANABB, mas também à UNAMIBB, AAFBB, AFABH, SATÉLITE, COOPERFORTE e AABB BH. Combato, nos grupos de discussão na internet, as idéias de desfiliação da ANABB que alguns desafetos tentam fazer vingar. Vejo isso como aquela história da “raposa e as uvas”: essas pessoas gostariam de dirigir a ANABB e, como não conseguem vencer as eleições para o Conselho Deliberativo e mudar a ges- tão ficam atirando pedras. Claro que todos têm o direito de não concordar com determinados atos da sua gestão e, aqueles que não concordam com quase nada devem procurar juntar os que pensam assim e lançar candidatura e tentar vencer. É por nutrir enorme apreço pela ANABB que insisto: a ANABB tem todas as condições objetivas para ser o grande baluarte da defesa do funcionalismo do BB. Note que os Sindicatos hoje são braços da política de governo. Desde quando não se fala, neste país, de greve de metalúrgicos, greve de petroleiros? Essas eram categorias combativas. Hoje a CUT as amordaça da mesma forma como abafa toda fagulha de reação de bancários de bancos públicos. Mas, o senhor e nossa ANABB ultimamente têm preferido cair nos braços do famigerado Campo Majoritário e invariavelmente saem de mãos dadas nas eleições Previ. Falta coragem de arriscar ou desapego ao poder que os cargos na Previ oferecem? Estou convicta de que a ANABB venceria esse “braço amado do PT” (não é engano: é AMADO mesmo!) se arriscasse bater chapa contra eles e, quem sabe? Talvez pudesse buscar outras alianças: nossas oposições bancárias e algumas de nossas Associações de Aposentados que historicamente questionam a gestão da Previ. A ANABB daria um salto extraordinário para conquistar aliados e associados e ganharia ainda mais respeitabilidade. Ação Ação Março Março 2008 2008 || 17 17 MEIO-AMBIENTE “Rendo a todos a minha homenagem e é com eles que eu quero estar. O dia que nós estivermos juntos nas idéias, nós vamos estar juntos de corpo e alma. Enquanto nós estivermos divergindo nas idéias, eu não vou fazer aproximações porque sou a favor ou contra esse governo. Eu vou ser sempre a favor do funcionalismo do Banco do Brasil” O meio-ambiente em suas mãos Pequenos gestos podem contribuir para a preservação da natureza. Você está fazendo sua parte? por Tatiane Lopes Veja na última revista “Carta Capital” que Sérgio Rosa foi “enquadrado” pela Ministra Dilma nas negociações da compra da Brasil Telecom pela Oi, que resultará em uma companhia telefônica com faturamento superior a 20 bilhões de reais por ano. Pois é a ministra Dilma Rousseff, quem de fato manda na Previ? E o Conselho Deliberativo da Previ não esperneia? Vale a pena, vale sua reputação e a da ANABB se juntar a esses que pautam os interesses da Previ segundo os interesses do Governo? Valmir Camilo - Isa, eu costumo dizer que nem todo mundo é santo que não tenha um dia de demônio e nem tão demônio que não tenha um dia de santo. Aprendi a ver santos e demônios em todos os cantos. Como dirigente da ANABB, tenho que ter uma posição. Como conselheiro deliberativo da Previ, tenho que ter uma posição. Tenho procurado pautar minha vida de responsabilidade com o funcionalismo do BB em todos esses momentos. Já estive junto com você e com o campo majoritário e já estive como adversário, porque as discussões são pontuais. Elas têm a ver com o que interessa para o funcionalismo. Em determinados momentos, tem um grupamento de pessoas que defende o que interessa para 18 | Ação Março 2008 o funcionalismo e nós estamos juntos. Num outro momento, o que interessa para o funcionalismo é outra coisa que tem outro grupamento de pessoas. E nós estaremos juntos. Estou convencido que estar junto e defender a Cassi era defender sua reforma estatutária. Era defender o aporte de recursos do Banco de R$ 300 milhões, era equilibrar o plano de associados, era botar no estatuto que o Banco