94 – PLÁSTICO INDUSTRIAL – NOV. 2010
GESTÃO
Planejamento da manufatura
Mais rentabilidade
na industrialização
de resinas plásticas
via plano-mestre
de produção
Pedro Paulo Lanetzki
[email protected]
É com este planejamento
inicial que se procura definir
o mix de produção, embasado
em diretrizes e restrições préestabelecidas pela empresa,
cujo horizonte é o aumento de
sua rentabilidade, além do
atendimento da demanda,
dentro das limitações que lhes
são impostas.
Em uma economia globalizada, a sobrevivência das
empresas está condicionada
à sua capacidade de inovar e
efetuar constantes melhorias
em todas as áreas, principalmente naquela
responsável pelo seu
planejamento central, quando são expostas, analisadas e
adotadas as diretrizes a serem seguidas
pela sua porção fabril.
Manter um rigoroso controle sobre a
produção é condição
necessária, porém
não suficiente, para
garantir que se produza de forma otimizada e rentável.
Muito antes de
disparar a produção é
necessário analisar,
frente à demanda
solicitada e aos re- Fig. 1 – Previsão de vendas
cursos disponibiliO que se apresenta
zados, qual é o melhor roteiro
A indústria de uma mado que, quanto e para quem
neira geral, muitas vezes se
produzir, de forma a obter o
vê presa a uma série de
máximo retorno.
condicionantes que impeÉ preciso concentração
dem a elaboração desse estambém no atendimento
tudo inicial. Dentre eles
àquelas demandas que possipodem ser citados,
bilitam retornos menores,
• demanda inferior à capelo menos em parte daquilo
pacidade produtiva;
que é solicitado, se não for
• imposição por parte dos
possível atendê-las em sua
clientes de volumes a setotalidade.
rem produzidos e de prazos de entrega, sem qualquer possibilidade de negociação;
• baixa oferta de mão de obra
devidamente habilitada e
competente para realização do estudo;
• indisponibilidade no mercado de metodologias e/ou
softwares que permitam a
realização deste planejamento, de forma ampla,
profunda, confiável e rápida, tanto em sua concepção
quanto em sua manutenção;
• infelizmente tem-se notado em algumas empresas
a pressa de produzir sem
muito pensar;
• não ser procedimento da
empresa fazer tal estudo,
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fábrica, envolvendo máquinas, equipamentos, materiais e mão
de obra.
O fato de o
plano-mestre
oferecer uma
visão macro
da situação
não garante
que em certas atividades produtivas possam
Fig. 2 – Alternativas de máquinas e capacidade produtiva ocorrer problemas duo que pode ter como origem
rante o transcurso da prouma série de razões etc.
dução, os quais, dependendo da amplitude, imA realização do estudo
pactam negativamente o
visando estabelecer um
atendimento dos comproplano-mestre de produção
missos de vendas assumidos.
não pode ser tratada de
forma isolada, ou seja,
O que é necessário
deve-se ter uma solução
Dentre os retornos de um
de continuidade, com uma
plano-mestre de produção
programação mais porefetivamente funcional
menorizada do chão de
espera-se:
Fig. 3 – Lotes mínimos, estoques e set ups
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• gerar cenários, a
partir da previsão de vendas
e das limitações
de recursos, seguindo diretrizes e restrições
pré-estabelecidas;
• permitir simular
tantos cenários
quantos se fizerem necessários, dando opções de escolha
daquele que parecer melhor;
• após a montagem de cada cenário, permitir
ao usuário inte-
Fig. 4 – Oferta de propeno
ragir com a solução, auxiliando-o
na tomada de decisões e mantendo
com ele ampla conectividade;
• o uso do recurso
tanto na geração
de um plano inicial quanto na remodelagem de um
plano existente e
até mesmo em um
já implantado e
em execução;
• estender o estudo até a elaboração e otimização da carga de
máquinas e provisionamento de
Fig. 5 – Diretrizes para otimização
de cenários
materiais, por meio da programação fina do chão de
fábrica, quando são sequenciadas as atividades envolvidas em cada máquina e/ou
célula de trabalho, procurando desenvolver a produção de forma mais rápida
e econômica etc.
