Ano 06 Número 20 Setembro/2011 INDÚSTRIA TEM PAPEL DE DESTAQUE NAS METAS DO GOVERNO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO NOVO CÓDIGO FLORESTAL PREOCUPA SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL CARLOS SASAI O COMANDANTE DA INDÚSTRIA ACREANA PELOS PRÓXIMOS 4 ANOS SUMÁRIO INDUSTRIAL 05 - Editorial 06 - Destaques 09 - Artigo – Oscar Motomura 10 - Assuntos Legislativos 14 - A influência da pecuária na 28 Carlos Sasai, comandante da indústria acreana pelos próximos 4 anos vida do acreano FIEAC 18 - Inovação na pauta das indústrias SESI 2ª CAPA ANÚNCIO 22 - Cidadãos do futuro SENAI 34 Novo Código Florestal preocupa setor da construção civil 24 - Dois em um IEL 26 - Unidos pelo sucesso 42 - O "milagre" da habitação 46 - Peixes, o novo signo da indústria local 50 - Artigo – Eloi Zanetti 38 EXPEDIENTE SÉRGIO VALE Indústria tem papel de destaque nas metas do governo para o desenvolvimento do Estado A Revista “Acre Industrial” é uma publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Acre, Ano 06, número 20, setembro de 2011. Jornalista Responsável: Daniele Carlos (DRT 2268/03 – DF). Colaboração: Marcela Barrozo (DRT 018/03 – AC), Lara de Freitas (DRT 56344/09 - SP), Jorge Luiz Araújo Vila Nova, Ulisses Lima, Aline Lourrany. Projeto Gráfico e Editoração: Allgraf Gráfica e Editora. E-mail: [email protected]/ site: www.fieac.org.br / Tel: (68) 3212-4208 / Fax: (68) 3212-4203. AC. Ceará, 3727 – Floresta. Rio Branco / AC. CEP: 69.907-000. Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 03 Presidente Carlos Takashi Sasai Vice-Presidentes: José Luiz Assis Felício João Francisco Salomão Raimunda Holanda de Paula João Oliveira de Albuquerque Abrahão Assis Felício José de Ribamar Nina Lamar Antônio Jorge de Azevedo Barbosa Jandir Santin José Adriano Ribeiro da Silva Joafran Antônio Guedes Nobre Secretários 1º Secretário: João Paulo de Assis Pereira 2º Secretário: Jorge Wanderlau Tomás Tesoureiros 1º Tesoureiro: Aristides Formighieri Júnior 2º Tesoureiro: George Dobré Suplentes da Diretoria Carlos Afonso Cipriano dos Santos José Osmar Zanatta Sérgio Nakamura Ely Assem de Carvalho Adalberto José Moreto Anísio Fernandes Maia Conselho Fiscal Efetivos Antônio Leônidas de Araújo Neto Sérgio Tsuyoshi Murata Célio Pereira Suplentes Paulo Roberto Cavalcanti João Evangelista Quintela Rodrigues Luiz Carlos Guimarães ANÚNCIO EDITORIAL DIRETORIA Federação das Indústrias do Estado do Acre DIRETORIA 2011 - 2015 Agenda positiva para o Acre Ao assumir a presidência da Federação das Indústrias do Estado do Acre – FIEAC, reafirmo minha disposição de fortalecer vários segmentos de extrema importância para o nosso Estado. Áreas como educação, formação e qualificação de mão-de-obra, pesquisa aplicada e prospecção de mercado serão valorizadas. A infraestrutura base para este tão almejado desenvolvimento vai consolidar-se em breve, com a conclusão das obras da Rodovia Transoceânica, que liga o Acre aos portos do Oceano Pacífico, e da BR-364, que integrará todo o Estado. Além das estradas, há ainda o Complexo Hidrelétrico do Madeira, que propiciará a oferta de energia abundante e de custo mais baixo para a região. Isso sem mencionar uma das maiores bandeiras da FIEAC, a criação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE), e a consolidação da Copiai (Comissão Política de Incentivo às Atividades Industriais), com alguns ajustes que iremos propor, oferecem-nos um bom ambiente fiscal. Além disso, estamos comprometidos com alguns temas de extrema importância para o nosso Estado: Responsabilidade Social Empresarial - Não vamos admitir que seja apenas uma peça de marketing, mas algo vivo e cristalino que permeie a consciência e as atitudes de todos os empresários acreanos. Meio Ambiente - tema que gera maior preocupação em todo o planeta; claro que vamos estar inseridos nesta discussão, sem maniqueísmo e sem radicalismos filosóficos ou ideológicos. Mas, à luz da ciência, havemos de encontrar o necessário equilíbrio. Inovação - Pretendemos implantar o Centro de Inovação Tecnológica do Acre, e criar uma grande rede de parceiros, incluindo as universidades, não só a do Acre, mas de todo o país e instituições de pesquisa, como a Embrapa e o Sebrae. Além disso, temos certeza de que contaremos com o importante e decisivo apoio do Governo do Estado do Acre, especialmente por meio de sua Secretaria de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia, Indústria e Comércio. Reformas - A sociedade brasileira tem consciência da necessidade de que elas aconteçam para que o país experimente um ciclo de desenvolvimento com alta competitividade e sustentabilidade a longo prazo. Entretanto, devo ressaltar aquela que, a nosso ver, é a mais importante de todas: a Reforma do Estado Brasileiro. Fortalecimento sindical - O trabalho junto aos sindicatos filiados é fundamental para os setores que eles representam, e por isso a FIEAC vai dar continuidade às propostas junto à classe política, além dos programas de qualificação profissional já existentes. Interiorização do desenvolvimento - Precisamos consolidar nossa indústria e torná-la mais competitiva e sustentável. Com a conclusão da BR 364 – que interliga Rio Branco aos municípios do Vale do Juruá – teremos que sensibilizar os empresários dessa região que o Sistema FIEAC pode ser usado em benefício do seu setor. Só conseguiremos prestar um serviço de excelência no Estado a partir do momento em que o próprio industrial tiver plena noção do poder se sua contribuição. Relacionamento com a classe política - Além de darmos continuidade à Agenda para o Crescimento, precisamos manter e fortalecer o diálogo com a classe política em todos os níveis: municipal, estadual e federal, sempre atuando como parceiros no intermédio com a classe empresarial acreana. * Carlos Takashi Sasai presidente da FIEAC Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 05 DESTAQUES Pró-Amazônia A ção e parlamentares da Construção DiaSocial promove mais de 11 mil atendimentos no Acre Mais de 11 mil atendimentos foram realizados no dia 20 de agosto em função do Dia Nacional da Construção Social, promovido durante todo o dia no Ginásio do SESI e unidades adjacentes. O evento tinha por objetivo incentivar a qualidade de vida dos trabalhadores da indústria da construção civil e seus familiares, por meio de atividades de educação, cultura, saúde, lazer e da mobilização da cidadania, semelhantemente ao naipe da Ação Global. O mutirão solidário é promovido, nacionalmente, pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e Confederação Nacional da Indústria (CNI). No Acre, o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), em parceria com o Sistema Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), por meio do SESI e do SENAI, Grupo Votorantin e governo do Estado, realizaram o evento durante todo o sábado. De acordo com o presidente Sinduscon, Carlos Afonso Cipriano dos Santos, a realização do evento foi um sucesso. “As metas foram atingidas e as nossas expectativas, superadas. Agradecemos aos parceiros que estiveram junto com a gente, apoiando esta importante causa”. FIEAC Sistema renova certificação ISO Numa prova de que está sempre em busca de aprimoramento para melhor atender seu público, o Sistema FIEAC obteve, junto à BRTUV, nova certificação da ISO 9001:2008, uma garantia de qualidade e confiabilidade para os clientes. A ISO 9001:2008 é uma das mais rigorosas normas de qualidade do mundo e estabelece requisitos do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) nas organizações. Desta forma, os clientes conseguem saber que suas necessidades serão asseguradas, compreendidas, aceitas e atendidas. A função do Sistema é de promover a satisfação dos clientes por meio da normatização de procedimentos, visando à melhoria contínua. Para o presidente da FIEAC, Carlos Sasai, a certificação mostra que o Sistema Indústria continua no caminho certo. “Com essa certificação temos mais certeza de que estamos no caminho certo, que é o de buscar continuamente a melhoria dos serviços que prestamos ao setor industrial acreano”, concluiu. 06 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 do Norte se unem O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), Carlos Sasai, e o vice, João Francisco Salomão, reuniram-se nesta quinta-feira, 21 de julho, com os presidentes da Comissão da Amazônia no Congresso, deputado Gladson Cameli, e da Ação Pró-Amazônia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), empresário Edilson Baldez (presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão-FIEMA). O propósito do encontro foi unir forças entre as duas instituições em favor de iniciativas que contemplem os interesses empresariais da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), como o Projeto Norte Competitivo, que aponta os nove eixos de integração prioritários que permitirão reduzir os custos logísticos dessa região com aumento da competitividade da região; a necessidade da ponte sobre o rio Madeira, para evitar o isolamento do Estado do Acre; e o estímulo à cultura empreendedora, com realização de palestras, treinamentos e cursos de liderança. “Queremos nos fortalecer e definir uma pauta única para discutir os interesses em comum. Em agosto, realizaremos uma reunião com todos os presidentes de federações de Indústria dos estados da Amazônia Legal com esta finalidade”, informou Sasai, que convidou Gladson para estar presente na ocasião. do SESI: Jogos Correios é campeão do futebol sete máster Mais uma empresa marcou passagem para Manaus, de 11 a 15 de novembro, para representar o Acre nos Jogos Regionais do SESI. Ao vencer a Albuquerque Engenharia por 6 a 1, a equipe de futebol sete máster dos Correios integra a delegação acreana, que já conta com 91 pessoas. O jogo decisivo foi realizado em agosto, no campo de futebol society do Sesc-Bosque. Artilheiro da partida, o carteiro Erlei Oliveira assinou três dos seis gols, sendo ele o responsável pelos dois primeiros. Ele abriu o placar aos 17 minutos do primeiro tempo e, em exato 1 minuto e seis segundos depois, ampliou para os Correios. Foi ele também quem encerrou a conta, marcando o 6º gol aos 24 minutos da etapa complementar, liquidando de vez a possibilidade de reação da equipe adversária. “Nós estávamos muito focados neste jogo. Ficamos em segundo lugar no ano passado e, neste ano, só a vitória nos interessava. Tanto, que preferimos perder por W.O no futebol de campo para estarmos com força total nesta final”, revelou Oliveira. Apesar da dedicação, devido ao pouco tempo que os trabalhadores-atletas dispõem para se preparar, ele confessa que não puderam treinar com mais afinco. “É só a vontade que temos de jogar que nos motiva. Os Jogos do SESI são bons por isso, porque podemos nos divertir e ao mesmo tempo é bom para a saúde”. Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 07 ARTIGO Oscar Motomura Tempo de qualidade O futuro é resultante do que criamos coletivamente. Muito do que virá em 20 anos vem sendo moldado há décadas. Podemos mudar o curso dos acontecimentos? abemos que futuro é esse que vem sendo moldado? Na verdade, sim. Conhecemos as condições em que o planeta se encontra. Sabemos que a violência continua fragmentando a sociedade. Que o modo de vida e o tipo de consumo que se multiplicam pelo mundo não são sustentáveis. A mesma mente que sabe também racionaliza. Postergamos ações que curam. E justificamos. Todos fingimos acreditar. Num imenso jogo de ilusões. O que está na base de tudo isso, também sabemos: o egoísmo e a falta de desprendimento dos que têm muito, a ganância e a ambição desmedida de alguns, a manipulação das instituições, a deterioração dos valores, a busca de crescimento ilimitado num mundo com recursos finitos... Mas por que racionalizamos e não agimos rapidamente na direção da cura? A resposta pode estar muito perto de nós. Tudo que vemos no macro talvez esteja acontecendo no micro. Em nossa vida pessoal, insistimos num modo de vida não saudável. Sabemos o que temos de fazer e não fazemos. Nas empresas, idem. Vamos nos acostumando a um jeito de atuar também não saudável: muito estresse, excesso de competição, fragmentação de todo tipo, ações predatórias... Na cultura organizacional que criamos, tudo tem de ser resolvido em breves reuniões. Estamos nos enganando. Nesse tipo de reflexão, a questão sempre presente é: “Precisamos chegar ao fundo do poço para, só então, fazer o que é preciso?”