tem responsabilidade com os aposentados - porque o TCU esta querendo que os aposentados sejam retirados da Cassi. Nós vamos defender esse estatuto e as condições de melhorias que a Cassi sofreu com essa alteração, que foi aprovada pela maioria absoluta do funcionalismo. Então, na Cassi não era possível estarmos juntos, porque você apoiou as pessoas que queriam o caos da Cassi, queriam o fim da Cassi, queriam o não pelo não. Isso não quer dizer que me senti menor, porque junto comigo tinha gente do partido A, do partido B, da corrente C, da corrente D. O que importava para mim era estar a favor da Cassi, venham de onde vier, falem a língua que tiverem que falar, tenha a origem que tiver, venham do movimento ou não venham, sejam anônimos, sejam importantes, sejam ministros de estado ou seja um aposentado que saiu de porta em porta pedindo para aprovar o estatuto da Cassi. Rendo a todos a minha homenagem e é com eles que eu quero estar. O dia que nós estivermos juntos nas idéias, nós vamos estar juntos de corpo e alma. Enquanto nós estivermos divergindo nas idéias, eu não vou fazer aproximações porque sou a favor ou contra esse governo. Eu vou ser sempre a favor do funcionalismo do Banco do Brasil. “Vale a pena, vale sua reputação e a da ANABB se juntar a esses que pautam os interesses da Previ segundo os interesses do Governo?” “A natureza é inexorável, e vingar-se-á completamente de uma tal violação de suas leis.” Com essa afirmação, o indiano Mahatma Gandhi, no início do século 20, já especulava que a humanidade poderia sofrer num futuro bem próximo caso violasse os limites impostos pelo meio-ambiente. O que se percebe é que esse limite foi ultrapassado, e muito. O mundo parece começar a acordar para este fato e a responsabilidade ambiental passou a não ficar limitada a apenas a esfera governamental e empresarial, mas também individual. O que você, no seu dia-a-dia, prejudica o meio-ambiente? O que você pode fazer para minimizar este impacto? Essas são perguntas que devem ser feitas e, você vai perceber que pequenos gestos podem ajudar muito a Mãe Natureza. No Brasil, temos a maior quantidade de água doce do mundo: quase 14% de toda a reserva do planeta. Mas tratamos muito mal uma das nossas maiores riquezas. Uma pesquisa do IBGE de 2002 revelou que 47,8% dos municípios brasileiros não coletam nem tratam o esgoto. A sujeira vai parar nos rios. Outro dado é que a demanda da humanidade é 25% maior do que a oferta de recursos naturais, o que ameaça a capacidade de regeneração do planeta. As conseqüências do nosso comportamento estão estampadas nos noticiários, como aumento recorde da temperatura, derretimento de geleiras, elevação do nível dos oceanos ameaçando cidades próximas ao nível do mar, desertificação, maior número de incêndios florestais, aumento da força e da freqüência de tufões, ciclones e furacões devido ao aquecimento das águas dos oceanos. No entanto, nem tudo está perdido. Ainda existem soluções e a primeira delas é a urgente retomada de consciência por parte de cada cidadão. Para agir de forma sustentável devemos ter consciência de que nossas relações sociais atingem a realidade à nossa volta. Por isso, nas próximas páginas você terá dicas de como valorizar o meio-ambiente e descobrir qual o retorno dessas ações na melhoria da qualidade de vida. Novas atitudes am- Isa Musa de Noronha é Vice-Presidente da UNAMIBB e Presidente da FAABB-Federação das Associações de Aposentados do Banco do Brasil. Ação Março 2008 | 19 bientalmente responsáveis e a mudança de comportamento podem conduzir ao uso sustentável dos recursos naturais do planeta. “Evite o desperdício, reduza o consumo, recicle sempre que possível e cuide bem do seu jardim. Ensinar isso às crianças é fundamental na construção dos hábitos das próximas gerações”, aconselha a bióloga Tatiana