Análise tempo-freqüência de um escoamento em tê – influência da constante de Smagorinsky aplicada a uma malha refinada Graziela Marchi Tiago Depto de Matemática, UFSCar 13565-905, São Carlos, SP E-mail: [email protected] Paulo Seleghim Júnior Universidade de São Paulo – LETeF – SEM - EESC 13560-970, São Carlos, SP E-mail: [email protected] 1. Introdução A maioria dos escoamentos encontrados na natureza e em aplicações práticas são turbulentos, com um comportamento caótico de grande complexidade, instáveis e que contém flutuações dependentes do tempo e da posição no espaço. Dentre os exemplos de escoamentos turbulentos, podemos citar os fenômenos atmosféricos, como furacões e tornados que causam verdadeiras catástrofes por onde eles passam. O escoamento turbulento possui várias características. Dentre elas, aumenta o poder de propagação de um escoamento. Só ocorre em escoamentos rotacionais e tridimensionais. Suas soluções também são imprevisíveis, e os fatores que influenciam são as imperfeições nos modelos matemáticos e nos métodos de solução das equações, e as imprecisões nos sistemas de medidas do escoamento que fornecem as condições iniciais para a realização das simulações. Outra característica é seu espectro de energia, o qual deverá ser portador de uma larga banda de freqüências ou comprimentos de onda e os altos números de Reynolds. E por fim, a característica mais importante é a multiplicidade de escalas. Para a maioria das aplicações da engenharia a determinação exata da posição e da fase de um turbilhão é dispensável. Desta forma, o importante é colocar em evidência a existência e a forma das estruturas turbilhonares e suas interações. Conhecer as informações estatísticas do escoamento são suficientes para a maioria das aplicações de engenharia, sendo impossível repetir com precisão os resultados obtidos experimentalmente através de simulações numéricas, ou seja, os vórtices produzidos numa simulação numérica não representam exatamente os turbilhões observados numa experiência de laboratório, em relação à posição no espaço e no tempo, mesmo sendo as condições iniciais e limites bem próximas. Neste contexto, técnicas para comparar dados experimentais com resultados numéricos e ajudar a caracterizar a existência e a forma destas estruturas turbulentas dentro do escoamento são extremamente importantes para evitar ou controlar estas estruturas. Dentre as técnicas utilizadas para se fazer o estudo da turbulência destacam-se análise tempo-freqüência e análise tempo-escala, aplicadas com muito sucesso a um grande número de problemas tecnológicos e científicos. Utilizando a técnica de análise tempo-freqüência, Seleghim [4] e Seleghim e Hervieu [5] desenvolveram um critério mais objetivo para a caracterização em escoamento vertical baseado na quantificação do grau de não-estacionaridade de um sinal. Isto foi feito independente da transição ou grandeza física estudada utilizando a covariância tempofreqüência associada à transformada de Gabor. Eles concluíram que as transições em regimes de escoamentos e a não-estacionaridade de um sinal ou processo são caracterizados pelos altos valores de covariância tempo-freqüência. Tiago e Seleghim [7] investigaram um problema de referência (“benchmark”). Este problema era um misturador de ar com temperaturas diferentes em uma junção em tê, produzindo resultados experimentais para validar os modelos de turbulência LES e DES implementados no software comercial CFX®. Neste trabalho foram fixados o mesmo passo de tempo, a mesma resolução de malha (intermediária) e constante de Smagorinsky em 0.1. Estes resultados computacionais foram comparados com os dados experimentais através da técnica de análise tempofreqüência. Estudos do escoamento mostram regiões de transição de vórtices, e a habilidade da técnica de análise tempo-freqüência em caracterizar a existência e a forma destas estruturas turbulentas com grandes vórtices dentro do escoamento. Recentemente Tiago e Seleghim [8] analisaram novos resultados para o modelo LES com refinamento da malha (grosseira, intermediária e fina, com Cs=0.1) e da influência da constante de Smagorinsky (Cs=0.07, 0.1, 0.18 e 0.2) aplicada apenas