. Para agir antes do ponto de colapso, será preciso romper barreiras poderosas. A mais relevante é a do “piloto automático”. Há uma rotina, os tempos estão alocados, as pessoas atuam dentro de processos estabelecidos. Não sobra quase tempo de qualidade para o diferente. O mesmo S acontece nas empresas e na sociedade. Fazer a rotina mudar e dar uma guinada requer energia. Em certos casos, muita energia, tempo, recursos. Energia extra. Ou seja, em adição a toda energia e recursos que alocamos ao “piloto automático” da vida cotidiana. Tudo o que é preciso para curar nosso modo de viver exige doses maciças de investimento, dedicação integral de nossos melhores talentos. E principalmente: tempo de qualidade. Sem essa dose maciça de energia, o “transatlântico” não mudará seu curso e continuará no “piloto automático”, rumo a um futuro que ninguém deseja. Quando você fará seu sabático para repensar seu modo de vida e dar a guinada necessária? Sua empresa estaria disposta a investir um grande volume de recursos extras e formar uma superequipe para ficar seis meses, dez horas por dia, focada na reinvenção do transatlântico? Os mais de 200 países do mundo estão a fim de alocar centenas de bilhões e seus melhores cérebros, por alguns anos, para idealizar e fazer acontecer a guinada que o mundo precisa dar? Na cultura que criamos em nossas organizações, tudo precisa ser resolvido em breves reuniões ou retiros de poucos dias... Estamos nos enganando. Nossos maiores desafios jamais serão superados se não houver energia em quantidade proporcional à magnitude dos problemas que queremos resolver. (Artigo publicado na Revista Época em abril de 2011) *Oscar Motomura é diretor-geral da Amana-Key, especializada em inovações radicais em gestão e estratégia . www.amana-key.com.br • [email protected] Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 09 Assuntos Legislativos P ara desenvolver determinadas atividades, as empresas terão que comprovar a inexistência de débitos perante a Justiça do Trabalho. É o que prevê o substitutivo ao Projeto de Lei nº 7.077/2002, aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados. A emenda institui a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT), que deverá ser apresentada pelas empresas para demonstrar a regularidade trabalhista quando se candidatarem a processos de licitação junto à administração pública, devendo ser válida para todos os estabelecimentos e pelo prazo de 180 dias contados da emissão. Publicada em 7 de julho, a Lei 12.440/11, oriunda do Projeto de Lei do Senado (PLS) 77/02, do ex-senador Moreira Mendes, faz alterações na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e na Lei de Licitações (Lei 8.666/93), e entrará em vigor em 4 de janeiro de 2012. Com as mudanças, as empresas que quiserem ser contratadas pela administração pública terão de quitar suas dívidas trabalhistas, para ser consideradas habilitadas a participar de licitações. A certidão, que poderá ser retirada de forma gratuita e eletrônica pelas empresas interessadas, comprovará a inexistência de débitos com a Justiça do Trabalho. A CNDT não será emitida quando o empregador tiver pendências decorrentes de sentença condenatória transitada em julgado ou de acordos firmados com o Ministério Público do Trabalho ou Comissão de Conciliação Prévia. Robson Braga, presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), alerta que a Certidão Negativa de Débito Trabalhista aumentará a burocracia e os custos para as empresas, podendo comprometer os processos de compras do governo. “A medida é inadequada e prejudica especialmente as micro e as pequenas empresas e poderá até impedir o pagamento dos débitos. Isso porque, ao ser eliminada de uma concorrência pública pela falta de pagamento de uma dívida trabalhista, a empresa corre o risco de fechar as portas, demitir empregados e elevar os débitos com seus trabalhadores”, enfatiza. Para o presidente da FIEAC, Carlos Sasai, a Certidão não evitará a inadimplência dos débitos trabalhistas, mas representará outro impedimento para as empresas. “O país deve buscar sempre um ambiente de negócios favorável ao empreendedorismo, visto que a sustentabilidade financeira das empresas é a maior segurança contra a inadimplência trabalhista”, assegura. A nova medida também poderá trazer prejuízos aos interesses públicos. Ao desclassificar empresas que cumpram todas as determinações legais, mas tenham algum débito trabalhista, cairá o número de candidatas às licitações, e a tendência é que os produtos e serviços sejam oferecidos a preços mais altos. Além disso, representará um atraso na gestão pública, porque reafirma um modelo ultrapassado em que o Estado age com desconfiança em relação às empresas e aos cidadãos. Para a CNI, em vez de exigir certidões, o Estado deve reforçar a fiscalização orientadora, para diminuir os custos e garantir o cumprimento da lei. P ior que o Emenda determina que empresas terão de comprovar isenção de débitos trabalhistas para participar de concorrências 10 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 S oneto Coordenador da assessoria jurídica da FIEAC, o advogado Jefferson Marinho ressalta que a Certidão foi criada com o intuito de acelerar a cumprimento de débitos oriundos de execuções trabalhistas, visando claramente beneficiar os trabalhadores. “A Certidão pode ter um efeito contrário, pois, ao ficar fora de licitações, muitas empresas podem simplesmente falir, aumentando assim a taxa de desemprego e não se alcançando a alegada efetividade nas execuções”, acredita. O empresário do setor da construção civil, José Adriano Ribeiro, acredita que a Certidão será somente mais um papel para criar dificuldades. “A certidão só vai contribuir para a burocratização das licitações. É mais uma documentação, dentre inúmeras outras, que será exigida nos certames. Em vez de impedir a empresa de participar do processo licitatório, poderia consignar uma parte da verba do contrato para quitar a dívida trabalhista”. Marinho explica que a medida visa reduzir o volume de ações que aguardam pagamento de direitos trabalhistas e, além de inadequada, irá afetar as micro e pequenas empresas. “No Estado do Acre, o impacto principal e imediato será sentido pelas empresas do ramo da construção civil, por serem as que mais contratam mão-de-obra e possuem grande rotatividade de pessoal e, consequentemente, são as maiores vítimas de reclamações trabalhistas”, salienta. A certidão será exigida nos casos de contratação ou renovação dos mesmos com o poder público, no recebimento de benefícios, incentivos fiscais e creditícios concedidos pelo poder público e na alienação, na oneração de bem imóvel e no registro ou arquivamento de ato relativo à baixa redução de firma individual, redução de capital social, cisão total ou parcial, transformação e extinção de entidade ou sociedade comercial e civil e transferências de cotas de sociedades de responsabilidade limitada. A Indústria analisa ainda que a medida possa ser inconstitucional. O inciso 21 do Artigo 37 da Constituição estabelece que, nas licitações públicas, só serão permitidas exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. De acordo com a CNI, a falta da Certidão Negativa de Débito Trabalhista não é prova de que a empresa vencedora está impossibilitada de cumprir o contrato. Caso a demora na obtenção da CNDT coloque em risco a participação da empresa em uma licitação pública ou inviabilize a obtenção de incentivos fiscais, o interessado poderá ingressar com ação judicial de Mandado de Segurança, na tentativa de se obter uma decisão liminar que determine a expedição da certidão em tempo hábil ou, ainda, que autorize a participação da empresa no processo licitatório, independentemente da exibição imediata da CNDT. Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 11 Assuntos Legislativos 12 PROPOSTAINDECENTE O aviso prévio serve para evitar a surpresa na ruptura do contrato de trabalho, possibilitando ao empregador o preenchimento do cargo vago e ao empregado uma nova colocação no mercado de trabalho. Atualmente, a regra do aviso prévio determina que o trabalhador fique no emprego por 30 dias após a comunicação da rescisão de contrato por parte da empresa ou do empregado. Essa regra só não vale para as demissões em justa causa. Mas, uma decisão do Superior Tribunal Federal (STF) pode mudar tudo. Em sessão realizada em 22 de julho, o Conselho decidiu, por unanimidade, ao julgar processos movidos por trabalhadores, regulamentar o inciso 21 do artigo 7º da Constituição. O dispositivo fixa em 30 dias o prazo mínimo do pagamento do aviso prévio, que, determina o texto constitucional, será proporcional ao tempo de serviço. A votação da nova regra ainda não foi concluída, pois os ministros não chegaram a um acordo sobre a melhor fórmula de calcular o aviso prévio proporcional. Somente na Comissão de Trabalho da Câmara, existem, exatamente, 23 projetos sobre o tema. Analisando todos os projetos, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), apesar de não concordar com a mudança, está apoiando o Projeto de Lei nº 3941/89, apresentado pelo ex-senador Carlos Chiarelli. A proposição define que o aviso prévio será concedido na proporção de 30 dias aos empregados que tenham até 1 ano de serviço na mesma empresa. O projeto também determina que sejam acrescidos 3 dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60, completando um total de no máximo 90 dias. O presidente da CNI, Robson Andrade, informou que a opinião do senador Armando Monteiro se inclinava também pelo apoio ao projeto de Chiarelli, avaliando que outras propostas mais favoráveis ao setor empresarial não passarão. Andrade considera que qualquer adicional ao piso pago atualmente traria insegurança aos negócios e aos próprios trabalhadores, uma vez que as empresas não se planejaram financeiramente para arcar com esse custo. Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 Aviso prévio poderá ser proporcional ao tempo de serviço, trazendo mais insegurança às empresas “Estamos preocupados, pois a decisão poderá causar expressivo impacto econômico para quem gera empregos formais. Fica a dúvida, por exemplo, se quanto maior a estabilidade e longevidade de funcionários de uma empresa, maior o passivo que ela terá acumulado sem ter previsto”, questiona. Para o presidente da FIEAC, Carlos Sasai, a regulamentação do aviso prévio proporcional pode ser necessária, mas deve levar em conta que existem outros meios de amparo para o trabalhador, como é o caso do seguro-desemprego e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “A medida não será favorável para ninguém, além de ter outros meios para resolver os problemas. As empresas já enfrentam sérias dificuldades, como os juros elevados e a alta carga tributária, aos quais se somaria a elevação de custos da folha de pessoal”, avalia. Sasai acredita que a nova regra pode encarecer o e mp r e g o . “ E s t a m o s p r e o c u p a d o s , p o i s a proporcionalidade pode gerar expressivo impacto econômico para quem gera empregos formais e sinaliza para a insegurança no ambiente de negócios”, afirmou. Esse mesmo raciocínio também é pactuado pelo presidente da CNI. “Essa mudança vai fazer com que as empresas pensem em trabalhar com mais informalidade, e com isso o trabalhador não terá nenhuma segurança. O que o trabalhador quer é trabalho”, enfatizou Robson Braga, reforçando que a mudança no aviso prévio é uma demanda que nunca existiu no meio sindical e que as regras atuais foram consagradas pela prática. Como a decisão final ainda não foi tomada pelo STF, Sasai acredita na manutenção da regra atual, pelo menos até que o tema possa ser discutido adequadamente no Congresso Nacional, com a participação dos representantes de empregadores e trabalhadores. “Acreditamos que o Supremo avaliará que as empresas atuaram e fazem seus investimentos dentro das regras vigentes. Não é certo que seja atribuído aos empresários custos não previstos”, completa. Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 13 Melhoramento genético Considerado o maior evento do Acre, a primeira edição da Expoacre foi realizada em 1972, por iniciativa de um grupo de pecuaristas, a fim de promover e impulsionar o setor agropecuário à época, segundo relata o secretário Estadual de Agropecuária, Mauro Ribeiro. “Hoje, a Expoacre abrange outras áreas de negócio do setor produtivo, até porque o evento cresceu à medida que a economia do Acre também se expandiu. Mas o que a caracteriza ainda hoje é a exposição de animais de elite, todos daqui do Estado, melhorados geneticamente, e que não nos envergonhariam em nenhuma outra exposição do país. Estamos em pé de igualdade”. Segundo dados oficiais, neste ano a 39ª edição da Feira de Negócios registrou crescimento de 34% em relação a 2010. O setor de leilões e exposições continua sendo um dos carros-chefes, com crescimento de 50% 14 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 FOTOS SÉRGIO VALE Economia O calendário acreano tem marcado ali, entre os meses de julho e agosto, um período festivo dedicado a impulsionar os negócios do setor produtivo de pequeno a grande porte. Batizado de “Expoacre” e de sobrenome “Feira de Negócios”, o evento, a cada ano, vem mostrando que a pecuária está não só consolidada como também influencia fortemente a cultura local. É na “Cavalgada”, abertura oficial do evento, que isso se torna mais evidente. O comércio se aquece para o grande dia, ampliando as vendas de vestimentas e acessórios da moda country. Pessoas vindas de todos os bairros e, principalmente, comitivas formadas por centenas de cavaleiros e amazonas se concentram na Gameleira – um dos mais importantes pontos turísticos de Rio Branco – para, após as bênçãos ecumênicas e dos organizadores do evento, desfilar pelas ruas do Segundo Distrito até chegar ao Parque de Exposições Marechal Castelo Branco. “Especialmente nesta época do ano, o setor mostra mais claramente a sua importância para o cidadão local por contribuir expressivamente para a economia e até mesmo seu prestígio em outras atividades, como a culinária, a moda e a música – com a cavalgada e os esportes referentes à atividade”, analisa Assuero Doca Veronez, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Acre (FAEAC). em relação ao último ano. Resultado do aquecimento dos preços, afirma a FAEAC. Mauro Ribeiro ratifica que este foi o ano em que foram realizados os melhores leilões da história do evento. A partir de agora, o desafio será a criação de novos espaços para a atividade no local. “Nas casas agropecuárias sempre havia pessoas sendo atendidas, conhecendo novos produtos. Cada vez mais os pecuaristas estão se conscientizando de sua importância na economia local. São os maiores planejadores de áreas manejadas, recuperando áreas degradas e investindo pesado em modernização”, elogiou o secretário. “Tenho muita satisfação em falar sobre essa atividade”. Patrimônio Na época da Expoacre, pecuária acreana mostra todo o seu potencial e influência sobre a cultura local Assuero