ANAIS UMA ANÁLISE DA PODUÇÃO E EMPREGO NAS ATIVIDADES CANAVIEIRA E CEFEICULTORA DO ES TADO DE SÃO PAULO RENATO MORAES CHAMMA ( [email protected] ) FEA-RP/USP ALCEU SALLES CAMARGO JÚNIOR ( [email protected] ) FEA/USP RUDINEI TONETO JÚNIOR ( [email protected] ) FEA-RP/USP Resumo Este trabalho analisa os níveis de produção e de emprego formal nas atividades canavieira e cafeicultora no estado de São Paulo, entre 1997 e 2006. Com base nos dados de produção obtidos do IBGE e de emprego obtidos da RAIS, este trabalho busca responder se tem havido substituição ou troca de emprego e produção de café pela atividade canavieira. Com o emprego de análise de clusters, o trabalho mapeou regiões com evoluções similares em relação à produção e emprego nas atividades canavieira e cafeicultora paulistas e encontrou dinâmicas próprias e relativamente distintas e independentes em ambas as atividades. Palavras-Chave: Produção; Emprego Formal; Cana; Cafeicultura; Análise de Clusters. 1 Introdução A cana-de-açúcar desempenha papel de destaque no cenário mundial e nacional pela sua importância na geração de alimentos e como fonte de energia, fonte de matéria-prima para álcool anidro na mistura à gasolina e para abastecer a crescente frota de veículos flex, movida à álcool hidratado, que se tornou uma alternativa ecologicamente mais correta e que não gera mais temores do desabastecimento como ocorreu no passado. Também assumiu grande relevância na co-geração de energia elétrica pelo excedente comercializado pelas usinas, pois embora o Brasil seja um país de grande potencial hidrelétrico, a ausência de chuvas em determinadas épocas impacta no potencial de geração de energia, o que influencia a opção da colheita sem queimadas. O aumento da produção canavieira, principalmente no Estado de São Paulo – maior produtor de álcool do país – tem se caracterizado pela expansão da área cultivada e por suscitar discussões sobre sua mecanização e eventual redução de áreas destinadas a outras atividades agropecuárias. Segundo Veiga Filho (2003), o processo de substituição de lavouras por outras, no estado de São Paulo, resultou da própria limitação de área disponível, com o esgotamento da fronteira agrícola. Para Neves, Lopes, Trombin, Amaro, Neves e Jank (2007, p. 47) a cana-deaçúcar já avança sobre regiões produtoras de laranja a expansão da cana-de-açúcar de forma gradativa. Camargo, Caser, Camargo, Olivetti, Sachs e Torquato (2008) apontam que dentre as culturas que cederam área para a cana, entre 2001 e 2006, estão a laranja e o café. A atividade canavieira, a cafeicultura e a citricultura são atividades historicamente responsáveis pelo desenvolvimento econômico do estado de São Paulo e representavam juntas 41% do total de empregos em 2004 em São Paulo (FREDO, VICENTE, BAPTISTELLA e VEIGA, 2008). Neste contexto, este trabalho busca levantar um mapeamento da evolução dos níveis de produção e do emprego formal nas atividades canavieira e cafeicultora no estado de São Paulo, entre 1997 e 2006, com o intuito de responder à questão de se a atividade canavieira estaria substituindo a produção de café em virtude de um grande expansão e crescimento na produção e emprego da cana. Análises de clusters (Hair, Tatham, Black e Anderson, 2005) foram empregadas a fim de identificar padrões regionais com diferentes níveis de produção e 1/16 ANAIS empregos formais nas duas atividades agrícolas pesquisadas. Os dados de produção para cada município paulista foram obtidos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2007a, 2007b) e os dados de emprego formal foram obtidos da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego (RAIS/MTE, 2007). Os principais resultados deste trabalho mostram que, no período estudado, os níveis de produção cresceram 38,71% na atividade canavieira e 51,9% na cafeicultura enquanto os números de empregos formais cresceram 10,85% e 132%, respectivamente na atividade canavieira e na cafeicultura. As regiões com os maiores crescimentos da produção e emprego na atividade canavieira estão no centro-oeste e noroeste do estado, com destaque para as regiões de São José do Rio Preto, Araçatuba, Presidente Prudente e Tupã. Municípios das regiões de Franca, São João da Boa Vista e Campinas, sobretudo mais próximo à divisa com o estado de Minas Gerais, destacam-se com altos incrementos nos níveis de produção e emprego formal na cafeicultura. O grande incremento dos níveis de emprego formal na cafeicultura pode ser compreendido pela expansão em 153 municípios, aos quais se somam 60 novos empregadores, apesar da redução em 109 municípios principalmente nas regiões do norte e central do estado como Votuporanga, São José do Rio Preto, Araraquara, Bauru e Marília. Outro resultado importante deste trabalho é o de que, ao final do ano de 2006, a atividade canavieira apresentava níveis superiores de produção e emprego formal nas tradicionais regiões de Ribeirão Preto, Franca, Jaú e também nas regiões de Araçatuba e Assis. Por outro lado, a cafeicultura apresenta forte concentração de níveis superiores de produção e emprego nas tradicionais regiões produtoras de Franca, Ribeirão Preto, São João da Boa Vista e Campinas, sobretudo próximo à fronteira com o estado de Minas Gerais. O texto está dividido em cinco seções. A segunda apresenta uma revisão bibliográfica sobre o agronegócio, além de discussões sobre as atividades canavieiras e cafeicultora. A terceira seção traz o método da pesquisa enquanto a quarta apresenta e discute os resultados. A quinta seção fecha o artigo com as conclusões e sugestões para pesquisas futuras. 