MONITORIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO E NA CONSERVAÇÃO DE OBRAS DE ARTE Structural health monitoring in construction and conservation of bridges Carlos Félix (1); Carlos Rodrigues (2); Remy Faria (3); Joaquim Figueiras (4) (1) Professor Coordenador, Instituto Superior de Engenharia do Porto /NewMENSUS, Lda. (2) Doutor, NewMENSUS, Lda (3) Mestre, NewMENSUS, Lda (4) Professor Catedrático, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto / NewMENSUS, Lda. NewMENSUS, Lda. Rua Actor Ferreira da Silva, 100. 4200-298 Porto. Portugal. [email protected] Resumo As infraestruturas de transporte constituem um património de elevado valor, não só em termos de investimento, mas também no suporte ao desenvolvimento tecnológico dos Estados e ao bem-estar da sociedade. Os sistemas de monitorização da integridade estrutural disponibilizam atualmente meios inovadores que contribuem para a avaliação das condições de segurança estrutural e da durabilidade de obras de arte e permitem aumentar o conhecimento acerca do seu funcionamento, por via da aferição de modelos numéricos. Por outro lado, avaliam a conformidade das estruturas executadas, através da condução de ensaios de carga, apoiam o controlo à execução e acompanham o seu ciclo de vida útil. Nesta apresentação descrevem-se os elementos constituintes dos atuais sistemas de monitorização estrutural, as suas fases de desenvolvimento e apresentam-se casos de obra em que tais sistemas foram aplicados, trabalhos estes conduzidos em parceria pelas equipas do Laboratório da Tecnologia do Betão e do Comportamento Estrutural (LABEST) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e pela empresa NewMENSUS, Lda. Em particular, são apresentadas as mais recentes aplicações dos sensores em fibra ótica, os mais recentes desenvolvimentos na utilização do GNSS na monitorização dos deslocamentos e a experiência na utilização de sensores de corrosão das armaduras. É ainda apresentado o portal Web de suporte aos designados sistemas de gestão de obras de arte, onde toda a informação relativa a cada obra pode ser consultada, com elevado grau de interatividade. Palavra-Chave: Monitorização da integridade estrutural, Pontes e viadutos, Ensaios de carga Abstract The infrastructures represent nowadays an important value, not only in terms of investment but also supporting the development of States and societies. The structural health monitoring systems are innovative tools that allow a reliable assessment of the structural condition and durability throughout their service life. The experimental results can be compared with numerical analyses allowing an improved clarification of new structures behavior. Moreover, loading tests allow the effective structural condition appraisement of new and existing infrastructures. The main aspects of structural and durability monitoring systems are presented in this paper covering their development phases and their installation on real infrastructures. A set of projects developed in cooperation between LABEST from the Faculty of Engineering of the University of Porto and NewMENSUS are used to illustrate the monitoring strategy. The main developments focus on the fiber optic sensors, on the GNSS application for measuring displacements, and on corrosion detection in reinforced concrete structures. A web interface developed to support the infrastructure management based on monitoring results is also introduced. Keywords: Structural health monitoring, Bridges and viaducts, Loading tests ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 1 1 Introdução A avaliação das condições de utilização das estruturas de engenharia civil constitui atualmente um dos maiores desafios, colocado às entidades responsáveis pela sua exploração. O envelhecimento das estruturas existentes e as novas exigências funcionais e de segurança obrigam ao desenvolvimento de estratégias de intervenção em obra para que, com uma gestão adequada dos recursos, seja assegurado ou aumentado o período de exploração com qualidade e eficiência económica (MEASURES, 2001 e SANTOS, 2007). Para que uma estrutura permaneça em serviço em aceitáveis condições de segurança devem ser contabilizados os custos decorrentes das intervenções em obra, em particular de manutenção e de reparação. Devem ainda ser tidos