Brisolla. Novos Conceitos Imagine sua vida sem ar ou água. Certamente, você viveria pouco tempo. Nesse simples exemplo, dá para perceber o quanto somos dependentes do meio ambiente. O alerta é que cada cidadão fique atento e saiba o porquê de se preservar a natureza, evitar o desperdício de água, energia, combustível, papel, alimentos e outros recursos; além de incentivar a redução do lixo, o reaproveitamento, a coleta seletiva e o consumo responsável. Reduzir, reutilizar e reciclar são palavras que representam o primeiro passo para grandes mudanças. São pequenos gestos que começam em casa, se estendem ao trabalho, chegam nas empresas, no governo e ganham os holofotes do mundo inteiro. » Evite pegar mais saquinhos dos que os necessários no mercado; que tal aderir à moda e levar a sua própria sacola de pano (que são até mais resistentes). » Utilize o mínimo necessário de papel. Evite imprimir sem necessidade. » No trabalho utilize videoconferências para evitar viagens. » Evite deixar a torneira aberta ao fazer a barba, escovar os dentes ou lavar a louça. E nem pense em usar mangueiras para lavar calçadas, quintais e carros. » Só use a máquina de lavar com a 2020 | Ação | Ação Março Março 2008 2008 carga máxima de roupas. » Não jogue óleo de frituras ou restos de comida em pias ou na privada, pois pode causar entupimentos e dificulta o tratamento do esgoto. » Não jogue lixo nas ruas, nos lagos, córregos, rios e mar. Uma latinha jogada pela janela do carro, por exemplo, é arrastada pela chuva, entope bueiros, causa enchentes e prejudica a qualidade da água. » Novos edifícios com hidrômetros individuais por apartamento, estimulam a economia de água e a conta é mais justa pois cada família só paga o quanto consome. » Pesquise receitas de alimentos a base de cascas de frutas e talos e folhas de verduras. » Prefira veículos movidos a álcool, biodiesel ou modelos bicombustíveis (híbridos / flex). Fique de olho na manutenção do seu veículo. Um motor mal cuidado pode consumir 50% mais combustível e produzir 50% mais CO2. Se você dirige 20.000 km por ano, reduza sua rodagem em 10%. Experimente deixar o carro em casa e tente alternativas como ir a padaria a pé. Essas medidas ajudam a despejar menos CO2 no ar. » Procure adquirir eletrodomésticos com maior eficiência energética. Na compra de eletrodomésticos, verifique se o produto tem o selo Procel (nas marcas nacionais) e Energy Star (nas importadas). » Desligue luzes e equipamentos quando não estiverem sendo utilizados. Evite deixar computadores ligados 24 horas por dia e configure-os para que desliguem seus monitores quando estão em espera; quando possível troque as lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes, elas duram até 10 vezes mais e economizam até um terço de energia. » Prefira escadas, em vez de elevador. » Recicle sempre. Separe o material reciclável do seu lixo: Em 15 minutos, 280 litros de água escorrem para o ralo. Torneira aberta sem uso é água limpa que vai para o esgoto. Alguns estudos indicam que um litro de óleo pode contaminar até um milhão de litros de água. O melhor é colocar o óleo utilizado numa garrafa de plástico, fechá-la e colocá-la para coleta seletiva. Existem entidades que até coletam o óleo para a produção de sabão, detergente, glicerina e biodiesel. * o que pode ser reciclado: garrafa e pote de vidro, garrafa PET, sacola de plástico, filme plástico e embalagem, lata de alumínio, embalagem de marmitex, embalagem longa-vida, isopor, lâmpada incandescente e fluorescente. *o que não pode ser reciclado: vidro refratário de panela e travessa para microondas, espelho, lenço de papel, papel higiênico, absorvente, fralda descartável, louça, barbeador descartável, papel-carbono, etiqueta adesiva, cabo de panela, tomada, esponja de aço. » Evite produtos muito embalados. » Não queime lixo