HIGIENIZAÇÃO HOSPITALAR Enf.ª Fabiane da Silva – SCIH HCAN/MT [email protected] Histórico da Higienização Hospitalar... Florence Nigthingale em 1854, revolucionou a forma de se pensar e planejar os hospitais. Nesse período, Nigthingale administrou um hospital de campanha que tinha até sua chegada, taxas de mortalidade maiores que 40% e após a implantação de cuidados com roupas de cama, ventilação, higiene, limpeza e a assistência de enfermagem propriamente dita, as taxas foram reduzidas a menos que 03%, fato que sinalizou a importância da limpeza e higienização hospitalar na assistência ao enfermo. (FONTANA, 2006). A partir do século XVIII, viu-se a necessidade de modificar o modo de organização dos hospitais. “As FALHAS no processo de LIMPEZA e desinfecção podem ter como consequência a DISSEMINAÇÃO E TRANSFERÊNCIA DE MICRORGANISMOS nos ambientes de serviços de saúde, colocando em risco a segurança dos pacientes e profissionais.” ANVISA, 2010. FINALIDADES DO SERVIÇO DE HIGIENIZAÇÃO E LIMPEZA • Manter o ambiente limpo; • Prevenir infecções hospitalares; • Conservar equipamentos; • Prevenir acidentes de trabalho • LEGISLAÇÃO • RDC Anvisa nº 184/ 22 de outubro de 2001 – define as substâncias ou preparações destinadas a limpeza, desinfecção, desinfestação, desodorização/ odorização de ambientes domiciliar, coletivos e/ou públicos. Risco 01 e Risco 02. • RDC 40- 05/06 /2008 e RDC n. 14 – 28/02/2007 notificação e registro de produtos saneantes. • Utilizar produtos com os princípios ativos permitidos segundo a Portaria 15/88 – MS. Fenólicos; quaternários de amônio; compostos orgânicos e inorgânicos liberadores de cloro ativo; Alcoóis; Oxidantes; Monopersulfato de potássio; Principais PRODUTOS utilizados na desinfecção de superfícies • ÁLCOOL Características: bactericida, virucida, fungicida e tuberculocida. Não é esporicida. Fácil aplicação e ação imediata. Indicação: mobiliário em geral. Mecanismo de ação: desnaturação das proteínas que compõem a parede celular dos microrganismos. Desvantagens: inflamável, volátil, opacifica acrílico, resseca plásticos e borrachas; ressecamento da pele. Concentração de uso: 60% a 90% em solução de água volume/volume. Principais PRODUTOS de limpeza de superfícies • Sabões e detergentes Petróleo Detergentes Óleos ou gorduras Sabões Sabões: desvantagem - não conseguem remover a sujeira e a grdura, caso haja reação com a água que contenha “cátions.” Detergentes: vantagem - nunca reagem com os cátions da água dura e, portanto, realizam a limpeza independentemente da água usada. COMPOSTOS FENÓLICOS Desuso por toxidade • COMPOSTOS DE CLORO ATIVO CARACTERÍSTICAS: bactericida, virucida, fungicida, tuberculicida e esporicida, dependendo da concentração de uso. Apresentação líquida ou pó; amplo espectro; ação rápida e baixo custo. INDICAÇÃO: desinfecção de superfícies fixas. MECANISMO DE AÇÃO: o exato mecanismo de ação ainda não está completamente elucidado. DESVANTAGENS: instável (afetado pela luz solar, temperatura >25ºC e pH ácido). Inativo em presença de matéria orgânica; corrosivo para metais; odor desagradável, e pode causar irritabilidade nos olhos e mucosas. CONCENTRAÇÃO DE USO: desinfecção 0,02% a 1,0% • QUARTERNÁRIO DE AMÔNIA CARACTERÍSTICAS: bactericida, virucida (somente contra vírus lipofílicos ou envelopados) e fungicida. Não apresenta ação tuberculicida e virucida. É pouco corrosivo e tem baixa toxicidade. INDICAÇÃO: superfícies fixas, incluindo ambiente de nutrição e neonatologia (sem a presença dos neonatos). MECANISMO DE AÇÃO: inativação de enzimas produtoras de energia, desnaturação de proteínas e quebra da membrana celular. DESVANTAGENS: pode ser inativado em presença de matéria orgânica. CONCENTRAÇÃO: há várias formulações, de acordo com o fabricante. Gerações de quarternário de Amônio GERAÇÃO PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA QUARTA PRINCÍPIOS ATIVOS Cloreto de alquil-dimetil-benzil amônio Cloreto de alquil-dimetil-benzil amônio Cloreto de dialquil-dimetil-amônio Cloreto de dialquil-dimetil-amônio Cloreto de alquil-dimetil-benzil amônio Cloreto de dialquil-dimetil-amônio PONTOS RELEVANTES Ação limitada na presença de água dura* Ação limitada na presença de matéria orgânica Necessita de duas etapas: Limpeza e desinfecção Ação fúngica limitada Ação mais tolerante na presença de água dura Ação limitada na presença de matéria orgânica Necessita de duas etapas: limpeza e desinfecção Melhor ação fúngica Melhor ação na presença de água dura Melhor ação na presença de resíduos de limpeza Melhor ação na presença de matéria orgânica Melhor ação fúngica Atividade preservada na presença de água dura Preserva a atividade na presença de resíduos de limpeza Preserva a atividade na presença de matéria orgânica Melhor atividade fúngica. Assim como outros produtos... • Monopersulfato de potássio • Biguanida polimérica • Glucoprotamina • Oxidantes – Ácido peracético Produtos de limpeza e desinfecção de superfícies PRODUTOS DE LIMPEZA/ DESINFECÇÃO INDICAÇÃO DE USO Água Água e sabão ou detergente Água Álcool a 70% MODO DE USAR Técnica de