2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE Monte Aprazível, EXTRATO DE ATA DE AUDIÊNCIA PÚBLICA DATA: 12 DE MAIO DE 2010 – QUARTA FEIRA HORÁRIO: 09 HORAS LOCAL: Plenário Francisco de Paula Filho – Câmara Municipal de Monte Aprazível, ENDEREÇO: Praça São João, s/n – centro TEMA: poluição do ar proveniente de odor que invade a área urbana desta cidade de Monte Aprazível, mormente às margens da represa, córrego Água Limpa e bairros adjacentes. Ata de Audiência Pública, realizada pela Promotoria de Justiça do Meio Ambiente de Monte Aprazível, no plenário Francisco de Paula Filho, Câmara Municipal desta cidade, no dia 12 de maio de 2010, às 09 horas, sob a Presidência da Dra. Daniele Ramia Negrão, DD. 2ª Promotora de Justiça da comarca. Composta a mesa pelo Dr. André Luiz Nogueira da Cunha, DD. 1º Promotor de Justiça da comarca, Dr. Evandro Ornelas Leal, representante dos moradores, Ricardo da Rosa e Silva Cypriano, representante da empresa Minerva S/A – Unidade Couros Monte Aprazível, Éder Toyodi Yoshimatsu, representante da SABESP, Engenheiro José Benites de Oliveira, Gerente da CETESB-SJRPreto, José Mário Ferreira da Silva, técnico da CETESB, Rita de Cássia Gallo, Secretária Municipal do Meio Ambiente, Luiz Carlos de Melo, Comandante da Polícia Militar desta cidade, Dra. Carla Alessandra Rodrigues Rubio, presidente da 138ª Subsecção da OAB, e a engenheira de Materiais Adriana Amadeu Pinatti, o arquiteto e urbanista Márcio Moreira Alves de Oliveira e o químico Agnelo Marcílio Zagato, moradores desta cidade e solicitantes de espaço à mesa para exposição dos temas: verdadeiros riscos que um curtume oferece aos moradores, novos caminhos aos funcionários, caso a empresa deixe de exercer as atividades na cidade e informações técnicas do sistema de poluição e características dos gases emitidos pelo processo de curtimento de couros. Iniciados os trabalhos às 09h20min, a Presidente cumprimentou os presentes e expôs os objetivos da audiência que são esclarecer a população a respeito das medidas adotadas para resolver o problema do odor e coletar elementos juntos à comunidade e técnicos, que auxiliem em decisão tomada para solução do caso. Esclarecimentos: Ao assumir a 2ª Promotoria de Justiça em setembro de 2007, já existia inquérito civil tratando de lixo industrial enterrado irregularmente nas dependências da empresa e em outras áreas. Houve tratavias no sentido de firmar TAC com a empresa que assumiu as atividades do curtume, a IFC, no entanto, tal empresa não levou o arrendamento adiante. Em seguida, houve arrendamento da planta do curtume pela empresa Minerva S/A, que assumiu o compromisso de retirar o lixo enterrado na administração do antecessor, Alfeu Crozato Mozaquatro. Há prazos para a retirada do passive ambiental, alguns já cumpridos e outros prazos a vencer. Há, também, inquérito policial para investigar o responsável pelo enterro de residuos industriais inadequadamente (crime de poluição ambiental). Há que se falar, também sobre o trabalho já realizado pela Minerva, qual seja: retirada de residuos das áreas denominadas matinha, lagoa e oficina. Também faz parte do TAC a obrigação de armazenar, tratar e destinar adequadamente seus residuos gerados pela sua produção industrial (cláusula 5.2 do TAC), com multa diária em caso de descumprimento. Ressalto que a empresa foi autuada pela CETESb por diversas vezes e que a Promotoria considera a cláusula 5.2 do TAC descumprida, que fala de odor, poluição da água e solo e há multa diária pelo descumprimento de tais obrigações. Em razão de descumprimento, foram ajuizadas duas ações de execução, uma no valor de R$334.500,00, cujo valor está bloqueado da empresa. Houve embargos, que foram, julgados improcedentes em 1º grau. Houve também outra ação requerendo a paralisação das atividades da empresa, para melhorias técnicas no sentido de armazenar, tratar e destinar adequadamente seus resíduos industriais. Em 25.08.09, o MM. Juiz da 1ª Vara Cível determinou a paralisação da empresa, até que a empresa comprovasse adequação técnicas. Houve a instauração de termo circunstanciado em virtude da empresa funcionar sem licença de operação, procedimento no qual a Minerva se compromete a realizar todas as adequações