doméstico. » Plante árvores. Elas são aspiradores naturais de gás carbônico. Uma árvore pode absorver até uma tonelada de CO2 durante sua vida. Além disso, elas proporcionam sombra e amenizam a temperatura dentro das residências, o que reduz o uso de condicionadores de ar ou ventiladores. De acordo com a consultoria Max Ambiental, uma pessoa que roda 20 quilômetros por dia num carro 1.0 movido à gasolina emite 1,87 tonelada de CO2 por ano. Para neutralizar essas emissões, precisa plantar nove árvores, a cada ano. Só uma ida e volta na ponte aérea Rio-São Paulo exige o plantio de uma árvore por passageiro. Você pode calcular sua emissão anual de CO2 e a quantidade de árvores por ano que deverá plantar a fim de neutralizar os gases de efeito estufa emitidos no site http://www.florestasdofuturo.org.br Lar ecológico Arquitetos podem projetar construções ecológicas utilizando madeiras de reflorestamento, energia solar, reaproveitamento da água, tecnologia para captação de chuva, camada de terra com vegetação para diminuir o aquecimento interno, sensores de presença para iluminação, ampla ventilação (janelas), tijolos de vidro e telhas translúcidas para aproveitar a luz natural etc. O CO2 é o gás que mais contribui para o aquecimento global. Entre os possíveis impactos do aquecimento global no Brasil previsto por pesquisadores brasileiros do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) estão: nos próximos anos, as regiões Sul e Sudeste vão sofrer com chuvas e inundações cada vez mais freqüentes; a floresta Amazônica pode perder 30% da vegetação, por causa de um aumento na temperatura que vai de 3ºC a 5,3ºC até 2100; no Nordeste, até o fim do século, a variação deve ficar entre 2ºC e 4ºC; o nível do mar deve subir 0,5 metro nas próximas décadas e 42 milhões de pessoas podem ser afetadas. CONTRIBUIÇÃO PARA A NATUREZA : 50 kg de papel velho = uma árvore poupada 1.000 Kg de papel reciclado = 20 árvores poupadas 1.000 Kg de vidro reciclado = 1300Kg de areia extraída poupada 1.000 Kg de plástico reciclado = milhares de litros de petróleo poupados 1.000 Kg de alumínio reciclado = 5000Kg de minérios extraídos poupados Fontes: Planeta Sustentável e Portal Natureba Ação Março 2008 | 21 MEMÓRIA PARABÓLICA ZERO E DEZ Mínimo fora do real O reajuste de 9,2% no salário mínimo, que passou de R$ 380,00 para R$ 415,00, está acima da inflação, mas o valor do novo mínimo passa longe de ser o ideal para cobrir os custos de uma família, como previsto na Constituição Federal, aponta pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Pelo estudo, o salário mínimo no início deste ano deveria ser de R$ 1.924,59. “Isso é uma estimativa de quanto deveria ser o salário mínimo para haver uma reposição de força de trabalho digna”, afirmou José Maurício Soares, economista do Dieese. No Brasil, mais de 12 milhões de aposentados e pensionistas do INSS recebem o salário mínimo. Superávit do Plano 1 é de R$ 52,9 bilhões “No ano em que as contribuições foram suspensas e pagamos R$ 5,3 bilhões em benefícios, terminar o ano com patrimônio de R$ 137,1 bilhões significa crescimento real de um plano maduro”. Assim o presidente da Previ, Sérgio Rosa, resumiu a evolução de 215,1% do Plano 1, desde 2002. O superávit consolidado do Plano 1 totalizou R$ 52,9 bilhões. Desse total, 25% ou R$ 15,52 bilhões integram a Reserva de Contingência e o restante, R$ 37,41 bilhões estão alocados na Reserva para Revisão do Plano, utilizada para realizar melhorias nos benefícios. A utilização do superávit começou em 2006 com a redução da Parcela PREVI (PP) e o aumento do benefí- cio mínimo, além do corte de 40% nas contribuições e da diminuição da taxa de juros para 5,75%. No ano passado, foi definido o uso do superávit para mudar a tábua atuarial para a AT-83, suspender as contribuições, elevar o teto de contribuição