na malha intermediária e compararam as flutuações de temperatura através da técnica de análise tempo-freqüência. Os resultados mostraram novamente a importância da técnica para o estudo de um escoamento turbulento e a necessidade de novos testes com a mudança no valor da constante de Smagorinsky aplicada na malha fina, dentre outros. Assim, o objetivo deste trabalho é estudar o escoamento em um misturador de ar em tê, capaz de produzir resultados que possam validar o modelo de turbulência LES implementado no software comercial CFX®, sobretudo no que se refere à descrição do fenômeno de turbulência de grandes escalas. Estes resultados numéricos analisaram a mudança no valor da constante de Smagorinsky aplicada a uma malha refinada. Faz parte igualmente dos objetivos a utilização da técnica de Análise tempo-freqüência para comparar flutuações de temperatura dos dados experimentais com os resultados numéricos para caracterizar a existência e a forma das estruturas turbulentas com grandes vórtices. 2. Testes Experimentais Os testes experimentais foram realizados no Laboratório de Engenharia Térmica e Fluidos da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. Foi montada uma tubulação em PVC do escoamento de ar em tê, com duas entradas e uma saída, como especificadas na Figura 1 com todas as instalações e respectivas posições no experimento. Os termopares do tipo K, blindados, foram instalados dentro da tubulação em direção à saída do tê, com as juntas de medição exatamente na metade do diâmetro, sendo que o primeiro está bem no centro do tê, o segundo 0.20m após o primeiro, o terceiro 0.20m após o segundo e assim por diante até completar 8 termopares. Para controlar a vazão de ar no experimento foram instalados ventiladores nas duas entradas da tubulação, sendo que de um lado após o ventilador foi colocada uma resistência de chuveiro blindada para elevar a temperatura desta entrada. Estes ventiladores conseguiam imprimir uma velocidade de 2.2m/s em cada entrada, medidos com um anemômetro de turbina e a resistência era aquecida a uma potência de 90W. Fez-se uma medida no experimento com um termômetro nas duas entradas. De um lado era a temperatura ambiente, e do outro como tínhamos a resistência aquecida, a temperatura era maior, mas oscilava um pouco, por isso resolvemos colocar uma média do que realmente estava marcando no termômetro. Além dos termopares instalados, o circuito é provido de um sistema de aquisição para obter os sinais de temperatura da National Instruments, composto por um chassi PXI1000B equipado com um controlador embutido NI 8176 PXI (Pentium III 1.26Ghz) e uma placa I/O multi-função PXI-6025E por 200 KS/s 12-bit de amostragem, que garante a comunicação com o computador. Para aquisição e armazenamento dos dados foi implementado um programa no software LabVIEW®. Parava-se a aquisição de temperatura quando completasse a quantidade de pontos desejada para fazer comparações com as simulações numéricas, através do programa de análise tempo-freqüência, 215=32768. O programa permitia escolher quantidade de pontos amostrados por segundo, e a colocação de um filtro Butterworth passabaixa em 30Hz para eliminar uma fonte de ruído em 60Hz. O efeito aliasing, causado por ruídos em altas freqüências, foi eliminado fazendo a aquisição alta com 1000 pontos de temperatura por segundo. 3. Simulação Numérica Para as simulações numéricas foi utilizado o software comercial CFX® [1], versão 5.7, com o método de simulação de grandes escalas: LES. O programa resolve as equações de Navier–Stokes na forma 1,30 m 0,15 m 2,65 m x=0 x = 0,2 m x = 0,4 m x = 0,6 m x = 0,8 m x = 1,0 m computador x = 1,2 m x = 1,4 m Sistema de aquisição de dados Figura 1: Representação esquemática da instalação experimental conservativa aproximando-as pelo método de volumes finitos baseado em elementos, [3] e [9]. Considere SM uma fonte de momento, SE uma fonte de energia e λ a condutividade térmica, então: onde f , a parte de grandes escalas, é definida através do volume médio como: ∂ρ ∂ (ρU i ) + = 0 (1) Equação da Continuidade: ∂t ∂x i onde G(x i − x i ' ) é a função filtro (chamada filtro chapéu ou filtro gaussiano). A utilizada