Veronez, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Acre Country Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 15 Economia Principal gerador de divisas internas Números subestimados Zona livre de aftosa desde 2005, o Acre passou a ser um dos centros mais importantes da pecuária no país. Na publicação “Acre em Números”, a agropecuária foi responsável por 17,2% do PIB local no ano de 2007 (pesquisa mais recente). O segmento ficou atrás apenas do setor de serviços – que engloba comércio, transporte, informação, entre outros. Mauro Ribeiro afirma que, em termos econômicos, é a pecuária o setor produtivo mais importante do Estado, sendo, durante muito tempo, a principal geradora de divisas internas e o maior superávit comercial. De acordo com Assuero Veronez, do setor rural acreano, é ela a principal atividade, responsável por 92% das exportações de produtos rurais, como carne e derivados. O crescente avanço de animais de elite e o investimento em melhoramento da qualidade genética equipararam o rebanho local ao de qualquer parte do país. As novas tecnologias, de ponta, vêm agregando novos criadores, que estão lançando mão desses recursos para que tenham à disposição animais de alto padrão genético a fim de usá-los em cruzamentos nas suas propriedades. Para Mauro Ribeiro, o número de geração de emprego neste setor é bastante subestimado, uma vez que, se os moradores destas propriedades também trabalham nela – além dos funcionários com carteira assinada – este número é, no mínimo, o dobro do que se supõe. De acordo com dados da FAEAC, atualmente o Acre conta com mais de 18 mil propriedades que praticam a pecuária. Se houver pelo menos dois moradores em cada propriedade dessas, são, no mínimo 36 mil empregos diretos. Em 80% dessas estâncias, há menos de 100 cabeças de gado. Os proprietários fazem parte, portanto, de uma nova categoria: os “micropecuaristas”. “Isso mostra a democratização da atividade e sua disseminação na pequena propriedade rural. Não é mais um privilégio só dos grandes proprietários”, analisa Veronez. “Portanto, embora ainda experimente resquícios de preconceito por uma parcela da sociedade, a pecuária pode ser considerada um patrimônio dos acreanos”. Secretário Mauro Ribeiro orienta criadores sobre lotes de ovinos Diversificação Produção sustentável “Nossa pecuária, hoje, está mais forte e outros setores já começam a ganhar impulso com políticas públicas de incentivo para diversificação das propriedades rurais, como a piscicultura, a ovinocultura, a suinocultura e a avicultura”, enumera Veronez. De fato, neste ano o governo do Estado implantou o Projeto de Ovinocultura do Acre. A meta é de distribuir oito mil ovinos para 600 produtores familiares – sendo que, até o fechamento desta edição, ao menos 117 famílias já haviam sido beneficiadas com 1.540 exemplares. Entre os requisitos para fazer parte do projeto, os produtores tiveram que comprovar aptidão para a atividade e que possuíam área apropriada para tal. O frigorífico Anassara, que será o principal cliente desses produtores, já se prepara para os primeiros abates. No período da Expoacre, foi realizado um seminário sobre o tema, reunindo técnicos, produtores e órgãos de pesquisa, a fim de estimular o potencial rentável da atividade no Estado. Os palestrantes abordaram temas como seleção de rebanho, manejo nutricional e sanitário. Não à toa, neste ano os ovinos ganharam maior destaque na Feira Agropecuária, com exposição de 250 animais. 16 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 No interior do Estado, a aposta é na produção sustentável a fim de impulsionar a qualidade de vida dos trabalhadores rurais e populações tradicionais da região. Grandes investimentos tanto na ovinocultura, quanto em piscicultura, plantações de coco e açaí – 1 milhão de mudas só em Feijó, município conhecido pelo tradicional Festival do Açaí. Em julho, o governador Tião Viana entregou 30 Planos de Desenvolvimento Comunitário (PDCs), garantindo R$ 3,4 milhões para a compra de implementos e insumos agrícolas, barcos e outros equipamentos para os municípios de Manoel Urbano, Feijó, Tarauacá e Jordão. Esses PDCs fazem parte de um projeto maior, o Programa de Inclusão Social e Desenvolvimento Econômico e Sustentável do Acre (Proacre), que são elaborados em conjunto com a comunidade. Esta última indica quais são seus maiores gargalos para o crescimento, e assinam um termo de compromisso socioambiental junto com o governo do Estado. Estado possui hoje mais de 18 mil propriedades praticantes da pecuária Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 17 FIEAC I NOVAÇÃO NA PAUTA Maior competitividade das empresas exige políticas públicas e parcerias com a iniciativa privada 18 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 I NDÚSTRIAS Ministro Aloizio Mercadante garante expandir sistema de inovação no Brasil MIGUEL ÂNGELO O Brasil tem uma oportunidade ímpar de moldar seu futuro. Vive-se um ciclo de crescimento virtuoso, com melhoria do perfil distributivo e ganhos reais de renda. A demanda asiática por matérias-primas e o novo patamar do consumo doméstico devem assegurar, no futuro próximo, taxas elevadas de crescimento, que serão reforçadas pelo investimento e pelos gastos em infraestrutura. Uma dinâmica que nos dá graus de liberdade, diante de um contexto problemático da economia mundial. Nesse cenário, a indústria brasileira também tem uma oportunidade única de crescer e se tornar cada vez mais competitiva. Para isso é preciso apostar na inovação. Pensando nisto, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizou no mês de agosto, em São Paulo, o 4º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria. Um dos momentos mais importantes do evento foi a assinatura do acordo que prevê a instalação da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Com gestão privada, a nova empresa fará parcerias e credenciará instituições de pesquisa e tecnologia. Esses centros ajudarão as empresas a desenvolver projetos inovadores. Os recursos da Embrapii serão formados por aportes do governo, dos centros de pesquisa e das empresas. “Vamos expandir o sistema de inovação e atender principalmente as médias e pequenas empresas”, disse o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. Conforme Mercadante, a nova empresa funcionará nos moldes do Instituto Fraunhofer, da Alemanha, que mantém parcerias com mais de 60 instituições de pesquisa tecnológica, formando uma das maiores redes de inovação do mundo. O memorando de entendimento entre o Ministério DAS Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 19 Na visão da CNI, o compromisso de estimular o setor privado a investir no desenvolvimento tecnológico e a reconhecer que inovar é uma exigência dos consumidores é uma imposição do mercado. A posição está expressa no documento Compromisso pela Inovação, entregue aos ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, pelo presidente da CNI, Robson 20 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 MIGUEL ÂNGELO Exigência do mercado Empresários e presidentes de federações de indústrias unidos para enfrentar a crescente concorrência nos mercados interno e externo Presidente da CNI, Robson Braga, ladeado pelos ministros de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante (esq.), e do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (dir.) MIGUEL ÂNGELO FIEAC Braga de Andrade, durante o 4º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, No documento, os empresários resumem em dez itens propostas consideradas estratégicas para o avanço da inovação do país. Entre as ações, destacamse a necessidade do país formar um maior número de pessoas em cursos técnicos profissionalizantes e em engenharia, aprimorar o marco legal de apoio à inovação, melhorar a infraestrutura e a cultura de propriedade intelectual, criar programas setoriais de inovação efetivos e apoiar projetos estruturantes de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Todos os temas foram amplamente discutidos pela Mobilização Empresarial pela Inovação com o objetivo de fazer da inovação prioridade da indústria. A principal meta da MEI é dobrar em quatro anos o número de empresas inovadoras. A meta, fixada em 2009, quando havia no Brasil cerca de 40 mil empresas inovadoras, foi reafirmada durante o 4º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria. A proposta é de que o país tenha 80 mil empresas inovadoras até 2013. O ministro Fernando Pimentel advertiu não haver outro caminho a não ser a inovação e o investimento de Ciência e Tecnologia e a CNI estabelece a formação de um grupo de trabalho que definirá o projeto piloto da Embrapii. A princípio, adiantou o ministro, a nova empresa firmará parceria com três instituições de tecnologia: o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial da Bahia (SENAI-Cimatec), o Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT) e o Instituto Nacional de Tecnologia (INT). A proposta é ampliar essa rede para 30 instituições. De acordo com o presidente da CNI, a criação da Embrapii é resultado do diálogo entre a indústria e o governo, fortalecido com a implementação da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), movimento coordenado pela CNI que pretende colocar a inovação no centro da estratégia das empresas brasileiras. Na visão do presidente da CNI Robson Braga, a indústria é o setor da economia brasileira que mais precisa de inovação para continuar crescendo e enfrentar a crescente concorrência nos mercados interno e externo. “Não há outro caminho para a indústria senão inovar”, disse. Destacou, no entanto, que apesar dos avanços, os empresários enfrentam vários obstáculos para inovar e ganhar competitividade. E enumerou as dificuldades: “Infraestrutura precária, impostos demasiados e cumulativos, créditos tributários não recebidos, uma burocracia exasperante, taxas de juros altíssimas e, agora, o câmbio demasiadamente valorizado.” Para Andrade, a superação desses gargalos e os avanços na inovação dependem da estreita colaboração entre governo e o setor privado. Ele sugeriu ao governo medidas para reduzir os riscos da inovação, ajustes nos instrumentos de estímulo à pesquisa e desenvolvimento tecnológico, a maior articulação das universidades com as empresas e o aumento da qualidade da educação. maciço em pesquisa e tecnologia. Destacou que o governo deu passos importantes para fortalecer a indústria e defender a competitividade do produto brasileiro, ao lançar o Plano Brasil Maior, a nova política industrial. Pimentel assinalou que o governo apoia integralmente o plano da MEI e pretende trabalhar em conjunto com os empresários. “Estamos plenamente integrados neste compromisso”, resumiu. Na visão do presidente da FIEAC, Carlos Sasai, que participou do evento juntamente com os executivos da instituição, para que uma cadeia produtiva possa inovar e tornar um produto ou serviço competitivo no mercado é necessário não só investimentos financeiros, mas também uma integração com outras cadeias produtivas relacionadas. Para isso, a inovação consolidou-se como um dos principais temas na pauta do setor industrial. “A inovação é o principal determinante da competitividade e do crescimento da produtividade. Novos produtos, novos processos, novos modelos de negócios são a forma com que as empresas conquistam mercados, aumentam a eficiência dos processos, reduzem custos, desenvolvem ou incorporam novas tecnologias”, explica Sasai. Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 21 SESI Cidadãos do futuro Programa do SESI forma e prepara as próximas gerações por meio dos valores do esporte D esenvolver no esporte os conceitos transversais, como saúde, educação, empreendedorismo e sustentabilidade, atividades interdisciplinares que auxiliarão na formação não só do atleta, mas do cidadão, são as metas almejadas pelo SESI, por meio do Programa Atletas do Futuro (PAF), iniciativa do Departamento Nacional do SESI, tendo como piloto o Estado de São Paulo, há dez anos. No Acre, o projeto nasceu em março e tem buscado promover a inclusão social de crianças e adolescentes com idade entre sete e 17 anos, filhos de trabalhadores da indústria e moradores de comunidades localizadas próximas a instalações industriais. O SESI/AC executa este trabalho no Estado em parceria com o Departamento de Educação Física da Uninorte, Centro de Inclusão Social (CIS) e Secretaria Estadual de Esporte, tendo como madrinhas as empresas Albuquerque Engenharia e Laticínios Buriti. O PAF é um projeto sócio-educativo gratuito e de cunho esportivo, tendo como diferencial o esporte de forma humanizada para as crianças e adolescentes, pois transmite valores como o espírito de equipe, a ética e o compromisso, ensinamentos válidos por toda a vida dos jovens atletas. Diferentemente das escolinhas esportivas, o PAF dá oportunidade de experimentar várias atividades. Somente depois de vivenciar todas elas, o atleta foca numa modalidade específica. A ideia principal é fazer com que as crianças escolham o esporte preferido de acordo com suas habilidades. De acordo com Luziane Mesquita, coordenadora da Unidade de Esporte e Lazer do SESI/AC, no Acre são atendidas 730 crianças que participam de modalidades 22 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 PAF, além do esporte, ensina valores para a vida esportivas como futebol de campo, natação, basquete, futsal e balé. “Nossa intenção é inserir estas crianças em competições internas e, futuramente, externas, desenvolvendo assim o espírito de responsabilidade, respeito e companheirismo que o esporte pode oferecer”, explica. A coordenadora explicou também todo o desenvolvimento do Programa. “O SESI está preocupado em formar cidadãos e o Atleta do Futuro prioriza essa formação, pois em cada fase de