de 75% para 90%, alterar a fórmula de cálculo do complemento Previ e pagar benefício especial para quem contribuiu por mais de 30 anos. 21 anos de sucesso A maior publicação da ANABB completou seus 21 anos em março de 2008. O jornal da entidade, criado em março de 1987, foi batizado como Ação na sua terceira publicação, em outubro daquele ano. Desde então, o jornal passou a ser referência entre as publicações direcionadas ao funcionalismo do Banco do Brasil. Prestes a atingir a edição nº 200, o Ação é distribuído em todo o Brasil e chega a casa de milhares de associados. Informação de qualidade e de interesse dos bancários do BB são marcas registradas do jornal da maior Associação da América Latina. Fonte: Previ CONGRESSO Fonte: Agência Brasil, com adaptações Investimento em cidadania A Fundação Banco do Brasil está empenhada no desenvolvimento social de comunidades carentes. Uma tecnologia social, de saneamento básico na área rural, está modificando a vida de famílias que vivem nos municípios ocupados pela usina hidrelétrica de Corumbá IV, em Goiás. O objetivo é substituir as fossas negras das propriedades rurais - responsáveis pela disseminação de inúmeras doenças, como diarréia, hepatite e cólera - por fossas sépticas biodigestoras, que tratam o dejeto humano e produzem adubo orgânico líquido para culturas perenes. Fonte: Com informações do site Pauta Social 22 | Ação Março 2008 Câmara aprova obrigatoriedade da contribuição sindical A Câmara dos Deputados rejeitou no dia 11 de março a emenda que acabava com a obrigatoriedade da contribuição sindical dos trabalhadores. Foram 234 votos pela obrigatoriedade da contribuição e 171 contrários. Com isso, os trabalhadores continuam sendo obrigados a pagar a contribuição sindical. Durante a votação do projeto de lei que legaliza as centrais sindicais e que reconhece as organizações como entidades de representação dos trabalhadores, os deputados aprovaram as emendas do Senado ao projeto. A proposta já havia sido aprovada pela Câmara em 17 de outubro do ano passado, mas foi alterada na votação dos senadores. Na primeira votação da Câmara, os deputados aprovaram emenda do deputado Augusto Carvalho (PPS-DF) que acabava com a obrigatoriedade da contribuição sindical dos trabalhadores. Mas na votação no Senado, a emenda foi rejeitada e na nova votação na Câmara, os deputados mantiveram o texto aprovado pelos senadores. Segundo o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDTSP), entre as vantagens da proposta está a possibilidade de reunir todas as categorias em uma única organização. Além disso, as centrais poderão representar os trabalhadores na justiça comum e na federal, “inclusive recorrer diretamente ao Supremo Tribunal Federal”. Atenção redobrada A Receita Federal alertou que, mais uma vez, golpistas estão aproveitando o momento da entrega da declaração do Imposto de Renda (IR) para enviar mensagens falsas, com o objetivo de obter os dados bancários dos contribuintes e utilizá-los indevidamente. O órgão reafirmou que nunca, em nenhuma hipótese, envia e-mails aos contribuintes, que devem alertar à polícia quando receberem mensagens como estas. Caso o contribuinte tenha dúvidas, pode ligar para o Receitafone (0300-7890300), que atende todos ao custo de ligação local. A Receita espera receber 24,5 milhões de documentos até o dia 30 de abril. Em 2007, o número de declarações entregues até o prazo foi de 23,270 milhões. Fonte: O Globo NO CRAVO E NA FERRADURA Declaração polêmica Um dia após se declarar favorável à privatização da Infraero, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, defendeu a privatização do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, além da abertura de concorrência para o setor de correios e telégrafos. Para ele, o governo deveria se desfazer de todas as empresas que não