Relato de Experiência APRENDER AO ENSINAR: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE MATEMÁTICA GT 06 – Formação de professores de matemática: práticas, saberes e desenvolvimento profissional. Tiago Dziekaniak Figueiredo, Universidade Federal do Rio Grande – FURG, [email protected] Sheyla Costa Rodrigues, Universidade Federal do Rio Grande – FURG, [email protected] Resumo: O trabalho apresenta as reflexões e a análise do trabalho desenvolvido por meio da disciplina de Estágio Supervisionado II – Ensino Médio em Matemática da Universidade Federal do Rio Grande – FURG. A ação foi realizada com 30 alunos de uma turma do 1º ano do ensino médio de uma escola da rede pública de ensino do município do Rio Grande/RS no segundo trimestre letivo do ano de 2010. No texto apresentamos uma breve introdução sobre a ação, o contexto e o processo de inserção no ambiente escolar, as possibilidades da utilização de novas ferramentas para o ensino de Matemática, as estratégias de ensino adotadas, os conteúdos curriculares trabalhados e as considerações sobre o processo de ensinar e aprender. Palavras-chave: Ação pedagógica; Estágio Supervisionado; Ensino de Matemática Introdução No processo inicial de formação de professores, vivenciar o cotidiano escolar em sua essência faz com que tenhamos a oportunidade de experimentar o fazer pedagógico em sua legitimidade. As oportunidades geradas por meio das disciplinas de estágios supervisionados no ensino fundamental e médio são importantes para que os futuros professores possam inserir-se dentro do ambiente educativo e por em prática as ações pedagógicas que os constituem enquanto sujeitos formadores de alunos do século XXI, os quais toleram cada vez menos seguir cursos rígidos que deixam a desejar sobre suas perspectivas e necessidades para suas vidas (LÉVY, 1999). Imersos na estrutura escolar, temos a oportunidade de delinear perspectivas metodológicas para suprir as necessidades tanto dos alunos quanto de nós mesmos enquanto formadores, compreendendo assim nossas responsabilidades enquanto educadores, as quais são extremamente complexas e cumpridas em circunstâncias especiais, sob constante exposição aos muitos olhares dos sujeitos que queremos formar. (MENEZES, 2009). Relato de Experiência Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN (BRASIL, 2000, p.5) indicam que a “a formação do aluno deve ter como alvo principal a aquisição de conhecimentos básicos, a preparação científica e a capacidade de utilizar as diferentes tecnologias relativas às áreas de atuação” como um objetivo expresso para o ensino médio. Trabalhar com alunos adolescentes ou adultos que já estão imersos em um universo tecnológico, implica repensar a cada instante nossos saberes e consequentemente nossos fazeres, tornando nossas ações capazes de suprir as necessidades impostas para a vida em sociedade, auxiliando-os na conquista de sua autonomia e criticidade. Concordamos com Menezes, ao expressar que, Os sistemas de comunicação evoluem com extrema rapidez e essa dinâmica é parte da vertiginosa modernidade em que estamos imersos. Não podemos nos deslumbrar com essas novidades ou ficar apreensivos pelo perigo de que substituam nossa função de educar. Mas não devemos ignorar as possibilidades que eles abrem para aperfeiçoar nosso trabalho, como o acesso a sites de apoio e atualização pedagógica ou programas interativos para alunos com dificuldades de aprendizagem. (MENEZES, 2010, p. 122). Este trabalho relata as experiências vividas durante a realização do Estágio Supervisionado II – Ensino Médio, em uma turma com 30 alunos do primeiro ano do Ensino Médio, de uma escola da rede pública situada na Vila da Quinta, no município do Rio Grande/RS, procurando contemplar os objetivos para o ensino médio expressos nos PCN. O contexto e o processo de inserção na escola Diferentemente do ocorrido durante o estágio no Ensino Fundamental, o processo de inserção na escola de Ensino Médio, foi mais desconfortável, uma vez que não fazia parte da história, nem mesmo do contexto daquela comunidade escolar. Neste sentido, para conhecer o ambiente educativo, bem como o processo de ensino-aprendizagem dos futuros alunos, foram realizadas três observações na turma escolhida para a experiência e uma entrevista com a professora regente para conhecer sua metodologia de ensino. Com as observações, foi possível conhecer a escola, bem como seu funcionamento e, mesmo situada distante do centro, encontra-se muito bem conservada com uma estrutura física e organizacional bastante ampla, contando também com diversos recursos que podem ser utilizados pelos professores como, por exemplo: laboratório de Relato de Experiência