Bol Of Sanit P4nam 90(Z), 1981 PROGRAMA DE TOCOGINECOLOGIA DE MEDICINA INTEGRAL’ PREVENTIVA. PLANO PILOTO J. A. Pinotti,2 H. B. Brenelli: J. D. Moragues,3 L. L. Pastene, S. R. B. Ramos,5 R. Barini,6 C. da Silva AIves,6 M. T. Stano6 e L. E. BigatW É importante conscientizar os estudantes de medicina e os médicosjovens de que é mais adequado atender aopacientefazendo o que é necessário deforma simfiles e eficiente, sem perda de qualidade, do que atender de modo sofkticado à demanda manifestada sem olhar os diversos aspectos orgánicos do paciente como um todo. Introduq%o Há dez anos, vimos organizando na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), através do Departamento de Tocoginecologia, programas verticais para introduzir diversas práticas de saúde ao nível da comunidade. Alguns desses programas foram bem sucedidos e permanecem até hoje em regime de franca producáo. Um dos exemplos mais importantes é o do Programa de Controle de Câncer Cérvico-Uterino, que hoje tem sob cobertura mais de 60% da populacáo feminina exposta arisco e que vem tendo um ritmo crescen- ’ Publicae tmn Vol.15. etn ingles No 2. ,981. no Bdlelrn of rhe Pan AmencanHeallh Organuo- 2 Profesor Titular de Ginecologia e Obstetrícia do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de CiOncias Médicas da Universidade EFtadual de Canpinas. 3 Assistentes do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Cikncias Médicas da Univenidade Btadual de Canminas. 4 Enfermeira do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Cihcias Médicas da Universidade Estadual de Canpinas. 5 Assistente Social do Departamento de Tocoginecologia da Facul. dade de Cihqias Médicas da Universidade Estadual de Campinas. ’ Doutorandos da Faculdade de C2ncias Médicas da Univenidade Estadual de Campinas. te de aperfeicoamento quantitativo e qualitativo (figura 1). Outro programa é o de Controle de Cancer de Mama, com utilizacáo de pessoal paramédico, que mostrou ser um modelo viável para a América Latina e conseguiu detectar em seu projeto piloto, tanto na fase intra-hospitalar quanto na comunitária, 4,5 por 1.000 de câncer mamario em mulheres acima de 35 anos. Existem no Departamento varios outros programas que atingem a comunidade em nível vertical, como o de Prevencão de Alto Risco Obstétrico, o de Planejamento Familiar, o de Estímulo à Lactacáo Materna, o de Atencão Puerperal, etc. Desde há alguns anos, ternos sentido a necessidade de horizontalizar esses programas, com o propósito de oferecer, de forma global e integrada, todas essas possibilidades de deteccão e prevencão às mulheres de nível socio-ecônomico e cultural mais baixo com as quais lidamos, de urna forma simples e prática que não acarretasse gastos excessivos. Observamos,por outro lado, que a populacáo de pacientes que chega ao Hospital das Clínicas náo dispòe de atencão pri144 Pinotti et al. FIGURA l- TOCOGINECOLOGIA Evoluqão de Programa 145 PREVENTIVA de Controle mária, e essa característica faz com que se apresentem no Hospital pacientes com diversas suspeitas de patologias sem nenhuma triagem prévia, além da própria demanda por eles sentida através de seus sintomas. Esse problema, que reflete o fato de que o sistema de saúde ainda náo foi convenientemente organizado em nosso país, e em particular no Estado, faz com que o Hospital das Clínicas não funcione como hospital de referencia, causando evidente desperdício de recursos. Além disso, cris urna situacáo na qual os pacientes são triados e atendidos pelos seus sintomas, deixando de ser revisados como na rotina da rede de atencão primária e, portanto, deixando de receber o tipo de atencáo que seria ideal para cada caso. Considerando as situacões descritas, criamos há tres anos, quando um de nós assumiu a Direcáo da Faculdade, um mecanismo através do qual todas as mulheres que se apresentavam para consulta no Hospital das Clínicas, com qualquer queixa que náo fosse ginecológica, e que, portanto náo seriam atendidas no Ambulatório de Ginecologia, passassem por um ambulatório expe- de CBncer Chrico-Uterino de Campinas, Sgo rimental, operado com pessoal paramédico e estudantes de medicina, supervisionado por médicos, onde se pudesse realizar um che&-ufi simplificado na área ginecológica e mamária. Os objetivos desse programa eram: 1. Verificara patologia tocoginecológica inaparente nas