em conta os custos que uma eventual ruína da estrutura acarretaria (PETCHERDCHOO et al., 2008). Os sistemas de monitorização do comportamento estrutural assumem neste domínio um papel da maior importância, ao fornecerem informação aos modelos de decisão que permitem calendarizar e tipificar intervenções em obra, tendo em atenção as condições de segurança e de durabilidade da estrutura e a gestão otimizada dos recursos (MUFTI, 2001 e CITYU et al., 2004). Conforme se representa esquematicamente na Figura 1, o envelhecimento das estruturas traduz-se numa redução progressiva das características do comportamento estrutural. As intervenções de rotina para preservar o comportamento expectável podem ter um carácter preventivo (conservação preventiva), ou serem essenciais para manter a estrutura dentro dos limites aceitáveis de segurança (conservação essencial). Ideal Comportamento estrutural Conservação necessária Conservação essencial Limite de segurança Período de vida útil [anos] Figura 1 - Reposição dos níveis de segurança estrutural (SANTA e BERGMEISTER, 2000). Na monitorização do comportamento das estruturas, a medição das grandezas relevantes é realizada em permanência com recurso a sistemas que fazem parte integrante da estrutura. Na sua essência, estes sistemas são constituídos por sensores, unidades de aquisição, sistemas de comunicação e software de armazenamento e de processamento de informação, com elevado grau de automação, versatilidade e flexibilidade (BERGMEISTER e SANTA, 2001). A integração destes diversos componentes num ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 2 mesmo sistema viabiliza o acompanhamento permanente da estrutura, medindo, interpretando, sentindo a estrutura. É com base num sistema assim constituído que surge o conceito de monitorização da integridade estrutural, referido na bibliografia internacional sob a designação de Structural Health Monitoring (SHM). Nestes sistemas, promove-se a automatização do acompanhamento das principais grandezas que caraterizam o comportamento da estrutura, e das ações a que esta está sujeita, e a disponibilização desta informação, em tempo real, às entidades técnicas responsáveis pela sua gestão. Acresce ainda a particularidade de gerarem sinais de alerta, sempre que são detetadas falhas no sistema ou sempre que determinados parâmetros pré definidos são excedidos. Assim como na medicina preventiva (ver Figura 2), em consultas de rotina, o médico procura um conjunto de sintomas que o paciente pode exibir, conduz exames, faz um diagnóstico e, caso necessário, prescreve um tratamento, também na engenharia SHM se procura medir e analisar aspetos representativos da integridade estrutural, dirigidos para a deteção de danos ou de anomalias do sistema estrutural, tendo em vista a sua conservação proativa, se possível. Medicina preventiva Sintomas Exames Diagnóstico Tratamento Engenharia SHM Anomalia Deteção Inspeção / Diagnóstico Reparação Figura 2 – Paralelismo entre a medicina preventiva e a engenharia SHM (RODRIGUES, 2011). 2 Componentes do sistema Os elementos que constituem os sistemas de monitorização podem ser agrupados nos seguintes subsistemas: i) Rede de sensores; ii) Unidades de aquisição de dados; iii) Unidade de comunicação e iv) Controlo, visualização e pós-processamento. A Figura 3 ilustra a integração dos diferentes subsistemas num sistema de monitorização, com a rede de sensores e o sistema de aquisição instalados em obra e todo o sistema de pós processamento de dados localizado em gabinete (central de controlo). Um módulo de comunicação remota estabelece a ligação da obra à central de controlo. ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 3 CENTRAL DE CONTROLO OBRA REDE DE SENSORES COMUNICAÇÃO CONTROLO, VISUALIZAÇÃO E PÓS-PROCESSAMENTO UNIDADE CENTRAL DE PROCESSAMENTO CONTROLO DA AQUISIÇÃO TRATAMENTO DE DADOS PROTOCOLOS DE COMUNICAÇÃO CONDICIONAMENTO CONVERSOR A/D SENSORES UNIDADE DE AQUISIÇÃO SISTEMA DE TRANSMISÃO REMOTA CONTROLO DA AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DE DADOS AVALIAÇÃO E DETECÇÃO DE DANOS REDE DE COMUNICAÇÃO LOCAL GERAÇÃO DE ALARMES Figura 3 – Esquema geral de um sistema de monitorização estrutural. Os circuitos de condicionamento e de conversão de sinal podem estar localizados juntos dos sensores, ou concentrados