8º Congresso de Pós-Graduação LAZER, ESPORTES DE AVENTURA E CONSUMO: ALGUMAS REFLEXÕES Autor(es) FERNANDO AZEREDO VAROTO Orientador(es) CINTHIA LOPES DA SILVA 1. Introdução Rapel, rafting, corrida de orientação, escalada, kite surf entre outros tantos, são exemplos de esportes de aventura que hoje são um grande fenômeno social, a cada dia cresce o número de praticantes e de pessoas interessadas em tais práticas e, com isso, também cresce o número de empresas e entidades para oferecerem essas atividades ou mesmo para organizá-las dentro de um contexto inserido no âmbito do lazer, visto que essas práticas ocorrem em tempos e espaços de lazer e em grande parte em contato com a natureza Um exemplo disso é o rapel, que é a descida de pontos elevados (pontes, prédios, morros) utilizando-se de corda, equipamentos e técnicas específicas (técnicas verticais), e quando o local muda para uma cachoeira transforma-se na modalidade “cachoeirismo” que consiste na técnica de descer uma cachoeira por meio de técnicas verticais; e quando ocorre a descida de duas ou mais cachoeiras, podendo haver uma caminhada pelo leito do rio entre elas, já se transforma na modalidade “canionismo”, cuja a definição nos remete utilizar as técnicas verticais para a transposição de duas ou mais cachoeiras e, por fim, quando nos utilizamos das técnicas verticais para explorarmos cavernas termos a modalidade conhecida como “espeleo”, ou “espeleologia” que é a exploração de cavernas, sendo que temos associada a essa prática o uso de técnicas de ascensão (subida) pela corda; e assim temos o surgimento de várias modalidades baseadas em uma única. Um fator que auxilia no aparecimento de novas modalidades e, conseqüentemente, que é fundamental para o incentivo ao consumo dos esportes de aventura é a mídia. Fernandes (1998) afirma que os meios de comunicação produzem propagandas e programas e assim provocam o “consumo dos esportes de ação, de aventura ligados à natureza”, além de transformar essas modalidades em espetáculo esportivo e em produto de consumo. Esse processo é o que Marcellino (2002) compreende como a transformação do lazer em mercadoria. A lógica do mercado estabelece um lazer de modo a utilizar o meio ambiente como instrumento e elemento de produto a ser consumido. Instrumento quando se utilizam do meio ambiente como um cartaz para a propaganda das atividades realizadas nele, tentando assim dar oportunidades às pessoas que vivem nos grandes centro e que não tem mais essa possibilidade de estar em contato com a natureza; e usam o meio ambiente como elemento, pois os produtos oferecidos por esse lazer mercadoria, os esportes de aventura, em muitos dos casos tem o meio ambiente como pano de fundo, pois sem a natureza muitas dessas práticas não seriam possíveis, visto o montanhismo, o rafting, o cachoeirismo, mergulho entre tantos outros. 2. Objetivos 1. Fundamentar a discussão sobre lazer, esportes de aventura e consumo na sociedade contemporânea; 2. Analisar o papel do profissional de Educação Física que atua ou que atuará no âmbito dos esportes de aventura. 3. Desenvolvimento Caracterizamos as atividades dos esportes de aventura como uma prática ou elemento do lazer, pautado no conceito de lazer defendido por Marcellino como: Cultura entendida no seu conceito mais amplo, vivenciada, consumida, ou conhecida no tempo disponível, que requer determinadas características como a livre adesão e o prazer, propiciando condições de descanso, divertimento e desenvolvimento pessoal quanto social (MARCELLINO, 2003, p.31) Essa atitude de livre adesão e prazer, ditas pelo autor acima citado, nos remete a pensar que a procura dos esportes de aventura ocorre quando as pessoas tem o interesse de se aventurar de forma diferente das quais as pessoas encontram em seu cotidiano, assim elas buscam algo novo e diferente, como por exemplo, ficar dependurados numa corda a quarenta metros de altura, ou estar em botes percorrendo corredeiras de três metros ou mais, ou entre as inúmeras possibilidades de ter sensações e emoções proporcionadas pelos Esportes de Aventura. Com base na conceituação de Marcellino (2003), observamos que a prática desses esportes pode provocar em seus praticantes momentos de divertimento, momentos esses que estão incutidos nos esportes de aventura, mesmo quando associados a apreensão, medo ou adrenalina, causados pelo desconhecido que vem a sua frente. Quanto ao desenvolvimento pessoal e mesmo social, podemos observar a superação do medo, sentimento de superação de desafios, novas