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com as respectivas quantidades solicitadas, custo, margem de lucro e
valores de venda; é também associado a cada
um dos produtos o consumo estimado de propeno, conforme ilustrado na figura 1;
Fig. 6 – Exemplo de composição de diretrizes para
otimização de cenários
• alternativas de máquinas e capacidade
Caso
produtiva – fornecidas as
Neste estudo de caso, optouopções de reatores para fase por analisar o processo envolbricação de cada um dos
vido em uma empresa do segdiferentes tipos de polipromento petroquímico, a qual
pileno, bem como sua corresdesenvolve, fabrica e comerpondente capacidade de procializa resinas plásticas, com
dução, conforme relacionados
ênfase na industrialização do
na ilustração 2;
polipropileno.
• lotes mínimos, estoques e set
Para elaboração do planoups – fornecidas as figuras dos
mestre de produção são nelotes mínimos de produção,
cessários muitos dados, a seguir
estoques e tempos estimados
detalhados:
de habilitação e desabilitação
• previsão de vendas – uma prodos reatores, para cada um dos
gramação fornecida no intertipos de polipropileno disvalo de três meses, em que
poníveis para comercialização,
para cada um dos tipos de
conforme ilustrado na figura 3;
polipropileno ofertados pela
• oferta de propeno – disempresa são identificados, os
ponibilizada a programação
pedidos colocados por cliente,
semanal de propeno ofertada
pela refinaria, a qual pode ser
visualizada na ilustração 4.
O plano-mestre não se restringe à montagem de um único
cenário; na verdade trata-se de
uma verdadeira ginástica de
macroplanejamento, onde a
partir das previsões de vendas e
das limitações dos recursos de
máquinas, equipamentos, materiais e mão de obra, é gerada a
mais ampla gama de cenários,
seguindo diretrizes e restrições
pré-estabelecidas pelo usuário,
quer de forma isolada ou combinada entre si. Assim se estabelece uma escala de prioridades dos itens a serem atendidos (as diretrizes e um exemplo de composição são ilustrados
nas figuras 5 e 6).
Durante a montagem de
cada um dos cenários, a metodologia estabelecida deve
permitir que o usuário interaja
com a solução, auxiliando-o na
tomada de decisões.
O fato de se tirar parte ou a
totalidade da programação de
um dado produto, implica a
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Fig. 7 – Cenário do plano-mestre de produção no período de 05/10 a 07/10
liberação de recursos e
consequente perda de
receita; a solução deve
calcular o quanto dá para
produzir de outro produto (definido pelo usuário) e o montante da
receita a ser gerada, que
deve ser avaliada e eventualmente consolidada
ou não.
A figura 7 ilustra um dos
cenários calculados; na
medida em que estes são
simulados, ocorre não só
sua impressão, mas também sua gravação em mídia. Ao finalizar as simulações, é então realizado
um estudo dentre todos os
cenários obtidos e definido
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aquele que melhor se apresenta
em termos de retorno para a
empresa, podendo ou não ser
consolidado como solução final.
Uma vez definido o cenário a
ser seguido, é então realizada a
programação fina do chão de
fábrica, com a melhoria da carga
Fig. 8 – Cronograma da carga de máquinas
de máquinas e das necessidades
de matéria-prima.
É nesta fase que algo mais em
termos de redução de custos
pode ser conseguido, por meio
do melhor sequenciamento das
ordens de produção, em cada
uma das máquinas, nas várias
operações fabris envolvidas, conforme já amplamente abordado
em artigos anteriores; um exemplo de cronograma da carga de
máquinas é ilustrado na figura 8.
Conclusões
É importante destacar o papel do planejamento macro da
produção dentro de uma empresa, com a concepção de
várias abordagens sobre como
proceder, de acordo com a
orientação de diretrizes préestabelecidas. Define-se então
o melhor roteiro a ser seguido.
Por menor que seja uma
empresa, é de suma importância
parar por alguns momentos e
realizar uma avaliação mais
profunda, considerando o que
aqui foi exposto.
O planejamento fino da produção pode existir sem o planomestre mas, sem dúvida alguma,
o seu retorno será tanto maior,
quanto mais intenso for o vínculo entre esses dois fatores,
desde que bem realizado e
devidamente otimizado.
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