TERMODINÂMICA E ESTÁTICA DA ATMOSFERA Capítulo 2 – Vianello & Alves Meteorologia Básica e Aplicações INTRODUÇÃO • A atmosfera é uma imensa máquina térmica, cuja principal fonte de calor é a energia solar. • Apenas 2% da energia solar é convertida em energia mecânica (circulação geral da atmosfera, ventos, nuvens, tempestades etc) • A termodinâmica é o estudo das trocas de calor e trabalho num determinado sistema, portanto é fundamental para o estudante de Meteorologia • Como o estado térmico de qualquer porção da atmosfera determina o seu peso, uma especial atenção será dedicada à estática da atmosfera. • A dinâmica da atmosfera será objeto de outro capítulo • TEMPERATURA: é uma medida do grau de agitação das moléculas de um gás: a energia cinética média de cada gás varia diretamente com a sua temperatura • Escalas termométricas mais comuns: Celsius, Kelvin e Fahrenheit • Tc = 5 . (Tf – 32) /9 • Tk = Tc + 273,15 • Ex: transformar 70°F para as demais escalas • MASSA ESPECÍFICA:A massa específica (ou densidade absoluta) de uma substância representa a massa de tal substância contida numa unidade de volume. • Ex: nas condições normais de temperatura e pressão (O°C e 1 atm) a massa específica do ar atmosférico é de 1,3kg/m3 • PRESSÃO (P) é uma grandeza escalar que mede a força (F) exercida sobre a unidade de área (A) de uma superfície: • em meteorologia a P resulta da ação do ar atmosférico sobre os corpos nele mergulhados. A força F corresponderá ao peso da coluna de ar que existe sobre o corpo considerado e A a área da secção transversal de tal coluna. • a P atm dependerá da altura, da temperatura, da umidade etc. • desempenha papel importantíssimo no comportamento e no deslocamento das massas de ar • A pressão atmosférica é calculada como sugerido por Torricelli, no século XVII, como sendo igual à pressão exercida por uma coluna de mercúrio em equilíbrio com a atmosfera. • A pressão atmosférica é calculada como sugerido por Torricelli, no século XVII, como sendo igual à pressão exercida por uma coluna de mercúrio em equilíbrio com a atmosfera. • Segundo a Lei de Stevin que garante não haver diferença de pressão entre dois pontos situados à mesma altura em um mesmo fluido em equilíbrio hidrostático PA = PB = Peso da coluna de mercúrio Área da secção transversal do tubo PA = V g = A h g A A PA = h g • Sendo h a altura da coluna de mercúrio, a massa específica do mercúrio (13,596 g/m3) e g a aceleração da gravidade (9,8 m/s2) • Como e g são praticamente constantes é comum expressar a pressão em altura de coluna de mercúrio – mmHg ou cmHg • Tabela 10, pag 48 760 mmHg = 1 atm = 1013,25 mb = 1013,25 hPa = 1013,25 x 102 Pa = 760 Torr = = 1,04 x 10–2 lbf / ft3 em meteorologia o milibar (mb) é a unidade mais utilizada e no SIU (sistema internacional de unidades) é o hPa 1 Pa = 1 N / m2 1 N = 1 kg. m / s2 dyn = g. cm / s2 EXERCÍCIO: A altura da coluna de mercúrio de um barômetro colocado ao nível do mar, à latitude de 45°, em que g = 9,806 m/s2, é de 76 cm. Determine a pressão atmosférica em mmHg, Pascal (N/m2), milibares (mb) • VAPOR D’ÁGUA NA ATMOSFERA • Com uma concentração quase nula nas regiões desérticas e nos extremos polares, e de até 4% em volume nas regiões tropicais quentes e úmidas, o vapor d’água é um dos principais constituintes atmosféricos. • Exerce papel importante no balanço de energia próximo à superfície do solo • Sua presença é absolutamente indispensável para a vida na terra. • É elemento decisivo no ciclo hidrológico, quer transferindo água da superfície para a atmosfera, quer retornando, sob a forma líquida, como chuva. • Atua como absorvedor de radiação infravermelha, reemitindo-a em função de sua temperatura. Com isso