é a função filtro por volume, dada por: Equação do Movimento: ∂ρU i ∂ (ρU j U i ) ∂ 2 Ui ∂p + =− +µ + SM ∂t ∂x j ∂x i ∂x j∂x j (2) Equação de Energia Térmica: ∂ρh ∂ (ρU j h) ∂ 2 (λT) + = + SE ∂t ∂x j ∂x j∂x j (3) Foi utilizado um computador Pentium4 de 3.0Ghz, com a plataforma Linux RedHat, sendo que cada simulação numérica demorava em média 15 dias. 3.1. Modelo LES (Large Eddy Simulation) O modelo LES [6] é um processo de filtragem das equações do movimento e decomposição das variáveis do escoamento em grandes escalas (resolvidas) e pequenas escalas (não resolvidas), sendo que o tamanho característico do filtro determina a freqüência de corte. Qualquer variável do escoamento f pode ser escrita como: f = f +f' (4) f (x i , t) = ∫ G(x i − x 'i )f (x 'i , t)dx 'i vol ∆ 1 ∆ 3 , se x i ≤ 2 G(x i ) = 0, se x > ∆ i 2 (5) (6) onde ∆ é tamanho característico do filtro. As equações de quantidade de movimento filtradas (filtro gaussiano ou função filtro por volume) tornam-se: ∂ (ρU i ) ∂ (ρU i U j ) ∂ 2 U i ∂ρτij ∂p + =− +µ − ∂t ∂x j ∂x i ∂x j x j ∂x j (7) sendo U i a componente de velocidade na direção i com filtro espacial, p a pressão filtro no espaço e τij o tensor de Reynolds submalha, definido como: τij = U i U j − U i U j (8) Através do modelo de Smagorinsky, o tensor de Reynolds sub-malha é aproximado por: ∂U ∂U j 1 τij = − τkk = −2 ⋅ νSGS ⋅ Sij = ν SGS ⋅ i + (9) ∂x j ∂x i 3 sendo νSGS a viscosidade de escala sub-malha, calculada como: 2 νSGS = (CS ∆ ) S S = 2Sij Sij (10) Para cálculos práticos, a constante de Smagorinsky CS, é mudada dependendo do tipo de escoamento e da resolução da malha. Um estudo da influência dessa constante aplicada na resolução de malha foi considerado neste trabalho. Os valores adotados foram: 0.07, 0.1 e 0.18. 3.2. Geometria e Discretização do domínio Nas simulações numéricas foi montada uma geometria com as mesmas dimensões e características do experimento, Figura 1. Como na simulação numérica o escoamento já inicia estabilizado, na montagem da geometria desprezou-se a parte dos ventiladores e da resistência aquecida, mudando a distância entre as duas entradas do escoamento de 1.30m para 1.0m. O programa permite monitorar pontos dentro do escoamento. Isto foi feito representando as posições exatas dos termopares do experimento, e foi monitorada a temperatura em cada ponto. A malha usada em todas as simulações numéricas é tetraédrica, não-estruturada. Os testes com resoluçao de malha foram: intermediária (34169 nós e 99307 elementos) e fina (73773 nós e 237322 elementos). O fluido usado no escoamento foi Ar a 25°C, com propriedades específicas do ar (viscosidade e densidade) mantidas constantes a 25°C e 1atm. Nas duas entradas do escoamento, foi especificada a velocidade 2.2m/s como normal à fronteira, e para o escoamento o número de Reynolds era de aproximadamente 16500. Também nas entradas foi selecionada temperatura constante para o fluido, sendo de um lado temperatura fria, e do outro temperatura quente. Para a saída do escoamento foi especificada a pressão atmosférica. O passo de tempo foi mantido constante e igual a 0.001s para se ter a mesma freqüência de aquisição de pontos como ocorria no experimento. O tempo de duração das simulações sempre foi para totalizar 32768 = 215 pontos de temperatura, ou seja, em torno de 33s, para fazer a análise no plano tempofreqüência. O modelo de transferência de calor usado para prever a temperatura por toda parte do escoamento foi o modelo de Energia Térmica. Na parede foi considerado um modelo adiabático. Não foi selecionada a força de empuxo. As paredes são impermeáveis, lisas e não-deslizantes. 4. Análise de Sinais Os sinais de temperatura provenientes dos termopares instalados ao longo da tubulação do experimento e da simulação numérica foram analisados de acordo com os fundamentos de Análise de Sinais. Esta consiste em estudar e caracterizar as propriedades básicas dos sinais medidos. O método usado para fazer as comparações foi análise dos Sinais no plano tempo-freqüência. 