são estratégicas para a administração do país. O ministro, entretanto, fez questão de salientar que se trata de sua opinião, e que irá endossar a posição do governo caso este entenda que a Infraero deve ser uma empresa pública. Sou ministro disciplinado, completou Miguel Jorge. “Defendo a privatização não só da Infraero, mas de todas as empresas que não fazem parte do ‘core business’ do governo, que é a saúde, a educação e a segurança. No meu conceito pessoal, inclui bancos. No caso dos Correios, vários países têm esse departamento privatizado”, disse ele, com a ressalva de que se trata de uma opinião pessoal, e caso o governo defenda publicamente o contrário, irá seguir as decisões. Muitos questionam: será que o ministro não falou demais? Fonte: Globo Online com adaptações - 03/3 Será que é dessa vez? A taxação de grandes fortunas volta ao debate no Congresso na esteira da proposta de reforma tributária - ela é prevista pela Constituição desde 1988, mas precisa ser regulamentada para entrar em vigor. O Governo Federal quer ganhar o apoio para a iniciativa, prometendo dividir a nova arrecadação com estados e municípios. Há proposta de taxação para patrimônios superiores a R$ 1 milhão. O ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, diz que o imposto é uma “aberração” e induziria a “despatrimonialização” do país. Fonte: Jornal do Brasil – 03/3 Mudança na Lei do Trabalho A necessidade de comprovar períodos tão longos de experiência representa uma barreira para o mercado de trabalho, principalmente para os mais jovens. Mas, agora, isso pode mudar. Uma lei que começou a valer no início de março determina que os empregadores podem exigir, no máximo, seis meses de experiência. É uma complementação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que vale para quem tem carteira assinada. Os concursos para cargos em regime de CLT também não poderão exigir experiência maior do que seis meses. Para o professor de Recursos Humanos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Sérgio Amad, as mudanças podem atrapalhar as empresas que precisam de profissionais mais experientes, mas por outro lado, dá aos jovens mais chances de concorrer. Fonte: Jornal Nacional Ação AçãoMarço Março 2008 2008 ||23 23 BANCO DO BANCÁRIO BOAS RECORDAÇÕES E MUITA HISTÓRIA PARA CONTAR Não posso afirmar que foi uma carreira brilhante, mas me proporcionou muita satisfação pessoal Lá estava eu na agência do Banco do Brasil de Andradina (SP), cidade por mim escolhida, graças ao direito concedido como primeiro colocado no concurso, para tomar posse no quadro de auxiliar de escrita, em agosto de 1962. Ao longo de minha carreira, encerrada em abril de 1991, passei por todos os cargos de agência. Não posso afirmar que foi uma carreira brilhante, mas tudo que vivi nessa jornada me proporcionou muita satisfação pessoal, momentos de crescimento profissional. Servi como pude. Gostava e gosto do Banco, apesar de discordar do processo de modernização pelo qual a empresa passa, gerando dificuldades inerentes a processos de modificação. Realmente o Banco mudou, tem mudado e deverá mudar muito. No meu tempo o BB mudou. Na minha posse, a conta-corrente era lançada em fichas à mão. A grande revolução veio quando distribuíram as máquinas P600 para as agências. Na seqüência vieram as “NCR”. Aquelas sim, se tornaram a grande transformação da época. Faziam todo o serviço contábil: lançamentos, balancetes, balanços e também as diferenças do fim do dia. Incontáveis noites afora. Trabalhávamos com o lançamento do movimento do dia em uma bandeja da máquina e na outra uma pizza, devorada aos poucos na medida em que o serviço ia fluindo. Era nosso jantar. Minha vivência no Banco daria um livro, assim como a de vários colegas. Vou aqui citar alguns fatos curiosos que acho valer a pena. Costumava comentar o