2 Referencial Teórico Esta seção apresenta um panorama e discussões sobre o Agronegócio no Brasil e também uma análise sobre a atividade canavieira e da cafeicultura no Brasil e em São Paulo. 2.1 O Agronegócio no Brasil Em 2007, o Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio no Brasil chegou a R$ 642,63 bi, representando, 25,11% do PIB, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA). Ultimamente, a maior participação do PIB do Agronegócio em relação ao PIB nacional ocorreu em 2003, quando chegou a 28,79%, ou R$ 606 bilhões (CEPEA, 2008). Enquanto na década de 1990, o crescimento das exportações do Agronegócio brasileiro cresceu apenas 59%, de 2000 a 2006 o crescimento acumulado alcançou 140%, conforme dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2007). Em 2006, as exportações do Agronegócio brasileiro totalizaram US$ 49,4 bilhões de dólares, sendo as principais regiões importadoras a União Européia (31,4%), os países da Ásia (16,0%) com exceção do Oriente Médio, os Estados Unidos (14,2%), o Oriente Médio (8,4%) e a Europa Oriental (8,3%). Seis grupos de produtos representaram 82% das exportações nacionais em 2006: soja, carnes, produtos florestais, sucroalcooleiro, couro e café (MAPA, 2007). 2.2 A atividade Canavieira Historicamente, a cana-de-açúcar sempre teve grande importância na indústria alimentícia com a produção de açúcar e, mais recentemente, como uma das principais opções de fonte renovável de energia alternativa para a substituição de combustíveis de origem fóssil. Os alcoóis hidratado e anidro começaram a ser produzidos no Brasil na década de 30. 2/16 ANAIS Segundo Belik, Ramos e Vian (1998) no período de 1929 a 1933 surgem os incentivos do Estado Brasileiro à produção, pesquisa e à criação do Instituto do Açúcar e Álcool (IAA), incentivos ao “álcool- motor” no início dos anos 40 e a modernização da produção nordestina no período de 1959 a 1971 e finalmente a criação do Proálcool, na década de 70. A exploração do álcool até a criação do Proálcool foi fruto de um longo processo de pesquisas e políticas, associados às conjunturas nacionais e internacionais. Constituiu-se de um programa governamental para geração de energia a partir de biomassa e englobava financiamentos com taxas de juros reais negativas para produtores e destilarias, garantia de mercado com a obrigatoriedade de adição do álcool anidro à gasolina e do uso álcool hidratado e ainda garantia de preços competitivos e vantajosos para as indústrias (ROSILLOCALLE, BAJAY e ROTHMAN, 2005). A superprodução do açúcar, a alta capacidade ociosa do setor sucroalcooleiro, os altos preços do petróleo, possibilidade de geração de empregos e ganhos para a indústria de bens de capital foram situações ou motivos que incentivaram o desenvolvimento do Proálcool na década de 1970 (VIAN, 2003). O desenvolvimento de motores mais eficientes movidos a álcool propiciou que quase 90% da produção total de carros, no final dos anos 80, fossem movidos à álcool, mas a redução do preço do petróleo em meados da década de 80 e o impossibilidade de manter a política de subsídios para o álcool pelo governo levaram à desarticulação do programa (ROSILLO-CALLE, BAJAY e ROTHMAN, 2005). A adequação das destilarias para sobreviverem às crises, o aumento da pressão pela adoção de práticas de sustentabilidade, como as fontes alternativas e renováveis de combustíveis, para atender tanto à demanda nacional como também a provável demanda externa, contribuíram para a retomada da produção de álcool ano final da década de 90. Além disto, a tendência de aumento no preço do barril de petróleo pressionou a busca por outras fontes mais baratas de energia e eventuais melhorias, principalmente na redução de custos. Nos dias de hoje, uma das grandes vantagens competitivas atribuídas ao atual sistema de produção brasileiro é resultado de custos de produção inferiores a outros países produtores de álcool, desenvolvido ao longo de décadas. Os custos médios (do m3) de produção são da ordem de US$ 170 no Brasil, enquanto chegam a US$ 450 na China, US$ 460 nos EUA e cerca de US$ 560 na Europa (FRONZAGLIA; TORQUATO, 2005). Ainda na década de 1990, houve grande desenvolvimento tecnológico com o objetivo de aprimorar a co-geração de energia elétrica a partir da cana-de-açúcar, inclusive a partir do bagaço, da palha e pontas. A regulamentação do setor energético, o aprimoramento das tecnologias para co-geração de energia e a limitação do uso de recursos hídricos no período da seca, época em que já ocorre a colheita da cana-de-açúcar, cresceram a pressão por buscar novas instalações e regiões para o plantio da cana, principalmente no sudeste e centro-oeste. De 2000 a 2006, a expansão da área de cana-de-açúcar no estado de São Paulo cresceu à taxa média anual de 4,83%, sendo que no ano agrícola 2005/2006 a expansão alcançou 9,39% (FRONZAGLIA, 2007). Enquanto o valor da produção agrícola de cana-de-açúcar aumentou cerca de 69% no período de 1997-2005, o valor das demais produções agropecuárias cresceu 39% no mesmo período (GONÇALVES, 2006). 