desenvolvimento, a criança vai aprender conteúdos diferentes baseados nos valores do esporte”, pontuou. Neste ano, a meta é atender 2 mil crianças no Acre. As aulas são realizadas quatro vezes por semana, nos Centros de Atividades do SESI que, além da infraestrutura, ainda fornece material esportivo, instrutores e estagiários para ministrarem as atividades. Luziane acrescenta que o PAF também busca promover a cidadania, a mudança do comportamento pessoal e, principalmente, construir a cultura participativa dentro das indústrias, valorizando a integração, o trabalho em equipe e o autoconhecimento dentro das pessoas por meio da disseminação dos valores do esporte. “É um trabalho que visa à formação da cidadania através do esporte, buscando não só promover a inclusão, mas também a formação desses atletas para o futuro”, afirmou. De acordo com a superintendente do SESI, Gisélia Belmina Beserra, o Atleta do Futuro é um projeto muito bem formatado, cujo foco está na inclusão social por meio do esporte. “É um programa importantíssimo que tem chamado a atenção”, ressaltou. “Devo parabenizar toda a equipe envolvida na realização deste projeto por conseguir este alto número de inscrições. Com certeza, sairão daqui atletas de sucesso, que poderão fazer do esporte a sua forma de vida. Mas o PAF não se resume apenas ao esporte, ensina aos jovens, também, valores e vida. O SESI, dessa forma, está contribuindo com o desenvolvimento da sociedade”, cor roborou a superintendente. Aluno do 6º ano da Escola João Aguiar, Diego Lourenço da Silva, 12, foi um dos escolhidos para representar a primeira turma do PAF no Estado na solenidade de entrega simbólica dos kits de uniformes, que aconteceu no dia 30 de julho. “Estou gostando muito de participar. Aprendo mais sobre o futebol, esporte que mais gosto de praticar, além de conhecer novos colegas e de interagir com eles”, resumiu. Zenildo Vieira, do Centro de Inclusão Social (CIS), parabenizou a instituição pela iniciativa. “A indústria não poderia ficar de fora na contribuição para o desenvolvimento do nosso país, para a formação de atletas para as Olimpíadas de 2016. Parabéns por desempenharem tão bem este papel”, cumprimentou. O Atleta do Futuro é um programa de investimento social, porque consegue avaliar positivamente os reflexos que as atividades têm como ferramenta educativa nas comunidades. “Estamos, diretamente, formando o futuro trabalhador da indústria”, afirmou Gisélia. Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 23 SENAI Dois em um Ebep é o diferencial na formação de seguindo noções da física articulada com a eletricidade”, contou. Para Fábio, a empolgação demonstrada pelos alunos do curso de Eletricista de Manutenção Predial e Industrial é o diferencial nesse balanço. “É interessante observar que mesmo com uma rotina complexa, esta ação articulada está sendo gratificante para eles. Estão satisfeitíssimos, cada vez mais participativos, querendo buscar e descobrir mais”, salientou. Trabalho em conjunto Para o diretor regional do SENAI/AC, César Dotto, a oferta da educação básica do SESI articulada com a educação profissional do SENAI consolida mais um passo no trabalho conjunto desenvolvido pelas duas instituições, como resposta à demanda da sociedade por uma educação de qualidade, apresentando um diferencial competitivo no mercado. “Esta integração representa a união de forças entre SESI e SENAI e de suas potencialidades, cada uma com sua especificidade de trabalho, agora juntas para pensar num só produto: o cidadão a ser formado em todas as suas nuances. Isso permite um salto na qualidade do ensino/aprendizagem e uma melhor articulação entre os professores”, destacou. O Ebep forma integralmente o cidadão e amplia as possibilidades de sua inserção social e produtiva, já que os cursos são selecionados de acordo com as demandas do mercado. “A qualidade do ensino do SESI e a alta tecnologia dos cursos do SENAI vão gerar o diferencial competitivo no mercado de trabalho”, acrescentou Dotto. A superintendente do SESI, Gisélia Belmina Bezerra, argumenta que o Ebep, assim como outras iniciativas, está voltado para o fortalecimento da indústria acreana, na medida em que devolverá ao mercado de trabalho cidadãos preparados para assumir as atribuições industriais. “O Ebep é visão de futuro e qualidade da educação para a indústria. A metodologia parece simples, mas é incrível”, concluiu. profissionais para mercado de trabalho C ontente por estar a um passo da profissionalização, a auxiliar de limpeza Sabrina Pereira, 22 anos, aguarda ansiosamente pelas aulas do curso de Pequenos Objetos de Madeira. “O mercado de trabalho está cada vez mais exigente, mas sei que tenho capacidade, inclusive porque estou no lugar certo para aprender tudo que preciso. Na vida precisamos fazer um esforço para conseguir o que queremos. Assim a gente valoriza mais as conquistas”. Auxiliar de circuleiro numa madeireira, José da Silva, 30 anos, vê uma chance de adquirir mais experiência e, com isso, agregar mais valor a sua mão-de-obra. “Decidi retomar os estudos porque fui motivado dentro da empresa. Apesar de estar parado há 10 anos, estou conseguindo acompanhar. Além disso, o ensino profissionalizante, de Pequenos Objetos de Madeira, vai ajudar a complementar minha profissão e minha renda”, acredita. Ampliar as possibilidades de inserção profissional de jovens e adultos, estabelecendo uma nova dimensão na qualidade da educação é ao que visa o Programa de Educação Básica e Educação Profissional (Ebep), desenvolvido numa parceria entre SENAI e SESI. O Ebep prepara cidadãos para o mercado de trabalho, permitindo maior qualificação profissional em um menor espaço de tempo, além de oferecer duas certificações, sendo o diploma de ensino médio e o certificado de qualificação profissional. Em Rio Branco, o programa está contemplando cerca de 50 alunos. A primeira turma, do curso de Eletricista de Manutenção Predial e Industrial, concluirá o curso em agosto de 2012, e já mostrou resultados. A segunda turma se iniciou em agosto, com o curso de Pequenos Objetos de Madeira. Fábio Reis, instrutor Trainne de Eletroeletrônica da Escola SENAI Cel. Áuton Furtado, faz uma avaliação positiva das atividades realizadas até o momento. “Em reflexo, a primeira turma já mostrou bons resultados desta educação articulada. Os alunos expuseram aos novos ingressantes o projeto de uma maquete que foi construída 24 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 Alunos do Ebep e do Enem juntos em aulão de boas-vindas Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 25 IEL Q uando duas instituições de reputação e credibilidade consolidadas no mercado se aliam a fim de impulsionar os mecanismos de gestão das empresas industriais, o resultado não poderia ser mais estimulante. É o caso da inédita parceria entre IEL e HSM Educação, que se uniram para a elaboração e execução de um novo produto voltado para a capacitação em gestão e management: o Programa de Desenvolvimento Empresarial (PDE). Objetivando preparar executivos de empreendimentos de pequeno para médio porte, de acordo com necessidades específicas das empresas onde atuam, os cursos serão promovidos pelos núcleos regionais do IEL, primeiramente nas unidades de nove estados, a partir de outubro: Acre, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Além da teoria – dividida em cinco áreas – professores, consultores e alunos farão uma imersão na identificação dos problemas das empresas participantes e buscarão, juntos, possíveis soluções. “O mundo mudou. Está mais aberto, conectado e colaborativo. Os consumidores mudaram e os mercados e desafios aos executivos também. Só as escolas não mudaram. É isso que estamos fazendo, um jeito novo de capacitar os gestores”, disse o presidente da HSM Educação, Marcos Barboza. Unidos pelo sucesso Conheça o PDE: um produto exclusivo da inédita parceria entre IEL e HSM Educação para capacitar empresários de maneira inovadora 26 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 A metodologia foi criada pela HSM Educação em conjunto com o IEL, que inclui plataforma virtual e conteúdos exclusivos desenvolvidos pelos maiores gurus do mundo dos negócios, como Lawrence Hrebiniak, expert em execução da estratégia. No primeiro momento, o PDE abordará, em 80 horas de aula, temas como “Estratégia e Execução”; “Liderança e Gestão de Pessoas”; “Instrumentos financeiros para tomada de decisões”; “Marketing” e “Gestão de operações”. Já a segunda etapa será inteiramente dedicada para o diagnóstico de problemas e busca de soluções personalizadas de acordo com a demanda de cada empresa participante. “Ao final dos nove meses de curso, se o problema que a empresa apresentou não for resolvido, no mínimo deve haver o entendimento de sua resolução. E, para isso, é preciso que o participante se dedique e faça o 'dever de casa'. Afinal, ele está sendo formado para ser um coaching, uma espécie de consultor exclusivo daquela empresa”, avisou Socorro Bessa, superintendente do IEL/AC. O PDE é uma capacitação exclusiva do IEL e HSM Educação –um novo negócio da HSM Management, que tem o propósito de oferecer conteúdos de excelência na gestão de empresas, sendo, atualmente, referência em educação executiva. Toda a proposta do curso foi apresentada na segunda quinzena de agosto aos empresários associados aos sindicatos filiados à FIEAC, na Sala de Reuniões da instituição. Na ocasião, estiveram presentes a gerente executiva do IEL Nacional, Ana Paula Almeida, e o superintendente da HSM Educação, Fabiano Ceretta. “Trata-se de uma capacitação totalmente diferenciada, com soluções voltadas para atender a realidade local, não é um produto pronto. Na verdade, nossa intenção é 'ensinar a empresa a pescar'. É dar condições para que ela consiga seguir em frente sozinha ao término do curso”, explicou Almeida. Diferenciais do PDE • Processo de ensino e aprendizagem voltado para o resultado; • Consultores experientes conduzindo a prática empresarial; • Plataforma tecnológica e de conteúdo virtual; • Conteúdos exclusivos de experts nacionais e internacionais; • Profissionais no mesmo momento de carreira participando, compartilhando e absorvendo conhecimento; • Participantes que contribuem tanto quanto adquirem novos conhecimentos; • Ambiente virtual inédito para compartilhar experiências do curso; • Rede colaborativa formada pelos professores e executivos participantes. Por que a HSM escolheu o IEL? “A experiência em capacitação de empresas e empresários, a reputação e respeitabilidade do IEL e o compromisso com a elevação da competitividade da indústria eram os pontos em comum que a HSM Educação buscava em parceiros para este projeto”, justificou Ana Paula. Em virtude da expertise do IEL, seu histórico, capilaridade e cadeia de valor, a instituição encontrou o parceiro ideal para desenvolver esse tipo de capacitação, intensiva, de alta qualidade e abordagem inovadora como o PDE. Seu conteúdo é alinhado às tendências e práticas mundiais em management, com vistas à elaboração de projeto para a solução de problema real da empresa. A capacitação é limitada ao máximo de três pessoas por empreendimento – de preferência do porte de pequena para média e média empresa, as mais desprotegidas, segundo os idealizadores do projeto – sendo que os participantes assinarão um termo de compromisso se responsabilizando pelas pessoas indicadas, uma vez que o PDE é um processo de ensino e aprendizagem voltado para o resultado. “Nós percebemos que esta é uma necessidade da empresa atual, que tem foco na alta competitividade do mercado. Portanto, esta parceria entre IEL e HSM acontece em um momento bastante significativo e oportuno. É importante que os empresários se sensibilizem para a necessidade de se aderir a um programa como este”, analisou Carlos Sasai, presidente da FIEAC e diretor regional do IEL. Apresentação da metodologia do PDE, feita pela gerente executiva do IEL Nacional, Ana Paula Almeida, e superintendente da HSM Educação, Fabiano Ceretta Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 27 Gestão 2011/2015 28 A O novo líder da Indústria Acreana clamada pelos colegas e presidentes dos dez sindicatos filiados à FIEAC, a Chapa Consensual, liderada pelo então presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), Carlos Takashi Sasai, 60, foi eleita para substituir uma gestão ininterrupta de oito anos do antecessor João Francisco Salomão. O processo eletivo ocorreu no dia 24 de maio, véspera do Dia da Indústria, com o empresário assumindo o cargo oficialmente em 1º de julho. Sasai é o quinto presidente da instituição, que completou 23 anos em 2011. Paulista de Santo André, engenheiro civil formado pela Universidade de Mogi das Cruzes, foi como empresário do setor da construção civil que ele se destacou no ramo industrial acreano. Tanto, que presidiu o Sinduscon por 17 anos e – durante esse tempo – participou ativamente da diretoria da FIEAC, exercendo o cargo de diretor tesoureiro. De janeiro de 2009 à dezembro de 2010, Sasai presidiu, também, o Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae. A posse festiva da nova diretoria da FIEAC foi realizada no dia 21 de julho, evento que substituiu o tradicional Baile da Indústria. Em seu discurso, o atual presidente assumiu o compromisso de unir a instituição à sociedade acreana na luta pelo desenvolvimento do Estado e sua definitiva inserção no cenário econômico nacional. Na ocasião, João Francisco Salomão, fez a transmissão do cargo ao colega de profissão desejando-lhe sucesso em sua mais nova missão. “Hoje, venho para dar posse ao meu sucessor e o faço com muito gosto, com alegria no coração, com a consciência do dever cumprido. Sinto, com orgulho e satisfação, que a FIEAC desfruta de conceito e