mulheres cujas sintomas náo demandavam consulta nessa área; 2. Tentar comprovar a necessidade de ate&0 primária a essaspacientes em nível e qualidade completamente diferentes da atencáo que estava sendo dada ao nível do Hospital de Referencia; 3. Estudar a viabilidade de urna metodologia de “triagem” completamente diferente no Hospital das Clínicas, enquanto não se organizasse um sistema de atencão primária em contato direto com o Hospital das Clínicas da Faculdade de Ciencias Médicas. Material e métodos Todas as pacientes do sexo feminino que se apresentavam ao sistema de registro do Hospital das Clínicas da Faculdade de Ciencias Médicas de Campinas, localizado no prédio da Santa Casa de Misericórdia de 146 BOLETIN DE LA OFICINA SANITARIA TABELA l- Distribuiqão ethria percentual das pacientes atendidas pelo Programa de Controle de Cllncer CBrvico-Uterino de Campinas. Mulheres Idade (em anos) No. 754 czo 20-29 30-39 >40 Campinas, 21,6 2.875 39.3 eram encaminhadas Experimental 10,3 28,s 2.112 1.579 7.320 Total latório % 100 ao Ambu- de Tocoginecologia Preventiva, antes da consulta. Nota-se na tabela 1 que aproveitamos o tempo ocioso das pacientes, entre seu registro (triagem) no Hospital e a consulta especializada que se faz no período da tarde. A distribuicão etária das pacientes é apresentada na figura 2. A consulta gura 3): incluía os seguintes passos (fi- 1. Identificacáo (feita por atendente); 2. Educacáo. A assistentesocial do Programa de Controle de Câncer realizava, no local de espera das pacientes ou na sua sala, palestras curtas e simples para grupos de mulheres, explicanFIGURA 2-Fluxograma das pacientes cobertas pelo Programa de Tocoginecologia Preventiva. do por que tinham sido convidadas para aquele exame, o que deveria ser feito e a razáo pela qual um exame igual àquele deveria ser repetido anualmente ou pelo menos a cada dois anos; 3. Fxame sumário, realizado por estudante de medicina, enfermeira ou parteira previamente treinados para isso, constituído por anamnese sumária dirigida ao aparelho genital feminino, exame especular com colheita de Papanicolaou e leucorréia (que eram examinados a fresco e tratados quando positivos), toque bimanual e palpacão de mama (figura 4); 4. Em seguida, aplicavam-se alguns critérios de risco, principalmente para risco de cáncer de mama e alto risco gestacional; 5. Urna vez realizado o exame, a paciente recebia orientacão no sentido de tratar das patologias simples ou era encaminhada para a especialidade, solicitando-se, quandonecessário, retomo desse tipo de paciente. Toda patologia encontrada era anotada para futuras [email protected] condicóes em que se realizava esse trabalho eram bastante precárias em termos físicos. Dispíinhamos apenas de duas salas de 2 por 3 metros e um corredor de aproximadamente 5 metros por 2 metros, que era usado como sala de espera para todas as pacientes desse programa, em comum com as de outros ambulatórios com gravidez de alto risco, patologia mamária, câncer ginecológico e outras. Resultados Os resultados podem ser observados na tabela 2. Tendo-se examinado 7.320 casos até meados de 1977, realizou-se um levantamento que permitiu verificar a prevalência das patologias mais importantes encontradas na populacáo examinada, com os crité- rios já mencionados. Algumas consideracões sobre certas patologias debem ser feitas: 1 “‘GIS!-‘* 9-llh CGNSJLTAEGPECIALIZADA 14h Febrero 1981 PANAMERICANA 1. Foram consideradas como distopias genitais graves: retocele, cistocele, roturas de períneo (III grau) e prolapso uterino (II e III graus). 2. Considerarn-se como outras patologias ginecológicas: piossalpinge, lesáo branca da vulva, amenorréia secundária, bartolinite, endometrite, cisto gigante de colo, metrorragia, malformacões genitais graves, cisto de Gartner e estenose vaginal. Pinotti et al. TOCOGINECOLOGIA 147 PREVENTIVA FIGURA 3- Etapas de consulta de Ambulatório de Tocoginecologia Preventiva da Faculdade de Ciências MBdicas e do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas. 1. IDENTIFICA (ATENDENTE F i0 2. EDUCAcAO ( #d%%) , I 3. EXAME SUMÁRIO ANAMNESE SIJMÁRIA ESPECULAR c/ PAPAN TOQUE (ESTUDANTES w ENFERETAS GIJPERVISICNA- I PALPACiO MAMA 4. APLICA ÁD DE CRITtiRIOS DE RISCO (FA;;;4 E TES OU ENFERMEIRAS SUFERVISK)- I AR PARA Co MAMA AR. CESTACIONAL RETORNO I ANO 5. ORIENTACÁO t ESTUDANTES OY ENFERMEIRAS SUPERWSIONADOS 1 FIGURA 4-Ficha utilízada no Ambulatório NAO. E/OIJ amzo/ossT. TRATA// de Tocoginecologia Preventiva. 