Tornado, Enchentes e Tragédias - quem colocou mau olhado no Rio de Janeiro? Fernando Bisker - Miami A atenção do mundo inteiro voltado ao Rio de Janeiro — Copa, Olimpíadas — os preços dos imóveis subindo de forma impressionante, a beleza da cidade maravilhosa divulgada nos quatro cantos do mundo, o exército dando uma limpa na máfia... Parecia que tudo estava indo muito bem, até que de repente... uma tragédia, enchente que devastou a mágica região serrana do Rio; e agora também um fenômeno quase inédito: um tornado. Para nós, residentes da Florida, nos Estados Unidos, a notícia de um tornado não é um furo de reportagem. Porém, no Rio de Janeiro, é algo fora do contexto. Será mau olhado? Aproveitemos a deixa para investigar esse assunto. Imaginemos algumas cenas comuns — abre-se aquele sorvete delicioso, pronto para ser deliciado, alguém dá aquela olhada, e... o sorvete cai. Depois de comprar um carro novo, você dá carona para aquele seu vizinho, que pergunta: "Que bacana esse carro cara, sempre quis ter um assim..." e, no dia seguinte, estacionado na rua, um carro passa e raspa o seu carro novinho, de um lado ao outro. Alguém entra na sua casa, olha para a sua planta e exclama: "que bela planta!"... no dia seguinte, a planta começa a morrer. O que explica o Judaísmo sobre mau olhado? Está escrito no Talmud (tratado de Baba Metzia) que existe uma mitzvá (um mandamento) de devolver um objeto que foi perdido pelo seu dono. Está incluída na mitzvá também a necessidade de cuidar do objeto e mantê-lo exatamente como foi encontrado até o momento da devolução. Porém, ao encontrar um objeto de valor, é proibido exibi-lo em local público, pois isso poderá causar um dano ao objeto. Ao expor o objeto, ele fica sujeito aos olhares de todos, e o desejo pelo objeto alheio pode causar prejuízo. A Torah explica que enviamos determinados sinais através do olhar cujo efeito não é material, mas se manifesta claramente no sujeito. Ao olhar para alguém com amor, o sujeito sente-se amado. Ao olhar com raiva e inveja, existe um efeito. Há sempre uma troca, mesmo que não seja possível entende-la. Por esta mesma razão, fontes de Kabala recomendam que não se deve olhar fundo no olho de pessoas más, tais como assassinos e ladrões, e nem se deve concentrar muito nas fotos publicadas nos jornais deste tipo de pessoa. Aqui inicia o entendimento milenar acerca do conceito de mau olhado — sabendo que um olhar pode causar uma influência negativa. O Rabino Zamir Cohen, diretor da organização Hidabroot, diz que aquele que ganha muito dinheiro e deseja aumentar seu padrão de vida, deve fazê-lo lenta e comedidamente, para não chamar a atenção dos demais, e não ficar exposto aos perigos do mau olhado. Como fazer então para proteger-se do mau olhado? Sabemos que Deus criou o mundo e criou as forças que controlam o mundo. O mau olhado não tem força independente, ele está subjugado também a Deus. A melhor forma de evitar mau olhado, antes de mais nada, é tentar evitar a ostentação, e tentar comportar-se de forma modesta. Porém, em uma situação em que seja inevitável que alguém sinta inveja e desejo pelo que é seu, é recomendável fechar os olhos e pedir a Deus que proteja suas posses, sua família, suas conquistas. Para concluir, voltando ao Rio de Janeiro, que fique claro que aproveitei o tema para falar sobre o mau olhado, e, evidentemente não tenho a pretensão de explicar os motivos pelos quais acontecem as tragédias naturais. Não é possível saber o que leva Deus a fazer seus decretos, nem tampouco explicar as consequências da irresponsabilidade daqueles que deveriam manter a cidade segura.