necessárias para a regularização do licenciamento. Durante este período de paralisação a Minerva apresentou documentação comprovando melhorias técnicas implantadas, tais como sistema de tratamento em condições de operação, atestado pela CETESB, e a necessidade de voltar a operar para testar o sistema. Em outubro-2009 foram retomadas as atividades da Minerva, para testar a eficiência do sistema. Foi também requisitado inquérito policial para apurar eventual crime ambiental, poluição de ar, solo e água, já com denúncia na presente ocasião. Foi determinado que a CETESB realizaria fiscalizações periódicas, para verificar a eficiência do sistema – o que tem sido feito. Em laudo de fevereiro/2010 a própria CETESB já anunciava a inviabilidade do empreendimento. Por ocasião do agendamento de Audiência pública, ainda não havia laudo conclusivo da CETESB, o que foi apresentado ontem, com a informação de que, especialmente em razão do odor, não será concedida a licença de operação. Ressalto que em nenhum momento houve omissão por parte da Promotoria, que foram adotadas várias medidas, inclusive paralisando as atividades da empresa. Por outro lado, a Promotoria necessita de um laudo técnico para embasar qualquer pedido de fechamento ou paralisação das atividades, o que ainda não havia. Sempre houve laudos técnicos por ocasião dos pedidos, tanto de paralisação, quanto da volta às atividades. Embora a população reclame, tudo caminhou para solução do problema e em nenhum momento houve omissão no agir do MP. É preciso ressaltar que existe um passivo ambiental enterrado, que precisa ser retirado, considerando a toxicidade do seu conteúdo e possibilidade de contaminação do solo e lençol freático. Existe laudo da CETESB que fala sobre o passivo, lembrando aos presentes que qualquer cidadão poderá ajuizar ação popular, com base no artigo 5º da Constituição Federal. Cabe informar, também, que temos ação civil púlbica no sentido de implantar e regularizar o funcionamento da ETE da Sabesp, no sentido do desativamento da ETE antiga e regularização do odor gerado pela ETE nova, porque também está gerando odor. Finalmente, agradeço a presença de todos. Dada a palavra à CETESB, foram feitos os cumprimentos de praxe e apresentando as seguintes informações: após o reinício das atividades, foram atendidas 225 reclamações da comunidade, com acionamento do plantão e movimentação por 25 vezes dos técnicos do plantão. Em 04.02.2010 e 13.04.2010 foram constatados episódios de odor, que geraram autos de infração por parte deste órgão. Nos dias 06.01.2010 e 13.04.2010 houve a pernoite dos técnicos nesta cidade, sem constatação de odor. No período de 04.04 a 23.04 foi efetuado levantamento comunitário em 8 bairros afetados pelo odor. Foram entrevistados cerca de 103 moradores, aleatoriamente e que não fazem parte dos reclamantes habituais. Destes, 77 sentem o odor, 46 afirmam que o odor é proveniente da Minerva e 13 afirmam que o odor é proveniente da ETE da Sabesp. Os locais de maior incidência são os bairros às margens da represa municipal, vila Áurea, Jardim Aprazível e centro da cidade. Ressalta que o grupo Minerva realizou investimentos na empresa, retirou residues enterrados pelos antecessores, no entanto, depois de vencida a licença de operação a título precário, não conseguiu resolver o problema do odor. Dada a palavra à empresa Minerva, Cypriano, representante da empresa, menciona sobre os investimentos realizados pela empresa e da retirada dos residuos industriais enterrados pela administração anterior. Informa sobre a seriedade e solidez da empresa e esclarece que a divisão couros funciona em Monte Aprazível e no Paraguai, exportando para Europa e Ásia. A unidade de Monte Aprazível conta com 130 funcionários, além da utilização do comércio da cidade, tais como prestação de serviços, hotéis, restaurantes. Houve grande investimento da empresa na estação de tratamento e em razão da empresa, Monte Aprazível é conhecida na Itália e no Oriente pela sua produção de couros. Ato continuo, Cypriano transmite rápidas informações técnicas sobre o processamento do couro. Esclarece que inicialmente a planta não tinha condições de uso e que em maio/2009 houve a proibição do uso da água de caleiro