na unidade de aquisição. Na unidade central de processamento é realizado o controlo local da aquisição e o tratamento prévio das leituras, segundo procedimentos automáticos estabelecidos por programação. Diferentes protocolos permitem o acesso local ou remoto ao sistema de controlo e às leituras efetuadas, como por exemplo, através de uma página Web. O pós-processamento dos dados é constituído por um software de visualização, validação e interpretação das medições efetuadas, que é complementado por modelos numéricos de comportamento estrutural e por modelos de gestão e de decisão (SOUSA et al., 2011). O desenvolvimento de sistemas de vigilância, com o estabelecimento de valores limites para cada uma das grandezas monitorizadas, constitui um avanço na direção do desenvolvimento de estruturas inteligentes. Concretiza-se assim uma alteração de paradigma: a avaliação da durabilidade e da integridade estrutural deixa assim de ser reativa, despoletada apenas na sequência de campanhas de inspeção conduzidas com uma periodicidade pré-definida ou quando é detetada alguma avaria, mas passa a ser realizada em permanência, com recurso a sistemas que fazem parte integrante da própria estrutura. 3 Sensores de base elétrica Os sensores de base elétrica são os mais difundidos nas aplicações de engenharia civil. Apresentam como principais vantagens a experiência na sua utilização, a robustez nas soluções de encapsulamento, a disponibilidade de transdutores que cobrem a generalidade das grandezas que usualmente se pretende medir, com as adequadas gamas de medição e níveis de precisão, a uniformização de requisitos, quer a nível da alimentação (tipicamente em corrente contínua 12VDC a 36VDC) quer a nível do sinal de saída (em corrente ou em tensão) e ainda a compatibilidade com diversas soluções de conversão ou de condicionamento de sinal e com diversos equipamentos de aquisição. ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 4 A implementação de um sistema de monitorização baseado em sensores elétricos tem assim facilitadas as tarefas de integração numa mesma unidade de aquisição da totalidade de sensores com conhecido grau de robustez e de confiança. Apresentam como principais limitações a sua sensibilidade às interferências eletromagnéticas e as perdas de sinal em linha, condicionante quando as distâncias entre sensores e unidade de aquisição são elevadas. São exemplos destes sensores, entre outros, os sensores de temperatura do tipo PT100, os transdutores de deslocamento do tipo LVDT, os extensómetros, quer de resistência quer de corda vibrante, e os sensores de corrosão. 4 Sensores em fibra ótica A tecnologia dos sensores em fibra ótica foi inicialmente desenvolvida no seio da indústria da aviação mas tem vindo a ser aplicada com sucesso ao domínio da engenharia civil. Esta tecnologia apresenta inúmeras vantagens de que se salienta a imunidade aos campos eletromagnéticos e a reduzida perda de sinal (RODRIGUES, 2011). Os sensores em fibra ótica podem ser classificados em diversos grupos ou categorias (GUO et al., 2011). Uma das distinções mais significativas é entre sensores intrínsecos e extrínsecos. Num sensor intrínseco, como é o caso dos sensores de Bragg, o mecanismo sensor está integrado na própria fibra. Nos sensores extrínsecos, de que são exemplo os sensores de Fabry-Perot, o mecanismo sensor é exterior à fibra, que é utilizada apenas para condução da luz até ao elemento sensor, e deste para o sistema de deteção do sinal óptico. 4.1 Sensores de Bragg em fibra ótica Os sensores de Bragg em fibra ótica são baseados na modulação do comprimento de onda. Assentam na possibilidade de fotoinduzir numa pequena extensão do núcleo da fibra ótica, em geral aproximadamente 1cm, uma modulação periódica permanente do índice de refração. Obtém-se por este processo uma sucessão de espelhos de reflexão parcial, que através de um fenómeno designado por difração reflete apenas os feixes luminosos com comprimento de onda proporcional ao espaçamento entre espelhos. A Figura 4 ilustra esquematicamente o princípio de funcionamento destes sensores. A variação do comprimento de onda ressonante de um sensor de Bragg pode resultar de alterações induzidas no período espacial de modulação da rede Λ ou de perturbações do índice efetivo de refração n0. Qualquer destas alterações está relacionada com variações da deformação ou com variações de temperatura a que o sensor está sujeito (RODRIGUES, 2011). Nestas condições, é possível o estabelecimento de uma relação entre o comprimento de luz refletido (λ0) e a temperatura ou a deformação imposta à fibra. ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 5 fonte de espectro largo espectro em transmissão 0 período nbainha nnúcleo rede de Bragg 0 espectro em reflexão Figura 4 – Princípio de funcionamento dos sensores de Bragg. Estes sensores apresentam como principal desvantagem a elevada sensibilidade à temperatura, sendo por isso conveniente proceder-se à medição simultânea da extensão e da temperatura. Como principal vantagem realça-se o facto de o comprimento de onda ser uma característica absoluta da luz não sendo por isso o sinal destes sensores afetados por eventuais perdas verificadas ao longo da fibra ou em ligações. Desenvolvimentos recentes têm permitido a utilização destes sensores na conceção de transdutores para a medição de diversas grandezas, como seja a temperatura, as extensões, os deslocamentos e as flechas (RODRIGUES et al, 2011). 5 Sensores sem fios Os sensores sem fios podem vir a constituir uma alternativa à instrumentação convencional, principalmente em obras de grandes dimensões e com elevado número de secções instrumentadas. A cada sensor, ou conjunto de sensores, está associado uma estação local que, alimentada por baterias, procede à interrogação dos sensores, à conversão e armazenamento local do sinal e à sua transmissão em frequência para uma estação central. Estes dispositivos podem ainda ser dotados de um recetor que permite o controlo remoto do processo de medição. Apresentam como principais vantagens a facilidade de instalação, de reparação ou de substituição. Contudo, a sua adoção nem sempre é possível atendendo a que elementos estruturais maciços de grandes dimensões podem constituir um sério obstáculo à transmissão do sinal. A frequência de transmissão e a potência do sinal destes sistemas, limitadas em termos legais, condicionam a distância entre transmissor e recetor. Nos sistemas atualmente disponíveis na Europa é já possível atingir distâncias até 5km. Para distâncias superiores têm de ser utilizados repetidores de sinal. Desenvolvimentos desta tecnologia (PICOZZI et al., 2010) têm permitido a construção de sistemas de baixo consumo, com baterias de maior duração, protocolos de comunicação mais robustos e a custos cada vez mais reduzidos. ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 6 6 Medição de flechas em Pontes e Viadutos A medição de flechas em Pontes e Viadutos tem sido efetuada sobretudo durante a condução de ensaios de carga (FERNANDES et al., 1996 e DIMANDE, 2010). Com o desenvolvimento das técnicas de medição, a tendência será a de inclusão de mais esta grandeza nos sistemas de monitorização afetos às estruturas. Sempre que seja possível o estabelecimento de referência ao solo, e sobretudo em ensaios de carga, é corrente a utilização de transdutores de deslocamento, instalados no topo de prumos metálicos ou na base de massas suspensas do tabuleiro, como se ilustra na Figura 5, e devidamente guiadas em tripés instalados junto ao solo. Em ambos os casos, será conveniente ter em atenção a variação de comprimento dos elementos metálicos (de suporte ou de suspensão) devido à variação da temperatura. Este processo de medição permite uma elevada precisão, desde que se selecionem os LVDTs com gama de medição ajustada aos deslocamentos previstos. Figura 5 – Medição de flechas com LVDTs em ensaios de carga, nos Viadutos de Acesso à Ponte da Lezíria, Portugal. Quando não é possível estabelecer com segurança uma referência ao solo, pode optar-se pela instalação de um sistema de nivelamento hidrostático (DIMANDE, 2010 e RODRIGUES, 2011). A automatização deste sistema é conseguida com recurso a sensores de pressão, de base elétrica ou de base ótica, colocados em linha no circuito, nos pontos onde se pretende obter os deslocamentos verticais. Trata-se de um processo de medição de flechas cuja robustez e fiabilidade depende muito das técnicas de instalação do circuito hidráulico e das condições ambientais (sobretudo da temperatura e do vento), a sensibilidade depende sobretudo da sensibilidade dos sensores de