148 BOLETIN DE LA OFICINA SANITARIA TABELA2Patologias ginecológicas e mamarias encontradas em 7.320 mulheresexaminadas no Ambulatório deTocoginecologia Preventiva.8 Incidência por 1 .ooo Patologia Gravidez insuspeitada Polipos + cervicites extensas Citologias oncóticas positivas Mioma uterino Distopias genitais graves Molestia venérea Tumor de ovário Outras patologias ginecológicas Grupo de alto risco para cáncer de mama Displasias Fibroadenoma Outras patologias benignas de mama Câncer de mama Total 199 27,l 205 53 86 296 22 32 28.0 782 ll,7 40,4b 3-O 4.3 27 3.6’ 225 141 103 30,7 19,2 14,0 229 23 31,2d 3,1e 1.641 224,l J Náoforamconsideradascertaspatologiasditasmenores. comoa tricomoniase, que apresenmu 9.4% de incid&cia. b Retocele, cistocele, roturade períneo(lIIgrau), prolapso uterino (II e III graus). C Piossalpinge,lesãobrancavulva,amenorréiasecundária,bartolinite, endometrite, cistogigantedecolo, metrorragia, malfonnasões genitais graves, cisto de Gartner, estenose vaginal. d Descargapapilar. lesãocutânea, cistodemama, abscesso, mama ectópica, mastalgia, hipertrofia mamária, mama supranumeraria. e Preval&cia de câncer de mama 130 anos: 5,4 por 1.000. 3. Foram consideradas come outras patologias mamárias: descarga papilar, lesão cutânea, cisto de mama, abscesso,mama ectópica, mastalgia, hipertrofia mamária e mama supranumerária. 4. Câncer de mama: a prevalência de câncer de mama em mulheres acima de 30 anos foi de 5,4 por 1.000. Os números sáo bastante claros e praticamente dispensam maiores comentários. As taxas de 2’7,l por 1 .OOOde gesta@es insuspeitadas, 40,4 por 1 .OOOde distopias genitais graves, ‘7,2 por 1 .OOOde citologias oncóticas positivas, e assim por diante, numa soma de 224,l por 1.000, ou seja 22,4% de patologias ~necoló~cas extremamente im- PANAMERICANA Febrero 1981 portantes em mulheres cuja motivacáo para 0 consulta não estava na área ginecológica, demonstram claramente a necessidade urgente de um programa de atencão primária para essetipo de paciente. Poderíamos mesmo afirmar que tal programa seria de muito maior importância do que o próprio atendimento a nivel do hospital universitário. Em muitos casos, foram patologias de pequena importância em relacáo à saúde global da paciente que motivaram a sua consulta, tais como etites, laringites, algumas dificuldades visuais ou auditivas, gripes, resfriados, etc., que poderiam ter sido muito bem atendidas por nossos excelentes especialistas. Entretanto, essaspacientes teriam sido na realidade pessimamente atendidas, urna vez que apresentavam patologias ginecológicas importantes, às vezes neoplásicas, que teriam passado desapercibidas mesmo a pacientes andando pelos corredores de um hospital universitário. Outro aspecto importante que deve ser comentado é que as pacientes desse nível sócio-econômico, e muito provavelmente de todos os níveis, náo têm condicões adequadas de hierarquizar convenientemente seus problemas de saúde e que o primeiro aténdimento que lhes deve ser dado é ajudálas nessa hierarquizacão. Esse atendimento deveria ser oferecido ao nível de atencáo primária; mas, como esse tipo de atencão náo está convenientemente organizado em nosso país, é preciso que, nos próprios hospitais das clínicas ou nos demais hospitais onde a paciente procura atencão médica pela primeira vez, se tenha em mente que é absolutamente necessário oferecer esse tipo de cuidado médico, antes de atender à demanda manifestada. No decorrer desse programa, foi também observada a grande quantidade de pacientes que vinham ao hospital tratar de problemas extremamente irrelevantes e que não necessitavam passar por toda a burocracia de atendimento no Hospital de Referência para ter seus problemas resolvidos. Pudemos constatar que urna consulta bastante Pinotti et al. TOCOGINECOLOGIA PREVENTIVA simplificada, sem concurso de especialistas, era bastante para resolver grande número de problemas dessas pacientes ao nível do próprio ambulatório, onde nos despimos de toda burocracia. É preciso assinalar aqui que medicina simplificada náo significa medicina de baixa qualidade: significa urna medicina que permite realizar, de forma simples e eficiente, a atencão médica necessária para determinado