informática e ciências, câmera digital, aparelho multimídia, entre outros que podem enriquecer o trabalho de seu corpo docente. No mesmo tempo que trabalhar com o novo pode ser algo desconfortável, nos torna professores mais preparados para lidar com diferentes situações, visto que cada escola tem suas características próprias, suas necessidades específicas e seus alunos assim como qualquer ser humano são diferentes. Nesta perspectiva, comparo o processo de formação dos alunos com a construção de caleidoscópios. A medida que os movimentamos, por mais simples que seja este movimento, nunca mais conseguiremos obter uma mesma imagem e padronizá-los. No processo de ensinar e aprender ocorre à mesma coisa, por mais que queiramos tentar uniformizar a formação dos alunos percebemos que por suas inúmeras necessidades e diferenças a uniformização não é possível. A partir do momento que abrimos espaço para o diálogo, estes alunos não irão se conformar com uma formação padronizada, ou fora de suas realidades. É como construir um caleidoscópio e saber que todo caleidoscópio tem as mesmas partes, mas são suas diferenças e as relações entre elas que constituem um todo ímpar. Dizendo de outra forma, um caleidoscópio tem uma matriz que o assemelha a outros caleidoscópios. No entanto, é singular porque as possibilidades de imagens são múltiplas, pois podem variar os fragmentos, os vidros, as cores. E, mesmo se pensássemos em construir uma coleção de caleidoscópios em que todos esses componentes fossem idênticos, no primeiro movimento se instituiria a singularidade, porque não há como promover a repetição de imagens. A disposição das peças a cada movimento é histórica. (GALIAZZI, GARCIA e LINDEMANN, 2002, p.100). Experimentar outra realidade, pode mudar nosso olhar sobre a educação uma vez que transitamos por espaços educativos diferenciados com uma lógica de funcionamento desconhecida que pode ampliar e favorecer o processo de formação para a docência, pela possibilidade de compreender a escola através de outro olhar mais atento e voltado para as demandas de cada sujeito. Através de práticas pedagógicas distintas sejamos capazes de criar espaços de convivência onde educadores e educandos irão se transformar de forma congruente (MATURANA, 1993). Experienciar para inovar Relato de Experiência Durante a formação inicial, dediquei-me a pesquisas relacionadas à formação inicial e continuada de professores, com as quais tive a oportunidade de compreender a realidade de diferentes escolas em relação aos seus espaços físicos, bem como, as perspectivas metodológicas de seus professores. Entretanto, ao inserir-me no ambiente educativo, por meio dos estágios curriculares, percebi que este olhar investigativo (de pesquisador) poderia ser enriquecido de forma excepcional se, além de pesquisas, tivesse a vivencia da escola e seu funcionamento como um todo, imerso nesse espaço. A oportunidade de olhar a escola sob a perspectiva de um pesquisador que também é um futuro professor levou-me a compreender algumas necessidades dos alunos, e consequentemente, subsidiou práticas diferenciadas desenvolvidas durante a realização do estágio. Ao atuar diretamente como professor dentro do ambiente educativo, minha principal estratégia foi a de constituir um espaço de reflexão sobre o processo de conhecimento, uma vez que entendo a aprendizagem como algo que não está limitada apenas a sala de aula, mas que se encontra presente em todos os lugares. Para Schlemmer (2001), o conhecimento é entendido como uma relação de interdependência entre o sujeito e seu meio. Tem um sentido de organização, estruturação e explicação a partir do experênciado. É construído na ação do sujeito sobre o objeto de conhecimento, na interação, em que as trocas sociais são condições necessárias para o desenvolvimento do pensamento. Esta forma de pensar o processo de conhecimento também é coerente com as ideias de Piaget (1973, p.17) quando afirma que “O conhecimento humano é essencialmente coletivo, e a vida social constitui um dos fatores essenciais da formação e do crescimento dos conhecimentos (...)”