pressão e o tempo de resposta depende sobretudo das perdas de carga do circuito hidráulico. É frequente serem conseguidas precisões da ordem do milímetro, para gamas de medição de 200mm. 7 Monitorização da corrosão A monitorização da durabilidade visa fundamentalmente, a avaliação da degradação das propriedades do betão de recobrimento e o controlo da corrosão das armaduras, permitindo uma correta e atempada tomada de decisão no caso de possíveis intervenções de reabilitação (FIGUEIRAS et al. 2008). Na monitorização da durabilidade podem ser ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 7 observadas, entre outras, as seguintes grandezas: potencial de corrosão; resistividade do betão; velocidade de corrosão instantânea; velocidade de corrosão “natural”. Quando o sistema é instalado durante a fase de execução da obra, utilizam-se sensores de embeber no betão instalados na camada de recobrimento e ligados à armadura. A Figura 6 ilustra um destes dispositivos, designado por kit-sensor de corrosão, que integra um sensor de corrente galvânica, um sensor elétrodo de referência e um sensor de temperatura. A instalação destes sensores na estrutura permite monitorizar a entrada dos agentes agressivos no betão de recobrimento, prever o período de iniciação da corrosão e, após a despassivação das armaduras, avaliar a velocidade com que estas se corroem. A interrogação, aquisição e transferência do sinal do kit-sensor de corrosão é realizada de forma contínua e automática, através de dataloggers específicos. a) Kit-sensor de corrosão instalado antes da betonagem b) Sensor de corrente galvânica Figura 6 – Sensor para medição dos parâmetros de durabilidade. 8 Monitorização da infraescavação A monitorização da infraescavação tem como objetivo avaliar e acompanhar a evolução da cota do leito do rio junto dos pilares de pontes em resultado da ação erosiva da corrente da água (SOUSA et al., 2011). O sistema que tem sido adotado pela equipa LABEST/NewMENSUS para avaliar e acompanhar a evolução da infraescavação assenta num sensor conhecido pelo nome de sonar. O princípio de funcionamento do sonar repousa na emissão de uma onda acústica, que é emitida e se propaga na água do rio, é refletida quando atinge o seu leito e transmitida de volta para o sonar. Conhecendo-se o intervalo de tempo entre o instante em que a onda sonora é emitida e o instante que é recebida, e a velocidade de propagação da onda sonora no meio, determina-se a distância percorrida pela onda sonora nesse meio (distância do sonar ao leito do rio). A Figura 7 refere-se ao sistema de vigilância e alerta à infraescavação instalado na nova Ponte sobre o Rio Douro na A41. Neste sistema, os sonares estão instalados à cota +11.0m, nos maciços de encabeçamento das estacas dos pilares que têm fundação indireta no leito do rio (pilares P3 e P4). Quando os valores medidos ultrapassarem os valores limites estabelecidos pelo projetista (cotas de vigilância e de alerta), será ativado um sistema de alarme que consiste essencialmente no envio de mensagens via e-mail ou SMS para uma lista de contactos. As cotas registadas pelo sistema não ultrapassaram até à data os -3.00m. ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 8 (P3 / P4) +15.20 +11.00 Sonar -3.00 Referência -8.00 Vigilância -13.00 Alerta Figura 7 – Resultados da medição de sonares instalados na Ponte sobre o Rio Douro (A41). 9 Monitorização de deslocamentos com GNSS A aplicação de sistemas de monitorização estrutural baseados em sistemas globais de navegação por satélite (GNSS) tem experimentado mais recentemente significativos desenvolvimentos (KOGAN et al., 2008, FILENO et al., 2009 e CUNHA et al., 2010), sobretudo devido às novas soluções tecnológicas dos recetores, mais avançadas mas também mais económicas, e ao desenvolvimento de modelos de processamento de sinal (KNECHT e MANETTI, 2010). Por outro lado, a programada colocação em órbita de mais satélites, e a disponibilização de mais informação a partir daqueles que mais recentemente têm entrado ao serviço, torna previsível uma utilização mais robusta, mais fiável e mais alargada destes sistemas. Os GNSS são sistemas de rádio-posicionamento de base espacial que fornecem aos utilizadores um serviço global de posicionamento e navegação. A obtenção das soluções de posição e de