ANÁLISE DO PONTO DE EQUILIBRIO DE UMA EMPRESA FAMILIAR
Jéssica Soder1
Ednei Fabiano de Aquino2
RESUMO
O estudo tem como objetivo verificar através dos cálculos dos Pontos de Equilíbrio a
viabilidade do atual negócio, para obter os resultados fazendo com que os sócios tenham uma ferramenta de decisão para maximização dos lucros desde que não diminua a satisfação dos clientes, fazendo assim com que o negócio prospere. Com base
nos dados financeiros da empresa, pôde-se calcular três cenários do Ponto de Equilíbrio Econômico. O P.E Contábil obteve o resultado de R$ 353.600,66, o P.E Financeiro o valor de R$ 296.470,05 e por fim o P.E Econômico forneceu resultado no ce nário Conservador de R$ 946.890,35, para o cenário Pessimista de R$ 667.076,00 e
para o cenário Otimista o valor de R$ 1.631.059,68.
Palavras-chave: Custo; Lucro; Supermercado
ABSTRACT
The study has as an objective to verify the viability of the current business through the
calculations of the Equilibrium to get the results by making the partners to have a tool
of decision and this way maximize the profits, but only if it doesn’t lower the client’s
satisfaction and this way the business will prosper. Based on the financial data of the
company we can calculate three scenarios of the Economic Equilibrium Point. The
Accounting E.P. it was of R$ R$ 353.600,66, the Financial E.P. it was R$ 296.470,05
and, finally, the Economic E.P. that provided a different result for each scenario, for
the Conservative R$ 946.890,35, for the Pessimistic R$ 667.076,00 and for the Optimistic the value was R$ 1.631.059,68
Key words: Cost; Profit; Supermarket
1 Introdução
Analisando a competitividade global, observa-se que as grandes redes de supermercados estão cada vez mais sufocando os pequenos empresários, donos de
pequenos estabelecimentos. A capacidade financeira é maior em grandes supermercados, pois estes conseguem diminuir os preços, levando em consideração a quantidade de produtos na ocasião da compra para revenda.
1
Graduanda em Ciências Contábeis, Faculdade Dom Alberto, Santa Cruz do Sul/RS.
2
Graduado em Ciências Contábeis, UNISC, Santa Cruz do Sul/RS.
2
Tendo em vista os vários métodos existentes para análises de uma empresa,
buscou-se pesquisar um método que fosse de fácil interpretação pelos sócios, tendo
em vista que atuais métodos muitas vezes dificultam o entendimento e por sua vez
acabam não sendo utilizados na gestão da empresa. Nesse sentido, o estudo encon trou o método do Ponto de Equilíbrio que tem como propósito analisar o Ponto de fa turamento em que a empresa não obtenha lucro e nem prejuízo, denominado como
método do Ponto de Equilíbrio Contábil e o ponto de Equilíbrio em que a empresa
obtenha um lucro almejado pelos sócios denominado de P.E. Econômico.
Ao passar dos anos o mundo foi mudando e com ele as pessoas também, e
estas têm cada vez mais necessidades e tornam-se muito mais exigentes, a cadeia
toda acaba se transformando para poder acompanhar o ritmo das necessidades dos
consumidores.
A satisfação do cliente está hoje em primeiro lugar, sendo assim as empresas
buscam se aperfeiçoar cada vez mais, para poder satisfazer os clientes e, além disso, satisfazer os sócios e acionistas.
Por um lado os clientes buscam preços baixos com alta qualidade, ou seja,
custo baixo com beneficio alto, por outro lado os sócios buscam a maximização dos
resultados da empresas que é a alta lucratividade. Nesse contexto, o desejável é que
todos tenham suas necessidades atendidas, porém desenvolver algo que atenda es tes dois requisitos é o ideal nos dias de hoje.
Mesmo que haja um confronto entre estes dois dilemas, a empresa necessita
de informaçoes básicas para procurar uma forma que atenda seus objetivos financeiros e de seus clientes.
O Ponto de Equilibrio de uma empresa é uma ferramenta que procura calcular
o ponto ótimo para a empresa, pois, mesmo que a empresa deseje satisfazer seus
clientes e sócios, ela precisa ter uma meta fixada em que não haja prejuízo no investimento.
2 Referencial Teórico
2.1Empresa Individual
Empresa individual é uma entidade administrada por uma única pessoa, sendo
esta total responsável pela gestão da empresa. Segundo Weston e Brigham (2000),
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entrar nos negócios como proprietário individual é fácil: basta uma pessoa para iniciar
as operações do negócio. Entretanto, até mesmo os menores estabelecimentos de vem ser licenciados por uma junta comercial.