2.3 A Cafeicultura Os benefícios da cafeicultura são muitos para a o Brasil: geração de divisas, atração de imigrantes, inclusão do Brasil nas relações internacionais de comércio, no desenvolvimento nacional, surgimento de cidades, especialmente no interior paulista, construções de ferrovias, dentre outros citados pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC, 2008). Dados do MAPA (2008) ind icam que a safra de 2008 no Brasil atinja cerca de 45 milhões de sacas (60 quilos) de café beneficiado. Minas Gerais é o principal produtor de café, com quase 23 milhões de sacas de café beneficiado, seguido pelo Espírito Santo (10 milhões 3/16 ANAIS de sacas) e por São Paulo (4,7 milhões de sacas). A produtividade paulista destaca-se sobre os demais estados, prevista em 30,51 sacas/hectare para a safra 2008. 3 Método e Procedimentos da Pesquisa Por levantar um mapeamento das regiões com diferentes níveis de produção e emprego da cana e café paulistas ao longo do período de 1997 a 2006, esta pesquisa é, pois, caracterizada como de natureza quantitativa e descritiva (KERLINGER, 1979; BABBIE, 1998; DAVIS, EISENHARDT e BINGHAM, 2007). Os dados de produção foram obtidos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para cada um dos municípios paulistas enquanto que os dados de emprego formal foram obtidos da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego (RAIS/MTE). Com o objetivo de obter padrões similares com relação à produção e emprego de cana e café no estado de São Paulo, a pesquisa emprega a técnica de análise de clusters (HAIR et al., 2005; JONHSON e WICHERN, 1998) para identificar regiões com características similares em relação à atividade canavieira e à cafeicultura. A análise de cluster permite um agrupamentos dos dados, onde as observações “podem ser vistas como membros de um agrupamento e definidas por suas características gerais” (HAIR et al., 2005, p. 389). A finalidade da análise de cluster, segundo Hair et al. (2005) e Johnson e Wichern (1998), é a de obter grupos distintos entre si, mas que, cada cluster contenha elementos bastante similares com baixa dispersão interna. A finalidade de criar os grupos é de poder compará- los entre si e estruturar os dados para agrupar as observações mais similares. Dentre os objetivos da análise de agrupamento estão: descrição taxonômica, identificação de relação entre as observações e a segmentação que classifica objetos ou observações segundo variáveis ou fatores (HAIR et al., 2005; JOHNSON e WICHERN, 1998). O emprego de análise de clusters não-hierárquica do tipo k- means possibilitou a aglutinação de municípios com características similares em alguns clusters, por exemplo, formar grupos com os maiores volumes de produção, outros grupos de municípios com quantidades intermediárias até grupos com menores quantidades produzidas. Contudo, a pesquisa buscou sempre uma solução com poucos clusters (de 3 a 6) e que apresentasse uma boa distinção em relação aos valores dos centróides, decisão esta auxiliada pelo teste de Análise de Variância (Hair et al., 2005). Para isto, utilizamos o software SPSS® (Statistical Package for Social Sciences), cujos resultados de clusters permitiram a criação de mapas com grupos a partir de suas similaridades de empregos formais, através do uso do software MAPresso. Não há a necessidade de nenhuma inferência estatística, pois a pesquisa trabalha com toda a população do estado de São Paulo, isto é, os níveis de produção e emprego de cana e café de todos os municípios paulistas. 4 Resultados e Discussões Esta seção apresenta os resultados obtidos na pesquisa. Os resultados para as evoluções nos níveis de produção e emprego são apresentados primeiramente para a atividade canavieira e, em seguida, para a cafeicultura. 4.1 Resultados para a Atividade Canavieira no Estado de São Paulo Esta seção apresenta os resultados para a produção e emprego na cana, considerandose todos os municípios do estado de São Paulo para o período de 1997 a 2006. 