tempo são conseguidas através do processamento, por recetores eletrónicos especialmente concebidos, dos sinais emitidos pelos satélites. Atualmente estão a operar dois sistemas, um norte-americano (o GPS – Global Positioning System, que se encontra a operar em condições de pleno funcionamento) e o outro russo (o GLONASS – Global Navigation Satellite System, a operar já com 21 dos 24 satélites inicialmente previstos). Estão em diferentes fases de desenvolvimento outros sistemas GNSS, nomeadamente o GALILEO (sistema europeu, ainda sem qualquer satélite operacional no espaço) e o COMPASS-BEIDOU (sistema chinês, que muito recentemente colocou no espaço, de uma só vez, mais dois satélites, totalizando neste momento 13 satélites em órbita). Em ensaios conduzidos em ambiente controlado, onde se estabeleceu a comparação entre os deslocamentos medidos com um LVDT e com um par de recetores GNSS, obtiveram-se desvios inferiores a ±4mm. A aplicação do sistema de monitorização com base no GNSS está especialmente vocacionado à medição de deslocamentos de pontos em campo aberto, como é o caso de barragens, de tabuleiros de pontes ou do topo de mastros de pontes atirantadas, em que a precisão submilimétrica não seja um requisito. ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 9 10 Controlo, visualização e pós-processamento Um aspeto essencial a ter em conta na conceção de um sistema de monitorização é o interface com o utilizador. Ele deve ser tão automático quanto possível, de utilização intuitiva, de acesso rápido e ser robusto. A solução que tem vindo a ser desenvolvida é a de um portal, com acesso através de uma página Web (ver Figura 8) que, com adequado grau de interatividade, permite a visualização gráfica das grandezas desejadas, em períodos de observação selecionados. Esta aplicação permite ainda a criação de ficheiros de resultados em formato pdf e em formato tipo CSV, estes últimos para eventual tratamento posterior. Figura 8 – Página web desenvolvida para acesso aos dados da Ponte da Lezíria sobre o Rio Tejo na A10. A suportar esta página web está uma base de dados que contém de forma organizada toda a informação relativa à obra. O carregamento da base de dados tem merecido especial atenção, porquanto se considerarem essenciais as ferramentas de preprocessamento. De entre estas salienta-se a validação dos sinais óticos e elétricos recolhidos nas unidades de aquisição, as operações de conversão de sinais (elétricos ou óticos) em grandezas físicas, a aplicação de filtros e a verificação dos limites de vigilância e de alerta. Este sistema pode ser complementado por um conjunto de rotinas de pós-processamento, desenvolvidas à medida para cada obra, que suportam a interpretação das medições efetuadas. 11 Exploração de resultados: casos de obra A monitorização da integridade estrutural é um conceito que se justifica em obras de maior dimensão, de maior complexidade, ou de maior importância, porquanto constitui um processo que contribui para a garantia da durabilidade e da segurança estrutural. Pode estar presente durante as diversas fases da vida das obras, nomeadamente durante a construção, a receção e a fase de exploração em condições de serviço, e em diversos tipos de obras, nomeadamente na construção de novas estruturas e na reabilitação e no reforço de estruturas existentes. A aplicação de sistemas de monitorização a cada uma destas situações encerra particularidades que importa realçar. Os casos de obra a seguir ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 10 referidos são uma seleção de trabalhos em que as equipas da FEUP/LABEST e da NewMENSUS estiveram envolvidas. Controlo do faseamento construtivo O controlo do faseamento construtivo é uma prática usual nas obras de engenharia. Nas pontes e viadutos correntes, além do controlo da qualidade dos materiais utilizados e da dimensão e do posicionamento das peças, é frequente proceder-se à medição de outras grandezas, como por exemplo as flechas nos vãos, através da topografia, em tabuleiros construídos com recurso a avanços sucessivos ou aquando da descofragem. Estas medições são de grande valor, pois dão uma perceção global do comportamento da estrutura. No entanto, sendo efetuadas apenas em determinados instantes, não permitem observar a evolução do comportamento estrutural. Por