reconhecimento por parte da sociedade e dos Poderes constituídos. Nossa palavra é ouvida, nossos pontosde-vista são respeitados”, observou Salomão, em seu discurso de despedida. Sasai e Salomão são dois baluartes do setor da Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 construção civil acreana, ao qual, coincidentemente, também pertencem os presidentes da FIEAC que os antecederam: Naildo Carlos de Assis, Jorge Tomás e João Albuquerque, respectivamente. “Quando vejo que todos os companheiros que me antecederam continuam presentes, com suas experiências adquiridas, contribuindo para essa nova gestão, minha preocupação por saber da enorme responsabilidade que tenho em liderar o setor industrial do Acre se atenua”, disse o novo presidente. Autoridades como o governador Tião Viana, prefeito Raimundo Angelim, senador Sérgio Oliveira “Petecão”, bem como representantes do Poder Judiciário, empresários dos diversos setores representativos do Estado fizeram questão de prestigiar o evento. “É uma honra poder participar deste momento. Temos o dever de olhar para a indústria com o mais absoluto respeito e reverência, porque é o setor privado que assegura o aumento do nível de emprego, da qualificação de mão-de-obra e é o futuro da nossa economia. Temos que ousar muito e acreditar muito no empresariado acreano, e que, juntos, poderemos superar os problemas matemáticos que hoje enfrentamos”, declarou Tião. Além deles, fizeram-se presentes também os presidentes das federações das indústrias dos estados do Espírito Santo, Maranhão, Roraima, Amazonas, Alagoas, Rio Grande do Norte, Rondônia, bem como o Diretor Nacional do IEL, Paulo Afonso, e o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade. “O Sistema Indústria, que congrega as 27 federações do país, vive um tempo de saudável alternância dos seus dirigentes. Esse processo democrático valoriza e revigora nossas instituições. Sinto-me, assim, particularmente feliz em participar desta cerimônia de posse da nova diretoria da Federação das Indústrias do Estado do Acre, presidida pelo companheiro Carlos Takashi Sasai”, afirmou Empresário da construção civil, Carlos Sasai assume compromisso com o fortalecimento do setor e o desenvolvimento do Estado Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 29 Gestão 2011/2015 Andrade. “Esta Federação tem tido a felicidade de contar com competentes e dedicados dirigentes”, salientou. Agenda Durante a cerimônia, Sasai discursou sobre a importância de se concentrar atenções nas áreas de educação, formação e qualificação de mão-de-obra, pesquisa aplicada e prospecção de mercado – a fim de se identificar o que, como e quanto o setor industrial terá que produzir para conquistar futuros clientes. “São tarefas que demandam tempo, recursos humanos e financeiros, mas que precisam ser realizadas de imediato. Esta é a nossa agenda. Uma agenda positiva para o Acre e para o Brasil. Temos consciência do papel estratégico que a indústria exerce no desenvolvimento do nosso Estado e no seu destino”. A infraestrutura base para este tão almejado desenvolvimento, declarou o novo presidente, consolidar-se-á em breve, com a conclusão das obras da Rodovia Transoceânica, que liga o Acre aos portos do Oceano Pacífico, e da BR-364, que integrará todo o Estado. A expectativa do setor industrial é de que ambas resolvam, em caráter definitivo, o problema de logística enfrentado pelas empresas que aqui se instalam. “Além das estradas, há ainda o Complexo Hidrelétrico do Madeira, que propiciará a oferta de energia abundante e de custo mais baixo para a região. Isso sem mencionar uma das maiores bandeiras da F I E AC , a c r i a ç ã o d a Z o n a d e Processamento de Exportação (ZPE), e a consolidação da Copiai (Comissão Política de Incentivo às Atividades Industriais), com alguns ajustes que iremos propor, oferecem-nos um bom ambiente fiscal”, finalizou Sasai. “Não podemos admitir que seja apenas uma peça de marketing, mas algo vivo e cristalino que permeie a consciência e as atitudes de todos os empresários, e que, sobretudo, esteja ancorada no entendimento da função social da empresa, que é a de produzir bens com melhor qualidade e menor impacto ao meio ambiente, gerar emprego, distribuir renda, auferir lucro, pagar impostos que retornarão à sociedade em forma de educação, saúde, transporte, segurança e novos investimentos para gerar um novo círculo virtuoso”. - Meio Ambiente: “Este é o tema que gera maior preocupação em todo o planeta e, é claro, vamos estar inseridos nesta discussão, mas sem maniqueísmo e sem radicalismos filosóficos ou ideológicos, mas à luz da ciência, como bem sintetizou nosso saudoso Samuel Benchimol – que era um misto de empresário e cientista – que o desenvolvimento deve estar apoiado em três pilares: socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente correto. Não resta dúvida de que este é o paradigma ideal, mas, como alcançá-lo? Este será um desafio permanente, portanto, pretendemos interagir com instituições científicas, de ensino superior e tecnologia. Haveremos de encontrar o equilíbrio”. - Inovação Tecnológica: “Precisamos incorporar em todos os processos das nossas empresas, sob pena de perdermos a competitividade. Sabemos que não é uma tarefa que podemos realizar isoladamente. Assim, em se tratando de um tema que terá prioridade alta no âmbito tanto do Sistema CNI quanto do Sistema FIEAC, as instituições SESI, SENAI e IEL, contando com toda sua capilaridade nacional, estarão engajadas para trabalhar a Inovação e, assim, desmistificá-la no meio empresarial. Além disso, pretendemos implantar o Centro de Inovação Tecnológica do Acre, e criar uma grande rede de parceiros, incluindo as universidades, não só a do Acre, mas de todo o país. As instituições de pesquisa, como a Embrapa, que, embora atuando no campo da pesquisa agropecuária, é de grande importância para a cadeia da agroindústria; o Sebrae e, é claro, temos certeza de que contaremos com o importante e decisivo apoio do Governo do Estado do Acre, especialmente por meio de sua Secretaria de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia, Indústria e Comércio. É com esta transversalidade que pretendemos transpor alguns obstáculos, como a falta de investimento em pesquisas aplicadas, a ausência de mecanismos de difusão para superar a pouca percepção da inovação como diferencial competitivo, dentre outros”. - Reformas: “A sociedade brasileira tem consciência da necessidade de que elas aconteçam para que o país experimente um ciclo de desenvolvimento com alta competitividade e sustentabilidade a longo prazo. Entretanto, devo ressaltar aquela que, a nosso ver, é a mais importante de todas: a Reforma do Estado Brasileiro. No nosso entendimento, o Brasil tem um conjunto de instituições que geram, em alguns momentos, insegurança jurídica, apresentam superposição de poderes, exigem cada vez mais recursos da sociedade para sua manutenção, tornando-se responsável por grande parte dos efeitos danosos que emperram a nossa efetiva consolidação como um país competitivo e definitivamente posicionado como uma potência econômica. Temos que reconhecer e comemorar o bom momento de nossa economia e os formidáveis avanços nos indicadores sociais, com a inclusão de milhões de brasileiros no mercado formal de Nova diretoria da FIEAC terá pela frente os desafios da inovação e qualificação de mão-de-obra Temas prioritários Ao lutar pelo desenvolvimento econômico do Acre nos próximos quatro anos, Carlos Sasai garantiu a inclusão dos seguintes temas, considerados, por ele, preponderantes para que se alcance este objetivo. - Responsabilidade Social Empresarial: 30 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 31 Gestão 2011/2015 trabalho, a ascensão de outros tantos nas classes sociais, e a melhoria da educação, por exemplo. Não é paradoxal dizermos que, por isso mesmo, temos que nos preocupar. Não podemos mais uma vez perder a oportunidade de promover as mudanças já amplamente identificadas pela sociedade, as quais dependem, essencialmente, de vontade política de seus atores, dos quais nós, empresários, somos parte”. A visão de Carlos Sasai para a gestão 2011/2015 Fortalecimento sindical: “O trabalho junto aos sindicatos filiados é fundamental para fortalecermos os setores que eles representam, e por isso a FIEAC vai dar continuidade às propostas junto à classe política, além dos programas de qualificação profissional já existentes. Precisamos criar mecanismos ainda mais sólidos para fortalecermos o associativismo, e minha gestão sempre estará de portas abertas para a colaboração dos sindicatos”. Interiorização do desenvolvimento: “Precisamos consolidar nossa indústria e torná-la mais competitiva e sustentável. Com a conclusão da BR 364 – que interliga Rio Branco aos municípios do Vale do Juruá – teremos muito trabalho em sensibilizar os empresários dessa região que o Sistema FIEAC pode ser usado em benefício do seu setor. Só conseguiremos prestar um serviço de excelência no Estado a partir do momento em que o próprio industrial tiver plena noção do poder se sua contribuição, incluindo propostas a serem enviadas para os governos do Estado e Federal por meio da FIEAC e de nossos representantes na CNI”. Relacionamento com a classe política: “Além de darmos continuidade à Agenda para o Crescimento, precisamos manter e fortalecer o diálogo com a classe política em todos os níveis: municipal, estadual e federal, sempre atuando como parceiros no intermédio com a classe empresarial acreana”. Expectativas: “Suceder Salomão será extremamente difícil, porque ele fez um grande trabalho, teve um grande desempenho. Mas tentarei sempre dar o meu melhor para a instituição, até porque fui eleito em função do trabalho realizado por ele, que também veio do mesmo segmento que o meu, a construção civil”. Diretoria Presidente: Carlos Takashi Sasai. Vice-presidentes: José Luiz Assis Felício; João Francisco Salomão; Raimunda Holanda de Paula; João Oliveira de Albuquerque; Abrahão Assis Felício; José de Ribamar Nina Lamar; Antônio Jorge de Azevedo Barbosa; Jandir Santin; José Adriano Ribeiro da Silva; Joafran Antônio Guedes Nobre. Secretários: (1º Secretário) João Paulo de Assis Pereira; (2º Secretário) Jorge Wanderlau Tomás. Tesoureiros: (1º Tesoureiro) Aristides Formighieri Júnior; (2º Tesoureiro) George Dobré. Suplentes: Carlos Afonso Cipriano dos Santos; José Osmar Zanatta; Sérgio Nakamura; Ely Assem de Carvalho; Adalberto José Moreto; Anísio Fernandes Maia. Conselho Fiscal: (Efetivos) Antônio Leônidas de Araújo Neto; Sérgio Tsuyoshi Murata; Célio Pereira; (Suplentes) Paulo Roberto Cavalcanti; João Evangelista Quintela Rodrigues; Luiz Carlos Guimarães. Carlos Sasai recebe os cumprimentos do presidente da CNI, Robson de Andrade 32 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 Carlos Sasai, Robson de Andrade, governador Tião Viana e o ex-presidente João Francisco Salomão Delegados Representantes junto a CNI: (Efetivos) Carlos Takashi Sasai; João Francisco Salomão; (Suplentes) João Oliveira de Albuquerque; José Luiz Assis Felício. Sasai é prestigiado por Amaro Sales, Rivaldo Neves, Edilson Baldez e Paulo Afonso Posse festiva foi bastante prestigiada por empresários, autoridades e presidentes de federações de outros estados Empresário Carlos Sasai recebe apoio da família para a nova empreitada Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 33 Apreensão Com a palavra, a construção civil Empresários se unem para debater o impacto do Novo Código Florestal CBIC no setor A discussão do Novo Código Florestal, talvez, seja o assunto mais importante que tramita no Senado Federal neste segundo semestre. Como é de conhecimento de todos, a Câmara dos Deputados aprovou o texto, em maio deste ano, por 273 votos a favor e 182 contra, inclusive com um racha na base do governo. No entanto, o Projeto aprovado na Câmara dos Deputados cria um vazio jurídico preocupante sobre temas extremamente relevantes para as áreas urbanas. “O texto aprovado esquece que o novo Código Florestal terá impacto não apenas sobre as áreas rurais ou de florestas, mas sobre todas as cidades”, avaliou o presidente da FIEAC, Carlos Sasai. 