. A oportunidade de estar não à frente de uma turma de alunos, mas como um articulador de aprendizagens, foi assumida por mim como uma forma de por em prática ações que pudessem favorecer não só a formação acadêmica dos alunos, mas também subsidiar situações de pesquisa e diálogo entre todos os envolvidos neste processo. Pensar outra forma de agir na escola é decorrente dos conhecimentos adquiridos na participação das reuniões do Grupo de Estudos Inclusão Tecnológica – GEITEC. Estar no grupo subsidiou minha proposta de usar o blog como ferramenta pedagógica durante a prática de ensino. A opção pela inserção da tecnologia no espaço da sala de aula Relato de Experiência enriqueceu o ambiente educacional e facilitou o processo de construção do conhecimento por meio da própria atuação ativa e crítica dos sujeitos (BETTEGA, 2004). Possibilitar aos alunos romper as fronteiras da sala de aula permitiu-me ver o que afirma Maturana (1993, p. 32) ao expressar que “tudo o que se faz no conviver no espaço de convivência se faz e se reflete sobre o fazer”. Ao inserir a proposta do uso do blog, como um recurso pedagógico, pude compreender o que afirma Maturana (1993) ao expressar que a escola é um dos muitos espaços onde acontece a educação, pois esta também ocorre em diversos lugares como na rua, em casa, em nossa comunidade, e é uma educação com uma dimensão muito maior, na qual o que se aprende é um modo de viver. Prevendo algumas dificuldades que poderiam surgir decorrentes do pouco contato que tínhamos – alunos e professor – para que a interação fluísse de forma tranquila, e aproveitando o laboratório de informática com 25 computadores com acesso a Internet, procurei alguma ferramenta que diminuísse as distâncias e as diferenças. A criação de um blog foi a solução possível encontrada, uma vez que ao fim de cada aula postava comentários sobre o conteúdo trabalhado, colocando-me a disposição dos alunos para qualquer tipo de dúvidas que por timidez ou desconforto não tivessem sido perguntadas e consequentemente sanadas. Imagem 1 – Portal do Blog, disponível em: http://eaigurizada.blogspot.com No blog optei por uma linguagem jovem e menos formal, na qual os comentários sobre os conteúdos desenvolvidos se misturavam a enquetes e noticias referente a temas Relato de Experiência atuais, buscando aproximar os alunos e deixá-los mais confortáveis. Esta forma de trabalho visava despertar o interesse dos alunos para a utilização do blog. Vivemos em uma época de grandes e de rápidas transformações. Novas informações jorram a todo instante pela televisão, pelo rádio e pela Internet. As mudanças promovidas pelas tecnologias das comunicações e da informação são muito marcantes, e seus efeitos acabam se espalhando por todos os campos do saber e da vida humana. A escola é, especialmente, o lugar aonde isso pode ser sentido e vivido, como reflexo da sociedade em que os jovens estão inseridos. (BETTEGA, 2004, p. 13). A facilidade na comunicação gerada por meio do blog favoreceu o diálogo e a oportunidade de conhecer de forma mais rápida algumas limitações e dificuldades encontradas pelos alunos no processo de aprendizagem e, consequentemente, (re)pensar minha prática pedagógica, agindo de forma mais ágil para suprir as necessidades dos alunos, o que pode ser observado na interação apresentada abaixo. (...) sabe Tiago gostaria que nas aulas de matemática vc desse a matéria e explicasse, sabe, cada parte de uma vez. É que as vezes nós estamos copiando e vc já esta explicando, e não conseguimos te acompanhar, acho que seria bem mais fácil assim, para conseguirmos entender, e prestar mais atenção Valeu. (Interação no blog). Entretanto, acredito ser importante ressaltar que durante esta intervenção na escola optei pela metodologia baseada na resolução de situações-problema, na qual o contexto dos alunos foi o principal tema gerador das situações. Os assuntos surgiram por meio de conversas ao longo do processo e também por meio das observações iniciais realizadas antes da realização do estágio. Conteúdos curriculares e estratégias de ensino Durante a realização do estágio, procurei trabalhar com os diferentes conteúdos curriculares através da criação de situações-problema as quais gerassem o interesse e a curiosidade dos alunos na resolução das mesmas. Os conteúdos trabalhados seguiram, em parte, a sequência didática que era proposta pela escola, a qual pretendia que fosse trabalhado o sistema cartesiano ortogonal, par ordenado, produto cartesiano, função do 1º grau e função do 2º grau no segundo trimestre do ano letivo. Entretanto, resolvi acrescentar o conteúdo de intervalos geométricos que não fazia parte da ementa, por compreender os benefícios que este conteúdo representa no que se diz respeito à interpretação geométrica. Relato de Experiência O primeiro conteúdo trabalhado foi o sistema cartesiano ortogonal através da realização do jogo Batalha Naval e de imagens que pudessem contextualizar o conteúdo na comunidade da qual os alunos faziam parte. Utilizei o mapa da localidade fazendo com que os alunos buscassem marcar alguns pontos conhecidos, como por exemplo, a praça e a escola. A atividade despertou bastante o interesse dos mesmos, uma vez que começaram de forma espontânea a desafiar os colegas