atua como agente termoregulador, impedindo que a camada do solo se resfrie em demasia durante a noite. • Ao passar da fase líquida para a gasosa, abasorve calor do ar circunvisinho, resfriando-o, e, ao retornar da fase gasosa para a líquida , libera o calor latente acumulado aquecendo assim a atmosfera. • Possuindo máximas concentrações nas regiões tropicais e equatoriais úmidas e mínimas nas latitudes elevadas e polares, acaba por estabelecer um fluxo de vapor d’água das baixas para as altas latitudes e, ao condensar e precipitar, aquece aquelas latitudes. Com isso o vapor d’água passa a desempenhar um papel relevante no transporte do superavit de calor tropical em direção aos pólos. • Quando o ar é forçado a subir na atmosfera o vapor d’água ao condensar desempenha duplo papel: forma pesadas nuvens e transfere calor para a atmosfera superior alimentando assim as chuvaradas intensas e ate mesmo furacões e os tufões • O VAPOR D’ÁGUA É A MAIOR FONTE DE CALOR LATENTE NA ATMOSFERA TROPICAL • PRESSÃO DE SATURAÇÃO DO VAPOR D’ÁGUA • Imagine um recipiente fechado contendo água com um manômetro instalado, inicialmente não existe água no recipiente e a pressão indicada pelo manômetro é nula, a evaporação da água ocorrerá até que o ambiente fique saturado e a pressão interna indicada pelo manômetro será então a pressão de saturação do vapor d’água. • Esta pressão registrada é devida apenas ao vapor d’água é denominada de • pressão de saturação do vapor d’água. • Seu valor varia com a temperatura em que ocorre o processo, uma vez que ao elevar a temperatura verificar-se-á que o ponteiro continua a subir, até que se estabilize novamente. • Se a experiência for repetida com a presença de ar atmosférico chegar-se-á ao mesmo resultado. • Os resultados permitem concluir que: • a pressão de saturação do vapor d’água não depende da pressão atmosférica, mas sim da temperatura • Como o vapor d’água é um dos constituintes atmosféricos a soma das pressões parciais dos diversos constituintes será igual a pressão atmosférica de acordo com a Lei de Dalton • É de grande importância prática determinar a pressão de saturação do vapor d’água • Através de considerações termodinâmicas rigorosas pode-se chegar a eq. de Clausius-Clapeyron, a qual fornece a declividade da reta tangente à curva de saturação em um ponto qualquer: d es = L es dt Rv T2 es = pressão de saturação do vapor d’água L = calor latente de evaporação (2,5 x106 J . kg-1) Rv = constante específica do vapor d’água (461,50 J. kg-1. K-1) T = temperatura em K. • Existem na literatura várias formulas para o calculo de es, obtidas por integrações diretas da eq. Clausius-Clapeyron, uma delas é a de Magnus, em que o calor latente é função linear da temperatura es = 10 (-2937,4/T – 4,9283 log T + 23,5470) es em mb e T em K • Expressões mais elaboradas como a de GoffGratch foram adotadas pela OMM (Organização Meteorológica Mundial) como padrão para o calculo de es • A eq. proposta por TETENS apresenta ótimos resultados quando comparada a de GoffGratch, podendo ser utilizada na maioria das aplicações meteorológicas. • EQUAÇÃO DE TETENS para t 0°C para t < 0°C es em mb ou hPa t em °C • PRESSÃO REAL DE VAPOR D’ÁGUA • A quantidade de vapor d’água é variável na atmosfera podendo o ar esta ou não saturado. • Caso o ar esteja saturado a pressão real (ou parcial) corresponderá a pressão de saturação do vapor d’água, que é função apenas da temperatura do ar. • Caso o ar não esteja saturado a pressão real será menor que a de saturação, à mesma temperatura. • A RAZÃO PERCENTUAL ENTRE A PRESSÃO REAL E DE SATURAÇÃO NOS DÁ A UMIDADE RELATIVA DO AR, PODENDO VARIAR DE 0 A 100%. • QUANTIFICAÇÃO DA UMIADE ATMOSFÉRICA • Parte 2