NDVI – Normalized Difference Vegetation Index ÍNDICE DE VEGETAÇÃO POR DIFERENÇA NORMALIZADA (IVDN) – Índice de vegetação: razão, diferenciação, tipo de combinação ou uma transformação de dados espectrais para produzir um único valor, que represente diferentes tipos de cobertura vegetal. – Utilizado para o monitoramento de cobertura vegetal, avaliar tipo e densidade de vegetação, detecção de desmatamentos, queimadas, suporte para a agricultura etc; – É calculado a partir de duas bandas de refletância, uma no vermelho e outra no infravermelho próximo. A vegetação tem respostas muito distintas nessas duas bandas. Esses dados são obtidos via radiômetros instalados em satélites ou por equipamentos instalados próximos ao alvo de interesse. Como exemplo podemos tomar as bandas 1 e 2 do sensor AVHRR (Advanced Very Height Resolution Radiometer), a bordo de satélites, como os da série NOAA. Banda 1 - AVHRR (VIS – Vermelho – 0,58 a 0,68 Micra): a vegetação tem refletância baixa nesse comprimento de onda, uma vez que a clorofila absorve a radiação solar para permitir a fotossíntese; Banda 2 – AVHRR (Infravermelho próximo - IVP – 0,73 a 1,10 Micra): nesse caso a vegetação apresenta uma reflexão alta, uma vez que o tecido das folhas tem baixa absorção no IVP, devido à sua estrutura interna; – Existem mais de 50 tipos de índices de vegetação, dentre os quais se destacam o RVI (Ration Vegetation Index) e o NDVI (Normalized Difference Vegetation Index). – Convenção: VIS: refletância na banda 1 e IVP: refletância na banda 2. RVI: (IVP/V) – Varia entre 1 (solos descobertos) e 20 (vegetação exuberante). NDVI: (IVP–VIS)/(IVP+VIS) - Varia entre -1 (estresse hídrico) e 1 (cobertura total – exuberante – de vegetação). Qdo o valor se aproxima de 1, temos que a refletância na banda 2 (IVP) é muito maior que a da banda 1 (VIS). O contrário ocorre qdo ele se aproxima de -1, onde a refletância na banda 1 (VIS) é muito maior que a da banda 2 (IVP); Matematicamente os dois índices descritos acima são funcionalmente equivalentes, ou seja, contêm o mesmo tipo de informação sobre parâmetros biofísicos da vegetação (Jackson e Huete, 1991). No entanto, conforme comentam os autores, o NDVI é mais sensível à vegetação esparsa do que o RVI. Desta forma, vamos utilizar o NDVI para um estudo mais amplo dos índices. – É preciso fazer algumas considerações, pois apesar da forte resposta dada pela vegetação nessas bandas, nem tudo o que está refletindo nas duas bandas é vegetação; 1) solo nu ou com pouca vegetação apresenta valores baixos de NDVI, mas valores positivos. 2) vegetação densa e bem desenvolvida vai apresentar valores de NDVI altos (próximos de 1). 3) a princípio não se espera valores negativos de NDVI, a não ser para água, pois a refletância na banda 1 (VIS) é maior do que na banda 2 (IVP). É importante notar que devido a esta característica o NDVI pode mudar de valor, para uma mesma região vegetada, caso ela esteja irrigada, por exemplo. 4) as nuvens refletem de forma semelhante na banda do visível e no infravermelho próximo, assim os valores esperados do píxel são próximos de zero. Desta forma é possível criar uma máscara para as nuvens. Uma possível causa de incertezas nos valores do índice é o fato de que nuvens pequenas, menores que os valores do píxel, podem não ser detectadas pelo mascaramento, diminuindo o valor real do NDVI. Uma região onde isso ocorre com certa frequência é a região amazônica, onde a presença de nebulosidade é praticamente constante. 5) os aerossóis têm papel importante na atenuação de radiação eletromagnética (absorção e espalhamento). 