A empresa individual encontra alguns obstáculos, tais como: aumentar consideravelmente seu capital, desenvolver grandes operações, e a vida de uma empresa
organizada como individual é limitada à pessoa que a criou.
Já os princípios Fundamentais de Contabilidade representam como os profissionais da área devem agir e portanto como seus sócios devem entender a contabilida de. Dentro dos princípios fundamentais estão o da Entidade que no caso das empresas individuais é mais difícil de ser seguido. Logo este princípio contábil é o que
mais atrai a atenção contadores e administradores, pois nas pequenas empresas
onde há um único proprietário encontra-se maior dificuldade em seguir o mesmo,
pois muitas vezes as empresas são altamente lucrativas, mas acabam liquidando a
empresa por falta de uma boa administração., pois o proprietário não consegue separar o patrimônio da empresa em relação ao seu particular. Muitas vezes nem ao menos sabe se a empresa é viável, e também acredita que ela não está dando o retorno
financeiro esperado, no entanto o que se procede é que o proprietário como pessoa
física tem muitos gastos e, para cobrir estes, retira recursos financeiros da empresa
sem controle algum, ultrapassando muito mais que seu pró-labore. Com isso acaba
descapitalizando a empresa, pois ele nem ao menos conhece o seu próprio negócio.
Ao final de cada exercício não se sabe se a empresa obteve um lucro do negócio ou se ela apenas faturou o suficiente para cobrir os gastos do negócios da empre sa e do proprietário.
2.2 Ponto de Equilíbrio
Segundo Ludícibus (1993), a Análise da relação Custo/Volume/Lucro representa uma das técnicas mais antigas e eficientes de análise de custos. Ponto de
Equilíbrio (PE), também chamado de break-even-point, é denominação dada ao estudo efetuado pelo administrador, baseando-se na Análise custo-volume-lucro (C/V/L),
que tem como objetivo determinar o ponto onde a receita total cobre o total dos custos. A relação C/V/L representa a comparação entre receitas, custos e volume e os
efeitos sobre o resultado.
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A análise do PE auxilia os administradores a conhecer o volume necessário de
vendas para que a receita cubra totalmente os custos e despesas, portanto, apenas
acima deste ponto, onde o lucro se torna zero, é que haverá realmente lucro.
Há três tipos de analise do Ponto de Equilíbrio: Ponto de Equilíbrio Contábil;
Ponto de Equilíbrio Econômico e o Ponto de Equilíbrio Financeiro. O Ponto de Equilíbrio Contábil é a quantidade ou valor de vendas que uma empresa necessita vender
para obter lucro zero, isto é quando os custos e despesas fixas são cobertas pela
MCT gerada pela quantidade vendida, cada unidade vendida a partir deste ponto gerará lucro. Sua fórmula é PE = CF+DF/(PV-CV-DV), sendo que: PE = Ponto de Equilíbrio; CF = Custo Fixo; DF = Despesa Fixa; PV = Preço de Venda; CV = Custo Variável; DV = Despesa Variável.
O Ponto de Equilíbrio Econômico é a quantidade produzida e vendida em que
o total das receitas que anula os custos e despesas totais acrescidos dos custos eco nômicos. Este ponto define-se na fórmula:PE = (CF+DF+LD)/(PV-CV-DV), sendo
que: PE = Ponto de Equilíbrio; CF = Custo Fixo; DF = Despesa Fixa; LD = Lucro Desejável; PV = Preço de Venda; CV = Custo Variável; DV = Despesa Variável.
O Ponto de Equilíbrio Financeiro é a produção e venda em quantidade que ob tém receita total que “zera” os custos e despesas totais deduzidos das depreciações
e amortizações. A fórmula é PE = (CF+DF-D+AMORT)/(PV-CV-DV), sendo que: PE =
Ponto de Equilíbrio; CF = Custo Fixo; DF = Despesa Fixa; AMORT = Amortização;
PV = Preço de Venda; CV = Custo Variável; DV = Despesa Variável.
O Ponto de Equilíbrio é uma ferramenta muito importante e útil para as empre sas, principalmente na determinação do preço de venda e controle dos custos.
2.2.1 Limitações do Ponto de Equilíbrio
Conforme Matz, Curry e Frank (1974), a Análise C/V/L não substitui a realidade complexa que envolve as variáveis que a compõe e, por envolver dados contábeis, há, de certa forma, algumas limitações.
Alguns autores, tais como Li (1975), acreditam que o PE não tem sentido algum, já que o objetivo de uma empresa não é equilibrar-se, mas sim ser lucrativa.