4.1.1 Evolução na Produção e Emprego na Atividade Canavieira entre 1997 e 2006. De posse dos dados de produção na atividade canavieira de cada um dos municípios paulistas de 1997 e 2006, procedemos a uma análise da variação ou evolução da produção de cana-de-açúcar no estado e obtemos a taxa de variação entre as médias dos dois qüinqüênios: 4/16 ANAIS o primeiro de 1997 a 2001 e de 2002 a 2006, conforme Tabela 1. Os municípios foram agrupados de forma a se obter intervalos (de 100 em 100%) de fácil análise e comparação de grupos com variação bastante elevada, intermediária e até com variações negativa s e nulas na produção de cana. Na seqüência, a Figura 1 apresenta o mapeamento destes grupos de municípios. Tabela 1 - Quantidade de municípios e a variação da produção de cana-de-açúcar (em toneladas), no estado de São Paulo, de 1997-2001 para 2002-2006. Variação da Número de Produção Média Produção Média Variação Média Produção (%) Municípios 1997-2001 2002-2006 entre os períodos (%) Acima de 200 62 16.193,84 97.985,10 505,08 De 100 a 200 36 152.270,89 368.511,22 142,01 De 0,01 a 100 241 651.170,38 796.955,61 22,39 Zero 0 De -100 a -0,01 128 252.883,54 222.365,63 -12,07 Indeterminada: 178 31 - Novos produtores 0 31.014,14 - Demais municípios 147 0 0 Fonte: elaborado pelos autores a partir de IBGE (2007a). Legenda para variação da produção: Grau de variação: Variação (em %) ou identificação do grupo: Elevada Acima de 200,00 Média De 100,01 a 200,00 Baixa De 0,01 a 100,00 Nula Igual a 0 Redução De -100 a -0,01 Indeterminada: novos municípios Média zero apenas no primeiro qüinqüênio Indeterminada: demais municípios Média zero nos dois períodos Figura 1 – Mapa dos Grupos de Municípios em relação às Variações na Produção de Cana-de-Açúcar no Estado de São Paulo, no período de 1997-2001 para 2002-2006. Fonte: elaborado pelos autores a partir de IBGE (2007a). 5/16 ANAIS Podemos observar, pela Tabela 1, que o maior aumento da produção média foi de 505,08%, gerado por 62 municípios, o que lhes permitiu um salto de 16.193,84 toneladas média para 97.985,10 toneladas no segundo qüinqüênio, em valores médios. A maior parte destes municípios está situada nas regiões de São José do Rio Preto,Votuporanga, Presidente Prudente, Araçatuba, Tupã, Dracena e Sorocaba, conforme podemos observar pela Figura 1. Mesmo mantendo a produção média de 2002-2006 inferior ao valor dos demais grupos, o elevado incremento deste grupo pode estar associado à dinâmica muito forte em busca de novas regiões para a cana-de-açúcar nos últimos anos. O maior grupo de municípios (37% do total), conforme Tabela 1, com a maior produção (651.170,38 toneladas) no período inicial de 1997-2001, mantém a maior produção também no segundo período de 2002-2006 (com 796.955 toneladas), mesmo com pequeno incremento médio (22,9%). Pela Figura 1, podemos observar que este grupo é constituído de municípios nas já tradicionais regiões de cultivo de cana no estado de São Paulo, como as regiões nordeste e norte, o que demonstra que os grandes produtores continuaram a contribuir significativamente para o aumento da produção paulista. Um grupo de 128 municípios, com um nível de produção intermediário, experimentou um declínio, ainda que modesto, na faixa dos 12%. Este declínio na produção se concentrou nas regiões de Bauru, Avaré, Botucatu, Rio Claro e Taubaté. Por outro lado, os 147 municípios do grupo com produção nula nos dois períodos (Tabela 1) estão concentrados nas regiões de Registro, Itapeva, Itapetininga e Baixada Santista, conforme podemos observar pela Figura 1. Também procedemos a uma classificação dos municípios (de 100 em 100%) em relação à variação do emprego formal na atividade canavieira para a análise da evolução do nível de emprego ao longo dos qüinqüênios 1997-2001 e 2002-2006, e os resultados estão apresentados na Tabela 2 e na Figura 2. Tabela 2: Quantidade de Municípios e a Variação do Emprego Formal na Cana-de-Açúcar no Estado de São Paulo, no período de 1997-2001 a 2002-2006. Número de Empregos Número de Empregos Variação média Variação do número de Número de formais médios de formais médios de entre os períodos empregos formais (em %) municípios 1997–2001 2002-2006 (em %) Acima de 200,00 77 80,51 433,37 438,29 De 100,01 a 200,00 30 271,57 632,87 133,04 De 0,01 a 100,00 91 617,11 869,20 40,85 Zero 1 5,00 5,00 0,00 De -100 a -0,01 133 998,67 536,78 -46,25 Indeterminada: 313 - Novos produtores 90 0 45,19 - Demais municípios 223 0 0 Fonte: elaborado pelos autores a partir do MTE (2007). O grupo de municípios com a menor média de empregos, de 80,51 empregos no primeiro qüinqüênio, sofreu a maior variação (de 438,29%) diminuindo a heterogeneidade em todo o estado em termos de empregos médios na cultura da cana-de-açúcar. Mesmo com este incremento, resultante do agrupamento de 77 municípios, tal grupo ocupou apenas a quarta posição quanto ao número de empregos formais médio no segundo período, o que demonstra o elevado número de empregos formais na atividade canavieira nos demais grupos. Podemos observar, pela Figura 2, que os 107 municípios com elevado e médio crescimentos nos níveis de empregos formais na atividade canavieira estão concentrados 6/16 ANAIS principalmente nas regiões de São José do Rio Preto, Araçatuba, Presidente Prudente, Barretos, Lins, Catanduva, Bauru e São João da Boa Vista. O grupo de tradicionais produtores com 91 municípios, que já apresentavam a segunda maior média de empregos formais no qüinqüênio 1997-2001, chegaram ao segundo qüinqüênio analisado (2002 a 2006) com o maior número médio de empregos formais, mesmo com um crescimento médio de 40,85%, considerado baixo. Este grupo está compreendido nas regiões norte, nordeste