habilidades e conhecimentos físicos e técnicos, cooperação com outras pessoas com um mesmo objetivo, observação e respeito ao meio ambiente entre outros. Também podemos vivenciar o descanso, principalmente após o término da prática e poder sentir o sabor da conquista, da superação. Falar de lazer nos leva a pensar na obra do Sociólogo Francês Joffre Dumazedier (1980) e sua classificação dos conteúdos culturais do lazer (práticos, artísticos, intelectuais, manuais, sociais e físico-esportivos), onde podemos verificar um enquadramento dos esportes de aventura nos interesses físico-esportivos, uma vez que os esportes de aventura acontecem dentro das três dimensões do Esporte (Tubino, 2001): Esporte de rendimento: quando há as competições; Esporte Educacional: quando os Esporte de Aventura acontecem dentro das escolar; e Esporte de Participação ou de Lazer: participação voluntária e em momentos de lazer, forma esta a mais disseminada. Podemos constatar que os interesses sociais também estão presentes nos esportes de aventura, uma vez que essas práticas sempre ocorrem em grupos de pessoas, por causa da segurança ou da necessidade para a sua prática, como por exemplo, o rafting, que consiste em descer pequenas cachoeiras e corredeiras de rios com um bote inflável, conduzido por grupos de quatro a seis pessoas. Dumazedier (1980 apud BAHIA e SAMPAIO, 2004) também estabelece três dimensões, as quais se apresentam como: prático, o conhecimento e a fruição ou assistência propiciada pelo consumo a um espetáculo, estando estas interligadas ao nível de envolvimento na atividade em questão, podendo estar caracterizados como: elementar (conformismo), médio (criticidade) e superior (criatividade). Podemos ver esses níveis relacionados como um possível elemento que provoque o aparecimento de novas modalidades ou o “descobrimento” de novos locais para a prática destas atividades, pois as pessoas que praticam essas atividades apenas em viagens aleatórias ou apenas praticam por curiosidade tendem a ter um nível elementar, ficando conformados com o produto que lhe é oferecido, ao passo que os praticantes mais assíduos, que são aqueles que vêem na prática dos esportes de aventura uma forma de se exercitarem, ou como um estilo de vida, começam a ter comportamentos que expressam criticidade. Os profissionais que atuam no âmbito do lazer possuem um papel fundamental na revisão de valores e de significados, sua ação pedagógica poderá viabilizar, por exemplo, maiores noções sobre meio ambiente, os 3 R (reduzir, reutilizar e reciclar) e viabilizar o acesso dos sujeitos ao lazer e aos esportes de aventura de modo a lhes proporcionar o descanso, divertimento e desenvolvimento. MATERIAIS e/ou MÉTODOS A metodologia adotada será a pesquisa bibliográfica, tendo como base as idéias de Severino (2007), de carácter eminentemente quaitativo. A pesquisa bibliográfica será realizada nos sistemas de Bibliotecas da UNIMEP e da UNICAMP (livros, revistas, artigos, anais de Seminários/Congressos, sites da Internet, entre outros), utilizando os temas-chave: Lazer, Natureza, Esportes de Aventura, Esportes Radicais, Esportes de Ação, Atividades Físicas de Aventura na Natureza e Meio Ambiente, formação profissional em Educação Física. 4. Resultado e Discussão Não se aplica, a pesquisa está em desenvolvimento. 5. Considerações Finais Esse trabalho contribuirá com o debate no âmbito do lazer, de modo a refletir acerca do papel do profissional atuante em esportes de aventura. Com o incentivo ao consumo na sociedade contemporânea torna-se fundamental uma atuação profissional efetiva no âmbito do lazer, de modo a considerar as contradições da realidade de vida e os interesses do mercado de consumo. Referências Bibliográficas DUMAZEDIER, Joffre. Valores e conteúdos Culturais do Lazer. São Saulo: SESC 1980 BAHIA, Mirleide C. e SAMPAIO, Tânia M. Lazer e Esportes na natureza: impactos sócios ambientais. In: XVI ENAREL – Encontro Nacional de Recreação e Lazer. Salvador, BA. Lazer como Cultura: o desafio da inclusão 200. 2004, v.16. FERNANDES, R. C. Reflexões para um estudo acadêmico. Conexões – Educação, Esporte e Lazer, Campinas. V.1, n.1, 1998 MARCELLINO, Nelson C. LAZER E EDUCAÇÃO. 9ª ed. Campinas: Papirus, 2002 MARCELLINO, Nelson C. Formação e Desenvolvimento em lazer e esportes. Campinas, SP: Papirus, 2003 (Coleção Fazer/Lazer) SEVERINO, Antônio J. Metodologia do trabalho científico. 23ª. ed, São Paulo: Cortez, 2007. TUBINO, Manoel J. G. Dimensões Sociais do Esporte. São Paulo:Cortez, 2001