paciente. É extremamente importante conscientizar os estudantes de medicina e os médicos jovens de que é muito mais adequado atender 2s pacientes fazendo exatamente o que é necessário, de forma simples e eficiente, sem perda de qualidade, do que atender de modo sofisticado à demanda manifestada pela paciente, usando equipamentos complicados e caros, de urna forma acadêmica, sem olhar a os diversos aspectos orgânicos do doente como um todo. Existe certa prevencáo contra a medicina simplificada e a atencão médica dada por pessoal paramédico a certos aspectos da atencáo à saúde, que é fruto, talvez, da falta de compreensão adequada do problema. Estamos convencidos de que os resultados obtidos neste trabalho viráo minimizar essa prevencão e demonstrar que, quando se tem objetivos definidos e se trata de realizar um programa, a delegacão de funcóes náo altera sua qualidade. 149 masculino, naturalmente respeitadas as prevaléncias mais importantes de moléstias desses mesmos adultos. Em funcáo disso, deve-se pensar que o mesmo tipo de trabalho deveria ser organizado para o sexo masculino. 3) Nossos dados mostram bem claramente que o primeiro tipo de atendimento que debe ser dado 2 populacáo feminina que recorre a servicos médicos com as mesmas características do nosso é um auxílio na hierarquizacão de seus problemas de saúde. De fato, foi possível comprovar que a demanda expressa freqüentemente náo corresponde à problemática de saúde mais importante da paciente. 4) Os dados aqui apresentados mostram mais urna vez a necessidade de organizacão do sistema de atencáo primária em nossa região e possívelmente em nosso país. Demonstram também a necessidade da organizacáo do sistema de saúde, a fim de que haja urna referencia e urna contra-referéncia adequada dentro do sistema. 5) Enquanto náo houver urna organizacão adequada do sistema de saúde, sugerimos que os hospitais que atendem a pacientes do sexo feminino realizem esse tipo de atendimento, cuja viabilidade organizacional e econbmica é comprovada pelos dados aqui apresentados. Resumo Conclusões 1) Face 2s características de saúde atualmente vigentes no país, os altos índices de patologias ginecológicas detectadas no presente trabalho demonstram a necessidade de um che&-up ginecológico simplificado, como foi feito a todas as pacientes que procuravam servicos por outras queixas que náo ginecológicas. 2) Os autores levantam a hipótese de que é provável a ocorréncia desse mesmo tipo de problema em elementos adultos do sexo A partir da observacão de que, por náo disporem de atencão primária, as mulheres de baixo nível sócio-econômico e cultural que procuravam o Hospital das Clínicas da Faculdade de Ciéncias Médicas da Universidade Estadual de Campinas (São Paulo, Brasil) freqiientemente eram atendidas unicamente em funcáo de suspeitas de patologias por elas mesmas sentidas através de seus sintomas, mostram os autores 0 que foi feito para proporcionar a pacientes com queixas não ginecológicas um check-up simplificado na área ginecológica e mamá- 150 BOLETIN DE LA OFICINA SANITARIA ria. Usando pessoal paramédico e estudantes de medicina supervisionados por médicos, foi criado um ambulatório experimental de tocoginecologia preventiva para verificar patologias tocoginecológicas inaparentes em mulheres cujas sintomas não demandavam consulta nessa área. Um levantamento de 7.320 casos permitiu identificar 22,4% de patologias ginecológicas altamente importantes em mulheres que PANAMERICANA Febrero 1981 muitas vezes procuravam o hospital devido a queixas de pequena importancia para sua saúde global. Essa constatacão de que a demanda expressa freqüentemente não corresponde 5 problemática de saúde mais importante da paciente leva os autores a sugerir a adocão de rotina de um check-up ginecológico simplificado para todas as mulheres que procuram os servicos por queixas em outras áreas. n REFERÉNCIAS (1) (2) Pinotti, J. A. Experiencia Crítica do Programa de Controle de C%ncer CérvicoUterino de Campinas, Brasi1.J Brus Cineco! 