4.1. Análise Tempo-Freqüência A idéia fundamental da análise tempofreqüência é entender e analisar situações onde a composição frequencial de um sinal está mudando no tempo. O objetivo básico da análise tempo-freqüência é descobrir uma função que descreva a densidade de energia de um sinal simultaneamente no tempo e na freqüência, e que possa ser usada e manipulada da mesma maneira como qualquer densidade. De posse de tal função, pode-se saber qual a fração de energia existente em uma determinada faixa temporal e frequencial, e calcular a densidade de freqüências em um tempo particular, e momentos global e local entre outros. Para se avaliar as propriedades do sinal para um tempo t desejado, dá-se ênfase ao sinal naquele momento e oculta-o em outros tempos, aonde denota-se o sinal como s(t) e o tempo corrente como τ . Segundo Cohen [2], isso é feito multiplicando o sinal por uma função janela h(t) a fim de se produzir um sinal modificado do tipo: s t (τ) = s(τ)h(τ − t) (11) Desde que o sinal modificado enfatize o sinal em torno do tempo t, a transformada de Fourier refletirá a distribuição de freqüências em torno daquele tempo, com freqüência ω : s t (ω) = s t (ω) = +∞ 1 2π ∫e 2π s t (τ)dτ − jωτ s(τ)h(τ − t)dτ (12) −∞ +∞ 1 − jωτ ∫e (13) −∞ A densidade de energia espectral no tempo t é: 2 Psp (t, ω) = s t (ω) = 1 2π +∞ 2 − jωτ ∫ e s(τ)h(τ − t)dτ −∞ (14) Assim, para cada tempo t diferente, consegue-se uma densidade de energia espectral e a totalidade dessas densidades é a distribuição tempo-freqüência Psp(t,ω). Transformada a curto tempo de Fourier e transformada de Gabor são formas de se construir a função Psp(t,ω). O que distingue cada forma é a função h analisante utilizada. A função junção tempo-freqüência foi obtida através da transformada de Gabor, o qual usa a função gaussiana como função analisante −α ( τ− t ) 2 h(τ − t) = e . As funções estatísticas usadas para as comparações neste artigo foram a energia e a covariância tempo-freqüência da distribuição tempo-freqüência, calculadas para testes de vazão de ar mantidas constantes. Sendo Fmin e Fmax os limites na freqüência, Tmin e Tmax os limites no tempo, a energia E do sinal o qual caracteriza a instabilidade de um sistema, é dada por: E= Fmax Tmax ∫ ∫ Psp (t, ω)dtdω (15) A covariância aqui estudada, é uma indicação do quanto a freqüência instantânea e o tempo estão correlacionados. Logo, a covariância será nula quando a freqüência não variar com o tempo. Quanto maior a covariância, maior o grau de não estacionaridade de um sinal, e mais a freqüência varia com o tempo [2]. Portanto, se tempo e freqüência são variáveis independentes, assumi-se que Psp(t,ω) seja uma função separável, isto é: P(t, ω) = F(t)G(ω) (16) Considerando τ um instante particular da distribuição tempo-freqüência e definindo um apropriado horizonte T de análise, um tempo central ∆ t ( τ) , uma freqüência central ∆ ω (τ) e um momento misto ∆ tω (τ) , temos: +∞ ∆ t ( τ) = 1 ∫ E(τ) −∞ +∞ 1 ∆ ω ( τ) = ∫ E(τ) −∞ τ+ ∫ tP(t, ω)dtdω (17) ωP(t, ω)dtdω (18) tωP(t, ω)dtdω (19) T τ− 2 τ+ T 2 ∫ τ− +∞ 1 ∆ tω (τ) = ∫ E(τ) −∞ Sendo T 2 T 2 τ+ T 2 ∫ τ− T 2 ∑ (τ) um intervalo de deslizamento centralizado em τ com T de duração, e E(τ) a energia total de ∑ (τ) , eles são definidos como: Fmin Tmin A análise tempo-freqüência constitui uma poderosa ferramenta para avaliar a não estacionaridade de um sinal ou de um processo. Quando um sinal não varia em algum sentido, diz-se que ele é estacionário. No contexto dos processos determinísticos, a estacionaridade é geralmente assumida como um estado espectral em que a composição frequencial é constante em relação ao tempo [5]. Sinais reais, no entanto, nunca são puramente estacionários, logo uma definição mais realista é avaliar o seu grau de não estacionaridade. T T ∑ (τ) = τ − 2 , τ + 2 (20) E(τ) = ∫ (21) ∫ ∑ P(t, ω)dtdω ( τ) Se o sinal for independente do tempo e da freqüência, é razoável assumir que a média temporal e a média frequencial não estão relacionadas. Sob essa suposição podemos esperar que: ∆ t ω ( τ) = ∆ ω ( τ ) ∆ t ( τ ) (22) Portanto, o excesso de ∆ tω (τ) sobre ∆ ω (τ)∆ t (τ) é uma boa indicação de quanto o tempo está correlacionado com a freqüência. Logo, a covariância tempo-freqüência é definida como [5]: cov tω = ∆ tω (τ) − ∆ ω (τ)∆ t (τ) (23) Assim, quando os sinais são independentes do tempo e da freqüência, cov tω = 0 . 