e central do estado de São Paulo, conforme a Tabela 2 e a Figura 2. Por outro lado, o grupo, com 133 municípios, dos mais tradicionais empregadores na atividade canavieira no qüinqüênio 1997-2001, apresentou decréscimo médio em torno de 46%, levando-os a compor o terceiro maior grupo empregador no segundo período analisado (2002-2006), em termos de números médios de empregos formais na atividade canavieira, conforme a Tabela 2. Este grupo é constituído principalmente por municípios das regiões de Ribeirão Preto, Piracicaba, Limeira, Botucatu e Marília. Contudo, há uma grande quantidade de municípios (quase a metade do estado) com variação indeterminada, dada pela ausência de valores médios tanto nos períodos de 19972001 quanto no período 2002-2006, principalmente em uma faixa paralela ao litoral, estendendo-se das regiões de Sorocaba e Registro até a região de São José dos Campos, conforme observamos pela Figura 2. Legenda para variação do emprego formal: Grau de variação: Elevada Variação (em %) ou identificação do grupo: Acima de 200,00 Média De 100,01 a 200,00 Baixa De 0,01 a 100,00 Nula Igual a 0 Redução De -100 a -0,01 Indeterminada: novos municípios Média zero apenas no primeiro qüinqüênio Indeterminada: demais municípios Média zero nos dois períodos Figura 2. Mapa dos Municípios em Função das Variações no Emprego Formal na Atividade Canavieira para o Estado de São Paulo no período de 1997-2001 para 2002-2006. Fonte: elaborado pelos autores a partir do MTE (2007). 7/16 ANAIS 4.1.2 Produção e Emprego na Atividade Canavieira no Estado de São Paulo em 2006. Podemos observar, pela Tabela 3 que a produção e o emprego na atividade canavieira têm quedas até o inícios do anos 2000 e que, a partir dos anos 2003 há o início de uma forte recuperação, fechando o períodos de 1997 a 2006 com um aumento de 10,85%. Comparativamente, a produção de cana-de-açúcar apresentou uma recuperação do montante colhido já em 2001, ano que marcou o início de expansões e que certamente contribuiu para a posterior elevação no número de empregos formais. A produção de cana aumentou cerca de 38,71% de 1997 a 2006, conforme observamos pela Tabela 3 Tabela 3: Produção e Emprego Formal na Atividade Canavieira no milhares, produção em milhões de toneladas). 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Emprego 223,01 209,49 202,88 181,50 199,26 193,10 194,02 199,79 197,14 189,04 198,93 212,70 Produção Fonte: elaborado pelos autores a partir do MTE (2007) e IBGE (2007a). Estado de São Paulo (emprego em 2003 180,68 227,98 2004 190,96 239,52 2005 220,51 254,81 2006 247,21 269,13 A Figura 3 apresenta a classificação dos municípios, no ano de 2006, com quatro grupos gerados pela análise de clusters: o primeiro grupo - “A” – contém municípios que apresentam níveis de produção bastante elevados na atividade canavieira. Os municípios do cluster B apresentam um nível considerado elevado em relação aos outros grupos. Os clusters C e D contêm municípios com níveis intermediários e baixos, respectivamente, de empregos formais, sendo que o cluster D foi dividido em D1 e D2, respectivamente, baixo nível e nenhuma atividade canavieira para uma melhor apresentação dos resultados. O cluster A é constituído de um único município: Morro Agudo, com a maior produção canavieira individual (cerca de 3%) do estado todo. O grupo B é constituído de 31 municípios que apresentam individualmente elevada produção canavieira. O grupo C, com 120 municípios, é responsável pela maior parcela (47%) na produção total do estado. Legenda para produção (em toneladas) Grupo Produção A Igual a 7.835.267 Classificação da produção Muito elevada B 1.835.100 a 3.600.000 Elevada C 595.800 a 1.800.000 Intermediária D1 100 a 589.150 Baixa D2 Igual a 0 Nula Figura 3 - Mapa dos Grupos de Municípios para a Produção de Cana no Estado de São Paulo, em 2006. Fonte: elaborado pelos autores a partir de IBGE (2007a). 8/16 ANAIS Podemos observar, ainda pela Figura 3, que os municípios com produção muito elevada, elevada e intermediária (clusters A, B e C) estão situados nas regiões norte, noroeste e central do estado com alguns municípios no oeste paulista nas regiões de Araçatuba, Assis e Presidente Prudente. Os municípios que apresentam produção nula e foram destacados com uma nova classificação (cluster D2) estão concentrados numa extensa área paralela a todo o litoral do estado de São Paulo, além das regiões de Marília e no extremo noroeste do estado. A Figura 4 apresenta uma outra classificação, por análise de clusters, dos municípios paulistas em relação aos níveis de emprego formal para o ano de 2006. Legenda para emprego formal: Grupo: Número de empregos formais: Classificação do emprego: A 8.286 a 9.545 Muito elevada B 4.106 a 6.919 Elevada C 1.154 a 3.517 Intermediária D1 1 a 1.088 Baixa D2 Igual a 0 Nula Figura 4. Grupos de Municípios em função do Emprego Formal na Cana no Estado de São Paulo em 2006. Fonte: elaborado pelos autores a partir do MTE (2007). 