no solo – alias, único curtume do Estado com esta proibição – cuja conseqüência principal é a sobrecarga do sistema de tratamento, gerando maior quantidade de sufetos e sulfatos, aumentando a geração de odor. Em agosto de 2009, o sistema de tratamento contava com 51% de eficiência, ocasião em que foi determinado o fechamento da empresa. Em abril de 2010, ao realizarem a abertura dos pontos para identificar os residuos enterrados na oficina, houve odor, ocasião em que foram autuados pela CETESB. Na última coleta da CETESB foi constatado 93% de eficiência do sistema de tratamento das águas residuárias. Expôs sobre a quantidade de residuos já retirados pela empresa, 3.600 toneladas até a presente data, faltando, ainda, cerca de 1.220 toneladas. Atualmente a empresa conta com as lagoas de tratamento limpas e trabalham com lodo ativado. Fala também sobre os tratamento utilizados e os investimentos direcionados ao sistema de tratamento, com utilização de bicos pulverizadores para captar eventuais emissões de gás sulfídricos, aluguel de equipamento para medição do gás, o que foi feito, por técnico da própria empresa, em vários pontos internos da cidade, nos bairros em que mais acontecem as reclamações, bem como verificação de diversos pontos internos de grande emissão de gás. Ressalta que a empresa nunca foi omissa em relação à estação de tratamento e sempre busca soluções. Também que não param de trabalhar neste sentido. Esclarece que, embora a CETESB tenha sido, em primeira vista, contrária à remoção do passivo da oficina, optaram pela retirada, em razão do compromisso assumido com o Ministério Público. Pelo Dr Franklin, advogado da empresa, após os cumprimentos de praxe foi ditto que a empresa assumiu um compromisso de limpar aquilo que não sujou. Reforça que a empresa está cumprindo o TAC e que não pretendem causar transtorno para a cidade, ao contrário. Dada a palavra ao Dr. Evandro, após os cumprimentos, esclareceu que é morador da área afetada pelo mau odor. Tranquiliza a Promotoria quanto ao questionamento sobre sua atuação, porque analisando os autos, percebe que tudo foi feito com base em um trabalho sério, procurando resolver os problemas do odor, da poluição do solo e da água e que ele próprio, pessolamente, esclareceu as pessoas sobre a parte técnica da ação do Ministério Público. Faz uso da palavra, neste momento, para expor os problemas dos moradores. Em síntese, expõe sobre o laudo da CETESB onde há a informação de que o mau cheiro gera apenas mau estar – esclarece que vai além do mau estar – matérias norte americanas colhidas na internet informam sobre acidentes gerados pelo gás sulfídricos nas imediações de empresas que o usam – há registros até de morte pela permanência com o gás. Há estudos que mostram que a concentração a que estamos expostos já é suficiente para causar mal estar como dores de cabeça, etc.. Relata casos de transtornos suportados pelos moradores e afirma que se trata, sim, de problemas de saúde. Transmite, em síntese, como representante dos moradores, suas reclamações – permeando com informações coletadas nos artigos que pesquisou. Outra questão: As reclamações da população não são apenas sobre a abertura das valas da oficina, para retirada do lixo enterrado – ela acontece pelo menos, desde dezembro de 2009. Reafirma que os moradores incomodados não estão apenas querendo “infernizar” a vida dos técnicos da CETESB; entram em contato porque realmente há um odor incomodativo e prejudicial à vida da comunidade. Faz breve relato sobre o encontro de alto parâmetro de cromo nas águas do Água Limpa. Afirma que nem sempre as constatações da CETESB refletem a realidade – muitas vezes acontece dela não perceber o odor que perdurou por longo periodo, para incômodo da população. Por fim, afirma que não é objetivo da população fechar a empresa – no entanto, querem viver em paz com suas atividades. O incômodo maior é quando se está em sua casa e não se pode desfrutar do conforto de seu lar. Solicita maior investimento ainda, para uma convivência pacífica entre a empresa e a população – novamente ressalta que não pretendem fechar a empresa, apenas solucionar o problema – é aplaudido pelos presentes. Rita de Cássia Gallo, Assessora Municipal