5. Resultados A lista dos experimentos é mostrada na Tabela 1, com as respectivas temperaturas ambiente e aquecida (°C), a freqüência de pontos de temperatura adquiridos por segundo. Nos testes numéricos mostrados na Tabela 2, simulamos o modelo LES, com as principais condições especificadas nas seções anteriores, com as respectivas temperaturas ambiente e aquecida (°C), a freqüência de pontos de temperatura adquiridos por segundo e a partir delas variamos a resolução da malha e o valor da constante de Smagorinsky. Os resultados numéricos dos sinais analisados no plano tempo-freqüência possuem freqüências maiores do que os experimentos. Essas oscilações ficaram em até 20Hz dependendo da simulação numérica e do termopar analisado. Para os experimentos foram observadas oscilações de freqüência até 0.5Hz. O experimento não captura todas as faixas frequenciais devido à deficiência no sistema de aquisição, já que o tempo de resposta dos termopares é de aproximadamente 2.0s. Assim, os termopares acabam filtrando as altas freqüências. Nas comparações, analisamos as temperaturas dos termopares até 0.5Hz no plano tempofreqüência, para ficar coerente com o experimento. As comparações serão feitas entre os experimentos e os testes numéricos, variando sempre a resolução da malha para os modelos LES e mantendo o valor da constante de Smagorinsky. Inicialmente comparamos os ensaios experimentais com as simulações LES1 e LES4, com o valor da constante de Smagorinsky em 0.07. Analisando a Figura 2, a energia alta no início do escoamento indica um sistema mais instável, e se sabe que a turbulência necessita de energia para se desenvolver. Além disto, os grandes vórtices precisam de energias maiores para se manterem, o que se observa nos primeiros termopares. As simulações numéricas LES1 e LES4 representam os experimentos e estão muito próximas, apesar de possuírem energias mais altas do que o experimento, provavelmente associadas com as altas amplitudes indicadas pelos sinais das simulações numéricas. Pelo gráfico de energia fica comprovada a forma destas estruturas turbulentas com grandes vórtices no escoamento. Pela Figura 3 de covariância tempofreqüência percebemos que existe diferença entre os próprios ensaios experimentais pela passagem dos vórtices, já que os picos de covariância ocorrem em termopares diferentes. Por isso o objetivo do trabalho é comprovar a existência e a forma das estruturas turbulentas no escoamento, e não a posição exata aonde eles ocorrem. Além disso a simulação que mais se destacou foi LES1, com a covariância alta no início quando os grandes vórtices passam, com a formação das recirculações e depois a passagem dos vórtices menores, com um regime mais estável. Ou seja, as transições de escoamento são caracterizadas pelos altos valores da covariância tempo-freqüência quando comparados com os correspondentes valores obtidos enquanto o escoamento está estabilizado. Isto comprova a existência destes vórtices, podendo ter uma variação só na posição. Já a simulação LES4 não representou principalmente nos últimos termopares. Nas comparações com o valor da constante de Smagorinsky em 0.18, a simulação LES2 apesar de representar muito melhor o gráfico de energia, Figura 4, não oscilou no gráfico de covariância tempofreqüência, Figura 5, e assim não representou a realidade do escoamento. Já a simulação LES5 apesar de possuir as energias mais altas, apresentou mais concordância no gráfico de covariância, Figura 5, mas não representando tão bem quanto a simulação LES1. E por fim as comparações entre os experimentos e testes numéricos com a constante em 0.1, LES3 e LES6, pelo gráfico de energia, Figura 6, novamente alta no início indicando a forma destas estruturas turbulentas com grandes vórtices, porém se apresentam mais altas nas simulações numéricas, provavelmente associadas com as altas amplitudes indicadas pelos sinais das Ensaios Ensaio01 Ensaio02 Temp. Ambiente(°C) 19 20 Temp. Aquecida(°C) 32 34 Aquisição(Hz) 1000 1000 Tabela 1: Experimentos Ensaios Malha LES1 LES2 LES3 LES4 LES5 LES6 Intermediária Intermediária Intermediária Fina Fina Fina Constante de Smagorinsky 0.07 0.18 0.1 0.07 