4.2 Resultados para a Cafeicultura no Estado de São Paulo Esta seção apresenta os resultados para a produção e produtividade da cafeicultura considerando-se todos os municípios do estado de São Paulo para o período de 1997 a 2006. 4.2.1 Evolução na Produção e Emprego na Cafeicultura entre 1997 e 2006. Para se analisar a evolução da cafeicultura nos municípios paulistas de 1997 e 2006, procedemos a uma análise da variação da produção de café no estado e obtemos a taxa de variação entre as médias dos dois qüinqüênios estudados. Os municípios foram agrupados em intervalos (de 100 em 100%) para facilitar a análise e comparação de grupos com distintas variações na produção de cana-de-açúcar. Os resultados estão apresentados na Tabela 5. Na 9/16 ANAIS seqüência, a Figura 5 apresenta o mapeamento dos grupos de municípios segundo os intervalos de variações na produção de cana. Tabela 5 - Quantidade de Municípios e a Variação da Produção de Café (em toneladas) no Estado de São Paulo, de 1997-2001 para 2002-2006. Variação da Número de Produção Média Produção Média de Variação média nos produção (%) Municípios de 1997-2001 2002-2006 períodos Acima de 200,00 45 61,50 218,70 255,58% De 100,01 a 200,00 44 145,24 332,40 128,86% De 0,01 a 100,00 190 603,70 794,27 31,57% Zero 0 De -100 a -0,01 201 404,41 290,81 -28,09% - Novos municípios 11 0 12,62 -Demais municípios 154 0 0 Fonte: elaborado pelos autores a partir de IBGE (2007b). Os 190 municípios maiores produtores no qüinqüênio 1997/2001 (603,7 toneladas) figuram também no topo no segundo período, mesmo com aumento modesto da produção (31,75%). Grande parte destes municípios, com modesto crescimento, estão na região de Franca, São João da Boa Vista, São Carlos, Campinas, Botucatu, Ourinhos e Tupã, conforme Figura 5. Legenda para variação da produção: Grau de variação: Variação (em %) ou identificação do grupo: Elevada Acima de 200,00 Média De 100,01 a 200,00 Baixa De 0,01 a 100,00 Nula Igual a 0 Redução De -100 a -0,01 Indeterminada: novos municípios Média zero apenas no primeiro qüinqüênio Indeterminada: demais municípios Média zero nos dois períodos Figura 5 - Mapa dos municípios em Função das Variações na Produção de Café no Estado de São Paulo, no período de 1997-2001 para 2002-2006. Fonte: elaborado pelos autores a partir de IBGE (2007b). 10/16 ANAIS Os grupos com as maiores variações positivas (de 255,58% e 128,86%) apresentaram níveis de produção média no segundo qüinqüênio de 218,70 e 332,40 toneladas ao ano e, ainda assim, nem se aproximaram do alto volume médio de produção do grupo de municípios tradicionais (com média de 794,27 toneladas), conforme podemos observar pela Tabela 5. Estes municípios estão concentrados nas regiões de Presidente Prudente, Araçatuba e também em Barretos, Taubaté, São Carlos e Ourinhos, conforme podemos observar pela Figura 5. Por outro lado, o grupo com 201 municípios que apresentou redução na produção, detinha um alto nível de produção no primeiro qüinqüênio (1997-2001), conforme observamos pela Tabela 5. Este grupo é constituído por municípios na região de Ribeirão Preto, Araraquara, Lins Catanduva, Jaú e Bauru e também no noroeste do estado, nas regiões de Votuporanga, Jales e Andradina, conforme a Figura 5. Ainda pela Figura 5 acima, podemos observar que uma extensa região paralela ao litoral paulista com municípios nas regiões de Avaré, Itapeva, Itapetininga, Registro e Sorocaba, Baixada Santista e Região Metropolitana de São Paulo apresentam níveis de cafeicultura próximos de zero. Para se acompanhar a evolução do emprego formal na cafeicultura paulista, foram criados grupos com taxas de variações (de 100 e 100%) entre os dois qüinqüênios estudados, com o objetivo de melhor evidenciar as diferentes evoluções nos níveis de emprego e os resultados estão apresentados na Tabela 6 e também na Figura 6. Tabela 6: Quantidade de Municípios e a Variação do Emprego Formal na Cafeicultura do Estado de São Paulo, no período de 1997-2001 a 2002-2006. Número de Empregos Número de Empregos Variação média Variação do número de Número de formais médios de formais médios de entre os períodos empregos formais (em %) municípios 1997–2001 2002-2006 (em %) Acima de 200,00 52 26 128 396,85 De 100,01 a 200,00 23 194 449 131,87 De 0,01 a 100,00 78 190 262 37,63 Zero 7 1 1 0,00 De -100 a -0,01 109 59 27 -53,81 Indeterminada: 376 - Novos municípios 60 0 11 - Demais municípios 316 0 0 Fonte: elaborado pelos autores a partir do MTE (2007). Pela Tabela 6, observamos que os 23 municípios com maior número de empregos formais em 1997 apresentam um grande aumento (de 131,87%) que acabou por distingui- los do resto do estado em número de empregos formais em 2006. Outro grupo com 52 municípios, com nível relativamente baixo de empregos formais em 1997, apresentou um elevado incremento (de quase 400%) no qüinqüênio 2002-006. Estes dois grupos, com os maiores crescimentos em emprego formal na cafeicultura, compreendem municípios nas regiões tradicionais no cultivo de café como Ribeirão Preto, Franca, São João da Boa Vista e Limeira, além de alguns municípios nas regiões de Campina, Jundiaí, Ourinhos e também Lins, conforme podemos observar pela Figura 6. Outro grupo