CAMADA DE OZÔNIO Roche substitui gás CFC na refrigeração da fábrica no Rio Ándrea Vialli de São Paulo A Roche quer ser a primeira das indústrias farmacêuticas brasileiras a substituir por completo o gás CFC - clorofluorcarbono, prejudicial à camada de ozônio e já banido nos países desenvolvidos - usado no sistema de refrigeração de sua unidade industrial em Jacarepaguá, no Rio dt; Janeiro. Para isso, a empresa está investindo US$ 1 milhão, que inclui a instalação de ,novos equipamentos e tubulações, um sistema avançado de detecção de vazamentos e a troca do gás CFC12 pela amônia como fluido refrigerante. Os novos equipamentos, que integram o sistemà de climatização de toda a fábrica, começam a operar em agosto e serão fornecidos pela York. A substituição faz parte de um amplo programa de modernização da fábrica, que deverá. consumi,r recursos da ordem de US$ 59 milhões e que tem como objetivo tornar a unidade compatível com os padrões de produção exigidos pela Comunidade Européia e pela Food and Drugs Administration (FDA), órgão americano que controla a qualidade de medicamentos e produtos alimenticios. A escolha pela amônia, tradicionalmente usada em frigorificos e máquinas de refrigeração industrial que trabalham .com temperaturas entre O °C e -5 °C, teve motivação ecológica, pois o uso da amônia não foi restringido .pelo Protocolo de Montreal, de 1987, que defmiu prazos para a substituição dos gases causadores de danos à camada de ozônio (ver quadro). O laboratório havia definido a data até 2005 para que todas as suas Empresa. investiu US$ 1 milhão na troca dos equipamentos, que funcionam com amônia unidades tenham equipamentos l!_s do gás CFC. No Brasil, o Protocolo de Montreal permite o uso de CFCs até 2010. De acordo com Marco Aurélio Kurlbaum, gerente de !1egurança e meio ambiente da Roche, a decisão não foi fundamentada em custos, mas na questão ambiental. “Se apenas trocássemos o gás, seriam necessários cerca de US$ 200 mil, pois o custo dos gases é equivalente. A troca completa dos equipamentos requer maiores investimentos, Imas garante ganhos de performance com a amônia da ordem I de 10% a 15%”, diz. Água e energia elétrica O maquinário consumirá 500 quilos de amônia,que atuará na refrigeração .de 70 m3/dia de água usada nas torres de resfriamento, responsáveis pela climatização do ar. “A tendência é que o consumo de água nas torres seja reduzido em 1 0%, devido ao melhor desempenho dos novos equipamentos”, explica Kurlbaum. A empresa espera alcançar ainda uma economia de energia elétrica de 15% a 20% com o novo sistema. Assim, o investimento está previsto para ser recuperado em sete anos. “O par back é longo, mas os ganhos ambientais compensam”, afirma Kurlbaum. Os custos com manutenção do sistema devem se manter constantes. Com vistas a conseguir a certificação ISO 14.001 em 2005, a Roche está avaliando seu sistema de gestão ambiental.e, para isso, contratou a consultoria De MartiDi para uma pré-auditoria. A empresa quer ainda implantar, até o fmal deste ano, o sistema de reuso de água, que deverá tratar 70 m3/dia e ruja planta de instalação está orçada em US$ 250 mil, com expectativa de recuperação do investimento em .18 meses. Gases banidos até 2040 Andrea Vialli de São Paulo O Brasil tem até 2010 para eliminar por completo o uso dos clorofluorcarbonos (CFCs) em sistemas de refrigeração, geladeiras e aerossóis, entre outras aplicações. A exigência é do Protocolo de Montreal, ratificado por 46 países em 1987 e que instituiu medidas de controle às chamadas substâncias destruidoras de ozônio (008, na sigla em inglês), qu_ jncluem os CFCs, balons, hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) e brometo de metila, este usado na fumigação de agroquímicos para controle de pragas. Os países desenvolvidos eliminaram o uso de CFCs em 1996, assim como outras substâncias como o te1racloreto de carbono e metil clorofónnio. Os setores de refrigeração e ar-condicionado empregaram largamente os HCFCs como substitutos dos CFCs, mas já estão utilizando a alternativa dos hidrofluorcarbonos (HFCs) - mais inofensivos àcamada de ozônio, devido à presença do hidrogênio. Cientistas participantes do Painel Intergovemamentàl de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), têm feito pesquisas para encon- trar substitutos aos gases em vias de banimento. Outras alternativas possíveis e já em uso são a amônia, os hidrocarbonetos (HGs) e o gás carbônico (C02). As metas de Montreal incluem a eliminação, nos países desenvolvidos, do brometo de metila, até 2010, e dos HCFCs, até 2030. Para os países em desenvolvimento, a recomendação é de que os CFCs, balons e te1racloreto de carbono sejam banidos até 2010, o metil clorofónio, até 2015, e os HCFCs, até 2040.