do Meio Ambiente, após os cumprimentos iniciais, esclarece que está presente nesta Audiência como representante do Prefeito Municipal, impossibilitado de comparecer por se encontrar em reunião com Assessores de Saúde, em busca de verbas para melhorias no Município. Relata conversa havida entre o Prefeito e Diretores da Minerva, no sentido de apressar o cumprimento do TAC e conseqüentemente, a retirada do passivo. Em meio a sua exposição é atravessada pela pergunta do Dr. Robledo de Moraes que pergunta sobre eventual documentação comprovando esta conversa. Éder Toyodi Yoshimatsu, engenheiro da SABESP, após os cumprimentos expõe sobre as instalações da antiga ETE – SABESP, muito próximo da área urbana. Atualmente já foi construída uma nova estação, mais distante. Tem consciência da emissão de odor pela nova estação, no entanto estão instalando aeradores para solucionar o problema, esclarecendo as dificuldades que uma empresa pública enfrenta para resolver tais questões, em razão de licitações, etc.. Há, também, pesquisas sobre produtos lançados na rede de esgotos, que dificultariam o processo de tratamento na estação. Expõe sobre parte técnica da nova ETE e esclarece o processo de retirada e desativação da ETE antiga. Finalmente, acredita que a Sabesp está fazendo sua parte afirmando que a ETE nova não provoca odor e que procuram sempre melhorar neste sentido. Adriana Amadeu Pinatti, em sua exposição falou sobre as dificuldade em dormir e que, em razão disto, aproveita o tempo para pesquisar sobre o assunto. Expõe um fluxograma do processamento de couros, falando sobre a geração de resíduos – 36 etapas, somente 8 delas não vão gerar resíduos. – dados da CETESB. Expõe sobre a proporção de produtos processados, produzidos e resíduos gerados – grifando que é necessário muito produto químico, muita água e muita energia para gerar um determinado volume de couro – lembra os presentes sobre o alto consumo de água. Mostra os produtos químicos utilizados na produção – longa lista – e fala da alta toxidade deles. Apresenta um resumo dos impactos ambientais provocados no curtimento do couro. Salienta que a comunidade reclama do odor, sem conhecimento dos itens anteriormente falados e dos malefícios do gás sulfídirco, que, alias, é um gás tóxico. Expõe sobre os malefícios do gás sulfídrico. Esclarece que o olfato perde sua sensibilidade quando a concentração do gás é maior – ressalta que quando o cheiro cessa não quer dizer que ele não está lá. Esclarece que até em contato com a umidade do nosso corpo o gás sulfídrico poderá reagir e se tornar muito ácido, provocando danos à saúde. Fala sobre as agências regulamentadoras e esclarece que os índices estão regulamentados apenas para locais de trabalho. No entanto, ressalta as recomendações – em cidades 0,238ppm. Afirma que o gás sulfídrico é a ponta do iceberg – muitas outras coisas estão escondidas sob ele. Fala rapidamente sobre o cromo e finalmente, pede um monitoramento intenso do gás sulfídrico e demais elementos, apresentando modelos de sensores, sugerindo instalações com base de dados na internet, para monitoramento da própria população – monitoramento da água com base no decreto específico e também detectando demais elementos encontrados. Apresenta esquema de resíduos tóxicos enterrados, mostrando a possibilidade de contaminação do lençol freático e emissão de gases. Márcio Moreira Alves de Oliveira, cumprimenta os presentes e procura caminhos para a relação cidade/curtume. Ressaltou sobre os danos gerados pelo curtume e sobre os benefícios do couro, que todos usam. Questiona qual futuro os moradores querem para a cidade. Abraçar o curtume? Torná-lo parte da cidade? Fala sobre os limites da cidade há 25 anos atrás, hoje e pergunta como será daqui alguns anos. Mostra um mapa de relevo, mostrando as áreas mais baixas da cidade e adjacências, ressaltando que o curtume está na mesma altitude que os bairros às margens da represa. Mostra, através de gráfico, que as áreas são diariamente afetadas pela permanência constante de um volume do gás incomodativo. Questiona o local das instalações da empresa, o que em seu ponto de vista, inviabiliza as atividades da empresa, considerando a predominante direção do vento. Questiona