Bruxelas, Caros Colegas: Vamos reunir-nos em Bruxelas, no próximo dia 22 de maio, para debater duas questões importantes e de atualidade — a energia e a fraude e evasão fiscais. Dado que o tempo disponível para o debate será limitado, considero que será útil enviar algumas informações contextuais sobre estas duas questões em preparação da nossa reunião. Como pode ser deduzido das informações em anexo, embora a combinação de fontes de energia varie consideravelmente de um Estado-Membro para outro, todos enfrentam desafios semelhantes. Se fizermos face conjuntamente a estes desafios, teremos uma maior probabilidade de êxito. Os preços da energia diferem consideravelmente a nível da UE devido à atual fragmentação do seu mercado. A ausência de aproveitamento dos benefícios proporcionados pela eficiência energética traduz-se no facto de as empresas e os consumidores pagarem mais do que deveriam pelo seu aprovisionamento energético. Dispomos em parte da solução para os elevados preços da energia — se conseguirmos realizar o mercado interno da energia da UE e aplicar plenamente a legislação em vigor. O nosso debate deve basear-se nas conclusões de fevereiro de 2011 e permitir o aprofundamento das nossas políticas. Irei sugerir algumas orientações políticas na nossa reunião. Para o efeito, é absolutamente fundamental a realização de um mercado interno da energia plenamente operacional, interligado e integrado, o que constitui uma condição sine qua non para a competitividade da Europa, devendo assim ser evitada a sua fragmentação. Deste modo, adquire atualmente toda a urgência a conclusão da transposição e aplicação do terceiro pacote da energia. Na mesma ordem de ideias, é necessário tomar medidas urgentes para facilitar o investimento sustentável privado e público, incluindo a nível da UE, nas nossas infraestruturas energéticas, que constituem o cerne do mercado interno da energia num contexto transfronteiriço. Além disso, devemos continuar a reforçar a nossa diversificação interna e externa de aprovisionamento energético, o que implica o aproveitamento de novas fontes internacionais e a assunção de posições a uma só voz por parte da UE no quadro da problemática da energia a nível mundial. É também necessário adotar uma abordagem mais coordenada entre os Estados-Membros sobre a importância crescente das energias renováveis, assim como uma abordagem equilibrada e à escala da União sobre a utilização do potencial oferecido pelos hidrocarbonetos não convencionais. Todos estes elementos são críticos para o reforço da competitividade das nossas empresas, o fomento de um crescimento sustentável, a adaptação às mutações do panorama energético mundial e a contenção do aumento dos preços da energia. Temos de atuar com sentido de urgência, em conformidade com as anteriores conclusões do Conselho Europeu, e de dar um impulso político ao mais alto nível. Uma segunda questão - a fraude e a evasão fiscais - está a tornar-se rapidamente cada vez mais importante no debate público, por motivos justificados. Num momento de consolidação orçamental, os Estados-Membros não conseguem maximizar as receitas fiscais que poderiam obter e a questão da equidade é claramente objeto de preocupação pública. A nota explicativa em anexo indica a necessidade de os Estados-Membros decidirem sobre as principais propostas apresentadas ao Conselho, como a Diretiva Tributação da Poupança, e de garantirem uma utilização mais intensiva dos instrumentos políticos disponíveis, incluindo uma aplicação ambiciosa do Plano de Ação para reforçar a luta contra a fraude e a evasão fiscais e das duas recomendações sobre os paraísos fiscais e o planeamento fiscal agressivo, apresentados pela Comissão. Durante bastantes anos, a UE colocou o princípio do intercâmbio automático de informações no centro da sua abordagem. É importante alargar a aplicação desse princípio a todos os tipos de receitas. Por conseguinte, tenho o prazer de anunciar que a Comissão Europeia irá apresentar uma proposta legislativa destinada a alargar o âmbito do intercâmbio automático no quadro da Diretiva Cooperação Administrativa, o que irá assegurar a cobertura plena e coerente de todos os tipos relevantes de receitas em todos os Estados-Membros. Com base nos mecanismos à disposição da UE, devemos concertar coletivamente a nível da União posições fortes e coordenadas no quadro do G8, do G20 e da OCDE, para que o intercâmbio automático de informações passe a ser a nova norma mundial. Aguardo com expectativa a oportunidade de debater estas questões importantes com os participantes na nossa reunião. José Manuel BARROSO Aos membros do Conselho Europeu