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Convênio: Ministério da Saúde/Fundep – Universidade Federal de Minas Gerais
Programa VIVA LEGAL/TV FUTURA
Tema: Criança hospitalizada – quando o tratamento passa pela brincadeira
HUMANIZAÇÃO NA HOSPITALIZAÇÃO DAS CRIANÇAS
A internação infantil é uma das questões mais delicadas dentro dos hospitais
brasileiros, que nem sempre estão preparados para receber este público.
Independentemente dos motivos que determinam a internação de uma criança, o
hospital é um lugar estranho para ela, até então acostumada a brincar e a conviver
com outras crianças, a receber a assistência familiar e a freqüentar a escola. Quanto
mais tempo a criança fica internada, mais delicada se torna a questão; até mesmo
um bebê de colo se ressente de uma mudança de ambiente como a que ocorre da
casa para o hospital. Afinal, criança é criança em qualquer lugar.
Geralmente, o hospital é associado à dor e à doença, e isto não só para a
criança como também para os pais, quando são obrigados a interná-la. Sensível e
profundamente influenciada por aqueles a quem ama e lhe estão próximos, a
criança percebe a gravidade dos fatos que acompanham a sua internação e isto
afeta o seu tratamento durante todo o período da internação. O fato é agravado
quando — por motivos particulares de cada família — a doença é encarada como
castigo ou punição, deixando a criança preocupada e insegura.
Além desses motivos, são muitos os fatores que comprometem a recuperação
de uma criança dentro dos hospitais e, uma vez que eles sejam detectados, devem
ser mudados, visando a humanização do tratamento e o bem-estar da criança.
Como exemplo, podemos trabalhar em nossas comunidades os dois itens principais
abordados pelo vídeo: o ambiente físico e o tipo de relação que a criança mantém
(ou não) com os profissionais de saúde envolvidos com o seu tratamento. Quanto
mais frio e desinteressante for o ambiente, e quanto mais distante e impessoal for a
relação dos médicos e enfermeiras com a criança (especialmente quando ela é
separada da família), menores serão suas chances de reagir positivamente ao
tratamento.
No que diz respeito ao acompanhamento da criança nos hospitais, as
comunidades devem conhecer o texto da Declaração da Criança e do Adolescente,
que garante: “Toda criança tem o direito de ser acompanhada por um de seus pais
ou responsáveis durante todo o período em que estiver hospitalizada.” É
extremamente importante enfatizar este ponto, pois, de modo geral — e quanto
menor é o nível de informação nas comunidades — as pessoas submetem-se, sem
questionar, às determinações que recebem das administrações dos hospitais onde
internam seus filhos. Os próprios motivos que levam as pessoas a aceitar tais
determinações devem ser alvo de debates nas comunidades, pois todos devem
conhecer seus direitos e estar conscientes e fortalecidos para fazer com que eles
sejam respeitados em todos os espaços de nossa sociedade.
Este vídeo traz informações, também, sobre as mudanças que vêm
acontecendo em diversos hospitais brasileiros, quanto ao comportamento dos
profissionais de saúde em relação às crianças internadas. Médicos e enfermeiras
podem se tornar mais próximos de seus pequenos pacientes, tomando medidas
simples como chamá-los pelo nome, tratá-los com afeto, bem como ouvir e levar em
consideração seus sentimentos e os de suas famílias. É muito importante transmitir
estas informações para as comunidades onde o vídeo for apresentado,
especialmente nas mais humildes, que costumam encarar com reverência e
submissão os profissionais de saúde, sujeitando-se, muitas vezes, a condições
desrespeitosas e inaceitáveis.
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O que está em discussão
O vídeo sugere mudanças na relação entre a criança que precisa ser
internada e o hospital, apresentando exemplos de experiências que estão sendo
realizadas em várias regiões do Brasil. Estas mudanças ocorrem principalmente em
dois níveis: quanto ao ambiente hospitalar que cerca a criança e quanto à relação
com os profissionais de saúde envolvidos em seu tratamento. A partir do vídeo e das
discussões geradas por ele, as comunidades devem ser estimuladas a contribuir
para que essas mudanças sejam efetivadas nos hospitais de suas regiões, e
orientadas para discutir o assunto com o Conselho Municipal de Saúde de cada
cidade.
Tanto os hospitais públicos quanto os particulares (e mesmo os hospitais
mais convencionais) podem realizar mudanças físicas simples, que resultam em
efeitos bastante positivos na disposição da criança perante o tratamento a que irá
submeter-se enquanto estiver internada. Uma dessas mudanças pode ser pintar as
paredes com cores alegres, e até com motivos infantis, amenizando o ambiente
hospitalar. Também é possível separar salas de recreação na ala infantil dos
hospitais, estimulando as crianças a se divertirem com jogos e brincadeiras. Além
disso, hoje existem vários grupos de pessoas que se organizam para alegrar as
crianças hospitalizadas, como os Médicos da Alegria, por exemplo, e outros, que
não mantêm vínculo com os hospitais, mas que podem ser convidados para visitálos. Em comunidades onde não existam tais grupos, as pessoas devem ser
informadas sobre a existência desse tipo de trabalho, que pode ser realizado por
qualquer pessoa que queira levar alegria e consolo às crianças hospitalizadas. É
possível que a própria comunidade queira formar um grupo como esse e, neste
caso, ela deve ser orientada e assistida.
No que diz respeito aos procedimentos dos profissionais de saúde envolvidos
com o tratamento da criança hospitalizada, este deve ser humanizado sob todos os
aspectos. No vídeo, um psicólogo fala sobre o mundo da criança, que é repleto de
fantasias, e no problema gerado quando profissionais de saúde desatentos quanto
às necessidades delas assumem posturas muito formais, ignorando seus medos,
dúvidas, sentimentos e sonhos. Este tema deve ser desenvolvido nas comunidades,
pois um ambiente acolhedor e humanizado certamente repercutirá positivamente
sobre a criança.
Os profissionais de saúde devem deixar as crianças à vontade para falar ou
expressar abertamente, ainda que através de gestos, os seus problemas de saúde,
seus sonhos, medos e desejos; assim, todo o tratamento correrá muito melhor. É
importante que se saiba que só o fato de o profissional de saúde se apresentar à
criança e perguntar o nome dela já faz uma diferença enorme.
A discussão desses itens, a partir do vídeo, irá auxiliar a comunidade a olhar
para um problema sério e muitas vezes ignorado, em função da desinformação das
populações e aos interesses econômicos envolvidos. Quanto mais dados as
pessoas tiverem a respeito de seus direitos, mais estarão aptas a lutar pelo pleno
exercício de sua cidadania, que certamente passa pelo direito de ter seus filhos
tratados com humanidade, caso estes precisem ser hospitalizados para tratamento,
e pelo direito da criança em ser tratada como criança, mesmo quando é um paciente
em um hospital.
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