sugerindo que procurassem outros pontos. No desenvolvimento deste conteúdo também foi explorado os conceitos de par ordenado e produto cartesiano. Após trabalhar o conteúdo de sistema cartesiano, trabalhei com os conceitos e aplicações do conteúdo de intervalos numéricos o qual facilitou posteriormente a identificação do domínio e da imagem das funções do 1º e 2º grau. O excerto abaixo é um exemplo da dificuldade que os alunos apresentaram na compreensão do conceito e que foi postado no blog. Intervalos - oque são esses chamados de intervalos????para que serve isso????alguém tem algum tipo de exemplo sobre intervalos (matematicamente falando ou outro tipo de intervalo que tenham escutado no dia-a-dia)???? será que existe uma relação entre os intervalos numéricos e os intervalos comerciais da tv???porque eles levam o mesmo nome??? o que significa ser fechado ou aberto????estou muito confuso me ajudem!!!!!! (Interação no blog). Ao deparar-me com este tipo de interação no blog, de forma imediata começava a refletir sobre a aula ministrada e o conteúdo desenvolvido, para que no próximo encontro pudesse efetivar algum tipo de ação que viesse a suprir as necessidades dos alunos, como por exemplo, a criação de situações desafiadoras nas quais os alunos sentiam-se instigados e provocados para resolvê-las e com isso, consequentemente, provocando um maior interesse na aprendizagem do conteúdo. Dando continuidade aos estudos, o terceiro conteúdo trabalhado foi o de funções do 1º grau, no qual sua importância consiste em perceber as diversas situações cotidianas que nos deparamos com este tipo de funções. Procurei intercalar situações cotidianas com situações abstratas a partir de uma única situação-problema (Quadro 1) que tratava sobre uma festa realizada na comunidade abordando os conceitos de domínio, imagem, contradomínio, função real de variável real, condição de existência e estudo e construção de gráficos. Relato de Experiência Festa no interior - Neste domingo (16) estará ocorrendo uma das maiores e mais tradicionais festividades do interior do município: a 62ª Festa de Nossa Senhora de Fátima, na Ilha do Leonídio. Das 9h até a noite está prevista uma série de atrações. Na programação religiosa, missa festiva às 10h e procissão às 16h30min. No almoço terá churrasco e leitão. A música estará presente todo o dia com Banda da Ilha, Herdeiros do Pampa, Ademar Silva, Hermes Duran e à noite haverá baile com a Discoteca Vibrasom. Ainda como atrações especiais, brinquedos infláveis para as crianças, exposição de carros antigos e o Arrancadão de Jipe, sendo este último realizado pela manhã, a partir das 9h. Para quem reclama que não tem o que fazer na cidade nos finais de semana está aí a oportunidade de conhecer um pouco mais de nosso município. Programe-se para visitar a Ilha do Leonídio neste domingo. Fica apenas uns cinco quilômetros da Vila da Quinta e no dia estará tudo sinalizado. Os organizadores da festa tiveram um custo fixo de R$ 1200,00 que a equipe da Vibrason cobrou para por o som na festa e um custo variável de R$ 1,00 por pessoa para o serviço de segurança. No início da festa haviam 50 pessoas no salão e ao longo da noite o número foi crescendo para 100, 150, 200, 250 até chegar ao número máximo de 300 pessoas. Portanto, vamos ajudar os organizadores do baile a calcular os gastos que eles tiveram em cada momento da festa. Quadro 1 - Situação-problema inicial. Fonte: Jornal Diário Popular, 13/05/2010. A partir desta situação, abri espaço para a criação de diversas outras situaçõesproblema que foram criadas pelos alunos. Estas situações-problema foram postadas no blog, para promover a socialização de ideias através da possibilidade de comentar o trabalho dos demais colegas. Pelo interesse dos alunos na criação das situações-problema, bem como no envolvimento com o trabalho proposto, sugeri que os alunos também realizassem pequenos seminários para apresentar aos colegas. Por último trabalhei com funções do 2º grau, entendendo sua necessidade de compreensão por tornar o aluno capaz de identificar as diversas aplicações no cotidiano, principalmente em situações relacionadas a diferentes disciplinas como a Física envolvendo movimento uniformemente variado, lançamento oblíquo e etc.; a Biologia, estudando o processo de fotossíntese das plantas; a Administração e Contabilidade relacionando as funções custo, receita e lucro; e a Engenharia Civil presente nas diversas construções como pontes. Da mesma forma com que os outros conteúdos foram trabalhados, os conceitos sobre funções do 2º grau, também emergiram de situações que instigassem e provocassem o interesse dos alunos. Ao abordar este assunto em sala de