Araçatuba, domingo, 26 de dezembro de 2010 A2 >>Opinião CHARGE ARTIGO // Nicolielo // Padre Charles Borg ensava seriamente em largar da noiva. Encontrava o rapaz respaldo na Palavra que lia e meditava com devoção. Maior razão tinha de largar a noiva à própria sorte, quando soube estar ela grávida, ciente que ele não era o pai da criança. Arrasado, ficou confuso, sem entender como uma menina tão conceituada podia cometer uma bobagem tão grande. Estupefato ficou diante da conivência da vizinhança. Parecia haver um complô de cumplicidade contra ele, afinal deslize escabroso como esse faz a alegria das pessoas e alimenta toda espécie de fofocas. E Nazaré era um povoado tão minúsculo que qualquer ocorrência fora do normal já seria conhecida e comentada instantaneamente. Tudo parecia colaborar para fomentar a suspeição. A desconfiança é a pior tortura para a alma humana. José, o carpinteiro, era, todavia, um homem justo, de boa índole. E certamente um sujeito muito religioso. Também religiosa era sua noiva Maria, que se apresentava, inexplicavelmente, grávida. É verdade que havia ficado três meses longe de Nazaré. Mas estava em casa de familiares, socorrendo uma parenta idosa que também, inexplicavelmente, havia ficado grávida. O carpinteiro José vivia um conflito interior intenso. Antes, porém, de tomar a decisão lógica e natural, que mudaria definitivamente o rumo de vida, sua e da futura mulher Maria, decidiu recorrer ao auxílio divino. Confiava que Deus não o desampararia e o orientaria quanto à decisão correta a ser tomada. Todo conhecedor da Bíblia sabe como terminou essa história. Deus escutou o clamor de José e lhe explicou o P EDITORIAL Quanto mais transparência, melhor U // [email protected] // Famílias saudáveis que estava acontecendo na vida de Maria. A gravidez dela era de origem divina e ele, José, havia sido escolhido por Deus, assim como Maria, para garantir a evolução humana do Filho Unigênito de Deus que nasceria para salvar o mundo. Jesus escolheu nascer no seio de uma família. José e Maria abriram mão de seus projetos pessoais e submeteram-se à vontade de Deus! Oportuníssima inspiração e eloquente exemplo para os casais de todos os tempos, com especial relevância aos dos tempos atuais. Unir-se em matrimônio é aceitar constituir um novo núcleo cuja razão de ser, a vida fa- Quando as células individuais ficam doentes é natural que o organismo se descontrole abrindo cada vez mais espaço para tarefas profissionais. Entende-se, obviamente, que há situações quando as responsabilidades profissionais exijam uma dedicação maior. No entanto, quando o distanciamento da família vira rotina, e é justificado, fica evidente a gravidade do descompasso. O aspecto profissional, legítimo e necessário, não pode sobrepor-se aos deveres familiares. Emerge, no contexto da sociedade moderna, outro equívoco que expõe as contradições e ambiguidades nas alardeadas prioridades globais, defendidas por governos e celebridades. Preocupa-se, e com razão, com o degelo ártico, mas ignora-se, e indiretamente promove-se a desintegração familiar. Pois quando o mercado impõe sobre trabalhadores carga horária abusiva e metas absurdas de produção, está diretamente desgastando o profissional e, obliqua, mas indefectivelmente, esgarçando os relacionamentos familiares. Quando as células individuais ficam doentes é natural que o organismo, como um todo, se descontrole. Jesus Cristo quis nascer e crescer numa família estável. José e Maria abriram mão de seus projetos pessoais e submeteramse à vontade de Deus! Com a generosidade da sua opção encontraram a referência e o equilíbrio para uma vida familiar saudável e feliz. Corroboraram ainda com o projeto da salvação da humanidade. Harmonia, realização e estabilidade encontrarão os casais quando souberem submeter seus projetos pessoais aos desígnios divinos. m novo passo na direção da transparência na gestão pública será dado a partir de maio de 2011, quando passa a vigorar a lei que indica às Prefeituras de cidades entre 50 miliar, deve ganhar preferência sobre projetos individuais. Dois mil e 100 mil habitantes a tornar públicas, em seus endereços indivíduos, com história e projena internet e de acesso ao público, suas contas. Mais que isso: os tos particulares, juntam camiartigos da lei determinam que a sociedade seja envolvida nas disnhos para redigir uma nova história. Constituir família exige incussões quando da elaboração da LDO (Lei de Diretrizes Orçavestimentos. mentárias) e do Orçamento Municipal, por meio de audiências Observa-se, no entanto, públicas. Hoje, a lei já vale para a União, os Estados, o Distrito uma sutil, mas não menos perigosa, ambiguidade, frequente Federal e os municípios com mais de 100.000 habitantes. nos matrimônios modernos. GenO importante é que seu texto garante a participação popular nas discussões te há entrando no, e vivendo o, sobre a destinação dos recursos do município; nada mais justo com quem paga matrimônio investindo preferencialmente em projetos pessoais. as contas. Mas há algumas ponderações necessárias: medidas como essa ampliam Casa-se, mas mantém-se como a