fato de o Banco do Brasil com seus 180 anos de existência não ter um símbolo e cores que o representassem. Tempos depois após um 24 | Ação Março 2008 “Gostava e gosto do Banco, apesar de discordar do processo de modernização pelo qual a empresa passa, gerando dificuldades inerentes a processos de modificação.” concurso, surgiu o símbolo que até hoje o representa com suas cores: azul e amarelo. Em outra situação, ao terminar o recebimento pela supridora, saímos com duas malas vazias e pedimos um táxi. Aguardávamos, ali na calçada, com as malas no chão. O táxi chegou, embarcamos e o motorista partiu. Perguntei ao colega: “E as malas você pegou?” Ele disse: Eu não e você ?... Fizemos o contorno, voltamos e lá estavam as duas malas, no chão, tal qual as havíamos deixado. Outros tempos. Já nos meus 67 anos de vida, hoje aposentado, só restam boas recordações, muitas histórias e muitas... muitas saudades... Manoel (nome fictício) Aposentado do Banco do Brasil Ingressou em 1962 em Andradina (SP) SEM RECONHECIMENTO Faltando apenas nove meses para minha aposentadoria, tiraram o meu cargo sem nenhuma explicação Trabalhei 30 anos no BB - de 1966 a 1996. Passei por diversos cargos comissionados por 22 anos consecutivos. Fiz dezenas de cursos. Meu trabalho era valorizado até mesmo por gestores competentes. Aposentei-me razoavelmente bem, devo admitir. Mas passei por alguns percalços que este canal, hoje, me possibilita relatar para sensibilizar - quem sabe? - os atuais diretores em benefício dos milhares de funcionários que, como eu, dedicam suas vidas ao BB. O trabalho no Banco no começo da minha carreira era muito valorizado pela empresa e pela sociedade. Contudo, quando chegou o neo-liberalismo, época da “caça aos marajás”, surgiram também as doenças relacionadas ao excesso de trabalho e a metas inatingíveis. Diverticulite precoce, hipertensão, diabetes, depressão (a LER ainda não tinha aparecido). O “maior patrimônio da empresa” trabalhava sem receber e sem lazer, enfrentando adversidades, superando desafios, sendo humilhado e desrespeitado a todo o momento. Faltando apenas nove meses para minha aposentadoria, a suprema humilhação. Como não podiam me jogar nos PDVs da vida, tiraram o meu cargo sem nenhuma razão e explicação e nomearam um caixa que tinha a tal da habilidade e depois o demitiram - o colega também ficou sem o cargo e sem a habilidade (seria essa a razão?). Eu me aposentei, embora fora do cargo. Quanto à situação dele, eu não sei. Hoje, luto para chegar aos 60 anos de idade com tratamento quimioterápico, combatendo um câncer de pâncreas e duodeno. Resumo minha vida bancária com versos do poeta Mário Quintana: A rua dos cataventos Da vez primeira em que me assassinaram Perdi um jeito de sorrir que eu tinha... Depois, de cada vez que me mataram, Foram levando qualquer coisa minha... E hoje, dos meus cadáveres, eu sou O mais desnudo, o que não tem mais nada... Arde um toco de vela amarelada... Como o único bem que me ficou. Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada! Ah! Desta mão, avaramente adunca, Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada. Aves da noite! Asas de horror! Voejai! Que a luz, trêmula e triste como um ai, A luz do morto não se apaga nunca. Celso Peito Macedo Aposentado do Banco do Brasil Ingressou em 1966 em Minas Gerais PARTICIPE! Envie seu depoimento sobre sua relação com o BB. Envie um e-mail para [email protected] ou uma carta para SCRS 507, bl. A, lj. 15 CEP: 70351-510 Brasília/DF. O assunto deve ser Banco do Bancário. Ação Março 2008 | 25 26 | Ação Março 2008 Ação Março 2008 | 27 carta do diretor O Superávit da CASSI Nos últimos 10 anos, superávit é o assunto para a Previ. O funcionalismo do Banco acabou se acostumando com a história de que suas duas principais entidades eram referenciadas como prima rica e prima