34 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 Por isso, entidades representativas do setor imobiliário e da indústria da construção ficaram apreensivas e se uniram para debater sobre os impactos do novo Código Florestal no referido segmento. Prova disto foi o destaque dado a discussão do Código Florestal durante o último Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC), realizado em São Assunto foi destaque do último Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC), que contou com a presença do relator do projeto, o senador Jorge Viana (PT-AC) Paulo, no mês de agosto. Participaram dos debates o presidente da CMA/CBIC, José Antonio de Lucas Simon; o senador e ex-governador do Estado do Acre, Jorge Viana – relator do Projeto no Senado Federal; o presidente da Aelo/SP e vice-presidente de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Secovi-SP, Caio Carmona Cesar Portugal; o presidente do Conselho de Administração da Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil (ADIT Brasil), Felipe Cavalcanti, e o vice-presidente do SindusCon-SP, Francisco Vasconcelos. O presidente da FIEAC, Carlos Sasai, e do Sinduscon/AC, Carlos Afonso, prestigiaram o evento. Na ocasião, Felipe Cavalcanti abordou "As Restingas e o Desenvolvimento Imobiliário Turístico", ou seja, a construção civil nas cidades litorâneas. O especialista destacou a importância da fixação de regras ambientais claras para o setor da construção, a fim de combater empresas que atuam de forma ilegal e evitar a devastação do meio ambiente, principalmente de matas nativas. "Atualmente temos várias legislações para a regulamentação de construções em áreas de restingas: Código Florestal, Lei da Mata Atlântica, Resolução Conama 303/2002”, enumerou. Merece atenção O novo Código Florestal, se aprovado como proposto, irá paralisar a expansão urbana e o desenvolvimento turístico no litoral brasileiro, já que traz diferentes definições para a restinga, que ora pode ser interpretada como solo, ora como vegetação e ora como formação geológica, impossibilitando a construção de empreendimentos próximos à costa. Discussões sobre as Áreas de Preservação Permanente (APPs) Urbanas também estiveram em pauta e foram apresentadas pelo presidente da AELO/SP e vicepresidente de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Secovi-SP, Caio Carmona Cesar Portugal. "As regulamentações e licenciamentos de parcelamento de solo para loteamentos são tortuosos”, comentou. Na visão de Caio Portugal, o setor precisa de uma diretriz ambiental que assegure um processo transparente. A revisão do texto do Novo Código Florestal é fundamental para que sejam definidos instrumentos que permitam a construção de empreendimentos imobiliários e de obras publicas de infraestrutura em áreas regulamentadas. “Temos que ter Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 35 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 haver lei se não se sabe nem como a terra é usada?”, questiona Nassar, defendendo que o produtor rural seja incentivado a trazer essas informações, o que passaria, na sua visão, pela liberação dos Termos de Ajustamento de Conduta (TAC). Apesar das necessidades de mudança, para Nassar o novo texto não mutila o meio ambiente, apenas legaliza o que já está consolidado. “É preciso lembrar que a ocupação que hoje é ilegal ocorreu em um contexto constitucional diferente. Então é até errado chamar essas áreas de passivo ambiental”. A Senadora Kátia Abreu, em sua exposição, defendeu o uso pleno das unidades de produção, ou seja, se disse contra as áreas de reserva ambiental. “Uma unidade produtiva precisa de todo o seu potencial para gerar valor. Com as reservas legais elas já saem pelo menos 20% atrás de concorrentes de outros países, já que só no Brasil existe essa obrigatoriedade.” Para a senadora, se é mesmo preciso ter reservas legais não caberia ao Congresso definir o tamanho, mas sim à ciência. “Porque uma regra geral pode ser muito rígida em alguns casos e pouco em outros”, acredita. Durante o evento na FIESP, tanto a senadora Kátia Abreu quanto o deputado federal Aldo Rebelo manifestaram otimismo e afirmaram que até dezembro o debate no Congresso Nacional deve ser equacionado. Para Rebelo, mesmo que o texto seja alterado no Senado, a Câmara dos Deputados deve aprovar as alterações. Estados e desmatamento Para o relator da Câmara, não há polêmica no fato de os estados legislarem sobre desmatamento em áreas de preservação. Ele argumentou que o Artigo 24 da Constituição prevê esse mecanismo. "Eu sou otimista quanto à aprovação. Não há polêmica sobre isto (os estados legislarem) porque a Constituição, no seu Artigo 24, já autoriza o estado a legislar sobre floresta, meio ambiente, proteção da natureza. E a própria Constituição estabelece o limite, ou seja: nenhuma norma estadual pode abranger o limite de uma norma federal. E ao mesmo tempo, se a norma federal não existir, o estado preenche essa lacuna. É um debate já resolvido do ponto de vista legal", disse Rebelo. A senadora emendou que não há predisposição alguma dos senadores de derrotar o governo na votação do Código Florestal. "Nós queremos sair do Senado também com uma grande maioria de votos, num consenso em que o governo participe”, enfatizou. Visão da FIEAC O texto aprovado na Câmara não especificou as definições de intervenção de baixo impacto e utilidade pública, dentre outras definições imprescindíveis para as cidades: sem eles, não será possível a travessia de córregos e cursos d'água, t ampouco a implant ação de infraestrutura de saneamento, que tecnicamente ocorrem na porção mais baixa dos terrenos, normalmente nas áreas de preservação permanente. Na visão do presidente da FIEAC, Carlos Sasai, esse é apenas um exemplo de falhas apresentadas no documento da CBIC que, a exemplo de demandas de todos os envolvidos, devem ser examinadas com atenção para que o novo código não seja transformado em instrumento de exclusão social dos cidadãos que residem em áreas urbanas, inviabilizando o progresso econômico e social dessas regiões. “As sugestões apresentadas pela indústria de construção merecem um cuidadoso estudo, já que a CBIC tem uma opinião abalizada sobre o assunto, sem o radicalismo de setores que acham que o novo código acarretará apenas destruição ou o otimismo exagerado daqueles que acreditam que a nova lei será a solução para todas as mazelas do País”, reafirma Sasai. CBIC Apreensão 36 garantia de licenciamento ambiental e segurança jurídica”, enfatizou Durante o evento, Jorge Viana destacou que a maneira mais eficiente de preservar áreas de proteção sem ocupação é promover atividades econômicas nessas regiões, que incorporem a paisagem existente aos seus projetos, ou seja, que possibilitem a preservação ambiental e a utilização sustentável dessas áreas. "Estamos trabalhando para que o Novo Código Florestal seja claro e proporcione segurança jurídica. Além disso, o objetivo é desburocratizar os processos de licenciamento, permitindo que o incorporador e o construtor possam implantar seus empreendimentos sem agredir o meio ambiente", ressaltou Viana. O presidente da CBIC, Paulo Simão, acrescentou que o setor precisa de leis ambientais que não permitam interpretações dúbias, pois este cenário pode inibir a atividade imobiliária no país. "O setor da construção não é contra o meio ambiente. Muito pelo contrário, precisamos saber exatamente o que deve ser preservado para atuar de maneira correta e legal”, avaliou Simão afirmando que o setor está aberto para debater o Novo Código Florestal com o governo e contribuir para uma mudança positiva expressa no documento que foi entregue à presidente Dilma Rousseff durante o encontro. Também no mês de agosto, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo realizou um debate sobre o Código Florestal, que contou com a participação da presidente da Confederação Nacional da Agricultura, senadora Kátia Abreu, e do relator do projeto na Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo. O diretor do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone) e coodenador da Rede de Conhecimento do Agro Brasileiro (RedeAgro), André Nassar, esteve presente ao evento e disse concordar que a supressão das APPs é um assunto delicado. Porém, disse que uma lei não vai acabar com o desmatamento, por mais moderna que seja. “Pensar que o novo Código vai trazer desmatamento é um argumento falho, já que nem mesmo o atual tem conseguido manter florestas em pé. Nós nem sequer sabemos como estão ocupadas as áreas rurais”, diz. Para ele, é preciso antes cadastrar todas as propriedades rurais, para saber de forma ampla e confiável como estão ocupadas essas áreas. “Como pode Empresários acreanos querem evitar que Novo Código Florestal se torne instrumento de exclusão social (Com informações da CBIC e FIESP) Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 37 METAS Governo estabelece agenda para a nova economia do Acre, dando à industrialização o papel de protagonista P 38 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 VETOOR de SÉRGIO VALE rotagonista: subst. m+f. 1. aquele que se destaca num processo; 2. pessoa que desempenha o papel principal. Na história da nova economia do Estado do Acre, este é o papel designado à indústria, o de personagem mais importante, do qual o enredo gira em torno. Nesta obra, que já está em fase de produção, a industrialização local viverá um personagem chamado “vetor de desenvolvimento”, que lhe foi atribuído pelo próprio governo do Estado – autor da trama, tal como a novelista acreana Glória Perez. A saga começa em 2011 e tem desfecho previsto para 2014, espera-se, com o final feliz a que tem direito: um Estado com receita própria, livre da dependência do setor público, ainda hoje o maior gerador de riqueza local. Para isso, ao longo dos capítulos, serão realizados investimentos da ordem de R$ 685 milhões, destinados à infraestrutura urbana, ao fortalecimento econômico da produção rural familiar e do ecoturismo, desenvolvimento do setor industrial, fortalecimento da economia regional e modernização do sistema de gestão. O anúncio foi feito durante reunião com representantes da força produtiva acreana. Na ocasião, o governador Tião Viana, a quem foi solicitada a audiência por iniciativa da FIEAC e apoiada pelas demais entidades representativas, estabeleceu uma agenda de trabalho com resultados objetivos a ser rigorosamente obedecida durante a vigência de seu mandato. Em verdade, a saga intitulada Programa Integrado de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Acre se encontra na fase 5, no entanto, só agora tem início um episódio inteiramente dedicado à industrialização. Constituiu-se, portanto, o que Tião batizou de “Agenda de Resultados”: o governo cumprindo suas metas de liberação de recursos e o setor produtivo executando sua parte no prazo estabelecido. “Dinheiro não será problema”, garantiu. DESENVOOLVIMENTO Entre as fontes de recursos para tamanho propósito, estão o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal (CEF), Banco Mundial (Bird), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Orçamento Federal (OGU), Recursos Próprios (OGE), Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o setor privado. São aproximadamente R$ 2,4 bilhões disponíveis para que tudo corra conforme o script. O roteiro Apesar de não citar diretamente a indústria, os investimentos no primeiro item do Programa Integrado, Infraestrutura Urbana, aquecerão em larga escala o setor da construção civil e a cadeia que o envolve. Com o projeto Ruas do Povo, que prevê a drenagem, pavimentação e saneamento das vias na capital e interior, serão 2,4 mil ruas pavimentadas, gerando 4,2 mil empregos diretos e 10 mil indiretos. Para tanto, os insumos necessários são da ordem de 490 mil metros cúbicos de barro, 45 mil milheiros de tijolo, 140 mil metros cúbicos de brita, 100 mil metros cúbicos de areia, 1,7 milhão de metros quadrados de asfalto, além de 1,2 mil máquinas e caminhões. Para a duplicação e urbanização da Rodovia AC 010 – trecho urbano de 1,64 quilômetros de Rio Branco – serão realizados ser viços de terraplanagem, pavimentação em CBUQ (concreto betuminoso usinado a quente), drenagem, sinalização, proteção ambiental e iluminação pública. Está prevista a construção de 2 metros de ciclovia do lado esquerdo e 1,85 metros de calçadas. A pavimentação da Rodovia AC 445 envolverá, também, a construção de pontes mistas (obras de artes especiais), com fundação e colunas em concreto, transversais e longarinas em perfis metálicos, tabuleiro em laje e concreto armado, e guarda corpos em peças de madeira. Elas terão entre 12 e 24 metros, sendo erguidas sobre quatro igarapés: Baijão, São José I, São José II e São Raimundo. Também serão construídos pontes e bueiros nos ramais das principais áreas produtivas do Estado – uma das maiores reivindicações dos empresários para impulsionar o setor. Com o Programa Estadual de Habitação, aliado ao “Minha Casa, Minha Vida”, a meta é entregar 10 mil Unidades Habitacionais em Rio Branco, 2,4 mil no interior e 500 para famílias em áreas alagadiças. Aqui também estão envolvidos serviços de infraestrutura, como a construção de vias de acesso, pavimentação asfáltica, adutora de água e coletor tronco de esgoto. Já no segmento Economia e Produção Sustentável, subitem Fortalecimento da Micro Agroindústria, serão destinados R$ 1 milhão para fomentar cinco indústrias artesanais de processamento de peixes. Entre os impactos gerados, espera-se a produção de 3,7 mil toneladas de pescado, beneficiando mil famílias ao ano. Mais R$ 3,5 milhões serão destinados para dez abatedouros artesanais de aves e suínos e a uma central de incubação no Vale do Juruá. No subitem Aquisição de Máquinas e Implementos Agrícolas, onde serão injetados R$ 50 milhões, prevê-se a compra de 113 máquinas agrícolas, 243 implementos agrícolas, 10 caminhões, oito veículos utilitários e cinco motocicletas. Com isso, os impactos gerados serão 11 mil hectares de aração e gradagem ao ano, 8 mil famílias sendo beneficiadas e dobrar a produção de grãos. Outra proposta nesta área é a de Fortalecimento da Produção Leiteira, com investimento de R$ 9,9 milhões. A ideia é beneficiar 3 mil famílias ao ano com a construção da Usina de Produção de Nitrogênio Líquido, aquisição de 137 tanques de resfriamento, 50 ordenhadeiras e seis unidades de produção artesanal de queijo. Mais R$ 12 milhões serão utilizados para a construção da Unidade de Armazenamento de Grãos. O objetivo é incrementar em 200% a capacidade de armazenamento, passando de 7,8 mil para 23,4 mil toneladas. Fase intermediária O item que trata do Desenvolvimento do Setor Industrial propriamente dito destinará R$ 8 milhões para desenvolver a agroindústria no interior, com a implantação do Frigorífico de Peixes e do Núcleo Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 39 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 irmãos de fronteira e com o resto do mundo. A função da ZPE é justamente desenvolver a região em que está instalada e a conclusão da BR até Cruzeiro do Sul, onde temos grandes indústrias de manejo madeireiro se instalando, além do complexo hidrelétrico do rio Madeira, são atrativos muito grandes”, considera Carlos Sasai, presidente da FIEAC. Epílogo Governador Tião Viana apresenta metas para o setor produtivo