Q & A Relatório Florestas Vivas -­ 2º Capítulo "Florestas e Energia" O segundo capítulo do Relatório das Florestas Vivas é lançado a 29 de Setembro de 2011 no Seminário ‘New Generation Plantations’, em Londres. 1.) O Que é o Relatório Florestas Vivas? O primeiro capítulo do relatório, "Florestas para um Planeta Vivo", explorou a questão da desflorestação e as oportunidades de mudança de negócio ‘business as usual’ para um novo modelo de sustentabilidade que pode beneficiar os negócios, governos e comunidades. O segundo capítulo do relatório, "Florestas e Energia", olha mais profundamente para a questão da bioenergia, examinando as possíveis implicações dos objectivos da WWF de aproximar a desflorestação ao nível zero até 2020 e atingir 100% de energias renováveis até 2050. Mais informações em: panda.org/livingforests 2.) O que é o Modelo Florestas Vivas (Living Forest Model, LFM)? Os cenários apresentados no Relatório Florestas Vivas são baseados no Modelo Florestas Vivas, desenvolvido com o IIASA, Instituto Internacional para Análise Aplicada de Sistemas. 3.) O que o Modelo Florestas Vivas nos diz sobre os impactos do uso da terra para a bioenergia? O modelo analisa os impactos dos ambiciosos objectivos da bioenergia em vários cenários. Especificamente, o LFM considerou o seguinte: a. Bioenergia e desflorestação: O modelo prevê que a bioenergia não se vai tornar a maior causa da desflorestação. Há uma série de explicações possíveis para isso: o modelo assume que, ao longo do tempo, metas ambiciosas climáticas de mitigação e preços mais altos do carbono incentivarão à bioenergia à base de madeira com alta economia de Gases do Efeito Estufa (GEE). Se a mitigação das alterações climáticas não é o principal motor da bioenergia, então teoricamente o papel da bioenergia como incentivo à desflorestação pode aumentar significativamente. b. Bioenergia e gestão florestal: O LFM prevê que a crescente procura de madeira (madeira, celulose, papel, etc, mas especialmente para bioenergia) irá impulsionar a extensão significativa da gestão florestal em áreas actualmente sem gestão. Actualmente, metade dos estimados 4 mil milhões de hectares de floresta mundial é gerida para extracção de madeira. O LFM prevê um adicional de 304 milhões de hectares de florestas a serem geridas, em 2050. c. Bioenergia e rápido crescimento de plantações: O LFM prevê que a bioenergia se torne no principal motor da expansão de plantações de rápido crescimento. De acordo com as ambiciosas metas de bioenergia, o aumento das plantações pode atingir uma média de 4-­‐6 milhões de hectares por ano até 2050, com mais de 10 milhões de hectares de expansão anual entre 2040 e 2050, quando a demanda atingir o pico. d. Bioenergia e outros ecossistemas naturais: O LFM prevê que a bioenergia se vai tornar num importante motor da conversão de pastagens e de matos. 4.) Qual é a posição da WWF no que diz respeito às mudanças de uso da terra descrito em cima? O uso da terra tem limitações significativas e alguns elementos que devem ser usados com cautela (por exemplo, a área de novas plantações, florestas recém-­‐geridas, etc). No entanto, a crescente procura por alimentos, combustível e fibras é susceptível de conduzir a mudanças nos usos de solo descritas no relatório. A WWF recomenda que trabalhemos para reduzir a procura global de energia e por consequência a procura pela bioenergia. Utilizar os transportes públicos irá reduzir a necessidade de biocombustíveis líquidos. Em segundo lugar, a WWF recomenda políticas que protejam Áreas de Alto Valor de Conservação. Finalmente, a WWF recomenda mecanismos para reduzir a pegada das cadeias de abastecimento através de esquemas de certificação (FSC, RSB) e ferramentas como o projecto ‘Plantações de Nova Geração’ (New Generation Plantations). 5.) Será que a bioenergia ajuda a mitigar a mudança climática? A posição da WWF é a de que é preciso reduzir as emissões de GEE em 80% e atingir 100% de energias renováveis até 2050. A bioenergia irá desempenhar um papel significativo neste processo. Os benefícios para o clima vão depender em muito de como e onde essas alterações terão lugar. Convertendo habitats ricos em carbono em culturas para a produção de bioenergia não vai ajudar o clima. Retirando mais das florestas também pode ter impactos negativos sobre a capacidade de armazenamento de carbono desses ecossistemas. Utilizando terras degradadas para a produção de bioenergia (pastagens exploradas, pastagens degradadas) é uma melhor alternativa. Plantações de árvores podem, na verdade, aumentar a capacidade de armazenamento de carbono dessas áreas. 6) A WWF apoiará as plantações? Só se elas seguirem os princípios das ‘Plantações de Nova Geração’ (New Generation Plantations) e se não substituírem as florestas naturais ou outros ecossistemas com alto valor de conservação. Dois terços do abastecimento mundial de madeira provêm de plantações, mesmo só ocupando 7% do solo, comparativamente com as florestas naturais. Assim, as plantações são chave no abastecimento de madeira e energia sem necessidade de sobre extrair madeira de florestas naturais. 7) A WWF apoia a conclusão do modelo que diz que as florestas precisam de ser mais exploradas? A WWF trabalha no cenário ideal -­‐ desflorestação e degradação florestal zero (com taxa bruta de perda de florestas natural e semi-­‐natural perto dos zero) até 2020 -­‐ projeto que será essencial para expandir a parcela das florestas que é gerida para produção de madeira (cerca de 271 milhões hectares até 2050). Este cenário será necessário para atender à procura global de madeira, celulose e bioenergia sem posterior conversão de florestas naturais em plantações. Potenciais impactos negativos dessa expansão podem ser evitados através de salvaguardas como o estabelecimento de redes ecologicamente representativas das áreas florestais protegidas e de gestão segundo os padrões do FSC, incluindo a manutenção de altos valores de conservação e respeito pelos direitos dos povos indígenas. 8) É o cenário Bioenergia Mais, baseado no Modelo Energia Ecofys, viável? A WWF recomenda um desenvolvimento acelerado de bioenergia, de forma a aproveitar as melhores tecnologias disponíveis e os modelos de agricultura, ao mesmo tempo que é necessário compreender melhor os impactos da bioenergia nos vários países. Recomendamos uma análise cuidadosa, país a país, da terra (agricultura e floresta) e a disponibilidade de água para a bioenergia, tendo as questões sociais, económicas e ambientais em conta. Será inevitável haver mudanças do uso da terra em muitas partes do mundo. No entanto, algumas áreas devem ser consideradas "no-­‐go" (a não ir) para a recolha de madeira florestal ou para a produção de culturas para bioenergia de forma a garantir e proteger a terra e os recursos hídricos necessários à produção de alimentos, biodiversidade e serviços ambientais cruciais. 
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2º Capítulo "Florestas e Energia"