sobre se a comunidade quer a empresa para a cidade. Mostra uma previsão sobre as possibilidades de crescimento da cidade, que incluem “abraçar” o curtume. Questiona se todo empreendimento é sinônimo de progresso. Se a sociedade entende que um empreendimento traz malefícios para a maioria dos moradores, este empreendimento não é progresso e sim regresso. Como garantir a sustentabilidade dos funcionários da empresa, no caso de fechar. Apresenta sugestões para reaproveitamento dos funcionários: Mutirão do emprego, Recolocação profissional de todos os funcionários do curtume em um novo emprego – Como? Parceria entre a sociedade, a ACIMA, a Prefeitura, SENAI, SENAC, igrejas, clubes, etc... Organização da sociedade – mutirão – para recolocar os antigos funcionários, com criação de órgão para tal função. Procurar caminhos para sustentabilidade – busca por empregos. Importante lembrar que poderá surgir cooperativas diversas, formadas pelos próprios funcionários. Cobra do Município a implantação de novo distrito industiral com a finalidade de atrair novas empresas. Propõe construir um novo Monte Aprazível para o século XXI. Construir uma cidade com empresas ecologicamente corretas – reafirma que a empresa, por suas características, não deverá ficar instalada tão próxima à comunidade. Propõe transformar as antigas instalações em incubadora de empresas. Por outro lado, independente de qualquer punição, quem praticou algum dano ambiental tem obrigação de reparar – quem comete e quem assumiu tal compromisso, por livre e espontânea vontade. Quanto é o prejuízo material da desvalorização dos imóveis? Sem a empresa no local, há a possibilidade da construção de um parque ecológico ás margens do córrego, com outras atividades aos moradores e novas atrações aos visitantes. Tudo isto requer urgência do tempo – mutirão de emprego é prioridade – não cabe mais esperar para iniciar o proceso de recolocação profissional, solicitando providências da Prefeitura – a população espera ação das autoridades, com urgência, eficiência e responsabilidade. Nos ideogramas chineses, Crise é a junção de dois ideogramas: perigo e oportunidade. É necessário urgente avaliação da saúde dos funcionários. Esta é a oportuidade de por fim à poluição, melhora e qualidade de vida. Cumprimentos finais: Votos de paz, saúde e progresso – um futuro melhor para todos. Por ultimo, Agnelo Marcílio Zagato, após os cumrpimentos, fala que reside no bairro das Palmeiras e, no sentido de otimizar o tempo de todos, afirma que sua fala já foi adiantada por Adriana e pelo Dr. Evandro. Apresenta, resumidamente o processo de couros e os caminhos percorridos pelos gases, os vales dos rios, o que também acontece com os gases gerados pelo curtume. Fala da amônia e seus efeitos e repete as informações de Adriana sobre o gás sulfídrico. Após esta exposição, a Presidente encerra esta fase, abrindo às perguntas dos presentes. Pela Escola Capitão: Quais as responsabilidade do Alfeu em relação ao lixo tóxico enterrado? Respondido pela Promotora-Presidente: foi instaurada ação penal que está na fase de provas e passará a fase de sentença – a CMA também participou do TAC e, caso haja contaminação, o Alfeu será responsável pela sua recuperação. OAB: Sobrevindo decisão judicial para fechamento da empresa, ainda assim a Minerva deverá retirar o passivo? PJ: Sim – de forma solidária com a CMA e CM4. OAB: Existe interesse da empresa em investir para minimizar os impactos causados? Minerva: Sim. Fala sobre as retiradas e explica que, no entanto, há um estudo sobre a viabilidade da empresa na cidade, em razão da indisposição dos moradores em relação a sua presença. Há aparelho para a medição do gás – qual a concentração foi encontrada? Alesandro: apresentação pessoal – apresentação do equipamento para medição do gás e o trabalho que tem realizado junto a população – confirma as informações técnicas sobre o gás – afirma que a existência humana é poluidora – fala sobre as taxas em que as emissões começam a causar problemas. Afirma que a empresa não detectou gás sulfídrico em Monte Aprazível a níveis que possam causar problemas de saúde. Todos investimentos feitos pela empresa nos dão segurança de que poderemos trabalhar sem causar riscos á