a industriais acreanos injetados R$ 9 milhões na reestruturação e fortalecimento do setor moveleiro de Rio Branco, com a construção e reforma de galpões comunitários, além da aquisição de mobiliários e equipamentos. Pelo menos 145 moveleiros serão beneficiados. Ápice No entanto, apesar de a industrialização ser um dos principais pilares para o desenvolvimento e de uma série de incentivos para tal já estarem em curso, o setor produtivo acreano continua sendo asfixiado por velhos e novos gargalos que travam seu crescimento – os antagonistas ou vilões que existem em todo romance. “Estamos felizes em saber que a indústria é considerada o vetor de desenvolvimento do Estado, mas, para que possamos crescer, precisamos superar alguns obstáculos”, reconheceu Sasai. As dificuldades que os empresários locais têm para honrar contratos já assinados permanecem as mesmas, acrescidas de mais algumas. “A maioria de nós não consegue ter acesso ao crédito e, com isso, capital de giro, por isso não temos como dar andamento mais rápido a alguns contratos. Além disso, o peso para caminhões de transportadoras foi reduzido – antes traziam uma média Frigorífico de aves e suínos recebe investimentos para produção SÉRGIO VALE de 40 metros cúbicos, hoje, só podem transportar 23. Essa medida, muito drástica, encareceu muito o custo das obras já com contratos fechados”, explicou. Além disso, o programa de compras governamentais, apesar das reuniões com a Secretaria de Estado de Indústria e Comércio, até o fechamento desta edição, permaneciam pendentes. Tião Viana reconheceu os problemas de atrasos, porém, garantiu que, a partir de agora a agilidade dará o tom de sua política de industrialização. “Passaremos por cima da burocracia feito um trator. Não vou deixar obras para ser concluídas depois do meu mandato. Portanto, quero que os empresários acreanos estejam preparados, também, para atender e assumir esse compromisso: meta estabelecida, meta cumprida, dinheiro na conta. Não demorem a fazer uma obra, senão passaremos por cima e chamaremos outra empresa”, desafiou, deixando um bom gancho para os próximos capítulos. E, como em todo grand finale que se preze, a complementação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE), com 130 hectares de área construída e 36 empreendimentos industriais confirmados. Somente ali serão gerados 5.200 empregos diretos e mais de 12 mil indiretos. Uma grande aposta da FIEAC para alavancar o crescimento da economia local, pois se trata de um mecanismo largamente usado no mundo para promover o desenvolvimento e equilibrar as desigualdades regionais. As empresas ali instaladas operam com suspensão de impostos, liberdade cambial (sem a obrigação de converter em reais as divisas obtidas nas exportações) e procedimentos administrativos simplificados – com a condição de se destinar pelo menos 80% de sua produção ao mercado externo. A parcela de até 20% da produção vendida no mercado doméstico paga integralmente os impostos normalmente cobrados sobre as importações. “Com a rodovia Interoceânica sendo instalada, temos a possibilidade de nos aproximar dos nossos SÉRGIO VALE METAS 40 Tecnológico de Piscicultura em Cruzeiro do Sul (leia mais nas páginas 46, 47, 48 e 49). Mais R$ 8 milhões serão investidos na construção do Frigorífico de Suínos em Brasiléia, com 2,5 mil metros quadrados de área construída. A produção inicial estimada é de 990 mil quilos por mês, sendo 130 produtores beneficiados, gerando 60 empregos diretos e 100 indiretos. Ta m b é m e s t á previsto o estabelecimento de polos industriais nas regionais do Alto Acre, Purus e Tarauacá-Envira, ao custo de R$ 17 milhões, a fim de dinamizar e fortalecer o setor, além de gerar mais emprego e renda neste segmento. Os municípios envolvidos serão Rio Branco, Sena Madureira, Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Feijó, Xapuri, Assis Brasil, Brasiléia e Epitaciolândia. Também em Cruzeiro, será instalada uma Fábrica de Fécula de Macaxeira, no valor de R$ 12 milhões. Outra novidade será a implantação do Polo Oleoquímico – com 9 mil metros quadrados de área construída – para gerar 190 empregos diretos e 750 indiretos. Nele, constarão duas unidades de extração e refino de óleos vegetais com capacidade para processar 80 mil toneladas por ano; uma unidade de hidrogenização e fracionamento de óleos vegetais e animais com capacidade para 100 mil toneladas por ano; uma unidade de extratos e essências vegetais com capacidade para processar 2 mil toneladas ao ano; e uma unidade de formulação e composição química de óleos vegetais com capacidade para 60 mil toneladas ao ano. O impacto esperado é de R$ 88 milhões de receita bruta. O Polo Logístico de Rio Branco será outro grande i nve s t i m e n t o d o P r o g r a m a I n t e g r a d o d e Desenvolvimento, para o qual serão destinados R$ 10 milhões a título de instalação de infraestrutura básica e construção de área administrativa, em 120 hectares. Ali, haverá capacidade para instalação de 40 empresas e geração de 1.500 empregos diretos. Também serão Usina de beneficiamento de castanha impulsiona economia no interior Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 41 HABITAÇÃO N ão é preciso ser tão atento para perceber que, praticamente todo mês, em Rio Branco, é lançado um novo empreendimento imobiliário. São residenciais para todos os gostos e bolsos, de acordo com a necessidade do público. Para muitos, o sonho da casa (ou apartamento) própria já se realizou. Para outros, é apenas uma questão de tempo. Pouco tempo. Por meio do Programa “Minha Casa, Minha Vida”, do governo federal e Caixa Econômica Federal, chegou a vez das famílias de baixa renda de todo o país garantirem seu direito à moradia. A iniciativa é um conjunto de financiamentos imobiliários, com juros e parcelas cujos valores são cobrados sobre a renda per capita da família. O financiamento é estipulado de acordo com a renda, permitindo ao interessado pagar o valor mensal segundo suas condições. Para a construção ou compra de casas novas ou usadas, o valor mínimo que se paga é R$ 50. Famílias com rendas mensais de até 10 salários mínimos são beneficiadas pelo programa. Os juros chegam a 6% ao ano, considerado bem inferior em relação aos demais tipos de financiamentos. De acordo com informações oficiais, apesar de ter sido criado pelo Governo Lula, o “Minha Casa, Minha Vida” (MCMV) vai permanecer beneficiando as famílias brasileiras, independentemente de quem assumir a presidência do Brasil dali por diante. A previsão é de que a segunda etapa do programa construa, até 2014, 2 milhões de unidades habitacionais em todo o país, sendo cerca de 2 mil novas casas somente no Estado, de acordo com o senador e coordenador da bancada federal do Acre, Aníbal Diniz em seu site oficial. Até 2014, no entanto, devem ser entregues 10 mil unidades em Rio Branco e 2,4 mil no interior, somando-se o esforço federal ao do governo do Estado, com o programa local de habitação, chamado “Minha Morada”. A meta é reduzir em 36% o déficit habitacional acreano. Longe é um lugar que não existe Além dos conjuntos habitacionais, o MCMV também possui linhas de crédito, por meio da Caixa, para financiamento de apartamentos novos. Daí o fenômeno que começa a ser observado na capital, agora com mais intensidade, de novos residenciais surgindo, principalmente, em uma região considerada relativamente longínqua e, por isso mesmo, pouco explorada: onde se concentram as estradas do Calafate, da Floresta e Via Verde. No entanto, é justamente para lá que está sendo transferida, aos poucos, a nova sede administrativa de Rio Branco, o que transformou um local considerado o “patinho feio” em uma área bem valorizada. Nas redondezas, já estão instaladas as sedes do Tribunal de Justiça, do Tribunal Regional Eleitoral, da Justiça Federal, Fórum Eleitoral de Rio Branco, da Ordem dos 42 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 Lar, doce lar Financiamentos e juros baixos impulsionam mercado imobiliário e aquecem setor da construção civil Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 43 HABITAÇÃO Advogados do Brasil (OAB/AC) e, em fase de finalização, da Polícia Federal. Além disso, é naquelas proximidades que está sendo construído o Via Verde Parque Shopping, primeiro shopping center de Rio Branco, e também se localiza uma das maiores faculdades de ensino particular da cidade. O povoamento mais acelerado, por assim dizer, daquela região se iniciou com a construção de condomínios e residenciais de alto padrão, próximos à referida instituição acadêmica. Pouco tempo depois, com as facilidades propiciadas pelo MCMV, pelo menos quatro residenciais voltados para famílias com renda mais modesta já estão saindo da planta ou em fase de acabamento. Um deles, denominado Via Parque, tem 62 mil metros quadrados de área (aproximadamente oito campos do Maracanã), e se localiza praticamente em frente ao shopping. Em fase de construção – a previsão é de que seja entregue em julho de 2012 – o condomínio original era composto por 500 apartamentos de dois quartos e opções de lazer, como trilha ecológica. No entanto, pela facilidade de financiamento, o sucesso foi tão grande, que a Albuquerque Engenharia, empresa responsável por toda a concepção do projeto, já adicionou um novo lote de 208 apartamentos ao local, chamado Via Parque Plus. Este “adendo” é voltado para as famílias maiores, que necessitam de mais espaço em um apartamento, equipado com um quarto a mais, sendo uma suíte. “O que aconteceu é que havia uma demanda reprimida de anos”, exclama o empresário João Albuquerque. “Existem muitas pessoas necessitadas por habitação, mas não havia financiamento disponível. Essa procura, esse fenômeno, está acontecendo no Brasil todo, não é só aqui, devido ao juro baixo e ainda há um bom desconto subsidiado pelo governo, de até R$ 17 mil”, justifica. Obras do Via Parque, à época, em fase inicial. Empreendimento está localizado em frente ao primeiro shopping center de Rio Branco 44 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 uma área relativamente distante, porém esse conceito mudou. Hoje, o fato de ser nessa localidade está impulsionando as vendas”, ratifica Leandro Braga Vieira, gerente de projetos da Ábaco. Segundo ele, este é o p r i m e i ro empreendimento privado da empresa e, pelo sucesso, a construção de outros residenciais já está nos planos. Maquete do Topázio Residence chamou bastante atenção durante a Expoacre Oferta e procura Mercado de alto padrão Tudo isso permitiu que pessoas que antes não tinham condições de financiar a casa própria por escassez de um financiamento que coubesse no seu orçamento, agora consigam realizar talvez o maior sonho de suas vidas. “Hoje a procura, a demanda, é muito maior. As empresas que não construíam um empreendimento desse porte antes passaram a construir. Enquanto houver financiamentos, sempre haverá busca”, conclui Albuquerque. É o caso de outro empreendimento que mal saiu da planta e já está praticamente todo negociado (até o fechamento desta edição), o Topázio Residence, na Estrada do Calafate, construído pela Ábaco Engenharia. Com uma área de 30 mil metros quadrados, conta com 17 prédios de 16 apartamentos (272 no total) e 32 sobrados. Até o fechamento desta edição, todas as casas já haviam sido vendidas ao custo de R$ 225 mil cada unidade. “As obras se iniciaram em maio e previsão de entrega é de 24 meses. Trata-se de Um detalhe que chama atenção: nove dos sobrados foram pagos à vista. Ou seja, o MCMV facilitou a vida das famílias com menos recursos, é verdade, mas o mercado de alto padrão também está em franca expansão no Acre. Independentemente do programa do governo federal, a Albuquerque Engenharia, por exemplo, era uma das empresas que investia (e ainda investe) na construção de prédios e condomínios para o público das classes A e B. Sempre com boas vendas. “O Via Parque é o nosso primeiro e mp re e n d i m e n to dentro do 'Minha Casa, Minha Vida'. Ainda neste ano, lançaremos mais três projetos de alto e médio padrão, na á re a d o V i l l a g e Maciel (área nobre da capital): prédios de dez a doze andares. Até porque, hoje em dia, as pessoas buscam mais a praticidade e a segurança que só o apartamento ofe- rece”, revelou João Albuquerque. Tamanha demanda, gera, ainda, emprego e renda para o Estado. Atualmente, a mão-de-obra pode decidir onde, com quem e quando quer trabalhar. A oferta de trabalho, agora, é bem maior do que a procura e os salários, bem mais interessantes. “Tem pedreiro que tira até R$ 2,5 mil. E é difícil um lugar que pague um salário desses, hoje, no mercado”. Inclusão social De acordo com o 1º secretário do Sinduscon/AC, engenheiro Assurbanípal Mesquita, a construção civil é o segmento mais inclusivo e o que mais gera empregos no setor produtivo. “Empregamos pessoas com baixa escolaridade, proporcionando mais oportunidade àqueles que não tiveram chance de uma qualificação profissional”, enfatiza. Somente na construção do Topázio Residence, estão sendo gerados 80 empregos diretos, segundo a gerente de Recursos Humanos da Ábaco Engenharia, Thaís Mayanne da Silva. “E, no total, temos cerca de 350 pessoas empregadas”, endossou. Já para as obras do Via Parque e Via Parque Plus, estão sendo mobilizados 500 trabalhadores, mas aproximadamente 850 têm a carteira assinada pela Albuquerque Engenharia durante o ano todo. João Albuquerque afirma, sem pestanejar, que a indústria da construção civil no Acre passa por um momento extremamente importante. “E se nós, que somos o menor mercado do país, estamos assim, o que dizer dos outros estados? Já estamos recebendo convites para fazer obras fora, mas, graças a Deus, não precisamos. Temos muito o que fazer aqui”. Apartamento do Via Parque mobiliado, aberto