aula, escolhi como tema gerador a final da Copa Libertadores da América de Futebol. Na competição o time Esporte Clube Internacional venceu seu adversário o Club Deportivo Chivas Guadalajara por 2X1. Para problematizar o estudo da trajetória percorrida pela bola até chegar ao gol, a qual era representada por uma função do 2º grau foi apresentado a situação que definiu o primeiro gol da partida. Com esta situação, envolvi desde a definição de função do 2º grau, até a Relato de Experiência determinação das raízes, dos vértices do domínio e da imagem, dos pontos de máximo e mínimo e o estudo dos gráficos. Ao trabalhar com estes conteúdos em sala de aula, procurei muito mais do que demonstrar fórmulas ou ensinar a aplicação das mesmas, mas fazer com que os alunos se tornassem ainda mais capazes de observar o seu entorno e perceber algumas situações cotidianas que podem ser estudadas e consequentemente compreendidas através da Matemática. O que aprendi enquanto ensinei Ao vivenciar o cotidiano escolar, pude compreender algumas necessidades que nós futuros professores precisaremos suprir durante nossa atuação docente. Experienciar esta realidade permitiu-me, como futuro professor, compreender a escola como um ambiente extremamente participativo e diversificado, um entrelaçamento fortíssimo entre as diversas culturas que o constituem, um ambiente cheio de carências nas quais nós podemos atuar diretamente, por meio de ações eficazes na busca por uma educação de melhor qualidade. Atuar no ambiente educativo possibilitou a reflexão sobre processo de formação inicial de professores, acreditando que esta etapa é apenas o início de uma grande jornada na qual os caminhos a se percorrer se definem a cada instante, na medida em que somos provocados, indagados, desacomodados. É uma caminhada com um rumo incerto e sem ponto de chegada. Como a sociedade de modo geral se transforma ao longo dos anos, a escola como parte desta sociedade também muda, e cabe a nós professores e futuros professores caminharmos juntos com estas mudanças (se possível à frente delas). A escola não pode mais ficar parada no tempo, ela precisa ser constantemente adequada para suprir as demandas impostas pela vida em sociedade. Ser professor implica ser um profissional autônomo, criativo, espontâneo, um profissional que compreenda as mudanças da sociedade e atue diretamente em sala de aula levando-as em consideração, estando atento às necessidades individuais e coletivas dos educandos do século XXI, o qual necessita estar inserido em seu espaço, em seu tempo. Relato de Experiência Imerso na escola e no processo organizacional que a constitui foi possível perceber que vivenciar a escola é muito mais do que ministrar aulas. Exercer o papel de professor é ir muito além dos conteúdos curriculares estabelecidos pelas ementas curriculares, é promover uma relação de aceitação e reciprocidade de aprendizagens. Ser professor é ser um profissional em constante transformação. Um profissional que necessita estar atento as mudanças e irmos a busca de uma constante atualização de nossos conhecimentos para aprimorarmos nossas práticas de ensino, e desta forma continuarmos capazes de proporcionar uma educação de qualidade e que realmente seja de grande importância para a vida de cada sujeito. Referências BETTEGA, M. H. S. A educação continuada na era digital. São Paulo: Cortez, 2004. – (coleção questões da nossa época; v. 116). BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília: MEC, 2000. GALIAZZI, M.C; et. al. Construindo caleidoscópios: organizando unidades de aprendizagem. In: Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, Universidade Federal do Rio Grande – FURG, v. 9, 2002. Julho a dezembro. Disponível em < http://www.remea.furg.br/mea/remea/vol9/aut5art9.pdf>, Acesso em 20/08/2010. LÉVY, P. Cibercultura. Rio de Janeiro: Editora 34, 1999. MATURANA, H. As bases biológicas do aprendizado. In: Dois Pontos, v. 2, n.16, 1993. Outono-Inverno. _____. Uma nova concepção de aprendizagem. In: Dois pontos, v. 2, n. 15, 1993. MENEZES, L.C. O ato de ensinar e a condição humana. In: Nova Escola, ano XXIV, n. 223. Junho-Julho 2009. _____. Ensinar com ajuda da tecnologia. In: Nova Escola, ano XXV, n. 235. Setembro 2010. PIAGET, J. Estudos sociológicos. Rio de Janeiro: Forense. 1973. SCHLEMMER, E. Projetos de Aprendizagem Baseados em Problemas: uma metodologia Interacionista/construtivista para formação de comunidades em Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Revista Digital da CVA, Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, v.1, n.1, 2001. Disponível em: <http://www.ricesu.com.br/colabora/n2/artigos/n_2/id02.pdf>, Acesso em 13/08/2009.