De certa forma há uma divergência entre pesquisadores do Ponto de Equilíbrio. Martim (2000) expõe uma problemática da qual a aplicação em cenários em que
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produtos com estruturas diferentes compartilhem os custos fixos. Desta maneira se
torna difícil a aplicação com resultados exatos ao aplicar o método do PE.
A opção para esta empresa seria desenvolver a margem de contribuição ponderada (MCP) para que assim os custos estejam em proporção aos produtos.
Guerreiro (2006) acredita que é incoerente se calcular o PE por produto, porque o custo fixo total é da organização e não dos produtos. A solução seria calcular o
Ponto de Equilíbrio não por produto, mas para a empresa como um todo através da
Médias Simples das Margens de Contribuição Percentuais.
Há também outro dois problemas em relação ao calculo do PE: em um período
de curto prazo há possibilidade de linearidade da receita e dos custos em todos os
níveis de volume; e ainda quando a empresa não consegue sincronizar a produção
com a venda, o método do Ponto de Equilíbrio se torna um tanto ineficaz.
3 Metodologia
Para analisar o P.E foram somada as contas do Demonstrativo de Resultado
do Exercício do ano de 2006, para então se trabalhar com saldos acumulados do res pectivo ano. Para as despesas fixas utilizaram-se as seguintes contas para obter o
resultado:
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DESPESAS OPERACIONAIS
despesas operacionais
Despesas com vendas
despesas com pessoal
13 salário
despesas medicas
Férias
FGTS
Salário
FGTS rescisório
Despesas administrativas
despesas com diretoria
pró-labore
outras despesas administrativas
despesas variáveis
Depreciação
material de consumo
combustíveis e lubrificantes
Gráfica
Telefone
manutenção equipamentos
Multas dedutíveis
taxas administrativas
energia elétrica
Honorários
Jornais e revistas
publicidade e propaganda
água e esgoto
material de expediente
resultado financeiro liquido
despesas financeiras
CPMF
tarifa bancaria
juros passivos
R$ 94.633,24
R$ 94.633,24
R$ 27.412,51
R$ 27.412,51
R$ 2.904,12
R$ 4.036,44
R$ 2.117,27
R$ 17.725,51
R$ 629,17
R$ 67.194,34
R$ 24.150,00
R$ 24.150,00
R$ 43.044,34
R$ 6.295,32
R$ 21,20
R$ 3.000,00
R$ 720,00
R$ 2.957,55
R$ 244,00
R$ 20,95
R$ 19.768,29
R$ 4.800,00
R$ 650,00
R$ 240,00
R$ 1.867,03
R$ 2.400,00
R$ 26,39
R$ 26,39
R$ 0,06
R$ 180,00
R$ 720,00
Para calcular os custos fixos, foi utilizado o total dos custos dividido pela receita bruta operacional obtendo assim o valor de 61,50%. Foram calculados três cená rios, denominados de Conservador, Pessimista e Otimista.
O Cenário Conservador é aquele que não deseja mudança, ou seja, não há in teresse por parte da empresa em obter melhores resultados. O Cenário Pessimista é
aquele que trabalha com a possibilidade de não alcançar o resultado atual. E o Cená rio Otimista opera com possibilidades de obter resultados maiores do que obtidos nos
últimos anos.
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Para a realização do calculo do Ponto de Equilíbrio, utilizou-se como base R$
1,00 para o preço de venda; para a depreciação buscaram-se os dados no Balanço
Patrimonial, com as seguintes contas: Móveis e Utensílios de R$ 20.050,00 dividido
por 10 anos; Máquinas e Equipamentos de R$ 43.140,00 dividido por 10 anos; Veícu los de R$ 55.000,00 dividido por 5 anos; Equipamentos de Informática de R$
4.585,45 dividido por 5 anos; chegando-se então ao valor de R$ 18.236,09.
Portanto o que falta para completar os dados necessários para o cálculo do
Ponto de Equilíbrio é o lucro desejado, sendo este modificado em cada Cenário, vari ando de 15% a 25%, sendo que o lucro atual da empresa é de 20%.