outro lado, a precisão destes sistemas de medição é em geral reduzida. Nos sistemas estruturais mais complexos, ou quando se recorre a faseamentos construtivos mais sensíveis, a monitorização de grandezas a partir das quais seja possível efetuar com precisão o controlo do processo construtivo é da maior importância. A utilização de sistemas de monitorização que incluam um software de processamento e de visualização de dados constitui neste contexto um aspeto essencial para o acompanhamento e avaliação permanente das tarefas executadas em obra. Por outro lado, a aplicação de um sistema de monitorização pode interferir com o desenvolvimento do projeto, na medida em que hipóteses de cálculo poderão vir a ser confirmadas in situ com as medições efetuadas durante a execução da obra. A análise dos resultados do sistema de monitorização pode conduzir a que sejam propostos ajustes ao projeto inicial. Esta facilidade traduz-se sem dúvida numa maior confiança no sistema estrutural adotado, permitindo o projeto de soluções mais arrojadas (ver Figura 9), o desenvolvimento de processos e técnicas construtivas inovadoras e a adoção de novos materiais. Figura 9 – Ponte pedonal e de ciclovia Pedro e Inês, em Coimbra. Avaliação da conformidade das estruturas executadas A avaliação da efetiva conformidade da estrutura executada é conseguida, no final da construção, através da caracterização experimental do seu comportamento estático e dinâmico, procurando-se estabelecer a comparação entre as grandezas observadas e as obtidas a partir de modelos numéricos. Para a caracterização do comportamento estático são conduzidas provas de carga, onde as ações usualmente consideradas são sobrecargas e ações ambientais. No caso das obras de arte as sobrecargas são, sempre que possível, materializadas por veículos, devidamente pesados, cujo número e ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 11 posicionamento conduzem aos efeitos mais desfavoráveis nas secções para o efeito consideradas críticas. A ação ambiental considerada é em geral, a temperatura. Nos ensaios de caraterização do comportamento dinâmico, a obtenção das frequências próprias e dos modos de vibração é em geral conseguida em ensaios de vibração ambiental, tendo como excitação da estrutura a ação do vento. Nesta fase da obra, atendendo a que decorre apenas durante um período limitado de tempo, poderão ser utilizados sistemas de medição dotados de maior sensibilidade, não sendo, neste caso, a robustez e a durabilidade um requisito essencial. A Figura 10 ilustra o Viaduto do Canedo, na A32, durante a condução do ensaio de carga, realizado no final da obra. Os resultados deste ensaio, confrontados com os obtidos a partir de um modelo numérico, permitiram concluir acerca da conformidade da estrutura executada. Figura 10 – Viaduto do Canedo, na A32, durante a condução de um ensaio de carga. Utilização em condições de serviço Do ponto de vista da observação da estrutura, a fase de exploração pode dividir-se em duas etapas. Na primeira delas, logo após a construção, e durante os primeiros anos, pretende-se essencialmente observar o efeito das deformações resultantes do comportamento reológico dos materiais, e a resposta da estrutura face às ações aplicadas em condições de serviço. Durante este período, deverá haver uma avaliação do sistema de monitorização instalado e proceder-se aos ajustes considerados necessários, tendo em vista a sua utilização em condições de serviço. Deve ser dedicada uma especial atenção à recolha e análise de dados durante este período, porquanto uma boa caracterização da resposta estrutural, baseada no seu comportamento durante a construção e ao longo dos primeiros anos de vida, constitui um excelente contributo para estimar com confiança a sua durabilidade. Na segunda fase de utilização da obra, as atenções são mais direcionadas para as questões relacionadas com a durabilidade dos materiais e para a evolução da resposta estrutural. Durante este período, a par das campanhas de inspeção visual da estrutura, devem ser conduzidas as campanhas de inspeção e de manutenção do próprio sistema de monitorização, de modo a que este continue a registar e transmitir em permanência as grandezas consideradas relevantes. ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 12 A Figura 11 ilustra a Ponte Armando Emílio Guebuza sobre o Rio Zambeze, em Moçambique, na qual foi instalado um sistema de monitorização destinado a acompanhar o seu comportamento em condições de serviço. Figura 11 – Monitorização da Ponte Armando Emílio Guebuza sobre o Rio Zambeze, Moçambique. Reabilitação e reforço A reabilitação e o reforço são fases de intervenção na estrutura que se destinam essencialmente a prolongar a fase de exploração, adaptar a estrutura a novas condições de utilização e a restituir ou melhorar os requisitos de segurança e de durabilidade. A implementação de um sistema de monitorização após uma intervenção de reabilitação e de reforço estrutural permite observar a eficiência das soluções adotadas. A Figura 12 ilustra dois exemplos de obras de reabilitação e reforço em que se recorreu aos resultados do sistema de monitorização para avaliar a eficiência das intervenções e acompanhar o seu comportamento nas novas condições. a) Ponte de Lanheses sobre o Rio Lima, na EN305 b) Ponte Eiffel em Viana do Castelo, na EN13 Figura 12 – Monitorização de Pontes durante e após a reabilitação e reforço estrutural. 12 Considerações finais As estruturas de engenharia civil são um património de elevado valor cuja manutenção em funcionamento, em condições de segurança e de economia, é da maior importância assegurar. Os sistemas de monitorização contribuem para o conhecimento do comportamento das estruturas e do seu estado de conservação e, por essa via, para uma gestão adequada dos recursos, tendo em vista a sua conservação. ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 13 Os sistemas de monitorização estrutural têm experimentado recentemente apreciáveis desenvolvimentos, resultado sobretudo da convicção crescente, por parte das várias entidades intervenientes, da utilidade de tais sistemas no controlo da construção e do reforço, na verificação da conformidade das estruturas executadas e no apoio à gestão em atividades de manutenção e de conservação. Estes desenvolvimentos, conduzidos por unidades de investigação e por empresas, decorrem, em grande parte, da adaptação à engenharia civil das mais recentes tecnologias disponíveis em outras áreas da engenharia, de que são exemplo os sensores em fibra ótica e as soluções de comunicação. A aplicação de novos processos de medição e de novas tecnologias à monitorização das estruturas, primeiro em laboratório e depois em obra, tem contribuído para que estes sistemas sejam cada vez mais robustos e dotados de mais potencialidades, e por isso mais apelativos. Atualmente os sistemas de monitorização são constituídos por rede de sensores, unidades automáticas de aquisição, sistemas de comunicação e de transmissão de dados e software de armazenamento e de análise de resultados. O desenvolvimento de sistemas de vigilância, com o estabelecimento de valores limites para cada uma das grandezas monitorizadas, constitui um avanço na direção do desenvolvimento de estruturas inteligentes. Esta é uma área da engenharia civil que tem experimentado um assinalável desenvolvimento, na busca de respostas às questões de dificuldade crescente colocadas pelas entidades gestoras das obras, e com uma dinâmica ditada pela aplicação de novas tecnologias aos sistemas de monitorização estrutural. São exemplo destas tecnologias as já descritas aquando da referência aos sensores em fibra ótica, aos GNSS e às tecnologias associadas à comunicação e transmissão de sinal. O desafio maior será contudo transversal a todas elas e está relacionado com o aumento da robustez e da fiabilidade de tais sistemas, não só do ponto de vista dos equipamentos, mas também dos modelos de análise e de interpretação dos resultados. Esta será porventura a área que experimentará num futuro próximo a maior evolução. 13 Agradecimentos Os autores agradecem à ADI – Agência de Inovação, ao QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional e ao FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e financiamento do Projeto de I&D nº 013675 – NaÓpticaDaNewMENSUS, no âmbito do qual se realizaram muitos dos desenvolvimentos referidos na presente comunicação. ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 14 14 Referências BERGMEISTER, K.; SANTA, U.. Global Monitoring Concepts for Bridges. 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