pobre. A diferença de tratamento dada pelo Banco entre as duas era evidente até mesmo na indicação de seus representantes para os quadros de direção da entidade. No período de 10 anos foram poucos os diretores Administrativo e Financeiro da Cassi, indicados pelo Banco, que suportaram mais de 1 ano no cargo, uma rotatividade que só não aconteceu no caso dos diretores eleitos. Lessivan Pacheco, por exemplo, que foi diretor da Cassi durante o período de 1998 a 2006, era diretor do Sindicato dos Bancários de Salvador (BA), cumpriu 8 anos de mandato, saiu da Cassi e do Banco do Brasil, aderindo ao pacote de benefícios criado para os altos executivos, colocou no bolso um caminhão de dinheiro e foi criar bois no interior da Bahia. Aliás, é de lá que vem também o candidato a diretor pela Chapa 3 na Cassi, diretor do Sindicato de Salvador, liberado de suas funções pelo Banco e dono de uma Clínica de Fisioterapia e Acupuntura. Nos últimos 10 anos, a Cassi apresentou déficit no Plano de Associados, um período marcado pelo enfrentamento entre os dirigentes eleitos e indicados, onde a fragilidade dos dirigentes indicados esbarrava na incapacidade das partes em construir alternativas e o NÃO foi a tônica de uma década de gestão na Cassi. O grupo político do ex-diretor e do atual candidato a diretor pela Chapa 3, continuou dizendo NÃO para a Cassi. Quer agora, com um discurso sem fundamento técnico, continuar a política da negação, na esperança de travar a gestão da Cassi pelos próximos 4 anos. A maioria absoluta dos associados da nossa Caixa de Assistência disse SIM pra Cassi. É preciso que esta mesma maioria continue dizendo SIM pra Cassi. O retrocesso pode colocar a Cassi, de novo, no caminho do enfrentamento vazio e inconseqüente, com graves prejuízos para seus usuários. Enquanto o time da negação poderá, quem sabe, seguir a vida, fora do Banco, criando bois ou cuidando de sua clínica. A primeira grande mudança na Cassi já foi percebida. O Plano de Associados tem SUPERÁVIT. É, o superávit é da Previ e da Cassi, também. Podem comemorar. A turma do NÃO continua agredindo a maioria que aprovou as mudanças, dizendo que “se não foi preciso usar o aporte de R$ 300 milhões do Banco e, ainda assim, o plano registrou superávit, então não existia déficit!”. O que mostra que eles, até agora, não entenderam as propostas de mudança. Caso não tivessem sido aprovadas, o DÉFICIT do Plano de Associados seria de R$ 57 milhões. Vamos fazer conta: R$ 64 milhões pela contribuição sobre o 13° salário (R$ 38,4 milhões do Banco e R$ 25,6 milhões do funcionalismo), R$ 18,5 milhões da parcela de 1,5% sobre os salários dos funcionários admitidos pós-98 (contribuição exclusiva do Banco) e R$ 11,5 milhões pela cobertura do déficit dos dependentes indiretos (contribuição igualmente exclusiva do Banco). Vamos fechar as contas: total das contribuições adicionais R$ 94 milhões, menos superávit de R$ 37 milhões. Logo, sem as contribuições adicionais o déficit seria de R$ 57 milhões. Com as reservas recompostas pelos R$ 300 milhões por parte do Banco, com o Plano de Associados em equilíbrio, vai ser possível retomar os investimentos na Cassi, que foram paralisados por absoluta falta de recursos – era gastar com investimentos ou pagar as contas do custeio (médicos, hospitais, laboratórios, clínicas etc). Podemos, por exemplo, investir numa nova Central de Atendimento 0800. Ela foi dimensionada com equipamentos e pessoal para atender pouco mais de 100 mil ligações por mês e tem que atender, hoje, mais de 300 mil. Parabéns aos associados da Cassi, sejam eles aposentados, pré-98 ou pós-98, que tiveram a coragem de mudar a história da nossa Caixa de Assistência. Continue dizendo SIM pra CASSI. GRAÇA MACHADO é diretora de Relações Funcionais, Aposentadoria e Previdência - [email protected] 28 | Ação Março 2008