4 Apresentação e análise dos resultados
Os resultados obtidos foram conforme o quadro abaixo:
TABELA 1 – Pontos de Equilíbrio
Cenário Conserva- Cenário Pessi- Cenário OtimisPONTO DE EQUILIBRIO
Ponto de Equilíbrio Con-
dor
RESULTADO
tábil
Ponto de Equilíbrio Eco- R$ 946.890,35
mista
RESULTADO
ta
RESULTADO
R$ 353.600,66
R$ 667.076,00
R$ 1.631.059,68
nômico
Ponto de Equilíbrio Financeiro
R$ 296.470,05
O Ponto de Equilíbrio Contábil não visa a obter lucros, apenas constar os custos e as despesas. Deve-se lembrar que para o Cenário Conservador utilizou-se um
lucro desejado de 20%, já para o Cenário Pessimista o lucro desejado é de 15%, e
para o Cenário Otimista o percentual é 25%.
5 Conclusão
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Após a investigação do referencial teórico sobre o Ponto de Equilíbrio, concluíse que, para uma empresa tomar uma decisão sobre a produção ou comercialização
de determinado produto ou produtos, para orientar-se sobre como serão seus resultados, ela terá que ter uma ferramenta para dar-lhe suporte a estas decisões.
Entre tantas ferramentas existentes e eficazes, a empresa deve se utilizar de
uma ferramenta que pode lhe proporcionar resultados satisfatórios e simples, uma
ferramenta como a Análise do Ponto de Equilíbrio. Contudo este importante instrumento de análise não deve ser unicamente utilizado na tomada de decisões, pois ele
oferece apenas um indicador.
Esta pesquisa demonstra que o processo de tomada de decisões necessita de
métodos para verificar se o negócio irá atingir o retorno suficiente para arcar com os
custos e despesas do negócio. Analisar se negócio de uma empresa familiar é viável
exige uma atenção especial, pois na maioria das vezes o pequeno empresário não
age de acordo com alguns princípios contábeis, neste caso o da entidade é o mais di fícil de ser seguido, porque o proprietário não consegue fazer a distinção entre o patrimônio da empresa com o seu particular. Porém, nesta pesquisa tentou-se ao máximo buscar dados verídicos para que assim pudesse ser calculado o Ponto de Equilíbrio da empresa.
Comprovou-se que os três cenários são de muita importância, pois adquiri-se
com eles provas para analisar o negócio. Sendo assim, os resultados obtidos nos
Pontos de Equilíbrio Contábil e Financeiro analisando os sob as ótica contábil e finan ceira não trazem muitos benefícios para as empresas, pois ambos pontos não visam
lucro, logo as empresas necessitam de lucro para remunerar os seus sócios pelo capital investido e o restante deste lucro para reinvestir em ativos na empresa para que
continue gerando novos lucros, portanto não são pontos sustentáveis no longo prazo,
por este motivo acredito que na prática são muito pouco utilizados, apenas em empresas que estão com prejuízos recorrentes e gostariam de saber qual é ponto que
não estariam mais gerando tal prejuízo.
Já o Ponto de Equilíbrio Econômico nos proporciona uma visão diferenciada,
pois pode-se simular vários cenários, pois o calculo do Ponto de Equilíbrio Econômico envolve o lucro almejado pela empresa, sendo que uma empresa tem por finalidade constituir valor em espécie, ou seja, ela tem como principal característica obter lucro. Cada empresa deve ter uma meta, um desafio que é ao final de cada ano civil
obter um resultado satisfatório para os sócios-proprietários, portanto o calculo que
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mais se difere dos demais é o Econômico, porque o Ponto de equilíbrio Contábil e o
Ponto de Equilíbrio Financeiro não proporcionam um desafio.
Podemos ter por conclusão na análise realizada que o ponto de equilíbrio é
uma ferramenta simples de ser utilizada, porém como já mencionado anteriormente
não podemos utilizar apenas o calculo do Ponto de Equilíbrio para analisar se o ne gócio esta bem, pois é de suma importância que ao planejar um investimento ou até
mesmo ao analisá-lo depois de ocorrido à utilização de outras ferramentas talvez até
mais específicas.
A pesquisa realizada será de grande valia, pois não havia qualquer ferramenta
de gestão sendo utilizada pela empresa, logo conclui-se que este foi o primeiro passo
para a implantação de outras ferramentas de análise que possam auxiliar a empresa
nas tomadas de decisões.
Referências
GUERRERO, Reinaldo Guerreiro. Gestão do lucro. São Paulo. Atlas: 2000
IUDICIBUS , Sergio de. Analise de custos. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1993
LI, David H. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 1977.
MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
MATZ, Sdolph; CURRY, Othel J.; FRANK, Georgi W. Contabilidade de custos. São
Paulo: Atlas, v. 3, 1974.
WESTON, J. Fred; BRIGHAM, Eugene F. Fundamentos da Administração Financeira. São Paulo: Pearson Makron Books, 2000.
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FACULDADE DOM ALBERTO