Título: Avaliação Ambiental do Espaço Urbano de Brasília:
Construindo uma Metodologia para a Sustentabilidade
Tema: O eixo temático deste trabalho se volta para a qualidade ambiental do espaço
urbano, dentro de uma abordagem mais ampla e complexa da sustentabilidade
ambiental. Sabe-se que o desempenho ambiental das cidades depende tanto do clima
pré-existente quanto de modificações climáticas introduzidas pela urbanização,
principalmente na velocidade e direção dos ventos, na qualidade do ar, radiação solar e
umidade. Esses condicionantes são afetados principalmente pelo volume de massa
construído, poluição atmosférica, alterações das superfícies que aumentam o calor
(reflexão e absorção), impermeabilização do solo e escassez de vegetação e água. No
contexto urbano percebem-se diferenças de percepção da qualidade ambiental de
acordo com as escalas de avaliação, pois em cada uma delas é possível uma
abordagem específica, com categorias e parâmetros próprios. A abordagem da escala
intra-urbana de avaliação permite aprofundamentos cognitivos e de valorização para
qualificar adequadamente o espaço segundo: a grande dimensão das estruturas
urbanas, a escala intermediária da área ou sítio e a dimensão propriamente do lugar e
dos edifícios.
Objetivos: O objetivo deste trabalho é apresentar uma metodologia de avaliação
paramétrica que subsidie análises comparativas de espaços construídos das cidades,
além de indicar diretrizes para futuras intervenções que melhorem a qualidade
ambiental do espaço da cidade. Os objetos de estudo são os diversos setores da
Escala Gregária de Brasília – DF: Setores Bancários Sul e Norte, Setores Comerciais
Sul e Norte e Setor de Autarquias Sul.
Metodologia: Os parâmetros desenvolvidos foram: disposição ambiental, envoltória da
edificação e parâmetros da forma dos elementos construídos que são avaliados neste
trabalho relacionam-se às escalas do edifício e à escala do lugar. Neste trabalho, foram
definidos como objetos de estudo os principais setores da escala gregária da cidade de
Brasília. A análise abordou o controle dos efeitos ambientais do espaço, a posição dos
elementos construtivos que auxiliam a ambientação, o grau de concentração ou
expansão da implantação dos edifícios que permitem o conforto do ambiente. Os
parâmetros de disposição ambiental avaliados neste trabalho relacionam-se à escala
do lugar e consideram as questões da percepção e dos aspectos sensoriais sob a
influência das características locais. Trata-se da síntese das condições do meio natural
e da paisagem construída.Visando a realização da abordagem bioclimática das regiões
estudadas, observou-se a morfologia urbana e a influência de cada morfologia urbana
sobre o conforto térmico e a qualidade do espaço. Para este objetivo, primeiramente,
considerou-se a revisão teórica sobre neutralidade urbana e o conceito de sentido de
lugar, observando o caráter do sítio em estudo segundo seu contexto histórico e
cultural. Numa segunda etapa analisou-se essa área segundo sua estrutura física, sua
caracterização de uso e apropriação do solo, seus aspectos climáticos [mesoclima e
microclima, de acordo com: a configuração de ocupação; considerações sobre o
desempenho bioclimático dos edifícios (forma e envolvente / pele); considerações de
parâmetros de disposição ambiental; e interação entre a configuração urbana e seus
fatores climáticos. Com isso, buscou-se identificar nesse sítio seu caráter e suas
potencialidades. Num terceiro momento, relatou-se o diagnóstico do local em estudo,
observando suas qualidades a serem melhoradas. Na quarta e última etapa foram
propostas diretrizes de intervenção no espaço em estudo, com base nos resultados da
análise, observando seu contexto histórico, cultural e climático, propondo obter a
maximização de sua condição de conforto térmico e qualidade do espaço.
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Resultados: Em relação aos aspectos ambientais, observou-se que os efeitos do vento
nos setores são bastante diversificados. O que é comum para todas as áreas é que as
fachadas leste dos edifícios encontram-se privilegiadas em relação às fachadas oeste.
Existe excesso de ventilação em determinados locais e sombras de vento em outros.
Assim, as diretrizes deverão adequar-se caso a caso em cada área, hora desviando o
curso do vento, hora filtrando-o. Com relação aos parâmetros de disposição ambiental
estudados, constatou-se que não existem fontes de conforto ambiental nos espaços
públicos de Brasília. Resulta-se que o ambiente é definido pelo contorno e o seu
espaço é centrífugo. O espaço apresenta-se como barreira para a circulação dos
pedestres, e o espaço é agregado. O efeito ambiental é aparente, o controle sobre o
efeito ambiental é fixo e o efeito ambiental é constante no tempo. Desta forma, o
espaço público não propicia condições agregadoras, capazes de favorecer o convívio,
nos termos do que estabelece a proposta original do Plano Piloto de Brasília.
Conclusões: Conclui-se que o e espaço construído dos setores de Brasília não
propiciam condições agregadoras que garantam a sustentabilidade ambiental, nos
termos do que estabelece a proposta original do Plano Piloto de Brasília. Essa situação
é presente nos setores que compõem a escala gregária, que, em geral, é a que menos
corresponde à configuração pretendida por Lúcio Costa em seu memorial: os setores
são desconexos, as condições de deslocamento a pé são sofríveis, alguns setores já
apresentam sinais de degradação sobretudo ambiental, e estudos paramétricos são
fundamentais para o resgate do ambiente urbano equilibrado, confortável e sustentável.
Referência
ROMERO, M. (2003): Sustentabilidade do Ambiente Urbano da Capital. In PAVIANI,
Aldo, GOUVÊA, Luiz Alberto de Campos. Brasília: Controvérsias Ambientais. Brasília:
Editora universidade de Brasília.
RUEDA, Salvador. Modelos de Ordenación del Território más Sostenibles.
Barcelona, 2002.
RELATÓRIO DO PLANO PILOTO DE BRASÍLIA (1991): Brasília.
CIDADES SUSTENTÁVEIS: subsídios à elaboração da Agenda 21 brasileira. Brasília:
Ministério do Meio Ambiente; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis; Consórcio Parceria 21 IBAM – ISER – REDEH, 2000.
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