0.18 0.1 Temp. Temp. Ambiente(°C) Aquecida(°C) 19 30 19 30 19 30 19 30 19 30 19 30 Passo de tempo(s) 0.001 0.001 0.001 0.001 0.001 0.001 Tabela 2: Testes Numéricos 25000 0.06 0.05 20000 ensaio02 15000 10000 0.04 ensaio02 ensaio01 0.03 ensaio01 LES1 0.02 LES1 LES4 5000 LES4 0.01 0 0 -0.01 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 0 0.2 Posição dos termopares(m) 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 Posição dos termopares (m) Figura 2: Energia (°C s)2 Figura 3: Covariância tempo-freqüência 40000 0.04 35000 0.035 0.03 30000 25000 20000 15000 ensaio02 0.025 ensaio02 ensaio01 0.02 ensaio01 LES2 0.015 LES2 LES5 0.01 LES5 10000 0.005 5000 0 0 -0.005 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 0 1.4 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 Posição dos termopares (m) Posição dos termopares (m) Figura 4: Energia (°C s)2 Figura 5: Covariância tempo-freqüência 0.04 25000 0.035 20000 0.03 15000 10000 ensaio02 0.025 ensaio02 ensaio01 0.02 ensaio01 LES3 0.015 LES3 LES6 0.01 LES6 0.005 5000 0 -0.005 0 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 Posição dos termopares (m) Figura 6: Energia (°C s)2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 Posição dos termopares (m) Figura 7: Covariância tempo-freqüência simulações numéricas. Pela Figura 7, o LES3 se destacou representando melhor os picos de covariância e a existência destas estruturas turbulentas dentro do escoamento. O LES6 também soube representar o escoamento tendo uma oscilação maior no termopar 6. dos menores vórtices, melhorando a aquisição dos dados experimentais com um sistema de anemometria. Também deve-se colocar uma colméia logo após os ventiladores, obtendo assim um escoamento mais homogêneo nas duas entradas e fisicamente mais coerente com o escoamento numérico. 6. Conclusões 7. Referências A comparação entre dados experimentais obtidos do escoamento em um misturador de ar em tê com as simulações numéricas obtidas com o modelo LES no software CFX foi proposta neste trabalho. Alguns testes foram feitos nas simulações numéricas com condições próximas ao experimento, mudando os valores da constante de Smagorinsky aplicada a duas resoluções de malhas, mantendo o mesmo passo de tempo do experimento. As análises no plano tempo-freqüência do experimento e das simulações numéricas conseguiram identificar a existência dos vórtices no escoamento e sua forma, não sendo possível prever a posição exata aonde estes vórtices ocorrem. Os grandes vórtices foram comprovados principalmente pelos gráficos de energia, se mostrando altas no início e caindo à medida que o escoamento se deslocava para a saída. A existência foi observada nos gráficos de covariância tempofreqüência, indicando oscilações nos seus valores e a não-estacionaridade dos sinais com a passagem dos grandes vórtices. Para as condições numéricas e experimentais testadas, as simulações que produziram melhores resultados principalmente nos gráficos de covariância tempo-freqüência foram LES1, LES3 e LES6, mudando a resolução da malha e a constante de Smagorinsky em 0.07 e 0.1. Para a malha fina a melhor constante foi Cs = 0.1. O refinamento de malha foi importante principalmente nos gráficos de energia, sendo que se destaca novamente a constante 0.1. A constante de Smagorinsky 0.18 não apresentou bons resultados. Estudos atuais investigam formas de se obter melhores resultados físicos das simulações numéricas, dentre elas mudanças no passo de tempo das simulações, aumento do tempo total de processamento e mais testes refinamento de malha. Para os experimentos deve-se investigar oscilações frequenciais mais altas e consequentemente a observação [1] CFX®, Manual. Ansys Inc., 2004. [2] L. Cohen, “Time-frequency analysis”, New Jersey, Prentice Hall, 1995. [3] S. V. Patankar; Taylor; Francis, “Numerical Heat Transfer and Fluid Flow”, 1980. [4] P. Seleghim Jr., “Caracterisation des changements de configurations d’un ecoulement diphasique horizontal par l’application de methodes d’analyse temps-frequence. Grenoble. 301p. Tese (Doutorado) - De L’Institut National Polytechnique de Grenoble, 1996. [5] P. 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