população. Neste momento inicia-se um tumulto entre os presentes, que é solucionado pela Presidente. Alesandro reclama que nunca foi feito um estudo técnico para solucionar o problema. A empresa está aberta para esclarecimentos. Questionam se há laudo técnico do aparelho? Alesandro responde que o aparelho foi adquirido por empresa registrada no Inmetro, e que, caso queiram, poderá apresentar os laudos técnicos reclamados. Dr Evando expõe V. Acórdao do Tribunal de Justiça (Câmara do Meio Ambiente) sobre o subjetivismo do odor, esclarecendo que a autuação pode ser feita, inclusive, pelo olfato do técnico treinado para tal – afirmação confirmada pela Presidente. José Mário, da CETESB, informa que não há padrões mensuráveis para aferir o odor do gás sulfídrico e que a constatação é, realmente feita de forma subjetiva. Esclarece que não há risco de contaminação de água. Que todos os locais analisados não ofereceram riscos de contaminação de água. Que não foram encontrados valores de contaminação que ultrapassem os valores de intervenção da CETESB – em relação ao odor – as constatações são pelo olfato – são técnicos experientes e autuaram todos os momentos de constatação. Esclarece que a poluição do ar é muito mais complexa para avaliar do que as outras, que, alias, são frequentemente avaliados a qualidade da água, níveis de cromo e também são realizadas fiscalização de rotina. Um morador pergunta sobre qual o horário de fiscalização do curtume e a CETESB responde que não há horário fixo – é aleatório – num último acidente foi apanhado material proveniente de um rompimento de tubulação, que não havia denúncia e sequer a empresa tinha notícia e já foi, inclusive apresentado laudo. Novo tumulto – acalmado. Um morador questiona: Com a retirada do material tóxico irregularmente depositado o odor ainda permanence por quanto tempo? A que horas ocorrem as emanações? CETESB: Os resíduos que estavam enterrados apresentavam emanações muito fortes – o material já foi analisado e autorizado a transporte. Moradora insiste: Houve um cheiro esta noite. Porque cheira à noite? Pela própria característica física dos gases. Como a CETESB identifica que o mau cheiro vem da Minerva? Benites: resolvemos fazer um levantamento comunitário – tínhamos muitas reclamações referentes ao curtume e bem poucas de outras empresas. Os demais estabelecimentos mencionados também foram inspecionados. Como se verifica que o odor é proveniente do curtume? Benites: Tanto o esgoto doméstico quanto o curtume produzem gás sulfídrico – os técnicos identificam pela características do odor, já que são treinados para isto. Morador: Nos períodos de desativação não tem cheiro – a população afirma que reconhece quando o cheiro é do curtume. Moradora: Houve um cheiro esta noite – a que foi atribuído? Porque o cheiro continua? CETESB: A atividade industrial continua. José Mário explica a atuação da CETESB. Morador: Houve, recentemente, duas autuações da CETESB referentes apenas à retirada – como a CETESB afirma que a empresa é inviável? A CETESB afirma que as constatações não se referem a resíduos sólidos, e sim ao funcionamento. Por duas ocasiões a CETESB pernoitou na cidade e não conseguiu constatar emissões. Há possibilidade de haver reclamações e não ser constatadas pelos técnicos da CETESB, uma vez que o odor vai e vem. Neme, da CETESB esclarece: em nenhum momento a CETESB duvidou da população – o agente precisa, no entanto constatar o odor, para poder autuar. Afirma que o resíduo acentuou o odor. Questionado se há pouca atuação da CETESB, Neme explica sobre a atuação atuante do órgão ambiental. Moradores fazem a proposta de isntalação de posto fixo nas proximidades da empresa. Neste momento, o Dr André faz uso da palavra: Fala que o curtume é um problema antigo da cidade – pediu, por três vezes o fechamento da empresa, sem conseguir – quando se trata de meio ambiente é necessário ter prova técnica. Fala sobre o trabalho da Promotoria e do Judiciário. Em 07.05.2002 foi feita a primeira audiência pública, ocasião em que um engenheiro contratado pelo senhor Alfeu, então sócio gerente da empresa compareceu e deu as informações técnicas sobre seu funcionamento. Reafirma que a Justiça só funciona com base em provas