à visitação Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 45 peixes “P ara os descrentes, esta é a resposta do avanço da base de estudos e importantes investimentos que vêm sendo realizados nos últimos anos no Acre”, sentenciou Carlos Sasai, presidente da FIEAC, a respeito de uma nova iniciativa para impulsionar o setor produtivo e a economia acreana. O Complexo Industrial da Piscicultura, que será um potencial no Estado do Acre, começou a ser construído, ocupando uma área de 65 hectares, ou seja, 650 mil metros quadrados. Com isso, o Acre passará a ocupar um lugar de destaque na piscicultura nacional. O empreendimento será administrado pela empresa Peixes da Amazônia S/A, que conta com 18 acionistas, sendo 16 empresários, o governo do Estado e também uma central de cooperativas que irá representar os pequenos produtores dos municípios de Rio Branco, Sena Madureira, Bujari e Cruzeiro do Sul que, ao longo dos anos, deverão ter uma participação de 25% das cotas da empresa. No complexo irão funcionar um centro tecnológico de reprodução de alevinos, uma fábrica de rações para peixes e um frigorífico para o beneficiamento e estocagem de pescados para a comercialização no mercado interno e para a exportação. Com a materialização do projeto, o governo do Estado tem como expectativa de que, no prazo de três anos, o Acre tenha uma receita anual de R$ 350 milhões somente com o mercado de piscicultura. Acreditando nesse resultado, o governador Tião Viana destacou que a implantação do complexo industrial receberá um investimento de R$ 40 milhões, sendo R$ 10 milhões do grupo de empresários que irá ficar com parte da empresa Peixes da Amazônia, R$ 20 milhões do governo do Estado e os outros R$ 10 46 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 FIEAC comemora criação da cadeia produtiva do pescado, que fará o setor produtivo local entrar em uma nova era milhões serão em empréstimos juntos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “O avanço da piscicultura no Estado é uma nova revolução econômica para o Acre. É uma decisão do setor produtivo do Estado, das cooperativas, das associações e dos empresários, que entendem que é possível pensar além do gado. É possível pensar na agricultura, no peixe, na criação em escala industrial de ovelhas e porcos. Então, o Estado está dando um grande passo em direção a um futuro da economia rural, gerando muito trabalho, renda e desenvolvimento. A cadeia produtiva do peixe vai gerar direta e indiretamente emprego para aproximadamente 16 mil pessoas”, destacou o governador. Segundo o secretário de Agricultura e Produção Familiar (Seaprof), Lourival Marques, os investimentos na cadeia produtiva do pescado devem favorecer cerca de mil famílias que atuam na agricultura familiar. “Isso nos deixa muito satisfeitos, pois sabemos que tanto os pequenos produtos como os médios vão poder investir na piscicultura, gerando renda a partir da comercialização, pois terão para quem vender”, ressalta. Na visão do secretário de Indústria e Comércio, Edvaldo Magalhães, o complexo é algo que vai mudar completamente a atividade no Estado do Acre, pois vai agregar três áreas fundamentais para uma piscicultura moderna, competitiva e exportadora. “Nós teremos alevinos de pirarucu, de surubim e de outras espécies a preços competitivos, além de ração de qualidade e dentro dos padrões exigidos pelo mercado mundial e um frigorífico, porque na medida em que a piscicultura cresce, se não tiver como armazenar e comercializar esse peixe, teremos um problema na área da produção”, Financiamentos e juros baixos impulsionam mercado imobiliário e aquecem setor da construção civil SECOM PISCICULTURA Sobsigno o dos Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 47 48 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 Lançamento da pedra fundamental para a construção do Complexo Industrial Peixes da Amazônia S.A. e exportar nossa produção”, conta Edvaldo Magalhães. Encontro dos piscicultores Com a finalidade de reunir produtores de peixes dos 22 municípios, grandes piscicultores, secretários e técnicos, o governo do Estado promoveu o I Encontro de Piscicultores do Acre. Além da presença do governador Tião Viana e de vários secretários, o encontro de piscicultores contou também com a presença do Ministro da Pesca, Luiz Sérgio, que não economizou elogios às políticas públicas do governo acreano pelo setor. Ele fez questão de informar que a atividade é rentável em todo o mundo e que o Brasil tem todo o potencial para se tornar um dos grandes Feira Internacional de Piscicultura SÉRGIO VALE Para conhecer modernos equipamentos e garantir o que há de mais avançado no mercado para o complexo industrial do peixe acreano, uma comitiva envolvendo o vice-governador César Messias, os secretários Edvaldo Magalhães e Lourival Marques, o empresário Fernando Fernandes e o presidente da Central de Cooperativas do Peixe, Sansão Nogueira, participou da Feira Internacional de Piscicultura e Pesca Marítima, realizada na Bélgica. “Nós encontramos técnicas e equipamentos importantes para nosso projeto, garantindo que tenhamos um dos mais modernos complexos industriais do Brasil. Teremos, no Acre, sem dúvida nenhuma, tecnologia de ponta para nossa indústria de processamento do pescado e para nossa fábrica de ração”, anunciou Edvaldo. Adquirir equipamentos modernos é estratégia para Maquete do Complexo Industrial Peixes da Amazônia S.A. SECOM produtores mundiais, na medida em que possui em torno de 12% de toda a água doce existente hoje no planeta. “Além disso, nós temos o clima, que é muito favorável, e posso assegurar que o Ministério da Pesca está trabalhando para contribuir com esse enorme desafio do governo do Acre que é transformar a piscicultura numa atividade de ponta”, afirmou o ministro. “Esse encontro serve para firmar aquilo que são as propostas prioritárias de nosso governo e mostrar que o programa da piscicultura tem início, meio e fim e é um investimento em toda a cadeia produtiva, desde a produção básica, fazendo uma grande aliança com a produção familiar aos grandes piscicultores industriais”, fez questão de ressaltar Edvaldo Magalhães. O encontro, conforme Edvaldo, representa um grande pacto que está sendo feito com o setor produtivo do Acre, que é mudar a economia rural do Estado através de um novo fator, a piscicultura acreana. “E temos certeza que esse pacto dará um salto de qualidade na piscicultura acreana”, garantiu. SÉRGIO VALE Ministro da Pesca, Luiz Sérgio, elogia políticas públicas para impulsionar o setor no Acre ÂNGELA PERES/SECOM PISCICULTURA contou. Quando estiver em pleno funcionamento, deverá ter capacidade para beneficiar em torno de 20 mil toneladas de peixes por ano. Atualmente, a produção de peixe do Acre está em torno de cinco mil toneladas. Para o governador Tião Viana, o complexo industrial, em sua total capacidade de funcionamento, poderá beneficiar até 100 mil toneladas de peixe, o que nesse caso, irá gerar uma receita estimada em torno de R$ 1 bilhão. Em relato à imprensa local, o presidente da Central de Cooperativas de Piscicultores do Estado do Acre, Sansão Nogueira, disse que o complexo industrial traz grande esperança para os produtores. “A gente acredita que toda essa estrutura vai melhorar a produção e fazer crescer essa cadeia produtiva”, afirmou. Nogueira disse que isso se dará com o acesso a alevinos e ração de qualidade, assistência técnica especializada e ampliação da área de produção, tanques e açudes em todo o Estado. “Esse é o momento certo para a gente partir, de uma vez por todas, para um caminho bem maior, que vem com a exportação em grande escala de nossa produção de pescados”, garantiu. “Queremos fazer do nosso Estado o endereço do peixe na Amazônia”, enfatizou o secretário de Indústria. O que há de mais moderno no campo da reprodução de alevinos será trazido para o Acre. Hoje nós importamos quase tudo. O objetivo é virar esse jogo Pacto pelo peixe visa mudar economia rural do Estado garantir a valorização do produto acreano no momento da comercialização. “Não basta ter um bom produto, uma boa matéria-prima e produzir peixe de qualidade, temos que agregar a isso mais valor na hora de comercializar”, completou o secretário. Benefícios do peixe na alimentação A carne branca, a textura macia, o cheiro característico e o sabor único fazem do peixe um alimento irresistível à mesa. Mas os atrativos não param por aí: são inúmeros os benefícios que a carne de peixe oferece à alimentação de pessoas de todas as idades e, por isso, seu consumo é recomendado por médicos e nutricionistas, ao menos uma vez por semana. Fonte abundante de proteínas – que são absorvidas com mais facilidade que a de outros tipos de carnes – os pescados têm importante papel no crescimento e manutenção do organismo. São essenciais, por exemplo, na digestão, na produção de anticorpos, na coagulação do sangue, controle da taxa de colesterol, entre outras funções. É também rico em nutrientes e sais minerais tais como ferro, iodo, magnésio, cálcio, sódio, fósforo, e em vitaminas A, E, D, B2, B3, B12 e ácido fólico, fundamentais para o bom funcionamento o corpo. Além disso, a gordura do peixe é insaturada, ou seja, não prejudicial à saúde, e possui o complexo ômega-3, ácido graxo de grande importância para as atividades do cérebro e do coração. Além de um poderoso antioxidante, seu consumo auxilia na diminuição dos triglicerídeos e colesterol e favorece a produção do chamado “colesterol bom” (HDL), diminuindo o risco de doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e doenças inflamatórias. No cérebro, o ômega-3 aumenta a atividade dos sinais nervosos que ajuda na memória, concentração, humor, habilidade motora, velocidade de reação etc. É importante ressaltar que essa substância não é produzida pelo organismo, devendo ser fornecida pela alimentação. Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 49 ARTIGO Eloi Zanetti Quantidade necessária e suficiente para... C ontam os gregos que num certo tempo os sete homens considerados os maiores possuidores de sabedoria, dentre eles, reuniram-se para eleger qual seria o mais sábio. A escolha foi unânime, o grupo indicou Chilon como o homem mais erudito da sua época. Os que propuseram a eleição imediatamente perguntaram ao que ficou com o título. – E, agora, que conselho o senhor dá aos humanos? Chilon coçou a longa barba - os gregos sempre usavam longas barbas encaracoladas -pensativo e teatral, respondeu: – Tenho dois conselhos para oferecer aos homens, o primeiro é: conhece-te a ti mesmo, e o segundo: a essência da sabedoria está no meio termo. Vamos esquecer o primeiro, assunto para psicólogos, e nos concentrar no segundo para descobrir lições para o universo da comunicação corporativa. Trabalhei muitos anos em uma grande empresa, cujo presidente era formado em Farmácia e Bioquímica. Ele, de vez em quando, fazia uso de um termo clássico da área para dizer o que pensava sobre alguns assuntos. Por exemplo, quando o nosso pessoal começava a exagerar em arroubos de grandiosidade, pretensão e exageros, dizia: – Vamos nos lembrar do preceito de ouro da Farmácia, minha gente: QNSP – quantidade necessária e suficiente para...: um remédio, quando ministrado demais, mata, quando de menos, não faz efeito. Tem de ser dado na quantidade suficiente, na dose certa para fazer efeito, nada mais. O pessoal entendia o recado, descia das nuvens, baixava a terra já sabendo o que tinha de fazer. Nada de excessos. E o que temos visto ultimamente nos negócios, nas promoções, no marketing e principalmente na mídia? Uma verdadeira enxurrada de exageros, entupindo olhos, ouvidos, corações e mentes do nosso povo. Excessos de assuntos e ofertas que passam aos vagalhões, como a febre da internet, das promoções dos celulares e das telefônicas. Das campanhas exageradas das cervejas e suas loiras falsas com seios e bumbuns 50 Acre INDUSTRIAL - setembro/2011 siliconados. Das músicas country, axés e pagodes que, repetidas milhares de vezes, começam a dar sinais de exaustão. Dos gurus da motivação e da auto-ajuda, sempre com alguma fórmula milagrosa e fácil de fazer marketing e negócios. Dos reality shows, que incentivam a mediocridade e a vagabundagem. E dos assuntos políticos com seus marqueteiros hedonistas. Pergunto: será que nós, do marketing, dos negócios e da mídia, não estamos, em alguns assuntos, exagerando na dose? Será que nós, que trabalhamos a comunicação de massa, não estamos abusando da paciência dos ouvintes, leitores, telespectadores e clientes? Será que a ânsia de faturar e fazer sucesso rápido, própria da cultura empresarial brasileira, não está esgotando rapidamente alguns assuntos que, como um vício, precisam de mais e mais doses para se manter? Que inteligência existe em esgotar o pesqueiro de uma única vez? Criar alardes, fazer onda, promover a superexposição de um tema até queimar sem deixar nenhuma brasa? Alguém parou para perguntar se o outro lado, o povo que nos suporta, está gostando de ser bombardeado com esta quantidade excessiva de comunicação sobre os mesmos assuntos em tão curtos espaços de tempo? Não seria mais cordato e eficiente administrar a comunicação brasileira com menos excessos e mais eficiência, isto é, seguir sabiamente pelo caminho do meio? Ou a gente inventou a exuberância tropical da comunicação e eu ainda não percebi? Acredito que aqueles que estão em casa, não tendo a quem apelar, já fazem o que têm de fazer, desligandose das nossas mídias e dos seus assuntos repetitivos, virando-nos as costas e pensando: – Não agüento mais isto. Vou parar por aqui que este artigo já está na dose certa. Mais um pouco vira excesso. Eloi Zanetti - especialista em marketing, comunicação corporativa e vendas.. [email protected]