6) A variação do ângulo solar causa variação direta na quantidade de radiação que chega à superfície. Devido a esses possíveis erros, faz-se necessárias algumas correções, a fim de encontrar valores de NDVI reais, sem nenhuma interferência. Um exemplo de correção é o SAVI (Soil Adjusted Vegetation Index), proposto por Huete (1988). Esse ajuste é utilizado para tentar minimizar os efeitos do solo, como variação no brilho, diferença de umidade, variações de rugosidade, sombra ou diferentes teores de matéria orgânica. Desta forma, o SAVI é calculado como: (1+L)*(IVP-VIS)/(IVP+VIS+L), onde L é o fator de ajuste para influência do solo. Segundo Huete, L varia de acordo com a quantidade de vegetação (entre 0 e 1), mas para um intervalo de condições de vegetação (principalmente se for para uma região desconhecida, um valor razoável é L=0,5. Como exemplo de identificação de vegetação utilizando-se o SAVI, podemos olhar para a seqüência de figuras abaixo, onde em todas elas temos 3 folhas, 2 verdes (clorofila) e uma amarela (seca, sem clorofila). As imagens são construídas a partir da radiância refletida que chega ao sensor, dispostas em tons de cinza. Esses tons de cinza variam de 0 a 255, onde 0 é o preto (nenhuma radiação refletida chegando ao sensor) e 255 à cor branca (reflexão total por parte do alvo). VIS: Nesse canal podemos perceber que as folhas verdes absorvem boa parte da radiação incidente, de forma que a radiação refletida que chega ao sensor é baixa (próximo de 0). O contrário ocorre com a folha amarela que, devido à ausência de clorofila, reflete praticamente toda a radiação proveniente do sol (em torno de 255). IVP: As folhas apresentam uma reflexão alta, uma vez que o tecido das folhas tem baixa absorção no IVP. Assim, independente da quantidade de clorofila presente na folha, todas apresentam valor de radiação absorvida pelo sensor bem alto (próximo de 255). SAVI: Como no cálculo do índice é feita uma diferença entre os valores de IVP e VIS, notamos que a folha amarela praticamente não aparece na imagem. Isso porque ela tinha apresentado altos valores de refletância nos dois canais, e com isso a diferença entre elas é próxima de zero. O contrário ocorre com as folhas verdes, onde a diferença entre IVP e VIS dá um valor alto. É possível perceber que o índice não é perfeito, já que algumas interferências aparecem na imagem. – Os índices de vegetação têm sido empregados, com grande sucesso, nos estudos para caracterizar parâmetros biofísicos da vegetação, tais como: 1) Índice de área foliar (Clevers, 1989) e fitomassa (Prince, 1991); 2) Obtenção de valores mais acurados de umidade do solo. 3) Produtividade Agrícola (Asrar et al., 1985); 4) Monitoramento da área vegetada, como detecção de regiões desmatadas e queimadas. 5) Radiação Fotossinteticamente Ativa Absorvida (Asrar et al., 1984; Hatfield et al., 1984; Seller, 1985); – Referências Bibliográficas Asrar, G.; Fuchs, M.; Kanemasu, E. T.; Hatfield, J. L. Estimating absorved photosynthetic radiation and leaf area index from spectral reflectance in wheat. Agronomy Journal, v. 76, n. 2, p. 300-6, 1984. Asrar, G.; Kanemasu, E. T.; Jackson, R. D.; Pinter, P. J. Estimation of total above ground phytomass production using remote sensed data. Remote Sensing of Environment, v. 17, n. 3, p. 211-20, 1985. Clevers, J. G. P. W. The application of a weighted infrared-red vegetation index for estimating leaf area index by correcting for soil moisture. Remote Sensing of Environment, v. 29, n. 1, p. 25-37, 1989. Deering, D. W.; Rouse, J. W.; Haas, R. H.; Schell, J. A. Measuring “forage production” of grazing units from Landsat MSS data. International symposium on remote sensing of environment, v.2, p.1169-1178, 1975. Hatfield, D. L.; Asrar, G.; Kanemasu, E. T. Intercepted photosynthetically active radiation estimated by spectral refletance. Remote Sensing of Environment, v. 14, n. 1-3, p. 65-75, 1984. Huete, A. R. 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