tradicional em empregos na cafeicultura, com 78 municípios, com nível bastante alto de empregos formais em 1997, apresentou um incremento modesto (de apenas 37,63%), chegando ao período de 2002-2006 com uma média de 262 empregos formais. Este grupo compreende municípios nas regiões tradicionais de Ribeirão Preto, Franca, São João da Boa Vista, Botucatu e nas regiões de Marília, Adamantina e Araçatuba, conforme a Figura 6. Outros 109 municípios apresentaram redução nos níveis de empregos formais. Este grupo, que já apresentava uma modesta participação em 1997, chega ao no segundo qüinqüênio com o pior desempenho, se desconsiderarmos os municípios considerados novos 11/16 ANAIS na cafeicultura e também o grupo de 316 municípios sem qualquer participação na atividade de cultivo do café. Os municípios que apresentaram redução nos níveis de emprego formal estão nas regiões de Bauru, Lins, Catanduva, São Carlos, Tupã e Votuporanga, conforme a Figura 6. Grande parte dos municípios que não apresentam qualquer atividade cafeicultora estendendo-se numa faixa paralela a todo litoral paulista, além de principalmente nas regiões de Presidente Prudente, Tupã, Andradina e Barretos, conforme observamos pela Figura 6. Legenda para variação do emprego formal: Grau de variação: Elevada Variação (em %) ou identificação do grupo: Acima de 200,00 Média De 100,01 a 200,00 Baixa De 0,01 a 100,00 Nula Igual a 0 Redução De -100 a -0,01 Indeterminada: novos municípios Média zero apenas no primeiro qüinqüênio Indeterminada: demais municípios Média zero nos dois períodos Figura 6. Mapa dos Grupos de Municípios em Função das Variações no Emprego Formal no Café no Estado de São Paulo, no período de 1997-2001 para 2002-2006. Fonte: elaborado pelos autores a partir do MTE (2007). 4.2.2 Produção e Emprego na Cafeicultura no Estado de São Paulo em 2006. Observamos, pela Tabela 7, que a produção e o emprego na cafeicultura paulista apresentam um forte componente cíclico bianual, com um ano de alta produção seguido por outro de baixa, grosso modo. No entanto, os níveis de emprego parecem apresentar um forte crescimento a partir do ano de 2002, possivelmente por efeitos de uma maior formalização. Tabela 7: Produção e Emprego Formal na Cafeicultura no Estado de São Paulo (emprego em milhares, produção em milhões de toneladas). 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Emprego 24,68 28,71 26,02 30,72 25,38 30,97 34,07 42,18 40,61 57,42 Produção 171,05 246,39 212,50 217,79 178,00 280,31 170,22 258,37 201,13 259,82 Nota. Fonte: elaborado pelos autores a partir do MTE (2007) e IBGE (2007b). A cafeicultura paulista apresentou um crescimento médio da produção da ordem de 51,9% enquanto a formalidade dos vínculos empregatícios aumentou cerca de 133% entre os anos de 1997 a 2006, conforme a Tabela 7. Este aumento fora impulsionado pela variação positiva em 279 municípios (58% do total de produtores), conforme Tabela 5 acima. 12/16 ANAIS A Figura 7 nos apresenta o mapeamento dos grupos de municípios paulistas classificados pela análise de clusters em termos do nível de produção de café no ano de 2006. Os municípios dos grupos com as maiores produção (clusters A e B) e também aqueles com produção intermediária de café (cluster C) estão situados numa faixa que abrange quase toda a fronteira com o estado de Minas Gerais, na região de Franca até Campinas, conforme podemos observar pela Figura 7. Por outro lado, com exceção de uma extensa faixa junto a todo o litoral paulista (exceto a região de Taubaté no Vale do Paraíba), outra faixa na divisa com Mato Grosso do Sul e também de alguns municípios próximos a Barretos que não apresentam produção de café, a cafeicultura está presente em quase todos os municípios do estado de São Paulo, ainda que com níveis de produção classificados com baixos, conforme observamos pela Figura 7. Legenda para produção (em toneladas) Grupo Produção Classificação da produção A 13.020 a 16.482 Muito elevada B 6.400 a 10.120 Elevada C 2.033 a 5.760 Intermediária D1 1 a 1.817 Baixa D2 Igual a 0 Nula Figura 7 – Grupos de Municípios em Função da Produção de Café (t), no Estado de São Paulo, em 2006. Fonte: elaborado pelos autores a partir de IBGE (2007b). A Figura 8 apresenta o mapa com a nova configuração no número de empregos formais na atividade cafeeira no ano de 2006, depois de uma análise de clusters com os números de empregos formais na produção de café. Os municípios de Garça e Pedregulho se destacam no cluster A, de mais elevados níveis de empregos formais na cafeicultura, seguidos pelo segundo cluster (B) com os municípios de Franca, Altinópolis, São Sebastião da Grama e Espírito Santo do Pinhal que apresentam altos números de vínculos empregatícios. O grupo C, com níveis intermediários, compreende municípios na região de Franca e São João da Boa Vista, próximos à divisa com o estado de Minas Gerais. Os municípios do cluster D1, considerados de níveis baixos em relação ao emprego formal na cafeicultura, também estão nas regiões de Franca, Ribeirão Preto e São João da Boa Vista, Campinas, além de numa extensa