QUAIS SÃO AS VARIÁVEIS IMPORTANTES PARA O MILHO?
Tânia Moreira, economista do Departamento Técnico e Econômico da FAEP.
A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) em seu último levantamento de
safra, de abril, estimou que a produção total de milho na safra 2014/15 deva atingir
uma produção de 78,98 milhões de toneladas, capaz de garantir o segundo maior
estoque na série histórica brasileira, a partir de dados do Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Não só os estoques brasileiros estarão elevados no final da temporada 2014/15,
como os estoques mundiais e americanos, suntentados por uma demanda mundial
aquecida, mas pressionadados por uma produção mundial de milho cada vez maior.
GRÁFICO 1
No Brasil, o plantio do milho safrinha era uma variável que preocupava o mercado e
dava alguma sustenção nos preços, pois acreditava-se que o atraso do plantio
pudesse inviabilizar o plantio desta safra. O percentual de plantio até março,
segundo dados da consultoria Safras e Mercados, foi de 99,7% no Brasil,
consolidando-se o potencial produtivo para 48,68 milhões de toneladas, ou seja, a
maior safrinha de milho já produzida no Brasil, a partir de dados da Conab.
Com isso as atenções se voltam para o plantio da nova safra americana de milho.
Segundo o USDA, a perspectiva de área para a próxima safra é de 89,2 milhões de
acres, com redução de 1,54%, em relação à safra passada, em que foram plantados
90,6 milhões de acres, resultando em uma produção recorde americano de 361,09
milhões de toneladas. Desta forma, permanece a percepção de que, tirando as
adversidades climáticas, a nova produção americana, seria no mínimo razoável.
Com isso a variável clima nos Estados Unidos se torna fundamental, entre este mês
até agosto e setembro, quando o plantio é concluído nos Estados Unidos.
A umidade excessiva no meio oeste e a falta de chuva no centro-oeste tem
proporcionado a crença de que o plantio de milho poderia ser atrasado,e que parte
da área do milho, poderia ser transferida para a soja. Isso tem influenciado o preço
do milho, fornecendo alguma sustentação frente aos elevados estoques.
O USDA divulgou, que até 12 de abril, o percentual de plantio do milho era de 2%
contra a média do percentual de 5% para os anos entre 2010 a 2014. O mercado
interpretou os dados com otimismo, mantendo as atenções na evolução do plantio,
com a expectativa de que até a primeira semana de maio perto de 50% da safra
esteja plantada.
Outra variável a ser observada é como se comportará a produtividade do milho na
próxima safra americana. Se forem crescentes, a produção novamente poderia ser
recorde e os estoques manteriam-se elevados também em 2016. Apesar de que,
com a redução dos preços desta commodity, os produtores americanos devem ficar
relutantes em empreender grandes investimentos na cultura, além do que até o final
do plantio, novas reduções de área poderiam ocorrer, justamente pela baixo preço
da commodity.
GRÁFICO 2
A valorização do dólar é outra variável que também faz parte do cenário. Por um
lado, ajuda nos negócios do Brasil, mas por outro reduz a competitividade do
produto americano, reduzindo os preços na Bolsa de Chicago. E isto pode ser
observado pelo fraco desempenho das exportações americanas do cereal, no ano
comercial 2014/15.
No próximo mês o USDA deve indicar a produtividade esperada para a próxima
safra, sendo o clima uma variável fundamental nos próximos meses para formação
do preço do milho.
Em seu último relatório de oferta e demanda o USDA projetou que o preço médio do
milho na temporada 2014/15 deva ficar entre US$ 3,55 a US$ 3,85/bushel, e o preço
de 2015/16 ficaria em torno de US$ 3,50, segundo o Agricultural Forum Outlook do
USDA, no mês de fevereiro.
No Paraná o preço médio recebido pelo produtor no mês de março foi de
R$ 21,34/saca segundo a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (SEAB).
Este preço é próximo do custo de produção calculado pela Conab, de R$ 20,05/saca
para a safra de verão 2014/15.
O percentual colhido no Paraná para primeira safra foi de 84% até a primeira
semana de abril, segundo a SEAB, sendo que o percentual comercializado foi de
25% até março, em linha com o percentual comercializado na média das últimas
cinco safras.
Para segunda safra a colheita tem início em maio, sendo que o percentual de
comercialização é de 12% acima dos 2% comercializados na média das últimas
cinco safras.
ALTISTAS

Se houver prejuízo ao plantio do
BAIXISTAS

Se o plantio americano ocorrer em



condições climáticas normais.
Estoques finais mundiais elevados.
Recordes históricos de produção.
Área de plantio que garanta novo
milho nos Estados Unidos, em

decorrência do clima.
Se houver novo corte na área no

plantio americano.
Se a produtividade para a próxima
safra reduzir.
recorde de produção americano.
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quais são as variáveis importantes para o milho?