e que a CETESB é o nosso órgão técnico. Apresenta considerações: qualquer um pode ajuizar ação popular – incita para que ajuízem ação popular, caso não estejam contentes com a atuação do Ministério Público. O Ministério Público, nas suas investigações, constatou que as informações aqui apresentadas não são absolutas – que os valores mencionados são especificamente indicados para os casos de exposições dos trabalhadores, no entanto não há nada específico às exposições a que estamos expostos. Outras duas considerações em relação a CETESB: Todo funcionário público deve prestar contas a um chefe – assim é o caso da CETESB – caso entendam que eles estão agindo errado, acionem a ouvidoria. O caminho para reclamar do MP é a corregedoria. O da CETESB é a ouvidoria. Alfeu: Porque o curtume Minerva mudou o sistema de tratamento de água, deixando de aplicar o lodo de caleiro no solo e por que os demais curtumes continuam podendo fazer tal aplicação? CETESB: na região de SJRPreto foi determinada a cessação desta disposição – outros curtumes de São Paulo ainda dispõem a água desta forma. Desde que tenham a aprovação da CETESB, tal lodo poderá ser disposto no solo. Reafirmo que nada há que confirme contaminação do lençol freático – ressaltando que ainda não foi feita a análise de toda a área retirada. Alfeu: Há várias multas posteriores a minha administração – uma multa por água, odor e risco de mortandade de peixes: Até quando a empresa vai jogar a culpa na “Administração anterior”? Sem espaço para resposta. Morador: Porque não retirar os resíduos, considerando que é uma medida urgente? CETESB: Melhor seria não retirar neste período, por questão climática. Morador: Alguma multa foi paga? Presidente: Por descumprimento ao TAC, há um bloqueio do valor em nome da empresa. A CETESB não tem dados para informar se a multa adminstrativa foi paga, esclarecendo que, quando não há o pagamento, é ajuizada ação judicial. Dr Franklin afirma que há alguns processos administrativos que questionam as multas impostas. Morador: Casos de Câncer? CETESB: Melhor seria respondida por órgão medico. Presidente: Dados do Instituto de Criminalística, da vigilância epidemiológica afirmam que em Monte Aprazível a ocorrência de cancer é menor e sem aumento preocupante em relação à região. Cromo e Gás Sulfídrico: o IML informa que nada foi encontrado na literatura médica que informe relação entre casos de cancer e gás sulfídrico. Dados coletados junto a DIR esclarecem que, comparando com a região, Monte Aprazível está dentro da média, não há diferença preocupante nos casos de cancer. Dr. André - Questionamento feito a professor UNESP Araraquara informando que não há literatura que informe sobre relação do gás e de casos de cancer. Solicita que a Assessora do Meio Ambiente sugira ao Prefeito a realização de estudo estatistico sobre a incidência de cancêr na cidade, já que não é doença de notificação compulsória, bem como a adquirir aparelho para medição do gás nas áreas afetadas. A Presidente ressalta também o lembrete sobre o mutirão de emprego. Morador: Houve análise das águas dos poços? Sim, há três meses, sem problemas. Morador: na Europa é proibido curtumes, porque aqui não tem esta proibição? Cypriano: informação não procede. Na Itália existe uma cidade com 400 curtumes – há odor. Presidente: há também matéria sobre curtume na Argentina, que apresentou problemas e em Bocaina-SP. Morador: O que utilizou para medir o gás sulfídrico ontem? Alesandro: Todos os dias após a aquisição do aparelho, houve medição. Ainda não foi detectado volume incomodativo, fora das dependências da empresas. Pablo, da empresa: existem outras substâncias odoríficas incomodativas que precisam ser identicadas. Pergunta dirigida sobre retorno de gases da ETESabesp.