varredura úmida ou retirada de pó Limpeza para remoção de sujidade Friccionar o sabão ou detergente sobre a superfície Desinfecção de equipamentos e superfícies Enxaguar e secar Fricções sobre a superfície a ser desinfetada Compostos fenólicos Desinfecção de equipamentos e superfície Após a limpeza, imersão ou fricção. Enxaguar e secar Quaternário de amônia Desinfecção de equipamentos e superfícies Após a limpeza, imersão ou fricção. Enxaguar e secar Compostos liberadores de cloro ativo Desinfecção de superfícies nãometálicas e superfícies com matéria orgânica Após a limpeza, imersão ou fricção. Enxaguar e secar Oxidantes Ácido peracético (associado ou não a peróxido de hidrogênio) Desinfecção de superfícies Após a limpeza, imersão ou fricção. Enxaguar e secar IMPORTANTE! Para a aquisição dos produtos saneantes: • Solicitar ao distribuidor, o nº da autorização de funcionamento da empresa que registrou o produto na ANVISA + FISPQ (analisar com Serviço medicina e Segurança trabalho). • http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/consulta_produto/saneante/frmcons ulta-saneantes.asp • http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/notificado/saneantes/notificadosane ante.asp ATENÇÃO!!! • Observar as condições de armazenamento do produto (local/embalagem); • Orientar para que não realizem mistura de produtos químicos; • Identificar adequadamente cada produto a ser utilizado. PERMANÊNCIA MICRORGANISMOS NO AMBIENTE (ARMOND, 2013) ESPÉCIE PERMANÊNCIA NO AMBIENTE VRE Meses em superfícies secas; até 58 dias em bancadas. MRSA 14 dias em fórmica; 06 a 09 semanas em tecidos de algodão Pseudomonas Aeru. Longos períodos em locais úmidos, formação de biofilmes em torneiras e conexões. Contaminação de soluções Acinetobacter baumannii Clostridium difficile Por mais de 04 meses em superfícies secas Meses em superfícies secas Sobrevivência de microrganismos em matéria orgânica ressecada na temperatura ambiente. (ANVISA, 2012). MICRO-ORGANISMO TEMPO DE SOBREVIVÊNCIA HIV Até 03 Dias VÍRUS DA HEPATITE B Até 07 Dias ENTEROCOCCUS SPP Até 07 Dias ACINETOBACTER BAUMANII Até 02 Dias ROTAVIRUS Até 10 Dias CLOSTRIDIUM DIFFICILE Até 06 Meses DEFINIÇÕES • LIMPEZA Remoção de sujidade, visível ou não, através de um processo mecânico, diminuindo assim a população microbiana no ambiente do EAS/ de uma superfície. • DESINFECÇÃO Eliminação de microrganismos, na forma vegetativa, existentes em superfícies inertes, mediante aplicação de agentes, exceto os esporos. CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS HOSPITALARES Discernir entre a necessidade de limpeza ou desinfecção. Classificação de acordo com o risco de contaminação em áreas: • Críticas; • Semicríticas; • Não-Críticas. TIPOS DE HIGIENIZAÇÃO HOSPITALAR LIMPEZA CONCORRENTE Realizada, de forma geral, diariamente e sempre que necessário. Utiliza-se a limpeza úmida. Uso de água e sabão neutro/detergente - sem matéria orgânica. Uso de Desinfetante – presença de matéria orgânica . Inclui: pisos, instalações sanitárias, superfícies horizontais de equipamentos e mobiliários, alguns utensílios utilizados, esvaziamento e troca de recipientes de resíduos. LIMPEZA TERMINAL Abrange todo o ambiente, todos os materiais e equipamentos, em todas as suas superfícies externas e internas, vertical e horizontal. • Na unidade de um paciente internado deve ser realizada após sua alta, transferência ou óbito. Em CC após as cirurgias eletivas do dia e/ou a cada 7 dias. TETO PAREDE MOBILIÁRIO PISO LIMPEZA IMEDIATA É a remoção imediata de respingos ou deposição de matéria orgânica para evitar a sua veiculação ou seu ressecamento e conseqüente liberação para o ambiente dos microrganismos porventura presentes – QUALQUER PERÍODO DO DIA. ATENÇÃO! 1 – Os profissionais não devem abrir portas, tocar nos equipamentos e mobiliários usando as luvas. 2 - NÃO USAR VASSOURA para varrer o piso no ambiente hospitalar. MÉTODOS E EQUIPAMENTOS DE LIMPEZA DE SUPERFÍCIES Técnica de varredura úmida e retirada de pós em mobiliários Técnica de ensaboar Técnica de enxaguar e secar Limpeza com máquina de rotação-enceradeiras Limpeza com máquinas lavadoras e extratoras automáticas Limpeza com máquina de vapor quente • Limpeza Seca Consiste-se na retirada de sujidade, mediante a utilização de vassoura (varreduras seca), e/ou aspirador. A limpeza com vassouras é recomendável em áreas descobertas, como estacionamentos, pátios, etc. • Já nas áreas cobertas, se for necessário a limpeza seca, esta deve ser feita com aspirador. Limpeza de superfície com presença de matéria orgânica EPI’s são de EXTREMA importância! LEMBRE-SE... • Vídeo: Infecção hospitalar. filme_de_infecção.wmv REFERÊNCIAS... • Limpeza, desinfecção e esterilização de artigos em serviços de saúde/ Coordenação Maria Clara Padoveze, et. Al./ São Paulo:APECIH – Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar, 2010. • http://www.ibam.org.br, Manual Higienização estabelecimentos de saúde e gestão de seus resíduos ; de • Segurança do paciente em serviços de saúde – Limpeza e desinfecção de Superfícies. ANVISA, 2012.