82(4):461, 1976. Pinotti. J. A. e S. R. F. Borges. Seguimento efetivo dos casos detectados de carcinoma do co10 uterino. Bol Of Sanit Punan 82(3):233-236, 1977. Programa Taylor, H. E. e A. G. Rosenfield. A Family Planning Program Based on Maternal and Child Health Services. Am J Obstet Gynecol 120(6)733-745, 1974. (4) Rosenfield, A. G. e Ch. Limcharoen. Aw- iliary Midwife Prescription of Oral Contraceptives. Am J Obstet Gynecol 115(7):942949, 1972. de tocoginecología preventiva. Plan piloto de medicina integral (Resumen) Por no disponer de atención primaria, las mujeres de bajo nivel socioeconómico y cultural que acudían al Hospital de Clínicas de la Facultad de Ciencias Médicas de la Universidad del Estado de Campinas (Sáo Paulo, Brasil) frecuentemente eran atendidas solo en función de los síntomas patológicos sospechosos manifestados por ellas mismas. A partir de esta observa- ción, los autores muestran lo que se hizo para proporcionar (3) a las pacientes con dolencias no gi- necológicas un examen ginecológico y mamario simplificado. Empleando personal paramédico y estudiantes de medicina supervisados por médicos, se creó un ambulatorio experimental de tocoginecología preventiva para compro- bar patologías tocoginecológicas latentes en mujeres cuyos síntomas no exigían examen de esta índole. Una encuesta de 7,320 casos permitió identificar un 22.4’% de afecciones ginecológicas muy importantes en mujeres que a menudo visitaban el hospital por dolencias de pequefía importancia para su salud general. Esta constatación de que la demanda expresa no corresponde con frecuencia a los problemas de salud más importantes de la paciente es lo que ha inducido a los autores a sugerir la adopción sistemática de un examen ginecológico simplificado para todas las mujeres que acuden a los servicios por dolencias de otro tipo. Pinotti et al. TOCOGINECOLOGIA Program of preventive obstetrics and gynecology. pilot plan (Summaryl For lack of primary care, women of a low socioeconomic and cultural leve1 visiting the Hospital, School of Medical Sciences, State University of Campinas (Sâo Paulo, Brazil) were often treated only for suspected pathology on the basis of symptoms reported by the patient. For this reason, a simplified gynecological and mamrnary check-up described in this paper was provided for women with nongynecological complaints. An experimental preventive ob/gyn outpatient unit using paramedical personnel and medical students under the supervision of physicians was set up to detect ob/gyn Programme 151 PREVENTIVA An integral-medicine pathology not apparent in patients whose symptoms did not cal1 for such examination. In a survey of 7,320 women, major gynecological pathology was detected in 22.4 per cent of patients who were seen at the hospital in many instances for complaints of little significance for their general health. This Bnding that specific motive for seelcing attention often does not arise from the patients’ most important health problems prompted the authors to suggest the introduction of a simplified routine gynecological check-up for al1 women coming to the health services for other types of complaints. de tocogynécologie préventive. Plan pilote de médecine intégrale (Résumé) Se basant sur la constatation de que, par manque de soins primaires, les femmes dún niveau social, économique et éducatif peu élevé, qui se rendaient à l’Hôpita1 clinique de la Faculté de Sciences médicales de Wniversité de l’Etat de Campinas (Sáo Paulo, Brésil), étaient souvent soignées uniquement en fonction des symptômes pathologiques suspects qu’elles déclaraient ressentir, les auteurs signalent ce qui a été fait afin de faire passer aux patientes souffrant de maux non gynécologiques un examen gynécologique et mammaire simplifié. Avec l’aide de personnel paramédical et d’étudiants en médecine sous la surveillance de médecins, un laboratoire ambulatoire expérimental de tocogynécologie preventive a été créé alin de détecter les maladies tocogynécologiques latentes chez les femmes dont les symptomes ne justilient pas, à premièrevue, un examen de ce type. Une étude menée sur 7.320 cas a permis de détecter un pourcentage de 22,401, d’infections d’ordre gynécologique très graves chez des femmes qui, souvent, se rendaient à l’hôpital pour des troubles de peu d’importance pour la santé générale. C’est pour avoir constaté que tres souvent l’objet de la visite ne correspond pas aux problèmes de santé plus importants de la patiente que les auteurs ont proposé l’adoption systèmatique d’un examen gynécologique simplifié pour toutes les femmes se présentant aux services de santé pour des douleurs d’un autre genre.