Éder: No início não houve problemas com odor – apenas depois de um certo volume – assim que houve reclamações, foram adotadas medidas para inibir a formação de qualquer gás. Justifica a demora pelo fato de ser empresa pública e precisar de licitações para as alterações. Afirma que farão inovações, assim que possível e que estão usando produtos alcalinizantes – inibidores dos gases. Minerva: Quantificamos e qualificamos nossa água – qual a participação da Sabesp nesse episódio? Éder: Existem variações durante a evolução do dia, na ETE. Afirmo que não há retorno de odor através do esgoto – existe recalque à noite. Sobre o bombeamento do esgoto: Gilberto – Sabesp: A elevatória final tem bombas automatizadas, trabalhando de acordo com a necessidade. As demais elevatórias: a da entrada da cidade está desativada; a do CPP nunca teve reclamações; Jardim do lago – atende área pequena. A elevatória final é monitorada – com sistema de alarme que informa sobre defeito na operação. Márcio: Será que todos os municípios do Estado que têm ETE da SABESP também sofrem com mau cheiro? ÉDER: temos 83 cidades da sede de Lins não temos reclamações em relação às ETEs. Agnelo: E sobre a mortandade de peixes no rio São José dos Dourados. CETESB: Houve autuação porque as características das águas lançadas pelo curtumne estavam em desacordo. A equipe da Polícia Ambiental percorreu o rio e não constatou mortandade. Sugestão Dr. André: Coletar os peixinhos para análise por ocasião de mortandade de peixes. Benites: O peixe deve ser retirado vivo – a população deve comunicar durante a ocorrência, para que a CETESB possa relacionar a causa e efeito – tá morrendo peixes, porque a quantidade de oxigênio está baixo – passa os telefones da CETESB 3218-4300 e 0800, que a população já conhece. Qual a prova material técnica para decisões a respeito do curtume? Presidente: Provas do órgão técnico ambiental. A Presidente pergunta se alguém tem algo mais a perguntar, ocasião em que Hélio Polotto perguntou: O curtume está autorizado a trabalhar com 1500 couros, ouvi falar que trabalham além disso? Dr. Franklin: Trabalhamos com apenas 1500 couros, na verdade 1400, e prestamos conta disto ao Ministério Público, ao Juízo e CETESB. Medidores automáticos de vazão foram instalados, os quais verificam qual a quantidade de couro trabalhada por dia e afirma que a empresa está atendendo aos padrões. Presidente questionada sobre o fechamento: Vou pedir o fechamento do curtume, com base nas provas apresentadas ontem pela CETESB, que concluiu pela nao concessão de licença de operação á empresa. Todas as exigências técnicas feitas foram cumpridas e não foram suficientes para manter o funcionamento – com base no princípio da precaução – tudo isto fez com que eu concluissse pelo pedido de fechamento da empresa. Com relação à Sabesp, José Mário, da CETESB, disse que houve apenas uma autuação – a ETE é uma das mais avançadas da região – é das poucas lagoas que se encontram em ponto alto da região – situa-se na direção favorável ao vento em direção à cidade – não há indicação de que os incômodos relatados provém lagoa. Morador informa que passa 4 vezes por dia pela ETE Sabesp e todas as vezes percebe o odor. Alesandro: como se pode decidir por fechar uma empresa que despolui e que trata de seus efluentes para eliminar o problema? Presidente: Durante o fechamento da empresa não houve reclamações – a população reconhece o cheiro. Esclarecimentos técnicos jurídicos sobre o embasamento da decisão. Agradece a presença e encerra a audiência. Nada mais havendo a discutir, deu-se por encerrada a presente audiência, lavrando eu, ....................... (iag), Oficial de Promotoria, a presente Ata, que segue assinada pelos participantes da mesa e cuja cópia será encaminhada ao Exmo. Sr. Dr. Fernando Grella Vieira, DD. Procurador Geral da Justiça do Estado de São Paulo, via [email protected]/, Daniele Ramia Negrão 2ª Promotora de Justiça – Presidente Dr. André Luiz Nogueira da Cunha, DD. 2º Promotor de Justiça da comarca; Dr. Evandro Ornelas Leal, representante dos moradores; Ricardo da Rosa e Silva Cypriano, representante da empresa Minerva S/A – Unidade Couros Monte Aprazível; Éder Toyodi Yoshimatsu, representante da SABESP; Engenheiro José Benites de Oliveira, Gerente da CETESB-SJRPreto; Engenheiro José Mário Ferreira da Silva, técnico da CETESB; Rita de Cássia Gallo, Secretária Municipal do Meio Ambiente; Luiz Carlos de Melo, Comandante da Polícia Militar desta cidade; Dra. Carla Alessandra Rodrigues Rubio, presidente da 138ª Subsecção da OAB; Engenheira de Materiais Adriana Amadeu Pinatti; Arquiteto e urbanista Márcio Moreira Alves de Oliveira; Químico Agnelo Marcílio Zagato.