possibilidade de acesso às contas, mas não transformam automaticamente o ciprioridade o avanço na carreira dadão em um fiscalizador das contas públicas. Esse é um aprendizado pelo qual profissional. Subordina o convívio familiar aos imperativos traa sociedade brasileira, em sua maioria, precisa passar. O cidadão, investido de balhistas e carreiristas, economiseu papel de eleitor, ainda vende o voto, ainda escozando tempo, energias e aten- Padre Charles Borg é vigário-geral de Araçatuba lhe por simpatia, ainda elege sem a exata dimensão ção para assuntos domésticos, e e escreve aos domingos neste espaço. Quanto menor a do que está fazendo. E até esquece em quem vocidade, mais tou, inclusive para o Legislativo de seu município. E refém COLUNA DOS LEITORES // [email protected] // quanto menor a cidade, mais refém do poder públido poder público co fica o cidadão, que, por medo ou constrangimenSonhos e Velho sino Que os fiéis adoram tanto; fica o cidadão, to, prefere não se manifestar. bolhas de sabão Relembrando a manjedoura, que não se manifesta Leis que impõem transparência aos gestores uando surgir novo dia É o Natal da salvação, por medo al como bolhas de sabão, Cheio de vida e de luz, Do amor trazendo o perdão, que nem precisariam existir, pois essa é uma obrigade circunferência perfeita Deste Menino Jesus A união, a paz, o encanto! ção moral - são importantes para esse aprendizado Aristheu Alves, membro do Grupo Experimental e de leveza mágica, são os nosQue simboliza o amor; político: por um lado, dos próprios gestores, que tesos sonhos que, sutis, divagam da Academia Araçatubense de Letras. Quando tocar na capela, __________________________________ Velho sino anunciando rão suas contas e execuções orçamentárias postas à luz mais rapidamente e não ao sabor do sopro do destino, por traços certos dos mais incerQue o Mestre já vem cheapenas nas - para a maioria - indecifráveis sessões de prestação de contas; de ou- tos caminhos. Administração gando, tro, da sociedade, que terá maior contato com um assunto hermético e pouco Tal como bolhas de sabão m vez de gastar dinheiro usual. Em seu artigo 73-A, a lei complementar 131, de 27 de maio de 2009, pre- são os nossos sonhos que, inflados por um simples sopro, se com um carnaval ruim vê também que “qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é par- veem lançados por uma humil(igual todos os anos anteriores), te legítima para denunciar ao respectivo Tribunal de Contas e ao órgão compede mão e, assim, seguem seu cainvestir em asfalto, Novamente deveriam em tampar buracos nas ruas tente do Ministério Público o descumprimento das prescrições estabelecidas nes- minho se alternando por entre o eterno os limites do céu e os limites (Decisão sobre carnaval de rua ta Lei Complementar.” Esse é outro ponto a se destacar, pois mostra ao cidadão do chão. aguarda por em Araçatuba fica para Cido Séque os instrumentos do Judiciário podem e devem ser utilizados também para fisTal como uma bolha de sario, 21/12, Portal Folha da Reum novo recomeço; bão são os nossos sonhos, aongião). Diariamente leio reportacalizar o setor público. tudo ao de o frágil vai se tornando resisgens de moradores reclamando O ano de 2011 deve começar com Prefeituras se mobilizando para o cumpri- tente e fraciona o concreto e seu tempo, de buraco. Tivemos um grande mento da lei. A segunda parte fica para o cidadão, que deve se conscientizar de despedaça o abstrato mostrando período sem chuvas, e os buratudo ao seu preço que nada é impossível, mas, cos não foram tampados, e agoque todo o dinheiro que financia o setor público sai do seu bolso. T Q E “À imprensa cabe o fundamental papel de criticar construtivamente, mostrando caminhos, tentando aclarar pontos de vista e não seria demasiado dizer-se que a ela cabe a missão sagrada de impor uma filosofia positiva, com vistas ao desenvolvimento da região” (Folha da Região, 11/6/72, Ano 1, número 1) que, no entanto, de nada valem promessas, ditos e tratos, onde o fiador é um coração vazio. E, assim, novamente o eterno aguarda por um novo recomeço; tudo ao seu tempo, tudo ao seu preço e que, novamente, recomeça da mesma maneira; com um sopro que infla, com uma mão que lança. Tal como os sonhos, tal como as bolhas de sabão. José Parrilha, policial militar, Araçatuba. __________________________________ EXPEDIENTE O Mestre Nosso Senhor! É o Natal maravilhoso Que trás a fraternidade Espalhando a caridade Aos corações mais sofridos. Nesta emoção que domina, O Natal deixa lembrança, Abre o mundo da esperança E dos sonhos coloridos. Quando surgir no espaço Uma claridade além, Essa estrela de Belém ra, com a chuva, a situação só está piorando. A cidade está largada e o prefeito não fez nada até agora. Recapeou algumas ruas e acha que fez muito já. Absurdo! Araçatuba está abandonada. Viviane Silva, gerente administrativo, Araçatuba. O jornal se reserva o direito de selecionar as cartas e editar trechos para garantir o respeito às leis vigentes. Devem conter o nome completo do autor, profissão, endereço e telefone. O envio pode ser feito por e-mail, carta ou diretamente no jornal.