Abertura do Seminário de Políticas Públicas reúne membros do MP e sociedade civil Para discutir os métodos de fiscalização e efetividade das políticas públicas no Estado de São Paulo, o MP realizou, nesta segunda-feira (10/09), o Seminário “Avaliação e Controle Democrático de Políticas Públicas”. O evento contou com a participação do ProcuradorGeral de Justiça (PGJ), Márcio Fernando Elias Rosa, que apresentou à comunidade e membros da Instituição o recém-criado Núcleo de Políticas Públicas, coordenado pelo Promotor de Justiça Marcelo Goulart, ressaltando o compromisso do MP com a fiscalização e promoção dos direitos sociais. O Procurador-Geral de Justiça, Márcio Fernando Elias Rosa, abre o evento, acompanhado por Gianpaolo Smanio, Secretário-Geral do Conselho Superior do MP, e pelos Coordenadores dos Centros de Apoio Operacional Cível e Criminal, Lidia Helena Ferreira da Costa dos Passos e Eder do Lago Mendes Ferreira. “O MP brasileiro renasceu a partir de 1988, com a Constituição, quando encontrou um espaço de atuação na área do Estado Democrático de Direito”, afirmou o Procurador-Geral, ao ressaltar a migração do papel do MP de mero “agente processual” para se tornar um “agente transformador” da sociedade brasileira pós-Constituinte, exercendo, a partir deste momento, o seu caráter político. “É preciso que a Instituição se emancipe e se estruture para a fiscalização e monitoramento da eficácia das políticas públicas”, disse o PGJ, que destacou que a eleição democrática de metas prioritárias da Instituição, com a participação da sociedade civil, deve buscar a unicidade e concretude da atuação do MP, permitindo uma tutela mais eficiente dos direitos sociais. “O Promotor de Justiça deve atuar como efetivo agente político”. As exposições foram ministradas pelos acadêmicos Geraldo Di Giovanni, Fundador do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da UNICAMP; Haroldo da Gama Torres, Diretor do Sistema Estadual de Análise de Dados; e Rosângela Paz, professora da PUC-SP. Segundo os estudiosos, as informações prestadas pela sociedade civil são a chave para o processo de formulação das políticas públicas. Os palestrantes pontuaram os diversos momentos históricos em que as diferentes vozes das minorias excluídas passaram a compor o universo da formulação de leis e acordos para a ampliação do acesso aos direitos sociais. “Na década de 60, vivenciamos a inclusão do jovem. Na década posterior, foi a vez das mulheres”, afirmou Geraldo Di Giovanni. “Hoje, assistimos o reconhecimento dos direitos dos homossexuais”, disse o professor, ao ressaltar o caráter dinâmico das políticas públicas. Di Giovanni ressaltou que a avaliação do sucesso de uma política pública não se fundamenta apenas a partir da análise da meta estabelecida, mas, da sua real efetivação diante do embate político travado. “Não é a necessidade, mas a probabilidade de efetivação que faz o sucesso de uma política pública, que se vincula às visões de mundo e tendências ideológicas vigentes na sociedade”. Geraldo Di Giovanni, Fundador do Núcleo de Estudos e Políticas Públicas da UNICAMP Os especialistas ressaltaram que o modelo jurídico, como método de avaliação das políticas públicas, é o que apresenta os melhores resultados. “Trata-se de um método que analisa a igualdade formal dos cidadãos no acesso ao resultado da política pública em face das condições vigentes na sociedade atual.” Haroldo Torres Diretor do Sistema Estadual de Análise de Dados Entre os parâmetros gerais de avaliação da efetividade de uma política pública, apresentados pelo diretor Haroldo da Gama Torres, destacamse a verificação do gasto médio por beneficiário/ano; a cobertura do programa; a qualidade do serviço oferecido; e o grau de satisfação do usuário. “As condições de vida daquele indivíduo devem ter sido modificadas após o programa”, afirmou Haroldo Torres, ressaltando outros aspectos a serem mensurados, como as condições da família do indivíduo, o seu comportamento, sentimento de pertencimento à comunidade, percepções e empoderamento social. A professora Rosângela Paz ressaltou que a força das políticas públicas no Brasil é um resultado do processo de descentralização da administração pública, que conferiu mais autonomia aos municípios, e do controle social. “Por muitos anos, o Estado controlava o indivíduo”, afirmou Rosângela. “Hoje, é o indivíduo que controla o Estado”. Durante a tarde, o evento teve continuidade exclusivamente aos membros do Ministério Público, que debateram o tema “Ministério Público, Políticas Públicas e o Princípio da Obrigatoriedade”. Rosângela Paz, professora da PUC-SP O Seminário "Avaliação e controle democrático de políticas públicas" faz parte da série de 15 oficinas que estão sendo oferecidas aos membros da Instituição desde o último dia 3. Este evento, de forma inédita, foi aberto ao público. Participaram da mesa de abertura Lidia Helena Ferreira da Costa dos Passos, coordenadora do CAO-Civel; Eder do Lago Mendes Ferreira, coordenador do CAO-Crim; Marcelo Pedroso Goulart, coordenador do Núcleo de Políticas Públicas; e Marco Aurélio Nogueira, Diretor do Instituto de Relações Internacionais e Políticas Públicas da UNESP. (Foto à esq) Membros do MP e sociedade civil participam do Seminário; (Foto à dir) Promotor Marcelo Goulart, coordenador do Núcleo de Políticas Públicas