área no centro-oeste do estado, como nas regiões de Botucatu, Bauru, Avaré, Ourinhos, Marília, Lins, Tupã, Adamantina e Dracena, conforme observamos pela Figura 8. Os municípios sem qualquer atividade cafeicultora estão numa 13/16 ANAIS faixa paralela a todo litoral paulista e também nas regiões de Presidente Prudente, Tupã, Andradina e Barretos, conforme podemos observar pela Figura 8. Legenda para emprego formal: Grupo: Número de empregos formais: Classificação do emprego: A 4.845 a 5.596 Muito elevada B 2.945 a 4.188 Elevada C 737 a 2.111 Intermediária D1 1 a 580 Baixa D2 Igual a 0 Nula Figura 8. Grupos de Municípios em Função do Número de Empregos Formais na Cafeicultura no Estado de São Paulo, no ano de 2006. Fonte: elaborado pelos autores a partir do MTE (2007). 5 Conclusões Esta pesquisa obtém o mapeamento da evolução dos níveis de produção e emprego formal nas tradicionais atividades canavieira e cafeicultora no estado de São Paulo. O estudo é realizado a partir dos dados obtidos do IBGE para produção e da RAIS/MTE para cada um dos municípios paulistas com relação aos níveis de emprego formal de cana e café para os anos de 1997 até 2006. O objetivo do trabalho é decorrente da discussão bastante atual sobre a nova dinâmica e expansão da atividade canavieira e seus impactos econômicos e sociais sobre as outras atividades do agronegócio, principalmente a cafeicultura. Dentre os principais resultados, este estudo aponta um incremento de 10,85% na quantidade de vínculos empregatícios formais de 1997 a 2006 na atividade canavieira, acompanhando o incremento da produção, que alcançou 269,13 milhões de toneladas em 2006, fruto de um crescimento de 38,71% sobre 1997. A maior parte dos municípios apresentou aumento no s níveis de produção (339 municípios) e também no número de empregos formais (198 municípios) na atividade canavieira e ainda 90 outros novos municípios empregadores entre 2002 a 2006 que se traduz numa expansão da produção rumo principalmente ao oeste do estado em regiões como Presidente Prudente, Dracena, Tupã e Araçatuba e também em São José do Rio Preto. A análise da atividade cafeeira mostrou que, de 1997 a 2006, os níveis de produção aumentaram cerca de 51,90%, enquanto a formalidade dos vínculos empregatícios aumentou cerca de 133%. Tradicionais regiões empregadoras como a região leste de São Paulo, fronteiriça com Minas Gerais, destacaram-se pelo elevado incremento ao se considerar a 14/16 ANAIS média dos valores de 2002 a 2006 em relação à média de 1997 a 2001. O grande incremento dos níveis de emprego formal na cafeicultura pode ser compreendido pela expansão em 153 municípios, aos quais se somam 60 novos empregadores, apesar da redução em 109 municípios principalmente nas regiões do norte e central do estado como Votuporanga, São José do Rio Preto, Araraquara, Bauru e Marília. Outro resultado importante deste trabalho é o de que, ao final do ano de 2006, a atividade canavieira apresenta níveis superiores de produção e emprego formal nas tradicionais regiões de Ribeirão Preto, Franca, Jaú e também nas regiões de Araçatuba e Assis. Por outro lado, a cafeicultura apresenta níveis superiores de produção e emprego em muitos municípios das regiões produtoras tradicionais de Franca, Ribeirão Preto, São João da Boa Vista e Campinas, sobretudo próximo à fronteira com o estado de Minas Gerais. Os resultados deste trabalho mostram tendências de crescimento nos níveis de produção e emprego formal em ambas as atividades canavieira e cafeicultora no período estudado de 1997 a 2006 no estado de São Paulo. Os resultados deste trabalho mostram ser estes movimentos, em busca de novos empregos formais e produção, relativamente distintos e sem dependência direta entre as atividades canavieira e cafeicultora., Com exceção de uma possível substituição de emprego e produção do café pela cana na região de São José do Rio Preto, os resultados deste trabalho mostram não haver substituição ou troca intensiva de produção ou emprego em nenhuma outra região do estado de São Paulo no período analisado de 1997 a 2006. Dentre outros resultados deste trabalho que podem suscitar pesquisas futuras estão o crescimento da produtividade na atividade canavieira devido ao aumento observado na produção bastante superior que nos níveis de emprego formal, principalmente nas regiões tradicionais de Ribeirão Preto e Piracicaba, além de possíveis mudanças econômicas e tecnológicas na cafeicultura que fizeram incrementar mais os níveis de formalização do emprego do que os da produção, principalmente nas regiões tradicionais de cultivo de café como Franca, São João da Boa Vista e Campinas. Ainda, novas pesquisas poderiam estudar a dinâmica e os principais fatores que determinam a troca de culturas ou mesmo o convívio de várias atividades do agronegócio num mesmo município de forma a melhor compreender a evolução das atividades agrícolas, suas produtividades e alocação de empregos formais no estado de São Paulo. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE CAFÉ. 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